A hipocrisia dos irmãos Marinho: Com a deflagração da Zelotes, agora ideia apoiada por Sérgio Moro se torna “perigosa”

Tempo de leitura: 3 min

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07/04/2015 – Copyleft

Bastou Zelotes chegar para a Zelite achar ideias de Moro “perigosas”

Logo quando a operação Zelotes flagrou grandes figurões da elite brasileira em práticas criminosas, a presunção de inocência resolveu dar o ar da graça.

Antonio Lassance (*), na Carta Maior

Nada como um dia após o outro. De repente, não mais que de repente, um editorial de O Globo considera o padrão Moro de “justiça” muito perigoso.

No texto “Lava-Jato inspira proposta de mudança na Justiça”, o jornal relata que juízes, “Sérgio Moro um deles, defendem que penas sejam cumpridas a partir da sentença de primeira instância, ideia perigosa, mas que Congresso precisa debater”.

Ideia perigosa? Como assim? Desde quando? Que curioso, não? Se prender suspeitos e mantê-los trancafiados até que confessem o que sabem e o que não sabem foi saudado até agora como um bom padrão de execução da judiciária, que medo é esse de uma sentença condenatória em primeira instância?

Manter o réu preso sem julgamento pode, mas prendê-lo depois do julgamento não pode? Estranho raciocínio. Muito estranho mesmo.

É muita coincidência que essa… tomada de consciência — chamemos assim — tenha acontecido quando um escândalo de proporções muito maiores do que qualquer petrolão evidenciou algo banal, trivial, óbvio: o maior escândalo de corrupção de todos os tempos, em qualquer época, em qualquer país, é a sonegação dos ricos, estejam eles ligados a que esquema for – do petrolão ao suíçalão do HSBC e, agora, ao esquema desbaratado pela operação Zelotes, da Polícia Federal.

Logo quando a Zelotes flagrou grandes figurões da elite brasileira em práticas criminosas, vis, tão dignas de escárnio quanto qualquer propina intermediada por doleiros, a presunção de inocência resolveu dar o ar da graça. Justo ela que andava tão sumida.

Justo agora que, entre outros, uma afiliada das organizações Globo (a gaúcha RBS) aparece na mira das investigações, se resolve falar novamente, alto e bom som, em presunção de inocência.

Esperemos para ver que juiz vai ter a coragem – não é assim que se chama? – de prender tais figurões e fazê-los ver o sol nascer quadrado até que confessem seus crimes já expostos e supliquem por delações premiadas. Se tem dinheiro público, se tem propina, sem tem lavagem de dinheiro, não vai ter prisão? Agora não vai ter? Por quê?

Afinal, O Globo está com medo de quê? Esse editorial terá sido feito por gente que nasceu ontem? Quem o escreveu não sabe que o padrão Moro de qualidade judicial já é corriqueiramente aplicado em nossa Justiça?

Em média, mais de 40% da população carcerária brasileira é formada por presos em situação provisória, ou seja, não têm condenação definitiva. Em alguns presídios, o número de presos provisórios ultrapassa 60%.

Depois de ter premiado Moro com o prêmio “Faz Diferença” de personalidade do ano, quem sabe o jornal não se disporia a conferir um troféu “Sérgio Moro” a presídios com as estatísticas mais altas de gente presa sem condenação, aguardando delações premiadas e julgamento a perder de vista?

O Globo assustou-se e alerta: o “Congresso precisa debater”. Claro! Os leitores de O Globo, pelo menos aqueles que não nasceram ontem, entenderam bem que a sugestão do jornal é para que a proposta encontre o caminho certo para ser imediata e solenemente sepultada, com o sinal verde de aplausos em futuros editoriais.

A defesa da presunção de inocência por parte de uma mídia que se vende, diariamente, atropelando essa mesma presunção de inocência mostra o quanto muitos de seus editoriais são meros exercícios de hipocrisia, assim como os pedidos de desculpas por seu golpismo entranhado.

A presunção de inocência de muitos veículos é ditada por um cálculo de conveniência. Tem dia em que ela está valendo, tem dia que não está.

Justiça seja feita, há momentos em que a grande e tradicionalíssima imprensa esforça-se muito e dedica todo amor e carinho a proteger a reputação de seus políticos prediletos, a ponto de até mesmo parentes envolvidos em escândalos serem chamados de “supostos parentes” – uma expressão que já deveria estar nos manuais de redação desses luminares.

Precisou da Zelotes para a turma de O Globo se lembrar que a Justiça, em qualquer lugar, é feita não apenas de leis, mas de juízes e de precedentes.

Juízes tratados como astros de rock se engraçam a dar seu show à parte e rasgam a lei como quem quebra a guitarra em pleno palco. Quem precisa delas – da lei, da guitarra? Os precedentes que alguns juízes criam podem ser ainda mais graves, pois tornam-se regras que, longe de serem uma homenagem às leis, espezinham-nas.

Que tipos de juízes preferimos? O Globo prefere um que atenda aos seus caprichos e proteja seus amigos diletos – convenhamos, um “princípio” que é o fim de qualquer noção razoável e responsável de justiça.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

Leia também:

Azenha: Nenhuma manchetona de O Globo sobre a Zelotes


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Comentários

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Luís neto

Ridícula a atuação dos irmãos Marinho nesse episódio, logo eles que se vangloriavam das atuações de fisiologismo.

Paulo Renato de Werk

Mais uma declaração de identidade, que a GLOBO nos mostra, Busca a quem quer holofotes.. Se deu mal de novo, o POVO NÃO É BOBO ABAIXO A REDE GLOBO.. MORO deu o troco que precisavam,

guilherme

Esses canalhas globais só agem dessa forma por que infelizmente enganam a maioria da populaçao,entopem as mentes deles com novelas. Há se aqui fosse Cuba iriam direto pro paredão.

clodoaldo

O verdadeiro medo é de essa investigação chegar na meretriz, ops, matriz das organizações Globo. Se em uma de suas afiliadas foi esse valor tão alto, imagina na matriz.

Julio Silveira

Na justiça das zelites so tem lugar para duas opções, os criminalizaveis e os impunes. Imaginem Entre quem eles acham que devam ficar?

Cláudio

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Ouvindo A Voz do Bra♥S♥il e postando:
* 1 * 2 * 13 * 4
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Um poema (acróstico) para Dilma Rousseff, a depenadora de tucanus :
.
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