Pesquisador da Fiocruz, sobre Brumadinho: Danos à saúde vão muito além das mais 300 mortes; veja vídeo

Tempo de leitura: < 1 min

Carlos Machado: danos à saúde em Brumadinho vão se prolongar por dias, meses e anos

CEE-FIOCRUZ

O impacto da tragédia de Brumadinho sobre a saúde coletiva vai muito além das mortes já causadas pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão e que já torna o Brasil campeão em número de vítimas fatais – que deve ultrapassar 300 – em um desastre.

O pesquisador Carlos Machado, do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Fiocruz (Cepedes/Fiocruz), analisa neste comentário ao blog do CEE-Fiocruz, que, como já foi possível verificar no caso de Mariana – o maior em extensão ambiental –, os danos ambientais refletem-se em danos à saúde, da população local e de cidades vizinhas. Elevação do número de casos de dengue, doenças respiratórias e doenças relacionadas à qualidade da água são algumas das consequências.

“E vamos lembrar que as pessoas socorridas vão continuar precisando de atendimento. E aquelas que perderam seus entes queridos vão precisar de atenção psicossocial, de cuidados em saúde mental”, diz o pesquisador.

Nesse sentido, o papel do Sistema Único de Saúde é de enorme relevância na resposta a essas demandas. Carlos destaca também que das 24 mil barragens espalhadas pelo país, apenas 3% tinham planos de ação de emergência.

Assista acima.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Julio Silveira

O Brasil e Minas (principalmente), por todas as desgraças que passam tem uma divida eterna para com o Aécio, pois nela estão suas mãos com todos os dedos e digitais.

Zé Maria

Fauna e Flora da Bacia Hidrográfica do Paraopeba Comprometida

Lama Tóxica da Vale já percorreu + de 100 Km pelo Rio Paraopeba

Os Rejeitos da Barragem da Mina do Córrego do Feijão, da Vale,
chegaram ao Município de São José da Varginha, a 98 Km de Brumadinho.

A informação foi divulgada pelo Serviço Geológico Brasileiro na quarta-feira (30), às 19h.

A mistura de rejeitos e água (pluma) está a cerca de 4 quilômetros
da montante da ponte da MG‐060, sobre o rio Paraopeba,
no município de São José da Varginha.
Na medição anterior, na terça (29), a lama estava 13 Km atrás.
[G1.Globo]

Expedição pelo Paraopeba vê Rio Morto
após Rompimento de Barragem

Rejeito mais denso faz curso d’água parecer ‘chocolate derretido’,
compara Pesquisadora Malu Ribeiro

A turbidez é tão alta e densa que tirou todo o oxigênio
– o principal indicador de vida.
Não é possível checar quantidades de nitrato, fosfato
ou quaisquer outros parâmetros porque a água virou uma lama só. O rio virou um tijolo líquido.

O plano da expedição, acompanhada pelo Estadão, é coletar água em vários locais a partir do marco zero, onde o rio foi contaminado, e checar as condições dele ao longo de seu curso em direção ao Rio São Francisco, por 356 km.

A expedição tem previsão de seguir até a hidrelétrica de Três Marias, já no São Francisco.

Há três anos, Malu e equipe encararam um cenário de desolação semelhante no Rio Doce, atingido pela lama da Samarco, no que foi considerado o maior desastre ambiental do País.
Algumas condições são diferentes.
“Lá o rejeito era mais fino e ficava sobre a água, não decantava.
Aqui, tomou tudo. É lama mesmo.

A corredeira vai movimentando como se fosse uma batedeira de bolo”, explica.

| Reportagem: Giovana Girardi | 31/01/2019| Estadão |

BRUMADINHO (MG) – A cerca de 40 km abaixo do ponto em que a onda de rejeitos da barragem da Vale encontrou o Rio Paraopeba, uma pequena nascente, limpa, tenta se misturar ao rio e seguir seu curso.
Em vão. O rio virou um tijolo líquido. Parece chocolate derretido.

A comparação é de Malu Ribeiro [“Ativista Ambiental Xiita”], coordenadora do Programa Água, da SOS Mata Atlântica, que lidera uma expedição iniciada nesta quinta-feira, 31, para monitorar a qualidade da água do rio após o rompimento da barragem e trazer algumas pistas sobre os impactos ambientais do desastre.

Ali, porém, não há indicador de qualidade nenhum a ser medido.
A turbidez é tão alta e densa que tirou todo o oxigênio – o principal indicador de vida.
Não é possível checar quantidades de nitrato, fosfato ou quaisquer outros parâmetros porque a água virou uma lama só.
“A única coisa que podemos dizer aqui é que esse rio está morto”, afirma a pesquisadora.

O plano da expedição, acompanhada pelo Estado, é coletar água em vários locais a partir do marco zero, onde o rio foi contaminado, e checar as condições dele ao longo de seu curso em direção ao Rio São Francisco, por 356 km.
A expedição tem previsão de seguir até a hidrelétrica de Três Marias, já no São Francisco.

Há três anos, Malu e equipe encararam um cenário de desolação semelhante no Rio Doce, atingido pela lama da Samarco, no que foi considerado o maior desastre ambiental do País.

Algumas condições são diferentes.
“Lá o rejeito era mais fino e ficava sobre a água, não decantava.
Aqui, tomou tudo. É lama mesmo.
A corredeira vai movimentando como se fosse
uma batedeira de bolo”, explica.

Outra diferença importante, segundo Malu, é o local atingido primeiramente, que é de cabeceira.
“Aqui a lama ficou depositada em várias nascentes que abastecem o Paraopeba.
Ela vai continuar descendo constantemente junto com a água.”

Tiago Silva, biólogo da equipe [VA GA BUN DO], explica que um rio só retorna à vida com mata nas suas margens, com rios limpos desaguando nele, com nascentes limpas.
“Aqui onde estamos vemos uma nascente chegar nele com a água transparente, mas nesse momento ela só encontra a lama”, diz.

O 1º dia de expedição teve coleta em três pontos.

O primeiro é ao lado de onde a onda de rejeito atingiu o Paraopeba.
Análises anteriores feitas pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) apontavam que o local tinha qualidade de água em nível regular.
Nesta quinta, já estava ruim.

E ali estávamos um pouco antes do ponto de impacto.
“Mesmo esse ponto que, visualmente, parece não ter nada, já está sentindo a contaminação.
Houve uma espécie de refluxo.
O oxigênio caiu, fósforo e nitrato estão altos.”

Os outros dois pontos, em Brumadinho e logo após a cidade, já estavam mortos.

De acordo com o Comitê de Bacias do Rio Paraopeba, existem no local 86 espécies de peixes.

Os mais comuns são corvinas, curimbatás, surubins e dourados,
que abastecem a pesca na região.

https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,expedicao-pelo-paraopeba-ve-rio-morto-apos-rompimento-de-barragem,70002702713

Deixe seu comentário

Leia também