José do Vale: Por quem as panelas batem de Norte a Sul do Brasil

Tempo de leitura: 3 min
Foto: CUT

POR QUEM AS PANELAS BATEM

Por José do Vale Pinheiro Feitosa* 

O país participou de um dos maiores panelaços da temporada.

As panelas, como as cuícas da música de Aldir Blanc e João Bosco, roncaram (tiniram) de raiva, de fome, de desespero diante da dor pela morte de mais de 300 mil pessoas por Covid-19.

Porém, tudo tiniu contra um só sujeito: Jair Messias Bolsonaro, presidente do Brasil.

Este mesmo que negou a epidemia, a derrocada econômica do povo e dos pequenos e médios negócios, porque uma epidemia nunca foi um fenômeno isoladamente sanitário.

A epidemia no país, a rigor, começou há um ano (estamos no final de março de 2021), com uma diferença de dois meses a menos em relação à Europa e aos Estados Unidos.

Somos hoje o país com a pior epidemia entre as nações com estatísticas de casos e mortes crescentes.

Somos um país com diferenças sociais, econômicas e climáticas.

Uma federação com 27 governos e mais de 5 mil municípios que tem um Sistema Único de Saúde, que jamais se resumiu a mero aparato público, pois é um sistema de direito à saúde onde a rede privada é considerada de relevância pública.

O governo federal, diante da maior epidemia da história do Brasil, tem o dever de coordenar todos os recursos nacionais, criar normas de funcionamento, aplicar recursos, realizar contato com autoridades estrangeiras e órgãos multilaterais, além de garantir o suprimento dos meios necessários junto à rede de produção mundial.

Não cumpriu seu papel.

Abriu conflito com os governadores e prefeitos por não aceitar o que era e continua sendo consenso mundial: isolamento social, uso de proteção individual, apoio social para os trabalhadores e financiamento para as empresas produtivas, além de suprir os recursos de assistência às pessoas doentes e de se antecipar ao esforço mundial para desenvolver vacinas e aplicá-las.

As panelas bateram porque sabem da omissão e confusão que reinam no governo federal, já no quarto ministro da Saúde, que levou mais de uma semana para ser nomeado, após ser anunciado.

E tem mais, o quadro diferenciado da epidemia nas regiões e estados demonstra claramente a diferença governamental e política diante da epidemia.

Hoje, dia 29 de março, a taxa de infecção por cada 100 mil brasileiros é de 5.866,2 e a de mortes, de 146,2.

Isso significa que para cada 100 pessoas doentes, 2,49 morrem (letalidade).

Atualmente temos dois cenários de infecção.

Um é formado pelas regiões Nordeste (5.024,43 casos por 100 mil) e Sudeste (5.098,70 casos por 100 mil).

O outro, pelas demais regiões. A Sul tem 8.157,56 casos por 100 mil, a Centro-Oeste, 8.070,88 e aNorte, 7.148,68.

Quanto à mortalidade a menor taxa é na Região Nordeste (117,54), se diferenciando do Sul (150,68), Sudeste (156,34), Centro Oeste (172,51) e Norte (171,70).

Se aplicarmos qualquer viés como situação social, clima ou menor capacidade financeira dos estados, não tem como explicar estas diferenças.

De modo que, a hipótese mais provável seja aquela já conhecida no mundo todo: políticas públicas suficientes para barrar a epidemia.

Os estados nordestinos sempre operaram de forma coordenada, criaram uma disciplina tática e uma vontade estratégica que orientou a todos.

Quem acompanha as informações nacionais sabe da confusão que reina no Distrito Federal sob influência do “bolsonarismo” e de posições políticas equivocadas.

No DF, é onde se encontra o maior índice de infecções. O estado de Santa Catarina, que teve menor impacto no ano passado, hoje tem o maior índice de infecções por covid-19 da Região Sul. Fica  atrás apenas de Roraima, Amapá e Distrito Federal.

E, finalmente, a razão evidente pelas quais as panelas protestam: o melhor desempenho na epidemia é até agora o estado do Maranhão, tanto em número de casos como de mortes.

E lá, sabemos da firmeza do governador, inclusive com seu secretário de Saúde sendo reeleito para o CONASS, órgão colegiado dos Secretários Estaduais.

Tem mais a se dizer: o Pará, cujo governo foi alvo de midiáticas ações por parte da Polícia Federal, é o estado que sustenta os melhores índices da Região Norte.

E fica emblemática a deterioração do Amazonas devido ao colapso de Manaus, portanto falha da administração pública.

As panelas batem porque o Brasil não tem governo.

*José do Vale Pinheiro Feitosa é médico sanitarista.


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Comentários

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Zé Maria

Não pergunte
por quem as panelas batem.
Elas batem por você …

[Parafraseando Hemingway]

Valmir Costa Silva

” O valor é gigantesco: 3,8 bilhões de dólares ou 14,85 bilhões de reais (ao câmbio atual). ” DCM.
Ou seja, para quem não entendeu.
Voltou 4 ou 5 bilhão de REAIS para o cofre da empresa PETROBRAS no Brasil. REAIS. REAIS.
Mas a Petrobrás pagou 3,8 BILHAO de DOLARES AMERICANOS para os EUA. BILHOES DE DOLARES. EM multas.
ENTAO, a lava jato, verdadeiramente, não recuperou NADA.
E esses lavajatistas são 171.
O câmbio hj tá 5,77.
Tem uma pequena diferença de real para dólar.
O dólar é muito melhor. Mesmo usando a cotação do dia de pagamento da multa a diferença supera e muito o valor recuperado. Ou seja, não recuperou dinheiro nenhum.
E causou um desemprego GIGANTE no Brasil.
Tá aí desmontada a falácia a jato pelo DCM.
Será que está notícia sai na globo ou na FOLHA de sp ???
A Petrobrás pagou quase 4 Bilhões de DOLARES nos EUA.

Bahia Melo

A classe média resolveu que o voto dela vale mais.
Foi esses sujeitos dessa classe que cagou em cima do Brasil. Foram eles que chutaram a democracia e indicaram um juiz probo, honesto, imparcial, não corrupto para acabar com a roubalheira.
Aliás, QUANTO a Petrobrás pagou de multa nós Estados Unidos. Se subtrair essa multa do que os gênios da lâmpada disseram que recuperou de dinheiro desviado VAMOS VER QUE eles (BATMAN e ROB) não recuperou dinheiro nenhum. É só mais um 171 deles.
2 picaretas que instrumentalizaram o poder para suas famílias ficarem mais ricas. Se investigar a familia deles pai, mãe, tios, sobrinhos, primos, concunhados, cunhados encontrarão uma montanha de dinheiro publico desviado dos cofres da uniao.
Como recuperou dinheiro se a Petrobrás pagou uma multa BILIONARIA nos EUA em DOLARES americanos.
Recuperou nada. Lorota, conversa para boi dormir. E ainda devem ter recebido o deles lá em solo americano.
Fora os advogados da terra deles atuando nas relações sexuais premiadas. Que é outra caixa preta.

Friedman

O mercado se autorregula, e o Estado só atrapalha. Não votou no Posto Ipiranga? Agora, vai dizer que “não sabia”?

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