Fiocruz: Cenário atual da pandemia é de alto risco; número de casos e taxa de ocupação de leitos de UTI estão elevados; íntegra

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Observatório Covid-19 alerta para cenário de alto risco

Por Regina Castro, CCS/Fiocruz

O Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado na quarta-feira (9/6), alerta que o cenário atual da pandemia é de alto risco, exigindo muita atenção e prudência (na íntegra, ao final).

A análise mostra que as pequenas oscilações no número de casos nas últimas semanas demonstram a permanência de elevado nível de transmissão do vírus.

Os pesquisadores chamam atenção sobre a necessidade de se combinar medidas para enfrentamento da pandemia nas próximas semanas, até que a maior parte da população esteja vacinada.

Segundo o estudo, a combinação do número alto de casos com uma ligeira queda no número de óbitos e a maior parte dos estados com alta taxa de ocupação de leitos UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) é muito preocupante.

“Ainda é prematuro considerar que há uma queda sustentável de casos e óbitos ou que estamos entrando em uma terceira onda”, observam.

Medidas de mitigação

Quanto às medidas de enfretamento a serem adotadas, enquanto a maior parte da população não está vacinada, os pesquisadores afirmam que, com exceção do bloqueio/lockdown (que é uma medida mais forte e que deve ser adotada para os estados e municípios com taxas de ocupação de leitos UTI Covid-19 de 85% ou mais), devem incorporadas algumas ações fundamentais.

“É muito importante a utilização de medidas não-farmacológicas, que têm como objetivo reduzir a propagação do vírus e o contínuo crescimento de casos, o que sobrecarrega as capacidades para o atendimento de casos críticos e graves e contribui para o crescimento de óbitos; medidas relacionadas ao sistema de saúde, que visam aliviar a sobrecarga dos serviços e também reduzir a mortalidade hospitalar por Covid-19, por desassistência e por outras doenças, bem como garantir o suprimento de insumos fundamentais para o atendimento; as políticas e ações sociais, cujo objetivo é mitigar os impactos sociais e sanitários da pandemia, principalmente para as populações e grupos mais vulneráveis”.

Taxas de ocupação de leitos

Os dados levantados nos dias 31 de maio e 7 de junho sinalizam que as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS mantêm-se em relativa estabilidade, em níveis muito elevados.

As poucas quedas mais significativas do indicador se deram em Rondônia (de 72% para 62%), Espírito Santo (de 76% para 68%) e Mato Grosso (de 95% para 87%), com os dois primeiros estados se mantendo na zona de alerta intermediário e o último na zona de alerta crítico.

Em contrapartida, se observaram aumentos do indicador mais expressivos em Roraima, que volta à zona de alerta crítico, muito possivelmente pela redução dos leitos de UTI disponíveis – originalmente eram 90, há algumas semanas passaram a 60 e na última semana caíram para 54 – e no Maranhão, que se mantém na zona de alerta crítico, com o indicador saindo de 83% para 90%.

Todos os estados das regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste permanecem com taxas iguais ou superiores a 80% e, no Sudeste, a única exceção é o Espírito Santo.

No Norte, o Acre se mantém como único estado fora da zona crítica e Tocantins soma-se à Roraima na zona de alerta crítico, refletindo, no entanto, uma piora na dinâmica da pandemia.

No Distrito Federal, continua chamando a atenção a quantidade de leitos bloqueados, embora a taxa de ocupação esteja elevada.

Doze unidades da Federação encontram-se com taxas de ocupação iguais ou superiores a 90%: Tocantins (94%), Maranhão (90%), Ceará (93%), Rio Grande do Norte (94%), Pernambuco (97%), Alagoas (91%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina (97%), Mato Grosso do Sul (107%), Goiás (90%) e Distrito Federal (90%).

Nove estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos entre 80% e 89%: Roraima (87%), Piauí (88%), Paraíba (80%), Bahia (84%), Minas Gerais (82%), Rio de Janeiro (81%), São Paulo (82%), Rio Grande do Sul (84%) e Mato Grosso (87%).

Cinco estados estão na zona de alerta intermediário (≥60% e <80%): Rondônia (62%), Amazonas (61%), Pará (78%), Amapá (68%) e Espírito Santo (68%). Um está fora da zona de alerta: Acre (41%).

As taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS observadas em 7 de junho apontam para a persistência de quadro grave de sobrecarga no sistema de saúde pela Covid-19.

Em face da vacinação dos idosos e maior exposição de adultos jovens, tem havido uma mudança no perfil etário de pacientes internados, que talvez venha incorrendo em maiores tempos de permanência hospitalar.

“Em alguns estados e no Distrito Federal é possível que venha ocorrendo gerenciamento da disponibilização e bloqueio de leitos de UTI, com a manutenção do indicador em patamar elevado. Entretanto, a situação predominante é, indubitavelmente, de descontrole da pandemia”, diz o estudo.


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Zé Maria

Fim do atendimento público de saúde está na PEC 32?
Artigo da reforma administrativa prova que sim: sai SUS, entram “vouchers” de Paulo Guedes

Embora o termo “subsidiariedade” tenha sido retirado do texto da proposta de emenda à Constituição (PEC) 32/2020, da reforma administrativa, já na CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) sua lógica segue presente no que o governo pretende.
A intenção de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro (sem partido), já expressa em diversas ocasiões pelo ministro da Economia, é criar um sistema de “vouchers” [vales] para a prestação de alguns serviços hoje prestados pelo Estado.
Assim, os sistemas públicos de saúde e educação, por exemplo, seriam extintos ou privatizados, criando, no caso da saúde, por exemplo, uma espécie de plano de saúde de quinta categoria, acabando com o atendimento universal ou de alta complexidade, portanto alto custo, para todos e todas.

Em abril, em reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), Guedes defendeu mais uma vez a proposta de vouchers, afirmando que “setor público não vai conseguir acompanhar a questão da saúde” e que “setor privado é a solução”.
Trata-se, na verdade, de uma ‘profecia autorrealizável’:
o governo desmonta os serviços públicos, com medidas como o teto de gastos e a reforma administrativa, para depois dizer que eles não funcionam e extingui-los.
Uma prática já utilizada comumente para privatizar empresas públicas, que Guedes quer agora aplicar a todo o setor de saúde.

íntegra em:

https://sintrajufe.org.br/ultimas-noticias-detalhe/fim-do-atendimento-publico-de-saude-esta-na-pec-32-artigo-da-reforma-administrativa-prova-que-sim-sai-sus-entram-vouchers-de-paulo-guedes

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