Farmacêuticos repudiam decisão de Doria de extinguir maior fabricante público de remédios do País: “Gravíssimo”

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Em nota, Fenafar e Sinfar-SP informam que só em 2018, a Furp produziu quase 530 milhões de medicamentos para a rede pública

por Conceição Lemes

 A Fundação para o Remédio Popular (Furp) é o laboratório farmacêutico oficial do governo do Estado de São Paulo.

Vinculada à Secretaria de Saúde,  foi criada em 1968 com o objetivo de fabricar, a preços reduzidos, medicamentos para secretarias estaduais e municipais,  hospitais públicos e santas casas de todo o Brasil. 

Atualmente 3 mil cidades brasileiras contam com os 40 medicamentos produzidos pela Furp.

Na lista, antibióticos, antirretrovirais, anti-hipertensivos, dermatológicos, diuréticos, imunossupressores (para transplantados), hipoglicemiantes (controle do diabetes). Também remédios para tratamento de transtornos mentais, tuberculose e hanseníase. 

É o único laboratório brasileiro que fabrica  estreptomicina e etambutol, que tratam a tuberculose.

Também o único que produz derivados da penicilina, que, por serem medicamentos antigos e baratos, poucas empresas têm interesse em produzi-los. 

Porém, durante entrevista coletiva em 25 de setembro, o governador de São Paulo, o tucano João Doria Jr., anunciou que  vai acabar com a Furp:

— É uma decisão de governo. O projeto será encaminhado à Assembleia Legislativa.

— Este é um governo desestatizante.

— Desde a nossa campanha dissemos que defendemos um governo menor, mais eficiente e pró-mercado.

— O governo não tem que fabricar remédio. O governo tem que estimular que os medicamentos sejam fabricados ao menor custo possível pela livre iniciativa e que possam chegar à população ao menor custo possível. Esta é a função de um governo liberal eficiente.

—  Será vendida, tão logo tenhamos aprovação da Assembleia Legislativa. 

— O modelo ainda estamos definindo, porque nós não vamos abrir mão dos recursos que ali serão investidos. 

Em nota  (na íntegra, abaixo),  a Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) e o Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sinfar-SP) repudiam o anúncio de Doria, que consideram “ataque gravíssimo à soberania nacional na área de produção de medicamentos”.

Na nota, apontam as consequências e responsáveis por uma dívida de R$ 90 milhões que está sendo cobrada da Furp.

“Essa dívida não é da Furp, é fruto da má gestão do governo do Estado”, denunciam.

“A Saúde também precisa constituir uma ampla frente para enfrentar o ultraliberalismo”, defende Ronald Ferreira dos Santos, presidente da Fenafar.

“No caso da saúde,  ele é fatal, tem a cara da morte”, alerta.

DORIA QUER EXTINGUIR A FURP, MAIOR PRODUTORA PÚBLICA DE MEDICAMENTOS NO BRASIL 

Fenafar

A Federação Nacional dos Farmacêuticos, entidade representativa da categoria farmacêutica no Brasil, e o Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de São Paulo vêm por meio desta nota manifestar seu mais profundo repúdio ao anúncio do governador do Estado de São Paulo, João Dória, que ameaça extinguir a Fundação para o Remédio Popular (FURP), maior produtora de medicamentos públicos do Brasil e da América Latina.

A privatização ou ameaça de extinção da FURP representa um ataque gravíssimo à soberania nacional na área de produção de medicamentos.

A empresa foi criada pela Lei Estadual nº 10.071 de 10 de abril de 1968 com o objetivo de fabricar medicamentos para que as prefeituras, hospitais públicos e entidades filantrópicas de todo o Brasil possam adquirir medicamentos com preços reduzidos, para serem distribuídos gratuitamente à população que utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS).

Em nota, Fenafar e Sinfar-SP informam que só em 2018, a Furp produziu quase 530 milhões de medicamentos para a rede pública

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Entre os itens produzidos destacam-se antibióticos, antirretrovirais, anti-inflamatórios, anti-hipertensivos, dermatológicos, imunossupressor, diuréticos, medicamentos para transplantados, controle da diabetes, para tratamento de transtornos mentais, tuberculose, hanseníase.

Além disso, existem medicamentos que somente a Furp fabrica, pois não há interesse comercial de fabricação por outros laboratórios devido ao baixo retorno financeiro.

A empresa paulista também é responsável pela produção de inúmeros medicamentos para doenças negligenciadas.

Ela é a única fabricante nacional de estreptomicina e de etambutol, que tratam a tuberculose. Também de derivados da penicilina, que, por serem medicamentos antigos e baratos, poucas empresas têm interesse em produzi-los.

A privatização ou extinção da FURP resultará em ainda mais falta de medicamentos em hospitais e postos de saúde e em maior dificuldade da população mais carente ter acesso a tratamentos.

Além disso, obrigará o Estado a adquirir de indústrias farmacêuticas privadas parte dos medicamentos que deixarão de ser produzidos pela FURP, o que representará uma ampliação dos gastos públicos com medicamentos.

Outra consequência da extinção será a eliminação de postos de trabalho de dezenas de farmacêuticos e outros profissionais.

A Fenafar destaca que os argumentos elencados pelo governo paulista para desmontar a FURP estão sendo usados de forma indevida.

O governo paulista utilizou a Furp de Guarulhos como intermediária para a celebração da Parceiria Público-Privada.

A Parceria Público-Privada celebrada com a empresa EMS para gestão da fábrica na cidade de Américo Brasiliense é a origem dos problemas financeiros e das denúncias de desvios que atingem a FURP.

A Concessionária Paulista de Medicamentos (fruto da PPP entre EMS e o governo do Estado) gerou uma dívida de mais de 90 milhões de reais para a FURP, porque a CPM utiliza o mesmo CNPJ da FURP de Guarulhos.

Sob as regras do contrato, o governo pagou até sete vezes mais que o valor de mercado pelos remédios da concessionária.

Além disso, desde maio, os deputados paulistas apuram suspeitas de repasses de propina da Camargo Corrêa para a Furp desistir de uma disputa judicial e pagar uma indenização de 18 milhões de reais ao consórcio que construiu a fábrica.

O trato foi selado em 2014 e o valor dividido em 48 parcelas, em um total de 22 milhões, com juros e correção. O caso teria ocorrido entre 2009 e 2012, mas só veio à tona no ano passado, após denuncia do Ministério Público.

Essa dívida não é da FURP, é fruto da má gestão do governo do Estado!

Não ao desmonte da FURP!

Em defesa da soberania brasileira da produção de medicamentos!

São Paulo, 01 de outubro de 2019

Federação Nacional dos Farmacêuticos

Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de São Paulo

 

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Comentários

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Luiz Carle

Ele tem que repassar tudo para o partido comunista chines, faz parte do acordo dele com estes invasores. Nada que Doria faz é bom para SP e o país, Assembleia teria que cassa-lo, mas é um antro de corrupção também

ALVINO FERREIRA VAZ

Nós o povo do Brasil não podemos deixar isso acontecer é muito frustrante jamais o governo tem que nos ajudar e não destruir o que está pronto e fazendo o bem para a população tenho dito

ALEXANDRE Bomfim

Quem pode para-lo?

fabio yamaguchi

kkkk quero ver os esquizofrenico que nem eu sair dando tiro a torto e direito sem remédio e jogar a culpa no dória. kkkkk. quero ver o circo pegar fogo kkkk

Jorge Julio Guilherme dos Reis Strauch

Com essa decisão se concretizando já se prenuncia o avanço de doenças que hoje são mantidas sob estrito controle. Sem tratamento adequado os brasileiros estarão ‘a mercê de doenças até mesmo mais resistentes já que muitos tratamentos deixarão de ser feitos, o que poderá causar o aumento da resistência ao tratamento nos micróbios.
Doenças não escolhem a quem atacar e até os mais ricos ou os políticos poderão sofrer delas. Não estranharia nada em pouco tempo vivenciarmos uma epidemia.

Zé do rolo

Na feira livre aqui na cidade aonde resido tinha um sábio senhor que em conversa falou isso ” que o Dória chega a ser pior que o Bolsonaro porque o Bolsonaro é burro e limitado intelectualmente e o Dória é perverso e oportunista um perigo no âmbito político”.

Zé Maria

Efeito Guéds

Em Sintonia com o Projeto de Bolsonaro
de Desmonte do Estado Social e, por
conseqüência, de Extermínio de Pessoas
economicamente Carentes e, portanto,
Dependentes do Auxílio de Programas
Sociais e Serviços Públicos Gratuitos.

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