Conceição Silva e Ana Lúcia Paduello: Racismo e machismo reduzem muito a idade das mulheres negras

Tempo de leitura: 2 min
Conceição da Silva e Ana Lúcia Paduello. Fotos: CNS

O Julho é das Pretas

por Conceição Silva e Ana Lúcia Paduello*

O dia 25 de julho foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

A data foi escolhida em 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana, como marco internacional da luta e resistência da mulher negra.

Desde então, vários setores da sociedade atuam para consolidar e dar visibilidade a data, tendo em conta a condição de opressão de gênero, raça e etnia vivida pelas mulheres negras.

Em 2013, o Instituto da Mulher Negra de Salvador (Odara), criou o movimento Julho das Pretas, com o objetivo de organizar um conjunto de atividades das mulheres negras da Bahia e da região Nordeste.

Em 2015, com a realização da Marcha Nacional das Mulheres Negras Contra o Racismo e Pelo Bem Viver na Bahia, diversas regiões do Brasil aderiram ao Julho das Pretas como forma de fortalecer, celebrar e estimular a agenda das mulheres negras brasileiras no enfrentamento da brutal desigualdade social a que são submetidas.

No Brasil, o dia 25 de julho homenageia Tereza de Benguela, mulher negra, líder que comandou a estrutura política, econômica e administrativa do Quilombo de Quariterê, na atual fronteira entre Mato Grosso e Bolívia.

Por meio da Lei 12.987/2014 a data tornou-se o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

O racismo nos conduz a uma potencialização das doenças e mortes.

A baixa escolaridade ou nenhuma, situações de pobreza e o subemprego nos empurram para um mundo de vulnerabilidades, repercutindo negativamente na nossa cidadania.

Nosso protagonismo é inviabilizado pelo racismo e pelo machismo, que interferem violentamente na longevidade das mulheres negras.

Quando observamos dados estatísticos em relação à saúde das mulheres negras e a repercussão das falas destas mulheres, em seus diversos segmentos, percebemos o quão distante está o estado brasileiro em prover um serviço de saúde de qualidade, inclusivo na perspectiva humana de tratamento adequado às mulheres negras.

Segundo o Ministério da Saúde, a média de vida das mulheres negras é de 66 anos, enquanto a de mulheres brancas é de 71.

As constantes denúncias que preenchem os blogs de comunicação, a mídia e os serviços, nos mostra uma realidade urgente para desconstruir o racismo institucional, trabalhar o Sistema Único de Saúde na perspectiva da equidade e vencer a desigualdade entre as mulheres que habitam os ambientes, sejam eles urbanos ou rurais.

Neste momento em que vivemos a pandemia da Covid-19, a população negra, pobre e periférica tem sofrido altas taxas de adoecimento e maior percentual de mortalidade pela doença.

As mulheres que sobrevivem do subemprego e que não conseguem acessar o benefício do auxilio emergencial, são obrigadas a trabalhar, sair de suas casas e enfrentar superlotações em transportes púbicos. Suas residências não são construídas de forma a permitirem o isolamento social.

Falta alimentos, falta água, falta produtos de higiene para prevenção da doença. Sobra adoecimento e morte.

A presença do Sistema Único de Saúde, embora duramente atacado pela inação do governo e do Ministério da Saúde, tem sido a única chance de tratamento para esta população.

É urgente um engajamento da sociedade brasileira na defesa do SUS, pela implementação de políticas públicas de saúde, pelo fortalecimento da Atenção Primária em Saúde, para a criação de um complexo industrial de saúde.

É decisivo para o SUS que queremos, sem racismos, sem machismo e sem LGBTfobias.

*Conceição Silva é conselheira nacional de saúde pela União de Negras e Negros pela Igualdade(Unegro). Ana Lúcia Paduello, conselheira nacional de saúde pela Associação Brasileira Superando o Lúpus, Doenças Reumáticas e Raras (Superando)


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Comentários

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Zé Maria

Fala, Malcolm X !!!
https://youtu.be/2x8KgPf8Pq0
https://youtu.be/NLpfZc79na8

Zé Maria

https://deolhonosruralistas.com.br/wp-content/uploads/2020/07/siqueirinha.jpg

Se verificar a Genealogia dos Brancos Ricos do País,
sempre vai aparecer um Latifundiário Escravocrata.

Desembargador que rasgou multa tem fazendas
e integra clã de latifundiários em São Paulo

Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP),
Eduardo Almeida Prado Rocha Siqueira, vulgo Siqueirinha,
que assediou moralmente o Fiscal Municipal Paulistano,
é Dono de 2 Fazendas, uma onde cria Gado Leiteiro e outra
onde tem uma Plantação de Juta no interior Paulista.

Reportagem: Leonardo Fuhrmann, no Portal “De Olho Nos Ruralistas”

https://deolhonosruralistas.com.br/2020/07/21/desembargador-que-rasgou-multa-tem-fazendas-e-integra-cla-latifundiario-em-sp

“O desembargador [Siqueirinha] de Santos
é o retrato da Justiça brasileira: 43 reclamações!
Punição mais grave? Censura assalariada.”
https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1286819341464461313

TJ-SP envia ao CNJ Certidão com Mais de 40 Processos contra Siqueira

Íntegra da Certidão do TJ-SP: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2020/07/PP-0005618-52.2020.2.00.0000-Of%C3%ADcio-334-2020-SEMA1.1.1-TJSP.pdf

https://www.conjur.com.br/2020-jul-24/tj-sp-envia-certidao-40-processos-siqueira

Zé Maria

O Sofrimento Causado pela Tortura Psicológica
adoece lentamente e mata de dentro pra fora.

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