Sim, é textão
10 de agosto de 2017 às 11h54por Marco Aurélio Mello
Você já desejou a morte de alguém.
Não é uma pergunta, é uma afirmação.
Todo mundo já o fez.
É o tipo de pecado do qual ninguém escapa.
Pecar é desobedecer a uma norma ou preceito, religioso ou não.
Pecar é errar, cometer uma falta.
O preço a se pagar corresponde à gravidade da falta.
Aqui no Brasil temos duas categorias distintas de pecadores: a dos periféricos, pobres, pretos, quase pretos ou quase brancos.
E a dos ricos, brancos com diploma, brancos caboclos, brancos pardos, brancos bronzeados, brancos mulatos, brancos europeizados…
Para o primeiro grupo a justiça é sumária: linchamento, prisão, tortura e execução.
Para os demais tem o tal ordenamento jurídico movido a dinheiro, muito dinheiro.
Portanto, ao nascer, já sabemos em que categoria estamos e com o tempo vamos aprender o quão difícil é transitar de uma classe à outra.
A segregação disfarçada de cordialidade alimenta o ódio.
Onde há ódio há violência.
E onde há violência, há sentimento de vingança.
Diante de tanta crueldade, seja das pessoas, umas contra as outras, seja do Estado, contra a maioria, o ódio cresce.
Para conter o ódio a violência aumenta.
E a gravidade das penas também.
“Vejo o futuro repetir o passado”, diria Cazuza.
Se antes as pessoas eram condenadas à morte na arena com os leões, à fogueira e ao esquartejamento, não se admire se em breve a gente voltar a adotar práticas até então inaceitáveis.
Afinal, enforcar, decepar a cabeça, apedrejar, fuzilar, dar choque ou inocular injeção letal, são métodos em vigor em 58 países do nosso planeta Terra.
Na “América” dita civilizada morre-se por cometer homicídio qualificado ou atos de terrorismo.
No Irã o adultério e a homossexualidade levam à morte.
Na China fraude, sonegação, desvio de verbas e tráfico de drogas e armas também.
Este é o mundo real em que as pessoas perdem mais tempo com o ódio do que amando-se umas as outras.
Eu escolhi a segunda opção.
Será que meu castigo será a expulsão do Paraíso?
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Andre
16/08/2017 - 03h27
Excelente análise. Que possamos refletir como nós nos deixamos ser conduzidos pela mídia financista.
José Maurício
12/08/2017 - 23h11
Será que o amor está ficando ultrapassado?
Será que se importar, se por no lugar do outro, é algo ruim. Será que meus valores estão invertidos?
Se for isso vou continuar. Sempre admirei quem nada contra a corrente.