O site que me tolera

Tempo de leitura: 2 min
Array

Por Marco Aurélio Mello

por Marco Aurélio Mello

Num país de Fla-Flu, conflagrado, à beira de uma guerra civil, ou você está de um lado, ou de outro, certo?

Não, errado.

São muitas possibilidades, variáveis e nuances.

A vida em sociedade é muito, muito mais complexa minha gente!

Podemos gostar muito de alguém e não concordar em muitas coisas.

É possível supor, por exemplo, que dois irmãos podem ser um de direita e outro de esquerda e ambos se amarem mutuamente?

Claro que sim!

Isto pode acontecer em diversas situações.

Todos temos nossas contradições, nossas idiossincrasias.

Afinal, quer queiramos, quer não, temos pontos de vista distintos, subjetivos.

Vale lembrar também que somos hipócritas.

Senão, vejamos: desde cedo ensinamos às crianças as tais “mentirinhas sociais”.

Não fala para a vovó que você não gostou da comida dela, senão ela pode se chatear.

Eis um exemplo.

Hipocrisia é demonstrar uma coisa, quando se sente ou se pensa outra.

O tal sorriso amarelo para não desmascarar o chefe em público é outro exemplo.

Hipocrisia é dissimular sua verdadeira personalidade, não necessariamente por motivos interesseiros.

Pode ser por medo de assumir sua natureza e parecer hostil, simples assim.

Demonstrar qualidades ou sentimentos que você não possui também é hipocrisia.

Nossa, você está lindo(a)!

Viu, fazemos isso o dia inteiro.

E ai daquele(a) sincerão(ona), que “não tem papas na língua”, que fala tudo o que pensa.

Conheci muita gente assim, que em geral só quebra a cara.

A sociedade não aceitamos.

Faça um teste.

Permita-se discordar do “senso comum” da sua “bolha na internet”.

Vais levar porrada.

Acontece comigo às vezes.

Não só porque as pessoas são movidas por um “instinto de manada”, mas também porque elas não gostam muito de raciocínios sofisticados.

É mais fácil pensar de forma esquemática, maniqueísta.

Eis aqui o nosso Deus; e lá o Diabo deles.

Às vezes somos assim por preguiça de pensar, outras por falta de alcance mesmo.

Todos nós precisamos de um grupo “para chamar de seu”.

O fulano diz: não ligo mais a TV, só para ver futebol duas vezes por semana.

Beltrano fala: tirei a TV da minha vida, mas a novela das 21h eu não perco.

Parece uma história que ouvi: o Greenpeace não pode pregar o fim do consumo da proteína animal senão vai à falência.

Assim é com o fumante, o tomador de Coca-Cola, o torcedor de futebol, os fãs de novela, de séries da Netflix…

Já dizia aquele cara, o Nelson, que adorava uma repartição: “toda a unanimidade é burra.”

Ainda bem que tem o Vasco, o Botafogo, o Ameriquinha…

Array

Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

ana s.

“Permita-se discordar do ‘senso comum’ da sua ‘bolha na internet’. Vais levar porrada. Acontece comigo às vezes.
Não só porque as pessoas são movidas por um ‘instinto de manada’, mas também porque elas não gostam muito de raciocínios sofisticados. É mais fácil pensar de forma esquemática, maniqueísta.”

Isso tudo é por causa dos comentários discordando do seu texto sobre o desfile da Paraíso do Tuiuti? Aquele que dizia que Tuiuti é uma cidade de São Paulo? Pelo que estou entendendo, é mais ou menos assim: vc foi sofisticado e o resto foi na manada, pensando de forma esquemática e maniqueísta. Na boa: parece que vc é que não está tendo muito respeito por quem discorda de vc, meu caro.

Eu gostava muito do seu blog, mas acho que ultimamente vc anda se entregando a uma espécie de auto-comiseração do tipo “ninguém me entende”. Sei que os podres poderes lhe sacanearam e obviamente estou com vc (instinto de manada?). Quem sou eu pra dar conselho a alguém. Tô na maior merda. Mas se vc fosse meu amigo, meu irmão, acho que lhe diria (e vc saberia que eu estava dizendo isso por amor) : “Sai dessa.”

    Marco Aurélio

    Olá, Ana. Não tenho problema nenhum com críticas. Nenhum. Obrigado por se manifestar.

Deixe seu comentário

Leia também