Lobista da guerra, “especialista” em Síria, mentiu que era doutora

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Elizabeth O’Bagy, especialista em Síria citada por Kerry e por McCain nos depoimentos, demitida por alegar ter feito Ph.D

por Michael Calderone, no Huffington Post

Durante os depoimentos da semana passada no Comitê  de Relações Exteriores do Senado sobre a possibilidade de ataques militares contra a Síria, o senador John McCain (republicano do Arizona) leu um trecho de um “importante editorial da Dra. Elizabete O’Bagy” que ele descreveu como “analista da Síria do Instituto para o Estudo da Guerra”. Esse grupo demitiu O’Bagy na quarta-feira depois de descobrir que ela mentiu ao dizer que tinha um Ph.D.

O’Bagy, de 26 anos, apareceu recentemente na CNN e na Fox News como especialista em Síria, mas ganhou prestígio na semana passada quando McCain e o secretário de Estado John Kerry citaram o trabalho dela diante de membros do Congresso quando discutiam a possibilidade de intervenção militar na Síria. O’Bagy escreveu [no Wall Street Journal] que “contrariamente a vários relatos da mídia, a guerra na Síria não está sendo travada completamente, ou predominantemente, por islamistas perigosos ou radicais da Al-Qaeda”. Para McCain e Kerry, ambos defendendo a intervenção, o artigo serviu para tratar da preocupação com a origem dos grupos que lutam contra o presidente da Síria, Bashar Assad, e se eles são hostis aos interesses dos Estados Unidos.

Mas o Journal foi criticado por publicar o artigo sem revelar o papel de O’Bagy como diretora política da Força Tarefa da Emergência Síria (STEF), um grupo de Washington que fez lobby na Casa Branca e no Congresso em apoio aos rebeldes sírios.

O’Bagy disse ao The Daily Caller que recebeu dinheiro como consultora e não era funcionária do grupo. Ela também disse que não estava diretamente envolvida no lobby. Porém, trabalhou com o grupo para ajudar a conseguir uma visita dos comandantes do Exército de Libertação da Síria a McCain, em maio.

O STEF não respondeu aos pedidos de comentário sobre o papel de O’Bagy na organização.

Alguns especialistas questionaram as conclusões de O’Bagy sobre a Síria. Charles Lister, um analista de Oriente Médio da IHS Janes’s Terrorism Insurgency Centre, criticou o artigo no tweeter e argumentou que a Síria é muito complexa para ser vista como “um único conflito”.

E enquanto Kerry falava no Congresso sobre a “enorme”  experiência de O’Bagy cobrindo a Síria, Janine di Giovanni, correspondente internacional veterana que fez matérias no local, sugeriu que a jovem pesquisadora havia “exagerado tremendamente sua experiência dentro da Síria”.

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Di Giovanni disse ao HuffPost que tem certeza que O’Bagy leu sobre a história da Síria e sobre a família Assad, e que ela teve alguma experiência no país, “mas não tanto quanto que ela levou Kerry e outros a acreditar”.

“Nós que trabalhamos na Síria como jornalistas e pesquisadores formamos um grupo bem pequeno”, disse di Giovanni.

“Nós somos todos super cautelosos. Protegemos uns aos outros. É um trabalho muito difícil e é muito difícil trabalhar nessa guerra. Não é uma guerra para se começar no ramo. Muitas pessoas ficaram bastante chocadas quando uma Ph.D de 26 anos, dita especialista em Síria, apareceu sem nunca ter trabalhado na região e sem que alguém tivesse ouvido falar nela, e apareceu na CNN e em outras redes como especialista em Síria”.

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