Arthur Lira se elege presidente da Câmara em meio a denúncias de compra de votos e dá o primeiro golpe
PT na Câmara
Em meio a contundentes críticas dos partidos de oposição, que denunciaram o governo Jair Bolsonaro pela compra de votos com o uso de recursos públicos, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) foi eleito nesta segunda-feira (1º) presidente da Câmara para os próximos dois anos, em substituição a Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ocupou o cargo durante quatro anos e sete meses.
O primeiro ato de Lira ao assumir o cargo já gerou fortes reações da Oposição.
Minutos após ser empossado, o novo presidente da Câmara , de modo autoritário, indeferiu bloco formado pelo PT, MDB, PSDB, PSB, PDT, Solidariedade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede, criado em apoio à candidatura de Baleia Rossi (PMDB-SP).
A Oposição vai recorrer contra a decisão arbitrária ao Supremo Tribunal Federal (veja nota abaixo).
A decisão de Lira altera toda a formação da Mesa Diretora previamente acordada entre os líderes e desconsidera todas as candidaturas eleitas. Ele convocou eleição para os cargos restantes da Mesa para a tarde desta terça-feira.
Ditador na Câmara
Para Alencar Santana Braga (PT-SP), a atitude de Lira foi simplesmente um golpe. “Arthur Lira já mostra que será um fiel capacho de Bolsonaro e anula eleição dos demais cargos da Mesa só para impedir que PT assuma a Primeira Secretaria e para que possa controlar a Câmara apenas com partidos alinhados. Ditadura no Parlamento!”
Leo de Brito (PT-AC) observou que o presidente eleito da Câmara assumiu o cargo “lembrando seu mentor Eduardo Cunha, tentando esmagar os derrotados na eleição. O discurso de uma Câmara para todos os deputados não durou um minuto sequer. O autoritarismo está se espraiando pelos poderes da República.”
Marcon (PT-RS) acrescentou: “Como golpista de costume sua primeira medida é um golpe contra o bloco opositor, anulando a composição da Mesa! As ratazanas são as mesmas. A luta continua!”
Privilégio para bolsonaristas
Para o líder da Oposição no Congresso, Carlos Zarattini (PT-SP), o cancelamento da eleição para os demais cargos da Mesa e a desconstituição do bloco da oposição visa tão somente “ampliar os cargos para os bolsonaristas!”
Na votação, o candidato apoiado por Bolsonaro e um bloco de partidos conservadores e de direita – o chamado Centrão – recebeu 302 votos, 45 a mais que o necessário para se eleger no primeiro turno. Baleia Rossi, o segundo mais votado, teve 146 votos.
Impeachment
O programa do bloco pró-Baleia Rossi tinha, entre outros pontos, a defesa da democracia, aprovação de auxílio emergencial e vacinação contra a Covid para toda a população brasileira .
A Bancada do PT vai insistir nessa agenda, segundo o líder Enio Verri (PT-PR).
“E, para o PT, o impeachment de Bolsonaro é a questão central, pois o Brasil não suporta mais um governo genocida que despreza a vida das pessoas e atual apenas em função dos interesses do grande capital financeiro nacional e internacional”, disse o líder.
Esses pontos considerados cruciais pela oposição sequer foram tocados por Arthur Lira no discurso feito no plenário na noite desta segunda-feira, no qual falou sobre suas propostas.
Candidato indicado por Jair Bolsonaro à presidência da Câmara, Lira não se aprofundou em temas como o auxílio emergencial ou o aumento da extrema pobreza no Brasil. Quando foi empossado no cargo, pediu um minuto de silêncio em homenagem aos mortos pela Covid-19, mas segundos depois ele mesmo quebrou a homenagem sem completar o tempo.
Segundo o líder da Minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o desafio que se inicia agora é colocar a Parlamento como peça central no enfrentamento à pandemia, como ocorreu no ano passado, diante da inoperância e incompetência do governo Bolsonaro.
“ Vacina para todos, retorno do auxílio emergencial e impeachment de Bolsonaro; vamos continuar firmes, pressionando pelas mudanças que o povo precisa”, afirmou Guimarães.
Balcão de negócios
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) denunciou que nunca viu “algo tão vergonhoso” para a eleição na Câmara.
“Nunca vi nada como hoje promovido pelo Bolsonaro, são centenas de milhões de reais, dinheiro público para controlar a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, além de ministérios e cargos.”
Segundo o parlamentar, a Câmara virou uma “verdadeira feira livre , com Bolsonaro comprando votos para evitar o impeachment e a investigação de seus filhos”.
“É a manipulação do Parlamento para colocá-lo de joelhos perante Bolsonaro com a utilização de recursos públicos num momento em que faltam vacinas, seringas e auxílio emergencial. Milhões de reais para Bolsonaro e seus filhos não serem investigados”
Como disse o deputado Bohn Gass (PT-RS), Lira falou em independência do Legislativo, mas “ todo mundo sabe que os votos” foram “comprados ao custo de bilhões, pelo governo. E todo mundo sabe, também, que quem paga a banda é quem define o repertório.”
Zé Ricardo (PT-AM) disse que Lira deverá “priorizar, assim como apoiou, até agora, as pautas de retirada de direitos e de empregos do governo federal.”
Eis o placar final da votação:
Arthur Lira (PP-AL): 302 votos
Baleia Rossi (MDB-SP): 145 votos
Fábio Ramalho (MDB-MG): 21 votos
Luiza Erundina (PSOL-SP): 16 votos
Marcel Van Hattem (Novo-RS): 13 votos
André Janones (Avante-MG): 3 votos
Kim Kataguiri (DEM-SP): 2 votos
General Peternelli (PSL-SP): 1 voto
Os dez partidos anunciam que vão recorrer ao Supremo Tribunal Federal da decisão arbitrária do novo presidente da Câmara, eleito por interferência do presidente Jair Bolsonaro, que é acusado por oposicionistas de ter usados bilhões de reais em recursos públicos para a compra de votos para seu candidato.
Leia a íntegra da nota:
“NOTA DO BLOCO PARTIDÁRIO QUE DEU APOIO À CANDIDATURA DE BALEIA ROSSI
Os partidos que se uniram em torno da defesa de uma Câmara livre e independente repudiam, com a mais intensa veemência, o ato autoritário, antirregimental e ilegal praticado pelo deputado Arthur Lira.
A eleição é una: não se pode aceitar só a parte que interessa. Ao assim agir, afrontando as regras mais básicas de uma eleição – não mudar suas regras após a sua realização -, o referido deputado coloca em sério risco a governabilidade da Casa.
A insistir nesse caminho, perderá qualquer condição de presidi-la, já que seu primeiro ato desacredita o que acabara de dizer: que decidiria com imparcialidade.
Foi a desmoralização mais rápida de um discurso que já se viu. A única voz que o mesmo aceita que se ouça na Mesa Diretora da Câmara é a voz daqueles que com ele concordam.
Os que ousam defender uma Câmara altiva ele quer calar, já em seu primeiro movimento, tentando esmagar a representatividade de nossos partidos e de nosso bloco.
Não aceitaremos. Vamos ao Supremo Tribunal Federal em defesa da democracia e do Parlamento brasileiro.
Brasília, 2 de fevereiro de 2021
Líderes e parlamentares do PT, MDB, PSB, PSDB, PDT, PCdoB, CIDADANIA, PV e REDE”
Comentários
Darcy Brasil
Parece que 6 deputados do PT votaram em Erundina, pois não sei de que outro partido teriam vindo os 6 votos para além dos 10 do Psol. Se for verdade, 5 parlamentares do Psol respeitaram a decisão de seu partido, apesar de terem sido vencidos na votação interna, o que é fundamental ao bom funcionamento de qualquer partido. Já os 6 supostos (por mim) deputados do PT teriam se rebelado contra a decisão democrática da maioria, se comportando como dissidentes, que somente encaminham a decisão que consideram mais correta, dissolvendo a concepção de partido na concepção do anarquismo individualista….Após a decisão autoritária de Lira, quem ousará afirmar que Baleia cometeria a mesma arbitrariedade?…Penso que é oportunismo, o que andei lendo por aí, condenar uma tática correta (a da aliança de todas as forças contrárias ao fascismo para impedir a vitória de um aliado de Bolsonaro) após o fracasso dessa tática, afirmando que teria sido melhor ter lançado um candidato da esquerda unificada, do que ser derrotado juntamente com Baleia. Nem mesmo se alguém tivesse a posse de uma bola de cristal original, que confirmasse a vitória de Lira uma semana antes da eleição, seria correto não participar do esforço para derrotar o candidato do bolsonarismo. Agir segundo o que recomenda a Ciência Política em cada caso, não confundindo, por exemplo, a eleição no âmbito da Câmara dos Deputados com uma eleição para Presidente da República, buscando sempre reduzir os danos aos intereses dos trabalhadores e do povo, sinalizando respeito aos acordos, mesmo com aqueles com poucas afinidades políticas e ideológicas, é fundamental para dar credibilidade a uma agremiação politica séria. Difícil será confiar nos seis supostos (por mim) dissidentes do PT que sinalizaram a intenção futura de não respeitar as decisões da maioria do seu partido ou do bloco de oposição, sempre que forem votos vencidos. PS: embora em 2018 eu tenha defendido, até o final do mês de maio, o lançamento de Ciro Gomes como único candidato capaz de derrotar Bolsonaro se contasse com o apoio da militância do PT, PCdoB, Psol etc; uma vez definida a candidatura de Haddad, que, para mim, jamais teve (ou terá um dia) chances de superar o candidato da extrema direita, passei imediatamente a fazer campanha para Haddad, para respeitar a minha filiação ideológica, afetiva, à chamada Frente Brasil Popular, que vinha mantendo desde 1989, mesmo quando deixei de ser um militante de um partido político. Graças à minha campanha visível, agressiva, no bom sentido (e também um pouco voluntarista, reconheço), a favor de Haddad numa cidade francamente hostil ao PT, fui ameaçado de morte. Para mim, respeitar a decisão da maioria tem valor de princípio, mesmo sendo uma maioria virtual. Em resumo: não se pode deixar de respeitar a decisão de seu partido, mesmo que não concorde com ela.
Zé Maria
.
.
O Lira e o Bolsonaro têm muito a agradecer ao DD e ao Juiz Moro.
Eles são o Produto Acabado da Força-Tarefa da Lava-Jato (FTLJ).
.
.
Zé Maria
.
.
Um dos Resultados das Eleições das Fake News Anti-Esquerda de 2018.
Os Analfabetos Funcionais e Disfuncionais de WhatsApp e Facebook
foram os que elegeram essa Escumalha Conservadora Patrimonialista.
.
.
Zé Maria
“Você pagou com Traição a quem sempre lhe deu a Mão”
Enquanto não houver o instituto da Fidelidade Partidária e Voto Nominal Aberto,
as Votações no Congresso Nacional serão assim, de “Fodelidade Partidária”:
Arthur Lira (PP-AL): 302 votos
Baleia Rossi (MDB-SP): 145 votos
Fábio Ramalho (MDB-MG): 21 votos
Luiza Erundina (PSOL-SP): 16 votos
Marcel Van Hattem (Novo-RS): 13 votos
André Janones (Avante-MG): 3 votos
Kim Kataguiri (DEM-SP): 2 votos
General Peternelli (PSL-SP): 1 voto
Bancadas dos Partidos na Câmara dos Deputados:
https://www.camara.leg.br/Internet/Deputado/bancada.asp
Deixe seu comentário