Haddad aciona Polícia Federal e Justiça Eleitoral contra caixa dois digital de Bolsonaro: “É crime”

Tempo de leitura: 5 min

A Folha hoje comprova que o deputado Bolsonaro criou uma verdadeira organização criminosa com empresários que, mediante caixa 2, dinheiro sujo, estão patrocinando disparos de mensagens mentirosas no WhatsApp.

Meu adversário está usando crime eleitoral para obter vantagem. Ele que dizia que faz a campanha mais pobre foi desmentido hoje. Ele faz a campanha mais rica do país com dinheiro sujo.

Vamos acionar a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral para impedir o deputado Bolsonaro de agredir violentamente a democracia como ele tem feito. Fazer conluio com dinheiro de caixa 2 pra violar a vontade popular é crime. Ele que foge dos debates, não vai poder fugir da Justiça.

Milhões de reais foram investidos em notícias falsas. Por meio de caixa 2 resolveram financiar uma campanha de difamação a meu respeito. E eu nunca tinha visto isso acontecer.

Estamos diante de uma tentativa de fraude eleitoral. O esforço do Bolsonaro era pra liquidar já no primeiro turno. Ele contava que viraríamos a página e isso tudo não seria apurado. O que está hoje nos jornais não são indícios, são provas. Não estamos falando de suposições.

Dez dias é muito tempo para o momento que estamos vivendo. E ele que diz que já está com a faixa vai experimentar a ira de quem de fato decide a eleição: o voto popular. A própria soberania nacional nunca esteve tão ameaçada quanto agora.

Fernando Haddad, no twitter

Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp

Com contratos de R$ 12 milhões, prática viola a lei por ser doação não declarada

por Patrícia Campos Mello, na Folha de S. Paulo

Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno.

A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.

A Folha apurou que cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens.

As empresas apoiando o candidato Jair Bolsonaro (PSL) compram um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital.

Isso também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso das listas de apoiadores do próprio candidato (números cedidos de forma voluntária).

Quando usam bases de terceiros, essas agências oferecem segmentação por região geográfica e, às vezes, por renda.

Enviam ao cliente relatórios de entrega contendo data, hora e conteúdo disparado.

Entre as agências prestando esse tipo de serviços estão a Quickmobile, a Yacows, Croc Services e SMS Market.

Os preços variam de R$ 0,08 a R$ 0,12 por disparo de mensagem para a base própria do candidato e de R$ 0,30 a R$ 0,40 quando a base é fornecida pela agência.

As bases de usuários muitas vezes são fornecidas ilegalmente por empresas de cobrança ou por funcionários de empresas telefônicas.

Empresas investigadas pela reportagem afirmaram não poder aceitar pedidos antes do dia 28 de outubro, data da eleição, afirmando ter serviços enormes de disparos de WhatsApp na semana anterior ao segundo turno comprados por empresas privadas.

Questionado se fez disparo em massa, Luciano Hang, dono da Havan, disse que não sabe “o que é isso”.

“Não temos essa necessidade. Fiz uma ‘live’ aqui agora. Não está impulsionada e já deu 1,3 milhão de pessoas. Qual é a necessidade de impulsionar? Digamos que eu tenha 2.000 amigos. Mando para meus amigos e viraliza.”

Procurado, o sócio da QuickMobile, Peterson Rosa, afirma que a empresa não está atuando na política neste ano e que seu foco é apenas a mídia corporativa.

Ele nega ter fechado contrato com empresas para disparo de conteúdo político.

Richard Papadimitriou, da Yacows, afirmou que não iria se manifestar.

A SMS Market não respondeu aos pedidos de entrevista.

Na prestação de contas do candidato Jair Bolsonaro (PSL), consta apenas a empresa AM4 Brasil Inteligência Digital, como tendo recebido R$ 115 mil para mídias digitais.

Segundo Marcos Aurélio Carvalho, um dos donos da empresa, a AM4 tem apenas 20 pessoas trabalhando na campanha.

“Quem faz a campanha são os milhares de apoiadores voluntários espalhados em todo o Brasil. Os grupos são criados e nutridos organicamente”, diz.

Ele afirma que a AM4 mantém apenas grupos de WhatsApp para denúncias de fake news, listas de transmissão e grupos estaduais chamados comitês de conteúdo.

No entanto, a Folha apurou com ex-funcionários e clientes que o serviço da AM4 não se restringe a isso.

Uma das ferramentas usadas pela campanha de Bolsonaro é a geração de números estrangeiros automaticamente por sites como o TextNow.

Funcionários e voluntários dispõem de dezenas de números assim, que usam para administrar grupos ou participar deles.

Com códigos de área de outros países, esses administradores escapam dos filtros de spam e das limitações impostas pelo WhatsApp —o máximo de 256 participantes em cada grupo e o repasse automático de uma mesma mensagem para até 20 pessoas ou grupos.

Os mesmos administradores também usam algoritmos que segmentam os membros dos grupos entre apoiadores, detratores e neutros, e, desta maneira, conseguem customizar de forma mais eficiente o tipo de conteúdo que enviam.

Grande parte do conteúdo não é produzida pela campanha —vem de apoiadores.

Os administradores de grupos bolsonaristas também identificam “influenciadores”: apoiadores muito ativos, os quais contatam para que criem mais grupos e façam mais ações a favor do candidato. A prática não é ilegal.

As estimativas de pessoas que trabalham no setor sobre o número de grupos de WhatsApp anti-PT são muito vagas —vão de 20 mil a 300 mil— pois é impossível calcular os grupos fechados.

Diogo Rais, professor de direito eleitoral da Universidade Mackenzie, diz que a compra de serviços de disparo de WhatsApp por empresas para favorecer um candidato configura doação não declarada de campanha, o que é vedado.

Ele não comenta casos específicos, mas lembra que dessa forma pode-se incorrer no crime de abuso de poder econômico e, se julgado que a ação influenciou a eleição, levar à cassação da chapa.

EM MG, ROMEU ZEMA CONTRATOU EMPRESA DE IMPULSIONAMENTO

O candidato ao governo de Minas do partido Novo, Romeu Zema, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral pagamento de R$ 200 mil à Croc Services por impulsionamento de conteúdos.

O diretório estadual do partido em Minas gastou R$ 165 mil com a empresa.

A Folha teve acesso a propostas e trocas de email da empresa com algumas campanhas oferecendo disparos em massa usando base de dados de terceiros, o que é ilegal.

Indagado pela Folha, Pedro Freitas, sócio-diretor da Croc Services, afirmou: “Quem tem de saber da legislação eleitoral é o candidato, não sou eu.”

Depois, recuou e disse que não sabia se sua empresa prestara serviço para Zema.

Posteriormente, enviou mensagem afirmando que conferiu seus registros e que vendera pacotes de disparo em massa de WhatsApp, mas só a bases do próprio candidato, filiados ao partido e apoiadores de Zema —o que é legal.

Procurada, a campanha afirmou que “contratou serviço de envio de mensagem somente por WhatsApp para envio aos filiados do partido, pessoas cadastradas pelo website e ações de mobilização de apoiadores”.

A Folha apurou que eleitores em Minas receberam mensagens em WhatsApp vinculando o voto em Zema ao voto em Jair Bolsonaro dias antes do primeiro turno.

Zema, que estava em terceiro nas pesquisas, terminou em primeiro.

Colaboraram Joana Cunha e Wálter Nunes

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Comentários

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Fabio

O Haddad não faria isso, pq se ele chegar perto da PF ele fica preso. Pq ladrão de verdade tem medo de Polícia.
#euvimdegraca
#BolsonaroPresidente

Cristiana Bernardi

Mateus tendência, não apresentaram provas e eu faço campanha de graça, passo o dia enviando, criando e compartilhando mensagem. Chega roubo, impunidade neste país. O Brasil é dos brasileiros, e os brasileiros querem Bolsonaro.

Domy Adrade

A matéria não diz em momento nenhum com base em que faz essas afirmações. Isso está com cara de que não vai dar em nada, infelizmente.

Estêvão

A Folha apurou… Apurou com quem??? Só dizem que apurou dê nomes Jornal mais medíocre.

Hudson

Quem teria estrutura para investigar isso: Rússia e China.

PF brasileira não vai fazer nada; se fizer, TSE vai fingir que não viu.

Reinaldo Ferreira

KKKKKKKKKKKKKK e segue o DESESPERO…COITADO!!!

Evandro

Kkkk o desespero e tanto que querem achar chifre na cabeça de cavalo eu mesmo faço campanha de graça para o candidato que vai tirar este partido pt corrupto do poder

ELZA

A saída é provocar debates.

claudio

A unica forma de esclarecer as armações é ocorrendo DEBATES.

Cleiton do Prado Pereira

Atitude completamente inócua, ele vai alegar se perguntado que não sabe de nada, que isto é com os seus apoiadores, se o TSE perguntar alguma coisa, e para a PF, também se perguntado, ele vai dizer que não autorizou ninguém a fazer isto, sendo de responsabilidade de quem fez.

Julio Silveira

E ainda tem os empresarios sujos que patrocinam com altas verbas, milionarias mesmo, os fakes pró boçal ignaro no Whatsapp, conforme o jornal golpista folha de São Paulo, que pode estar se arrependendo das consequencias por virem por terem ajudado a produzir outra sujeira, agora nazi fascista, na sua suja biografia de apoio a golpistas.

Elena

Não tem jeito! Contra o poder dos endinheirados a disputa fica muito desequilibrada. E o TSE nada faz para coibir esse abuso econômico da campanha de Boçalnaro.

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