Campanha salarial expõe injustiça: com mais formação, bancárias ganham 23% menos que os homens
Tempo de leitura: 3 minBanqueiros não fazem nova proposta para os trabalhadores, enquanto cobram até 305% de juros no cheque especial
Após sete rodadas de negociação não houve nova proposta nesta sexta (17); bancos precisam resolver o problema do emprego, saúde e condições de trabalho
por Cecília Negrão, do Sindicato dos Bancários de São Paulo
O Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se reuniram nesta sexta-feira (17) para a sétima rodada de negociação.
Não houve proposta e uma nova reunião foi marcada para terça-feira (21).
A proposta com reajuste de 3,90% (reposição da inflação, anunciada no dia 07/08, foi rejeitada em todo o país em assembleias.
“As assembleias lotadas, na semana passada, são uma amostra que a categoria está mobilizada para lutar por seus direitos. No balanço dos reajustes salariais do primeiro semestre deste ano, 78,8% das categorias tiveram reajuste acima da inflação. E a proporção de reajustes acima do INPC em 2018 foi maior do que em 2017 (2,8% e 5,0%, respectivamente)”, observa Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
“O setor mais lucrativo do país tem condições de garantir empregos e dar aumento real para seus trabalhadores”, atenta.
“Estamos dispostos a negociar e esperamos que os banqueiros tenham mais responsabilidade e resolvam a campanha nesta semana”, frisa Ivone Silva
Apoie o jornalismo independente
Desemprego – De acordo com dados dos balanços das instituições financeiras, os cinco maiores bancos que atuam no país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander) eliminaram 16,9 mil postos de trabalho somente em 2017.
Houve uma redução no emprego bancário de 57.045 postos de trabalho entre janeiro de 2012 e junho de 2018, o que representa uma redução de 11,5% na categoria neste período.
Apesar do aumento substancial do lucro no último período, o emprego nos maiores bancos vem caindo: no 1º trimestre de 2018, houve uma queda de 13.564 postos de trabalho em doze meses.
Igualdade de oportunidades – Na categoria bancária, as mulheres ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 23% menores que os dos homens.
Essa realidade é ainda mais injusta quando se observa que as mulheres bancárias têm escolaridade maior que a dos bancários.
80% das bancárias têm nível superior completo, enquanto entre os homens esse percentual cai para 74%.
Em seus Relatórios Anuais de Sustentabilidade os bancos apresentam algumas informações que ilustram a desigualdade com a qual as mulheres são tratadas nestas instituições.
No Bradesco, por exemplo, o salário médio das mulheres na gerência representa apenas 85% do salário médio dos homens que trabalham nos mesmos cargos.
Lucro dos bancos – O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), nos três primeiros meses do ano, atingiu a marca de R$ 20,3 bilhões, com crescimento de 18,7%.
Dados da Categoria – Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com validade nacional.
Os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país.
São cerca de 485 mil bancários no Brasil, sendo 140 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do país.
A categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2017 de 20,26% e 41,6% no piso.
Principais reivindicações Campanha Nacional Unificada 2018:
• Reajuste Salarial – 5% de aumento real, com inflação projetada de 3,87 % (até 07/08)
• PLR – três salários mais R$ 8.546,64
• Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 3.747,10)
• Vales Alimentação, Refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá – Salário Mínimo Nacional (R$ 954): Inclusive nos períodos de licença-maternidade, paternidade e adoção, férias e nos afastamentos por doença de qualquer natureza ou acidente de trabalho.
• 14º salário;
• Fim das metas abusivas e assédio moral – A categoria é submetida a uma pressão abusiva por cumprimento de metas, que tem provocado alto índice de adoecimento dos bancários;
• Emprego – Fim das demissões; ampliação das contratações; fim das novas formas de contratação, criadas a partir da Reforma Trabalhista (autônomo, terceirizado e intermitente e contrato parcial); fim da precarização das condições de trabalho e homologações feitas no Sindicato
• Melhores condições de trabalho nas agências digitais
• Mais segurança nas agências bancárias
• Auxílio-educação
Leia também:
Banqueiros querem deixar bancários sem aumento real por quatro anos!
Comentários
Hudson
Não entendi por que a desigualdade salarial entre gêneros não consta da lista de reivindicações.
Lukas
Já na Venezuela, Maduro reajustou os salários em 6.000%. Estão todos ricos por decreto. É o socialismo do século XXI.
LUIZ HORTENCIO FERREIRA
As mulheres somam mais da metade dos votos válidos do brasil! Se unirem-se plenamente, elegem quem elas quiserem para qualquer cargo legislativo, pra mudar esse absurdo que ocorre neste nosso país!
Deixe seu comentário