Igor Felippe: Bolsonaro e o racismo no Brasil

Tempo de leitura: 3 min

A postura de Bolsonaro e o racismo no Brasil

Por Igor Felippe Santos, via Escrevinhador

As declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) causaram indignação em todos aqueles que consideram o racismo uma ferida profunda e ainda aberta nosso país. Já a imprensa burguesa lançou mão da liberdade de expressão para limpar a barra do parlamentar. Um grupo de neonazistas convocou um “ato cívico” pró-Bolsonaro em São Paulo.

As manifestações do deputado, e toda a polêmica em torno do episódio, são apenas a ponta de um iceberg histórico da sociedade brasileira e suas contradições. A questão do racismo faz parte do processo da formação política, econômica, social e cultural do Brasil, que tem como elemento central a escravidão. Não podemos ignorar o passado, porque deixaríamos em segundo plano os fundamentos do preconceito contra os negros. Tanto que a associação de negros a promiscuidade vem desses tempos.

Desde a escravidão, os negros estão na base da pirâmide social e, os brancos, na parte superior. A escravidão acabou em 1888, com a Lei Áurea, mas pouca coisa mudou na estrutura social. Mesmo com a abolição, os negros ficaram impedidos de ter acesso à escola e à terra, por meio da Lei de Terras (decretada antes, em 1850). Com isso, foram obrigados a exercer para sobreviver atividades consideradas menos qualificadas, ficando como “serviçais dos brancos”.

No processo histórico do último século, os resultados do mecanismo de exclusão dos negros ficaram diluídos, ou seja, há negros com boas condições de vida, pardos pobres e brancos miseráveis. No entanto, a estrutura social continua sendo racista. Enquanto os brancos são excluídos por diferenças de classe, os negros são marginalizados por uma questão de classe e cor de pele.

O capitalismo brasileiro foi estruturado na dependência internacional e no racismo, que é um dos fatores determinantes da nossa formação. Ou seja, o racismo não é apenas uma declaração de preconceito na TV, mas uma cicatriz profunda no povo brasileiro. Enquanto os negros se identificam com os escravos, pois lá estão as raízes da atual exclusão, tem sido conveniente aos brancos deixar isso de lado, afinal de contas, não é nenhum orgulho. Daí surge o “esquecimento” das nossas raízes históricas.

Embora os homens e mulheres brancos não sejam “culpados” pela escravidão, se constituem como um bloco social, que sustenta e preserva essa formação social racista, que concentrou neles o poder e capital. Os negros, descendentes de escravos ou não, também formam um bloco social, marcado pela exploração do trabalho e discriminação.

O problema é que o processo de exclusão dos negros parece encoberto por um véu, como se as consequências de 300 anos de escravidão tivessem sido superadas. Só que o Brasil não passou uma Revolução Burguesa de tipo clássico, como na França e na Inglaterra, onde houve uma ruptura que levou ao enfrentamento das contradições sociais do regime anterior.

Florestan Fernandes ensina que não houve um colapso do poder oligárquico e a tomada do poder pela burguesia no Brasil. A oligarquia escravocrata entrou em crise, mas manteve a hegemonia sobre o processo de recomposição das estruturas de poder para a consolidação da dominação burguesa. Nesse processo, a oligarquia e burguesia conviveram nos mesmos círculos sociais, formando um padrão comum de ação e pensamento da elite brasileira.

Como não houve ruptura, não superamos os fundamentos que sustentam o racismo. Daí a importância da sociedade brasileira e o Estado admitirem que o nosso processo histórico marginalizou e marginaliza o negro. Só com esse diagnóstico entrará no horizonte as mudanças sociais necessárias para acabar com o ciclo racista. Isso pode representar um “sacrifício” da sociedade como um todo em benefício dos negros, só que não existiu sacrifício histórico maior do que a escravidão.

Uma medida importante é que a lei brasileira prevê a prisão por crime de racismo. Essa lei coloca no plano simbólico (lugar onde o racismo é muito forte) a noção de que ser racista é crime, que os negros precisam ser respeitados e tiveram força suficiente para que isso fosse regulamentado.

Só que essa lei só terá efetividade se for aplicada contra todos, principalmente os ricos e poderosos, que costumam ser beneficiados pela impunidade. Daí a importância da cassação do mandato do deputado Bolsonaro, que depois de perder a imunidade parlamentar deve ser preso por crime de racismo. Essa punição exemplar terá um significado importante pelo Estado admitir e punir o racismo na nossa sociedade.

No entanto, mais do que punir os racistas, a sociedade brasileira precisa ir à raiz da questão para subverter a lógica da exclusão do negro, por meio de mudanças estruturais que acabem com o processo histórico que se perpetua até hoje. Essa transformação só será possível com a organização e luta dos trabalhadores negros, em aliança com todo o povo brasileiro, para  pressionar e sustentar essas transformações.

Igor Felippe Santos (@igorfelippes) é jornalista, editor da Página do MST, integrante da Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária e do Centro de Estudos Barão de Itararé.


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Comentários

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anesia E. kowalski

Pois é, todo mundo deixa escapar alguma coisa e depois escapa da responsabilidade. È questão de leitura!

Joni

Nossa, os palpiteiros do terra baixaram por aqui. Falaram tanta besteira, lá, que as pessoas sumiram. Acabaram falando sozinhos. Estão tentando fazer a cabeça dos leitores do PHA, Azenha … Mas aqui não, gavião. Vocês têm todo o direito de opinar, mas adeptos às suas idéias(elas existem?), jamais terão.

leo

Fala-se em Bolsonaro, como se ele estivesse sozinho e isolado em uma ilha de integração e respeito entre as etnias. Alguns programas de TV, entre eles o CQC, fizeram um barulho tremendo, chamando o dito deputado de racista e homofóbico, esquecendo eles que dos varios jornalistas ou apresentadores que compõem aquele programa, não há nehum de pele negra, todos , sem exceção, são pessoas pele branca. Não sendo injusto com o CQC, quase a totalidade dos programas de TV, incluindo os telejornais, são apresentados por pessoas de pele branca. Nos tribunais, a quase totalidade dos juizes são brancos, nos hospitais a quase totalidade dos médicos são brancos, nas grandes empresas os executivos são brancos, no congresso e senado a quase totlidade são brancos. Vivemos em uma sociedade que condena o negro ao fracasso e não permite que ele ocupe um cargo de mando ou direção, ninguém quer ser mandado por um negro, isso incomoda. A segreção racial é fato.

kaiser II

Já se deu muita evidência para o deputado Bolsonaro, agora chega, está na hora de reconhecermos que demos espaço demais, gastamos espaços demais com esse político, desproposital em relação à sua verdadeira dimensão. Nem sei que ele é, só sei que abriu a boca e em dez palavras deve ter dito duzentas asneiras. Não vale a pena mantê-lo na mídia. Se ele foi um brutamontes, isso foi, se desrespeitou os brasileiros com a estreita visão de mundo que o satisfaz, ainda assim o assunto durou muito. Deixemos que ele se recolha ao cantinho, se não falarmos das besteiras que ele disse, ele também será esquecido, quando nem devia ter sido lembrado, pois, além dessas polêmicas para alimentar blogs. A indignação provocada é clara e razoável, mas a permanência do assunto na pauta do dia já está ficando cansativa. Gostaria de ver as atitudes que virão, tipo processos via entidades dos negros, cuja representação no discurso do infeliz deputado é coisa horrorosa. No geral, a sociedade brasileira foi ofendida pela falta de percepção deste político, incapaz até de sentir o alcance de sua posição e de suas palavras, enfim do desastre que ele é.

monge scéptico

CHEGA! DE bolsonaro!. E para não falar mais dele, o bom é que ele de maneira doida,
torta se apresenta; logo sabemos quem é etc. Representa algum grupo? Pode ser que
sim ou, não. Pode ser opinião pessoal(duvido).
O pior mesmo são os enrustidos e frustrados por não poder soltar a "franga". Esses
partem logo para a violência bárbara. POLÍCIA NELES.(melhor dizendo, justiça neles)
SAIAM DO ARMÁRIO!!!! E, DEIXEM A GUEIZADA VIVER SUAS VIDAS!!

Raphael Tsavkko

Fala-se muito do Bolsonaro, mas não de quem o apoio, como fascistas e neonazistas:

"Já tem tempo venho criticando alguns grandes blogs por dedicarem espaço demais a notícias e análises estrangeiras, com amplo e irrestrito acesso através de jornais. Não falo em não publicar, mas também em dar acesso a nós, brasileiros, blogueiros independentes e não apenas promover o que já tem amplo acesso.

E este caso dos neonazis na Paulista é um exemplo deste problema, desta falta de visibilidade que pequenos blogueiros tem e que não conseguem quebrar a barreira. Ontem tive mais de 3500 acesso, um recorde, mas não se compara aos acessos de grandes blogs. O que eu tive em um dia, alguns tem em uma hora.

Não critico quem não teve coragem de ir até o protesto. Pensar em ficar cara-a-cara com nazistas não é fácil, ter medo é normal. Mas critico quem se acovardou nas críticas, quem calou, quem apenas foi atrás da grande mídia para saber o que aconteceu (ou seja, leram e ouviram mentiras) e não repercutiu a verdade."
http://tsavkko.blogspot.com/2011/04/os-videos-do-

FrancoAtirador

.
.
" há cegos que não gostam de negros simplesmente porque são 'pretos'. "

(extraído de um comentário de um fórum sobre "Cegos/Racismo")

<a href="http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:l3Xk-_8LkjgJ :www.lerparaver.com/node/7861+CEGOS+RACISTAS&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br” target=”_blank”>http://webcache.googleusercontent.com/search?q=ca…” target=”_blank”>:www.lerparaver.com/node/7861+CEGOS+RACISTAS&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br

Dinha

Cadeia para o Bolsonaro e para os neonazistas que o apoiam.

W. Melford

Antes a revoada de tucanos aconteceu no PHA. Agora é aqui…essa época de acasalamento não acaba nunca. Parece estrada ruim…

Flávio Silva

No Brasil existe racismo, e precisa ser combatido.

Só espero que lembrem que racismo não é, e nunca foi, exclusivamente preconceito contra os negros.

Os mestiços sempre sofreram discriminação racista por parte dos defensores da "raça ariana pura". O racismo "científico" surgido no século 19 execrava os mestiços.

Os indígenas também sempre foram considerados "inferiores" pelos racistas.

Portanto lembrem-se que combater o racismo não se trata de um embate entre "negros versus brancos".

Muita gente que não é negra também é vítima de racismo.

Inúmeras tribos indígenas brasileiras tem a pele bem mais escura do que a de um europeu. Portanto, muitos brasileiros do Norte e Nordeste tem a pele "parda" mesmo quase não tendo ascendência negra nenhuma, sendo o seu fenótipo devido quase que exclusivamente à ascendência indígena.

O mito de que os índios brasileiros "sumiram" ou foram "todos exterminados" é falso. Milhões de brasileiros que falam apenas o português, moram em cidades, e não se consideram índios, são na verdade geneticamente 60% indígenas, ou mais.

Esses brasileiros são vítimas do racismo da mesma forma que os negros, mesmo tendo pouca ou quase nenhuma ascendência negra.

    carlos bandeira

    Racismo e preconceito são diferentes. O preconceito contra o índio, os homossexuais, japoneses etc sofrem preconceito, mas não sustentaram o modo de produção escravista. Não foram a força de trabalho durante a escravidão. Os negros, sim. Daí a diferença fundamental entre o racismo enquanto instrumento de ampliação da exploração no capitalismo e questões sociais, como o preconceito.

    Marcelo da Silva

    Desde quando a palavra "racismo" tem qualquer ligação com escravidão?

    O preconceito contra os indígenas é racial sim, é racismo sim, pois se baseia no conceito de "raça superior", e de que a "raça ameríndia" é inferior.

    Quando as teorias racistas surgiram no século XIX, não tinha qualquer relação com a escravidão, e sim com a suposta divisão do mundo entre "raças civilizadas" e "raças primitivas".

    E já que você quer falar de escravidão, lembre-se que os indígenas também foram escravizados no Brasil. Já ouviu falar nos bandeirantes que promoviam a "caça ao índio", para transformá-los em escravos?

    E outra coisa: 70% dos "brancos" brasileiros são descendentes de pelo menos um escravo negro. Então se a discussão for enveredar pelo beco sem saída da "reparação pela escravidão", a coisa complica, pois a maioria das pessoas de fenótipo branco no Brasil são "herdeiras" de escravos, tanto quanto as pessoas de fenótipo negro.

    carlos bandeira

    1- A escravidão do negro sustentou o modelo escravista. A dos índios, não. A opção colonial em relação aos índios foi a eliminação. A escravização dos índios foi pontual, embora tb condenável, claro.

    2- O racismo no Brasil tem como marca maior a escravidão. A escravidão é consequência do racismo.

    3- O problema no Brasil não é unicamente a origem, é a cor da pele, que é o fundamental. Quanto mais escuro, mais as portas se fecham.

    4- "Reparação pela escravidão" é beco sem saída pra quem não quer mudança, para quem não quer resolver a questão. É fechar os olhos para a raiz do problema.

diogojfaraujo

Essa discussão é inútil… O cara foi eleito por causa disso… Quem votou nele concorda com seus valores, e quem só descobriu que ele é um racista homofóbico cristão depois dessa ou é burro ou hipócrita… Outra, a maior (e pior) revista do braziu é racista… Lembremos também o grande vídeo da grande jornalista (ha!) Cantanhêde sobre o odor da massa tucana…

Mas, nesse caso, estão fazendo o certo pelo motivo errado… Ele obviamente se confundiu na resposta à pergunta da insuportável Preta Gil… E aí, isso não vai dar em nada… Pior, vai fortalecer a posição dele, infelizmente…

E vcs se pautando pelo programa do Tas… É brincadeira…

everaldo

Não entendi, tem gente que fala da exclusão, mas só olha pro seu umbigo. Ou será que excluir (e matar) por opção/orientação/comportamento sexual é menos grave? Faltou falar desse outro excluído que incomoda o Bolsonaro, o não-hetero.

Weyll

Esse tal deputado é um abestalhado. Está emaranhado no próprio subconsciente desde a juventude. Tem cara de débil-mental e pimpão de "pega rapaz". Deve guardar o espelho dentro do armário.

Marcelo de Matos

Não é de bom alvitre acreditar no que dizem os políticos. Bolsonaro diz que não é racista, já que sua mulher é afro-brasileira e seu sogro negão. Disse, também, que não ouve bem. É possível: muitos são os políticos que só ouvem e vêem o que lhes interessa. Quando ele falou em “promiscuidade”, respondendo à pergunta da Preta Gil, talvez sua intenção fosse mesmo condenar a homossexualidade, já que essa palavra tem uma conotação sexual: promíscua é a “pessoa que se entrega sexualmente com facilidade”. Assim fica difícil dizer que manifestou racismo em sua resposta, salvo melhor juízo. O problema é que a homofobia não é crime, nem sei se poderá ser considerada como tal, já que a Constituição não contempla o relacionamento homossexual no capítulo da família. Existe projeto de lei que visa criminalizar a homofobia, mas, pelo exposto, acredito que não vingará. Bolsonaro poderá continuar com seu marketing homofóbico e os milhares de homossexuais, Brasil afora, infelizmente, continuarão a serem vítimas de agressões físicas e verbais.

Gustavo Pamplona

Vocês voltaram a falar disto… ok, lá vai mais uma verdade.

Vocês ainda acham que o Bolsonaro será algum dia punido? O que será que aconteceu com aquela estudante chamada Mayara Petruso? Ela foi punida?

A verdade é única e universal: Tem muita gente no PIG que fingem que são contra as atitudes do Bolsonaro, mas no fundo, no fundo estão o aplaudindo.

E amigos… a Preta Gil não é "flor que se cheire "também, é uma mulher "baixa", fala palavrões e já chegou a mostrar aquelas "banhas" (é uma gorda) em revistas que denigrem a mulher. (revistas de mulher pelada)

    G. Faltrin Gusmão

    Já estava com saudades das verdades verdadeiras e únicas. Ainda bem que voce existe e de vez em quando dá o ar de sua graça por aqui. O que seria de nós sem suas verdades e suas análises profundas e filosóficas?? Nada, seríamos um nada!!! Acho que voce, quando ficar mais velho, vai virar um farol…

    Gustavo Pamplona

    Só espero que eu não fique como o FHC!!! (o Farol de Alexandria segundo o PHA) hahahahahhaha

Luis

Eu acredito que a questão do racismo no Brasil, é mais Cultural do que social.

No Brasil, não importa a cor que você tem, e sim o carro que você anda. Um lindo negro rico é muito mais aplaudido do que um branco favelado, sem talento. A pouco tempo atrás, poucos negros eram ricos. hoje temos muitos com grana extra, classe média, etc

Bolsonaro é um desligado como a maioria dos brasileiros que falam sem pensar. E não deveria de forma nenhuma ser ícone de Liberdade de expressão, por que não é.

Agora também viver preocupado com o que vou dizer só porque poderá ser considerado racismo, mesmo sendo eu,contra o preconceito, também é um pérfido conceito. Dizer não devia ser crime. Crime deveria ser não dar as mesmas oportunidades. Crime é a falta de isonomia que existe no Brasil. Um dos princípios, e razão da democracia. Direitos Iguais, é uma das lutas mais justas e lindas que qualquer grupo deveria, e deve lutar. Isso sim é legítimo. O que vejo e que me desgasta é aproveitar de uma causa tão nobre, a luta contra o racismo, para amordaçar as pessoas.

Paulo C.

O Bolsonaro é um idiota, mas ele já se retratou com a história do racismo. Não adianta cassar o cara. A parcela idiota da sociedade tem direito de ser presentada no congresso nacional. Se ela não se sentir representada, pode procurar outras formas de se expressar politicamente, recorrendo por exemplo, à violência. Deixem o idiota lá, é bom que a direitona seja representada por um palhaço como ele e não por alguém com maior QI e maior capacidade de articulação e mobilização da grande parcela da população vulnerável aos demagogos..

    Bruno

    Engraçado é que gente como você chama de "a parcela idiota da sociedade" não apenas os racistas, mas qualquer direitista. Em suma, qualquer pessoa que discorde da opinião que seus chefes do partido fabricaram. Por favor, vire o disco.

    Pedro

    A galera da esquerda é muito passional. Mas só eles têm direito de xingar e ridicularizar quem pensa diferente, como sói acontecer neste blog. Devem ser os resquícios do stalinismo.

Cesar

Racismo vocês verão é daqui a alguns anos se continuarem inventando intrigas e mentiras.
O Bolsonaro, por mais pobre de idéias que seja, referiu-se obviamente à pergunta anterior da Preta Gil; nenhum racista ou não-racista acha "promiscuidade" namorar com pessoas de outra cor de pele. A própria esposa dele é mulata e o sogro negro. Promiscuidade OBVIAMENTE não é a palavra que se usa. Ele se referiu sim ao homossexualismo.
Mas se acham que dá ibope inventar essas coisas, vão em frente. Futuramente pessoas como o jornalista que assina a matéria serão lembradas como grandes iniciadores de um movimento de ódio racial que até agora é limitado a grupelhos de desocupados e não representa sequer 1% da população.

    Bruno

    Perfeito. Pena que muita gente não quer enxergar isso, só para ter como atacar a "direita raivosa golpista".

Beto

O Bolsonaro e este Guilherme Henrique pensam que todos os brasileiros são burros para acreditar naquela desculpa esfarrapada do mal entendido. Bolsonaro, além de racista e nazi-faacista é um covarde, um cagão. Aliás, pessoas do quilate do Bolsonaro normalmnte são assim, se acovardam diante da verdade. Os torturadores são um exemplo.

    Guilherme Henrique

    Não fale do que você não conhece, "Beto", se é que este é o seu nome.

    Não tenho NADA com esse bolsonaro mas não gosto de meias-verdades, já bastam os tiriricas que elegem por "diversão". Aliás, esse sujeito até não se acovardou em nada, pelo contrário, assume quem é e de cara limpa.

    Duvido que os Malufs por aí ou mesmo você faça o mesmo.

Guilherme Henrique

QUE SACANAGEM!!!

Ou o autor IGNORA o engano sobre a declaração do deputado ou o faz de propósito para criar uma discussão em torno de um assunto esclarecido em que EM NENHUM MOMENTO SE REFERIU AOS NEGROS, ou seja, nada a ver com raça.

Acho bom exercitarmos nossa cidadania e criticar nossos políticos e vigiá-los bem, mas apenas BASEADOS NA VERDADE, o que não é o caso do tema deste post.

    Bruno

    Xingue uma negra gorda de gorda, e seja processado por racismo. É isso que eles querem.

Julio Silveira

O Bolsonaro é um traste com palanque.

Melinho

Estava no Centro de Artes e Comunicação da UFPE numa dessas festinhas de final de ano. Era uma festinha dançante. Eu e uma mulher negra acertamos o passo. E durante duas horas e meia de dança conversamos muito sobre racismo. Sobre o casamento com uma mulher de cor com um homem branco como prova de que o homem não é racista, ela me disse o seguinte:

"Isto é uma loucura total. Se um homem branco me pedisse em casamento e dissesse, 'veja, para provar que não sou racista, eu vou me casar com você', eu o rejeitaria de imediato. Casamento é uma questão de escolha e toda a escolha é discriminatória. Minha aparência física, minha cabeça e minha cor vão interferir nesta escolha. Agora, racismo é outra coisa. Por exemplo, eu conheço um homem que não acha bonito o rosto das mulheres japonesas e por isso ele não casaria com uma japonesa, embora ele admire muito a inteligência e competência do povo japonês. E eu disse para ele, 'isso é preconceito contra a mulher japonesa'. Existem japonesas bonitas, feias, muito inteligentes, pouco inteligentes, altas, baixas, gordas, magras, etc."

"Por outro lado, tem homens que gostam de mulheres altas, e outros que valorizam um tipo mignon de mulher. Todos esses qualificativos são discriminatórios, não são?"- perguntava ela. "Agora, existe alguns padrões de beleza pairando no ar.
Por exemplo, eu conheço mulheres que dizem que só casariam com um homem careca se ele tivesse muito dinheiro. Portanto, para estas mulheres, todos os carecas são feios.Mas com muito dinheiro no bolso, até que alguns ficam bonitinhos, não é?"

E continuou: "É claro que existe uma indústria midiática que através de jargões e imagens incentivam certos tipos preconceitos já enraizados na cabeça das pessoas, muito dos quais herança de uma sociedade escravocrata e racista. As redes de comunicação tentam manter o 'status quo' a qualquer preço, ainda que isto seja conseguido pela disseminação do ódio e da ideia de que o negro é um ser inferior, feio e ladrão, simplesmente porque é negro.

Agora, o que o racista precisa é me respeitar como cidadã submetida a mesma carga tributária e às mesmas leis que foram feitas para todos, mas que na prática privilegiam os brancos e os ricos, principalmente os brancos ricos. O que o racista precisa entender é que ele não tem o direito de me colocar para fora do elevador social e nem de me agredir com palavras, gestos, nem com agressões físicas. Afinal de contas, vivemos no mesmo país com muitos políticos e juízes desonestos".

"Com relação à escolha da minha alma gêmea, eu não preciso da ajuda de ninguém. Infelizmente você já é casado".

Luciana

Gostei do artigo. Mas me permita um contraponto bem pequeno: os países europeus – a França, por exemplo – mesmo tendo havido uma "ruptura" do status quo (lá atrás no tempo…), continuam racistas: eles não gostam de quem tem pele escura. Dominaram e exploraram a África, e é só pra isso que aquele riquíssimo continente serve. E pra ficar só no tema "preconceito de cor/classe", pois é disso que o tema trata. Racismo é fruto do pavor que o ser humano tem ao diferente. Vejo o patriarcalismo como pano de fundo e promotor dessa aversão ao que é diferente. Pra não dizer que a igreja católica também promoveu o ódio ao que não é "europeu" e a escravidão. Pronto, era só isso que os poderosos escravagistas precisavam: a aprovação de deus. Ninguém segura isso, né?…

    igor felippe

    O regime anterior ao capitalismo na Europa, o feudalismo, não tinha como característica a escravização dos negros, mas a servidão dos não-proprietários. Ou seja, o preconceito contra o negro – e atualmente contra os imigrantes turcos e do norte de África – é uma contradição que cresceu no seio do capitalismo globalizado.

Christian Schulz

Conversa de chuveiro de vestiário masculino no Clube Pinheiros, altos brados e risadas histéricas, entre colegas de alguma atividade esportiva matinal indefinida:

"O Bolsonaro é locão mas disse uma coisa certa: você seria operado por um médico cirurgião cotista??"

Prestenção: "cotista" e não negro, ou seja, se fosse branco e pobre e beneficiado pela eufemística "cota social" também não serve para cirurgia. Ou seja, o coleguinha sub-nobre não expressou racismo. Claro que não.

Uns 5 boxes de chuveiro mais à esquerda (sempre à esquerda), eu berrei:

"Você preferia o Dr. Abdelmassih, provavelmente!" – no que fui solenemente ignorado, embora a gritaria entre os que se lavavam tenha parado.

Em outras palavras, apesar do silêncio repentino, preferimos um notório estuprador e fugitivo a nos operar, embora a especialidade do Dotô Abdelmassih seja reprodução assistida. Desculpe-me, mas não somos racistas.

Somos é idiotas mesmo.

    priscila presotto

    Chistian ,sensacional seu comentário e testemunho de nossa imbecilidade.
    Parabéns.Sou sócia de outro club elitista no Jardim Europa ,não o frequento mais ,pois ouvir cretinices ,prefiro pagar academia.

    Um grande abraço

    Bruno

    Então vocês acham que ser contra cotas é ser contra o pobre ter acesso à educação!? Ai, meu Deus…

Tania Guimaraes

A filosofia pos moderna visa uma anarquia, como se ja nao tivessemos a tal experiencia no passado. Parte desta anarquia e tornar a historia irrelevante, como se conseguissemos arrancar da memoria traumas e suas sequelas atravez dos tempos

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