Juan Cole: Um balanço da revolução popular

Tempo de leitura: 2 min

Os seis principais casos ainda não resolvidos no Oriente Médio

27/2/2011, Juan Cole, Informed Comment

1. JORDÂNIA. Cerca de 6.000 manifestantes marcharam na 6ª-feira na Jordânia. Querem transformar a monarquia jordaniana em monarquia constitucional ao estilo europeu e a volta, sem as emendas posteriores, da Constituição de 1952.

2. TUNÍSIA. Cerca de 100 mil tunisianos saíram às ruas em Túnis, na 6ª-feira. Querem a renúncia do primeiro-ministro interino Mohamed Ghannouchi. O governo interino marcou eleições para meados de julho, principal demanda dos manifestantes. Também dissolveu o partido Rally for Constitutional Democracy, que estava no poder antes da queda do ditador. Mas os manifestantes não confiam que Ghannouchi – importante quadro do governo deposto de Zine El Abdidin Ben Ali – seja capaz de garantir a lisura das eleições. Ghannouchi está tentando ganhar popularidade, confiscando os bens de personagens do círculo íntimo e corrupto de Ben Ali, mas, até agora, ainda não conseguiu separar-se da reputação de ser, ele também, do mesmo círculo.

ATUALIZAÇÃO: O ministro interino da Tunísia renunciou hoje, domingo, 27/2/2001, conforme notícia da BBC, às 13h28, ao vivo.

3. EGITO. Dezenas de milhares de manifestantes voltaram à praça Tahrir no centro do Cairo, na 6ª-feira, exigindo o fim das leis de emergência que suspenderam todas as liberdades civis no Egito há 30 anos. Querem também que o primeiro-ministro Ahmad Shafiq, nomeado pelo presidente deposto Hosni Mubarak, deixe o cargo, sem o que não haverá real ruptura com o velho regime. O exército egípcio impediu que a multidão cercasse a residência do primeiro-ministro para protestar e houve feridos entre os manifestantes.

4. BAHRAIN. Cerca de 200 mil manifestantes marcharam pelo centro de Manama, capital do Bahrain, na 6ª-feira. Querem que a monarquia seja convertida em monarquia constitucional, com liberdades civis plenamente garantidas. Querem também que o primeiro-ministro deixe o cargo. O rei já demitiu três outros ministros do mesmo Gabinete.

5. IÊMEN. Em Aden, os manifestantes exigem a expulsão do ditador Ali Abdullah Saleh. Houve quatro mortos e duas dúzias de feridos, quando as forças de segurança atacaram os manifestantes.

6. LÍBIA. As forças de segurança do ditador retiraram-se do bairro operário de Tajoura no sábado, depois de vários dias de ataques aos manifestantes, tentando dispersar as multidões. Falharam. Se Gaddafi já está perdendo áreas importantes da capital, aquela ditadura pode estar com os dias contados.

Os manifestantes no Egito e na Tunísia, até agora, só alcançaram sucesso parcial: afastaram um ditador, mas ainda sem saber como se farão reformas genuínas.  Os líbios ainda sequer afastaram o ditador Gaddafi. E no Bahrain, Iêmen e Jordânia, todos os clamores populares por reformas econômicas e políticas genuínas continuam a cair em ouvidos surdos.


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Comentários

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Juan Cole: Um balanço da revolução popular | OCOMPRIMIDO.COM

[…] Os manifestantes no Egito e na Tunísia, até agora, só alcançaram sucesso parcial: afastaram um ditador, mas ainda sem saber como se farão reformas genuínas.  Os líbios ainda sequer afastaram o ditador Gaddafi. E no Bahrain, Iêmen e Jordânia, todos os clamores populares por reformas econômicas e políticas genuínas continuam a cair em ouvidos surdos. 27/2/2011, Juan Cole, Informed Comment. Via VioMundo. […]

Fernando

Estou acompanhando pela internet também, só que através da Telesur. A cobertura é bem diferente desses sites aí.

simas

Pois, é: a internet só não funciona dentro do império… O Obama seria uma primeira esperança; porém, seus primeiros passos foram, um a um, apagados e não restaram, nem sombra. Todas as tentativas de se cumprir promessas da campanha, desfeitas ou não encaminhadas… Faz alguns dias, o Pres Obama fez um discurso, veemente, perante o Congresso, pedindo por união. em torno do governo, pra q se conseguisse dar a saída, necessária, da crise de desprestígio q envolve os EEUU, em todo o mundo… Não sei se os congressistas, maioria republicana, fez algo; q não fosse, apenas, ouvir e escutar… Mto complicada, a situação interna, nos EEUU, qdo, eles próprios, montaram a crise financeira, q inferniza a economia mundial… Eu acho, mesmo, q eles o fizeram, com o objetivo, claro, de falir à todos… Pq, financeiramente, não tiveram qq vantagem; já q a grana, mesmo, nunca existiu… Agora me digam: como acreditar nesse tal de assanger e suas revelações, privilegiadas? O q vemos é uma tentativa de solapar, politicamente, governos, mundo afora… numa intensão de desestabilizar. Tudo bem: temos essa novidade da revolta popular…. no mundo árabe. Vamos ver como se desenvolvem, politicamente, as coisas; falo em resultados práticos… pra democracia, representativa, e independência. O império faz de tudo pra dividir e dominar…. ao seu prazer. E vai fazer o impossível, pra q atos de guerra, como aqueles das torres-gêmeas não se repitam em seus territórios… Atos de terrorismo, dentro dos EEUU é coisa inconcebível, pra qq administração, "democrática", daquele país. Ficaria mto difícil trabalhar a opinião pública, interna. com um ambiente conturbado, por atos de guerra…. Aê, a internet passaria a funcionar. Heim?…

allan mahet

Revoluções no Mundo Árabe: Epidemia da Força Popular
Allan Mahet

A queda de dois regimes ditatoriais no Oriente Médio/Norte da África proporcionou algo pelo qual o povo esclarecido e pensante do mundo aguardava, um exemplo. Um exemplo de movimento popular legítimo bem sucedido e longe de servir como massa de manobra. A confiança na vitória alimentou os anseios da população de diversos países que avançam sobre o poder instituído.

Na Líbia, onde Muammar Khadafi (Gadhafi, Kadafi, etc.) está há 42 no poder, os protestos que reivindicam a saída do ditador, liberdade de imprensa, diminuição da pobreza e mais empregos estão sendo violentamente reprimidos, resultando em cerca de 1000 mortes até agora. Na Líbia, a pobreza extrema atinge cerca de 7,5% da população e 1/3 dos jovens não possuem condições de entrarem no mercado de trabalho.

(…)

Sua trajetória nessas quatro décadas não e de fácil leitura. O golpe que lhe colocou no poder deu fim à monarquia até então vigente. Logo de início Khadafi (Gadhafi, Kadafi, etc.) exigiu a retirada das bases militares norte-americanas e inglesas do país o que lhe conferiu bastante prestígio junto à esquerda mundial. Também proporcionou maior participação às mulheres na sociedade e mais tarde institui os comitês populares. Já esteve ao lado dos palestinos e depois os expulsou do país. Já comprou briga com Ronald Regan, mas se aproximou de Bush posteriormente. Apoiou movimentos de resistência contra o imperialismo ocidental, mas defendeu os Estados Unidos na guerra ‘contra terror’ e o eixo de mal e agora afirma que está sendo atacado por esse mesmo imperialismo ocidental. Esse mesmo Estados Unidos, hoje, lidera a campanha contra o líder líbio, defendendo sanções contra o país, que irão marginalizar ainda mais a sofrida população da Líbia.
http://amahet.blogspot.com/2011/02/revolucoes-no-

Sebatião Medeiros

OU seja,o único resultado prático,até agora, desta revoltas,legítimas por sinal,seria colocar A LÍBIA na órbita do Capitalismo Sionista-Norte Americano.
Outra coisa,se esta onda de rebeliões não chegar na Árabia e derrubar,do poder,a casa real dos SAUD tudo isto será em vão.Será apenas sangue jogado pelo ralo

Narcélio

A luta continua!

Kadafi vai cair, e em breve teremos um "corredor livre" formado por Egito, Libia e Tunisia, três repúblicas democráticas.

luiz claudio

Será,mesmo uma revolução,a internet esta desestabilizando muitos governos ,mas o dos states,nunca afeta,será que a internet não seja a mais poderosa arma americana atualmente,dividir para dominar,este site do tal assanger,serve para jogar um país contra o outro,estas mensagens foram muito facilmente divulgadas,e mostravam o que aliados criticando uns aos outros,vejam o caso do brasil e seus vizinhos ,segundo as mensagens todos eles não aceitam as pretensões do brasil de ser membro permanente do CS da onu.Fiquemos com uma pulga atrás das orelhas.

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