Preparando as delações premiadas que vão enterrar Lula, Dilma e o PT
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Delcidio, OAS e Andrade Gutierrez vão dizer tudo e só o que o Moro quer ouvir? O senador nega a delação, mas a “notícia” de revista fez a Bovespa disparar!
Hoje às 10h06 – Atualizada hoje às 12h04
Delação de Delcídio do Amaral compromete Lula e Dilma, diz revista
Em delação premiada negociada com a força-tarefa da Operação Lava Jato, o senador Delcídio do Amaral (PT) teria descrito a ação decisiva da presidente Dilma Rousseff para manter na estatal os diretores comprometidos com o esquema de corrupção.
De acordo com o senador, Dilma teria usado seu poder para evitar a punição de corruptos e corruptores, nomeando para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) um ministro que se comprometeu a votar pela soltura de empreiteiros já denunciados pela Lava Jato. As informações são da revista IstoÉ. A delação ainda não foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
De acordo com reportagem da revista, Delcídio também teria afirmado que o ex-presidente Lula tinha “pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras e agiu direta e pessoalmente para barrar as investigações — inclusive sendo o mandante do pagamento de dinheiro para tentar comprar o silêncio de testemunhas.”
A IstoÉ destaca que o relato de Delcídio é “devastador”, pois “trata-se de uma narrativa de quem não só testemunhou e esteve presente nas reuniões” (…) “como participou ativamente de ilegalidades ali combinadas –a mando de Dilma e Lula, segundo ele.”
Ainda segundo a revista, Delcídio teria afirmado que Dilma tentou por três ocasiões interferir na Lava Jato, com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, afirmou Delcídio na delação, segundo a IstoÉ.
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A reportagem afirma que, diante do fracasso das duas manobras anteriores, uma das quais a famosa reunião em Portugal com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, “a solução” passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ.
“Tal nomeação seria relevante para o governo”, pois o nomeado cuidaria dos “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”. Na semana da definição da estratégia, Delcídio contou que esteve com Dilma no Palácio da Alvorada para uma conversa privada.
A revista afirma que Delcídio e Dilma conversavam enquanto caminhavam pelos jardins do Alvorada, quando Dilma solicitou que Delcídio, na condição de líder do governo, “conversasse como o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez.
Ainda segundo a reportagem, Delcídio afirmou que o mandante dos pagamentos à família Cerveró foi o ex-presidente Lula. Segundo o senador, Lula pediu “expressamente” para que ele ajudasse o amigo e pecuarista José Carlos Bumlai, porque ele estaria implicado nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró.
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Delação da Andrade Gutierrez relata pagamento para primeira campanha de Dilma
Por Estadão Conteúdo | 02/03/2016 08:56 – Atualizada às 02/03/2016 08:57
No total, 11 executivos da empresa, a segunda maior empreiteira do Brasil, fizeram acordo de delação premiada
Executivos da Andrade Gutierrez relataram nos depoimentos de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato que a companhia realizou pagamentos diretos a empresa contratada pela campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. Eles também afirmaram, segundo fontes com acesso à investigação, que a empreiteira pagou por pesquisas eleitorais que mostravam a então candidata Dilma Rousseff na frente de adversários em momentos importantes da campanha.
No total, 11 executivos da empresa, a segunda maior empreiteira do Brasil, fizeram acordo de delação, entre eles Otávio Azevedo, ex-presidente do grupo, e Flávio Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia. Nenhuma foi homologada até agora. O próprio Azevedo entregou aos investigadores nomes dos executivos do grupo.
Em 2010, a agência de propaganda Pepper recebeu 16 pagamentos da Andrade Gutierrez, entre janeiro e dezembro, que somaram R$ 6,5 milhões. Conforme as investigações em curso, o contrato com a empreiteira seria fictício. Os recursos teriam bancado, na prática, serviços para a campanha de Dilma.
A coligação de Dilma Rousseff contratou oficialmente a agência Pepper naquele mesmo ano para divulgar a candidatura da petista nas redes sociais por R$ 6,5 milhões. A Pepper é investigada na Operação Acrônimo que tem como um dos alvos o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT).
Azevedo contou na delação, ainda, que sua empresa participou de esquemas em outras obras, além da Petrobrás.
Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ouvidos pela reportagem disseram que o pagamento a fornecedores de campanha eleitoral pela empreiteira é um forte indicativo da ocorrência de caixa 2 durante a disputa presidencial. O fato, no entanto, não é capaz de gerar efeitos no atual mandato da presidente Dilma, pois são relativos à gestão passada, encerrada em 2014. Para os ministros da corte, cabe eventual investigação apenas de origem criminal sobre os pagamentos.
Odebrecht
A delação dos executivos da Andrade Gutierrez motivou a Odebrecht, a maior empreiteira do Brasil, a iniciar discussões internas sobre a possibilidade de seus executivos também colaborarem. O ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht, preso desde junho do ano passado, ficou incomodado com o fato de Otávio Azevedo ter iniciado processo de delação mesmo depois de ter relutado a entregar o esquema de corrupção na Petrobrás. As duas empreiteiras sempre foram parceiras em obras.
Segundo fontes, a empreiteira também tem sido pressionada por bancos que já exigiram o afastamento de Marcelo da presidência da empresa no passado, pois estão preocupados com o efeito da Lava Jato sobre as finanças do grupo.
Até agora, ao menos dois ex-executivos da Odebrecht teriam se convencido a fazer delação e a empresa pensa num acordo de leniência, mas as discussões foram apenas em âmbito interno. Marcelo Odebrecht teria dado seu aval, mas ele próprio ainda resiste a colaborar. As defesa dos ex-executivos da Odebrecht – entre eles Rogério Araújo e Márcio Faria – negam que eles estejam negociando acordo de delação premiada.
O advogado Juliano Breda, constituído pela Andrade, disse que “a posição da empresa é não comentar especulações”.
A Pepper informou que não falaria sobre uma investigação em curso. O coordenador financeiro da campanha presidencial de 2010 José de Filippi Jr., informou, em nota, que os serviços da Pepper à campanha da petista em 2010 “foram regularmente contabilizados e aprovadas pelo TSE”.
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Ex-presidente da OAS decide fazer delação premiada e deve citar Lula
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
02/03/2016 11h45 – Atualizado às 14h48
O empresário Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da empreiteira OAS condenado a 16 anos de prisão na Operação Lava Jato, decidiu fazer um acordo de delação premiada, segundo a Folha apurou junto a profissionais e investigadores que acompanham as negociações. Pinheiro deve relatar casos envolvendo o ex-presidente Lula, como as reformas do apartamento tríplex no Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP), e pagamentos de suborno que teriam sido feitos pela Odebrecht e para parlamentares que defendiam interesses da OAS.
Pinheiro era um dos empreiteiros mais próximos de Lula e de políticos de Brasília. Por envolver parlamentares com foro privilegiado, a negociação está sendo feito com a PGR (Procuradoria Geral da República), de Brasília, e não com a força-tarefa de procuradores federais de Curitiba. A expectativa dos investigadores é que será a delação mais bombástica da Lava Jato, que já soma 40 colaboradores.
Outros executivos da empreiteira, como Agenor Franklin Magalhães Medeiros, também vão participar do acordo, relatando casos de corrupção.
No último domingo (28), a colunista Mônica Bergamo revelou que executivos da OAS estudavam fazer a delação.
Nos esboços das declarações, que estão sendo escritos nesta semana, Pinheiro deve dizer que a empresa preparou o apartamento do Guarujá para Marisa, mulher de Lula, e que, posteriormente, ela não quis ficar com o imóvel. Ele confirmará que a OAS bancou parte das reformas no sítio –a Folha revelou que a obra foi tocada por uma espécie de consórcio informal de amigos de Lula, formado por OAS, Odebrecht e a Usina São Fernando, do pecuarista José Carlos Bumlai.
A Odebrecht já confirmou que um de seus funcionários, o engenheiro Frederico Barbosa, atuou na reforma, mas não explicou até agora de onde veio o dinheiro para as obras.
Pinheiro contará, segundo a Folha apurou, que pagou dívidas da campanha de Dilma Rousseff de 2010, para a agência Pepper. Foram pagos pela OAS R$ 717 mil para a agência que cuidava da imagem de Dilma nas redes sociais, como o Facebook. Nesta última terça (1º), a Folha revelou que a Andrade Gutierrez relatou em acordo de delação ter pago cerca de R$ 6 milhões à Pepper, também em 2010, por meio de caixa dois. A empresa afirma que prestou os serviços e nega ter recebido pagamentos ilícitos.
A OAS e a Odebrecht ganharam em consórcio dois dos maiores contratos da Petrobras, os quais somam pouco mais de R$ 7 bilhões. Eles envolvem a construção de parte da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e da Repar (Refinaria Getúlio Vargas), no Paraná. Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, as empresas pagaram R$ 7,06 milhões em suborno para a diretoria de Abastecimento, ocupada por ele entre 2004 e 2012. No caso da refinaria no Paraná, a UTC também fazia parte do consórcio.
MENSAGENS
Pinheiro começou a negociar a delação em dezembro, quando vieram à tona milhares de mensagens em que Pinheiro discutia pagamentos a políticos com outros dirigentes da OAS, por meio do aplicativo WhatsApp. A estimativa da PF é que tenham sido apreendidas cerca de 80 mil mensagens, muitas delas comprometedoras para o executivo.
Por causa dessas mensagens, o executivo temia ser preso novamente por decisão do juiz Sergio Moro.
O empresário, no entanto, só tomou a decisão final após entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal), em 17 de fevereiro, que determinou o início do cumprimento da pena de prisão após a condenação em segunda instância.
Léo Pinheiro foi preso em novembro de 2014, na fase da Lava Jato que apurou o envolvimento dos dirigentes das empreiteiras contratadas pela Petrobras com o pagamento de propina a dirigentes da estatal e a políticos. Foi solto por ordem do STF e preferiu o silêncio.
Em agosto do ano passado, o juiz Sergio Moro condenou-o a 16 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa. Ele recorre em liberdade.
Se a condenação for confirmada pelo TRF (Tribunal Regional Federal) de Porto Alegre, que julga as sentenças do Paraná em segunda instância, Pinheiro corre o risco de ser preso. Desta vez, não poderá aguardar em liberdade os recursos aos tribunais superiores.
OUTRO LADO
A Pepper disse à reportagem que não recebeu nenhum pagamento da OAS em 2010.
Procurados, a Odebrecht e o Instituto Lula não haviam se manifestado até este momento.
Colaborou DAVID FRIEDLANDER, de São Paulo
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