Comissão pode liberar plantio de eucalipto que consome 30 litros de água/dia

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Está na hora de revermos o papel da CTNBio

*Por Valmir Assunção

Querem liberar eucalipto transgênico, que consome 30 litros de água/dia, justamente quando o país enfrenta uma das piores secas da nossa história.

Cerca de 300 camponeses ocuparam, nesta quinta (5/3), o prédio onde funciona a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A comissão presta apoio técnico consultivo e assessoramento ao Governo Federal no que se refere aos Organismos Geneticamente Modificados. O protesto paralisou a liberação de mais uma variedade de transgênico, o eucalipto da empresa de papel e celulose Suzano, através de sua empresa de biotecnologia FuturaGene.

Nesse mesmo dia, mais de mil mulheres da Via Campesina também ocuparam a própria FuturaGene, no município de Itapetininga, em São Paulo. Em faixas, cartazes e com tintas, disseram não à liberação comercial do eucalipto transgênico da Suzano.

Essas duas mobilizações, que abrem a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, traz para o centro do debate a constituição dos desertos verdes pelas grandes empresas de papel e celulose no Brasil.

Quem é acostumado a pegar estrada pelo interior do país, já deve ter visto as grandes extensões de terra com plantações de eucalipto. A maior parte dessa produção costuma ir para os mercados estrangeiros. E mais: deixa por aqui a degradação ambiental e os conflitos por terra decorrente do modelo que prioriza o monocultivo e a concentração de terras, o agronegócio.

Se a CTNBio aprovar o pedido da Suzano, será uma decisão inédita não só no Brasil, como em todo o mundo acerca deste tipo de plantio. O eucalipto reduziria seu tempo de crescimento completo de seis/sete anos para, apenas, quatro anos.

Cada árvore de eucalipto plantada consome, diariamente, de 25 a 30 litros/dia de água. Querem liberar a sua versão transgênica justamente quando o país enfrenta uma das piores secas da nossa história.

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Além disso, a CTNBio estaria desrespeitando a Convenção da Biodiversidade do qual o Brasil é signatário. O princípio da precaução, fator número 1 para a análise dos transgênicos, é atropelado, diuturnamente pela Comissão.

Essa postura faz com que questionemos a forma de seu funcionamento. E a população não confie, com razão, nos produtos com o “T” em seus rótulos – e pensar que ainda há parlamentar ruralista que pretende derrubar esta sinalização.

É visível o lobby de empresas para a liberação de transgênicos. Empresas que objetivam única e exclusivamente o atendimento ao mercado e a ampliação dos lucros. Neste processo, a utilização de agrotóxicos é inerente a esta produção. No Brasil, o consumo de venenos agrícolas consegue o assustador patamar de 5 litros por pessoa, um dos maiores índices do mundo.

É a saúde humana, a contaminação genética e a proteção dos biomas brasileiros que estão em jogo. E isso tudo isso não está entre os fatores de análise da CTNBio.

Deveria estar!

*Valmir Assunção é deputado federal pelo PT-BA e militante do MST-BA

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