Professor Leduíno ao ministro Janine: “Nos ajude a manter as portas abertas”

Tempo de leitura: 3 min

Renato Janine

Um pedido aberto de ajuda ao Professor Renato Janine Ribeiro

por Luiz Leduíno de Salles Neto

“O desafio da Universidade Pública brasileira é triplo. Primeiro, atingir, todo o sistema, padrão de qualidade compatível com as exigências do mundo contemporâneo e com o estado de evolução e dinamização do conhecimento em todos os seus domínios de manifestação, incorporando os avanços pedagógicos compatíveis. Segundo, aproximar-se da universalidade de acesso, se não para todos os cidadãos e cidadãs que têm direito à educação plena, mas a todos e todas que demonstrarem vocação, aptidão e motivação para formar-se nos níveis superiores de educação. Terceiro, desenvolver, com o comprometimento orgânico de suas estruturas acadêmicas, programas sociais relevantes, capazes de contribuir para a solução de problemas nacionais inadiáveis, superando distintas modalidades de exclusão ou carência socialmente estrutural: sanitária, educacional, produtiva etc…”

Alex Fiúza Melo, Naomar de Almeida Filho, Renato Janine Ribeiro em “POR UMA UNIVERSIDADE SOCIALMENTE RELEVANTE”

Caro Professor Janine, sua nomeação encheu de esperanças todos aqueles que trabalham, militam e defendem a educação pública como um direito da população e como política essencial para o desenvolvimento do país. De fato,  o senhor tem um histórico admirável de formulação e defesa de políticas que valorizam o magistério, novas concepções de ensino-aprendizagem, a superação das amarras das disciplinas e do tecnicismo e, em particular, a importância da universidade pública em todo esse processo. O documento que o senhor escreveu com os também conceituados educadores Naomar de Almeida Filho e Alex Fiúza Melo intitulado “Por uma sociedade socialmente relevante” é uma referência para muitos, em especial para mim como professor e atual diretor do campus São José dos Campos da Unifesp.

Professor, nosso campus tem apenas 7 anos e conta com 7 cursos de graduação, sendo que todos os estudantes selecionados pelo SISU ingressam no Bacharelado em Ciência e Tecnologia, que possui unidades curriculares obrigatórias apenas no seu primeiro semestre.

Creio que o senhor vai reconhecer muito de suas ideias no projeto político-pedagógico desse curso. Temos já 5 cursos de pós-graduação aprovados pela CAPES, três com doutorado. Outros dois estão sendo avaliados pela CAPES neste momento. Temos hoje 1300 estudantes, 100 docentes e 50 técnicos-administrativos, mas nosso plano decenal prevê chegarmos a 5.000 estudantes em 2020. São José dos Campos e região demandam um grande campus de uma universidade federal.

Contudo, Professor, apesar da qualidade e do entusiasmo da nossa comunidade as atividades de ensino, pesquisa e extensão estão próximas de serem interrompidas. Não conseguimos ainda quitar todas as contas do mês de janeiro desse ano. Devemos ainda os meses de fevereiro e março, e abril já está terminando. Praticamente todos os dias temos que anunciar a suspensão de algum serviço. A esperança está indo embora professor. O ânimo também. E sem eles, a criatividade fica sufocada, a universidade se distancia de sua função social..

Professor, nós temos um quadro de técnicos administrativos muito eficiente, todos os nossos contratos são enxutos, não há “gordura para cortar”. Sei que o senhor conhece nossa reitora, mas vale redundar: ela e sua equipe estão muito comprometidas com a construção de uma universidade plural, democrática e socialmente referenciada.

Professor Renato, nos ajude a manter as portas abertas, os estudantes aprendendo, as pesquisas e projetos de extensão crescendo, em prol de uma sociedade melhor.

Luiz Leduíno de Salles Neto – professor e diretor do Instituto de Ciência e Tecnologia da Unifesp, campus São José dos Campos

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Comentários

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Mauro

Eu como morador de São José dos Campos sou mais um dos indignados com essa situação da UNIFESP. E o que dá mais raiva ainda é que o atual Prefeito, do PT, está todo dia na TV em horário nobre dizendo que “trouxe” a escola para a cidade.

Certamente nós moradores vamos nos lembrar disso nas eleições do ano que vem.

FrancoAtirador

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O Arrocho Oculto
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Os recursos destinados a todas as Universidades Públicas Federais e ao Bolsa Família, em 2014,
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somaram o equivalente a pouco mais que 1% do PIB (0,68% e 0,49% , respectivamente).
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Já ao Pagamento de Juros aos Rentistas da Dívida Pública o País destinou cerca de 5,5% do PIB.
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(Hora a Hora – Carta Maior)
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Andre

Não seria melhor escrever ao Joaquim Levy? todas as Universidades Federais estão a mingua, sem um centavo. OS reitores por outro lado, seriam mais honestos se em lugar de cartinhas para o governo fechassem as portas até que o dinheiro pingasse das mãos de tesoura do ministro da ‘pátria educadora’….

    Laura

    Eu mesma não pude ir a um evento internacional programado, por “falta de verba”. O que chegou no nosso Departamento é pifio. Já era, com 30% a menos está muito ruim.Continuamos em nosso curso sem condições de pesquisa. Temos que pagar com o nosso bolso.
    Esta é a verdade nua e crua. Só temos dinheiro para bolsas. Fora isso, as instalações são sofriveis.
    Já cansei de esperar.

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