Pochmann: “Não podemos aceitar a mediocridade. JK construiu a maioria na rua”

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maringoni

SISTEMA TRIBUTÁRIO

Pochmann: ‘Não aceitemos a mediocridade. JK fez a maioria nas ruas’

Em seminário promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, economista vê Parlamento conservador como problema corrente no Brasil e cobra do governo plano de ação por apoio social

por Eduardo Maretti, da RBA publicado 25/06/2015 14:17, última modificação 25/06/2015 21:12

O Brasil não fará um “ajuste” eficaz na economia se não incluir a reformulação do sistema tributário. O alerta foi feito hoje pelo economista Miguel Huertas, representante da CUT, em seminário que tem como tema e “alvo” o sistema de impostos no Brasil. Para Huertas, se o país está “discutindo ajuste fiscal e outras reformas um debate tão central e estruturante, como a reforma tributária, não poderia estar de fora como está”. Segundo ele, o sistema brasileiro onera o consumo e o investimento e é um dos principais fatores para a desigualdade social no nosso país.

O seminário De Qual Reforma Tributária o Brasil Precisa é promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo. A mesa de abertura teve a participação do presidente da central em São Paulo, Adi dos Santos Lima; da presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral; do professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, e mediação da presidenta do sindicato, Juvandia Moreira.

A presidenta da UNE reiterou a crítica à condução da política econômica. “O ajuste fiscal não mexe na injustiça tributária, mas no gasto social”, afirmou. Juvandia questionou sobre o desafio de travar esse debate no plano nacional ante a resistência do Congresso e dos meios de comunicação. “Como fazer uma reforma tributária com esse Congresso Nacional conservador e uma mídia interessada em manter esse status quo?”

Pochmann observou, então, que o país nunca teve tradição de congressos progressistas e que é tarefa do governo elaborar um plano de ação que conquiste, mais que os votos do Parlamento, o apoio da sociedade. “Dá para contar nos dedos um Congresso que tenha sido progressista. É necessário planejar o que vamos fazer nos próximos três anos. Juscelino Kubitschek não tinha maioria. Construiu a maioria na rua, com diálogo e articulação, com agenda de 50 anos em cinco, que foi feita com o povo. A agenda dele foi o Plano de Metas. Nós não podemos aceitar a mediocridade”, afirmou.

De acordo com o professor, também colunista da RBA, pagar impostos teoricamente é um ato de cidadania. “Mas infelizmente não somos um país de cidadania plena. Nossa tributação não se estende para todos. O Estado gasta com os ricos e não com os pobres. Os ricos são os que mais reclamam (de pagar impostos) e os que menos pagam. Precisamos construir uma nova maioria política para democraticamente caminhar no sentido da justiça tributária. Se nós da esquerda não pensarmos, a direita já tem tudo pronto”, disse Pochmann. “O Estado brasileiro não só arrecada dos pobres como gasta com os ricos. As famílias que ganham até dois salários mínimos pagam cerca de 47% do que ganham com pagamento de tributos.”

Durante o seminário, o sindicato lançou uma cartilha com a finalidade de apresentar as contradições do sistema de impostos no Brasil e alternativas para torná-lo mais justo como instrumento de distribuição. A publicação foi redigida pelo economista João Sicsú, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O professor Gilberto Maringoni, da Universidade Federal do ABC e também cartunista, assina as ilustrações.

O texto analisa o sistema tributário brasileiro como “complexo e regressivo” ao concentrar a arrecadação em impostos sobre consumo, seja de eletrodomésticos, bebidas ou alimentos. E exemplifica como o formato é injusto ao levar pobres e ricos a pagar o mesmo valor sobre um determinado produto. “O tributo que incide sobre um pacote de macarrão, por exemplo, pesa no orçamento de quem ganha um salário mínimo, mas os ricos nem sequer percebem esse valor.”

Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os 10% mais pobres destinam 32% das suas rendas para pagar impostos, enquanto os 10% mais ricos desembolsam apenas 21%. Isso decorre em parte do fato de o maior imposto do país, o ICMS, incidir sobre o consumo. É estadual e, sozinho, representa 20,32% (ou um quinto) de toda a arrecadação tributária do país. Sua carga é de 7,18% do PIB, diz a cartilha.

A edição observa que o ICMS é também responsável pela chamada “guerra fiscal” entre os estados. Cada unidade da federação tem a própria lei. Assim, os governos usam o imposto como instrumento para atrair empresas, por meio de benefícios fiscais. Para mexer no ICMS, é preciso discutir o próprio pacto federativo, defende o texto de João Sicsú.

Carga tributária

De acordo com estudos do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) divulgado no ano passado, 55,74% da arrecadação tributária do país, incluindo União, estados e municípios vêm de impostos sobre consumo, enquanto 30,48%, da tributação da renda (15,64% da renda do trabalho). Mas a tributação sobre patrimônio é de apenas 3,7%. Outro problema é a recusa dos poderes de encarar questões para as quais falta vontade política. A Constituição Federal de 1988 prevê a cobrança do imposto sobre grandes fortunas, mas esse tributo precisa ser regulamentado por lei complementar, o que nunca foi feito pelo Congresso Nacional.

carga

Sicsú observa que “os que não querem mudanças” desenvolvem campanhas que simplesmente condenam a carga tributária no Brasil. “Uma meia-verdade”, diz. Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a carga tributária brasileira é inferior a muitos países. A carga tributária corresponde atualmente a 35% do PIB do Brasil, menor do que a da Alemanha (37,1%), Áustria (42,1%), Bélgica (44%), Dinamarca (48,1%) e Itália (42,9%), entre outros. “O problema é que em outro países há educação pública, sistemas de saúde e outros serviços, como transporte, gratuitos e de boa qualidade”, ressalva o autor.

Leia também:

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Comentários

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Urbano

A propósito, o problema do lar de fancaria está exalando a oposição ao Brasil, haja vista a disseminação do germe em tudo que é escaninho da sociedade. Seria muita incompetência para ser erro…

FrancoAtirador

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A Crise Econômica vem do Eixo Norte-Ocidental.
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Países com Maior Crescimento do PIB no Mundo:
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(http://pt.tradingeconomics.com/country-list/gdp-annual-growth-rate)
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FrancoAtirador

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Para quem não sabe, é assim que se governa com o Povo:
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Grécia submeterá Proposta da Troika à Consulta Popular
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Premiê Grego Convoca Referendo para 5 de Julho
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Por George Georgiopoulos e Michele Kambas
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ATENAS (Reuters) – O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, convocou no sábado (horário local) um referendo para 5 de julho sobre se o país deve ou não aceitar o acordo de resgate proposto pelos credores.
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“Estas propostas, que claramente violam as regras europeias
e os direitos básicos de trabalho, igualdade e dignidade,
mostram que o propósito de alguns dos parceiros e instituições
não era um acordo viável para todos os lados,
mas possivelmente a humilhação de todo um povo”,
disse Tsipras em um comunicado televisionado para a Nação.
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Ele fez os comentários horas após voltar de Bruxelas, onde os credores europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI) ofereceram à Grécia um acordo que seu governo rejeitou como inadequado.
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Atenas vai pedir uma extensão de seu acordo de resgate, que termina em 30 de junho, por alguns dias, devido ao referendo, ele disse.
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(http://www.jornalacidade.com.br/economia/NOT,0,0,1075687,Premie+grego+convoca+referendo+sobre+resgate+para+5+de+julho.aspx)
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Cláudio

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.:. Ouvindo A Voz do Bra♥S♥il e postando:
* 1 * 2 * 13 * 4
*************
Um poema (acróstico) para Dilma Rousseff, a depenadora de tucanus :
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D uas vezes contra o espectro atro
I nscreveu já seu nome na história
L utando contra mídia venal & Cia e seu teatro
M ulher forte de mais uma vitória
A deixar tucanus na ó-posição de quatro ! ! ! ! de quatro ! ! ! ! de quatro ! ! ! ! DE QUATRO ! ! ! !
.:.
D ilma, coração valente,
I magem de todo o bem em que se sente
L ivre o amor maior pela brasileira gente
M uito humana e inteligente
A PresidentA do nosso Lula 2018 de novo Presidente
.:.
Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 ! ! ! !

mineiro

se nao fazer politica e nao enfrentar o pig e a direita piguenta facista , nao adianta ficar de bla bla. é perda de tempo , nao adiante insistir com esse desgoverno dessa traidora maldita , porque nao vai acontecer nada. nem dela e nem desse pt bundao covarde, se nao entrar na briga para valer , o brasil e nos todos vamos para o fundo do poço. ficam ai falando de frente disso ou daquilo , mas a verdade é uma so. ninguem quer entrar na briga e fica ai um jogando para o outro. é melhor assumir a convardia do que ficar jogando em cima dos outros. nao foi so o pt bundao que se acomodou nao , foi nos todos , ninguem esperava esse contra ataque da direita. e ate agora ninguem se mexeu , entao vamos encerrar o assunto.

Euler

Como não dar destaque para uma notícia como esta:

http://www.otempo.com.br/cidades/propriet%C3%A1rios-da-embraforte-s%C3%A3o-indiciados-por-golpe-milion%C3%A1rio-1.1059685

Imaginem se fosse um irmão do ministro de Lula ou de Dilma envolvido?

FrancoAtirador

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Islândia, que renegou o ‘Manual do Arrocho’ da Troika,
vai crescer 4% em 2015, com Desemprego abaixo de 4%,
Salários 6% Maiores e Saldo Fiscal de 0,8% do PIB.
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(http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/islandia_saiu_da_crise_porque_nao_deu_ouvidos_a_ue_e_recusou_a_austeridade.html)
(http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/islandia_baixa_desemprego_para_4_este_ano_e_economia_cresce_35.html)
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(https://twitter.com/cartamaior/status/614524951215783937)
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Julio Silveira

As vezes acho que falta um pouco de honestidade intelectual para se avaliar as coisas, falta profundidade. Na verdade ninguém gosta de pagar imposto, em lugar nenhum no mundo, por isso chama-se imposto. Outra questão é que, ao se avaliar o Brasil, nos acostumamos a baixa relação custo beneficio do imposto. E os ricos tornam-se os maiores reclamantes justamente por que esses tem o poder da voz, das bocas de ferro das mídias. São seus proprietários, se inserem nesses grupos dos ricos e fazem desses instrumentos sua arma arma de pressão para se beneficiarem, e não vejo erro nisso. Erro está na falta de perspectiva do estado que aceita candidamente essa pessão sem perceber a desigualdade na capacidade de defesa dos mais pobres, aí esta uma grave falha num estado que deveria zelar pela igualdade, inclusive por observancia constitucional, deixando tudo virar uma grande farsa. No fim aos ricos é permitido falar falsamente em nome de todos e ainda ganhar muita solidariedade por conta de seu poder econômico. Por conta disso Encontram e produzem suas vozes no congresso, e até entre os proprios cidadãos, inclusive entre os mais carentes e discriminados. Um estado insensivel permite essa distorção, a do artificio do interesse publico, os mais pobres viram o argumento. Não podemos e não devemos nos enganar, no Brasil os mais carentes também reclamam mas não tem a solidariedade concreta do estado, e só reclamam menos por que o estado brasileiro, constituido maquiavelicamente por ricos, a muito conseguiu embutir na vida dos pobres os impostos, de forma praticamente imperceptível, fazendos desses os principais responsáveis por sustentar a carga tributaria nacional os pricipais sustentaculos de um estado que carreia recursos, principalmente desses, para em geral privilegiar as minorias ricas. Por que a riqueza produz um efeito que chamo aderência. que faz com que muitos dos legisladores percam a noção do bem estar social na estrutura do estado e para poder agradar e assim orbitar a alta classe social nacional. Se fosse dada mais conhecimento a grande maioria a grita seria muito maior e a insatisfação, principalmente contra os ricos e o estado, seria maior ainda, pois são parceiros mancomunados. No Brasil o povo não sabe mas age como morto,mpor que esses tambem pagam imposto, mas não reclamam por que não podem e que poderia por eles se conforma, aqui até mendigo paga imposto, basta ele conseguir arrecadar óbulo suficiente para lhe propiciar um almoço ou jantar.

FrancoAtirador

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Enquanto a Rede Globo e as Revistas e os Jornais de São Paulo
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forem Referências para o Debate Político e Econômico no Brasil,
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este País continuará crescendo para baixo, como Rabo de Cavalo.
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    FrancoAtirador

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    “Os mesmos que falharam redondamente
    em prever os estragos que a Austeridade causou
    estão agora dando lições aos outros sobre crescimento?”
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    Por Paul Krugman, em Esquerda.net, via Carta Maior
    .
    (http://cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FInternacional%2FPaul-Krugman-O-FMI-esta-brincando-conosco-%2F6%2F33843)
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    Leia também:
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    O Estranho Caso da Grécia e da Europa
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    As Exigências dos Credores
    apenas iriam prolongar a Crise da Grécia.
    O que são reformas?
    Cortes das pensões não são reformas:
    não acrescentam nada à Atividade Econômica.
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    Por James K. Galbraith, em Esquerda.net, via Carta Maior
    .
    (http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/O-que-sao-reformas-O-estranho-caso-da-Grecia-e-da-Europa/6/33842)
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    FrancoAtirador

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    RARIDADE
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    Colunista do ‘Financial Times’ critica Austeridade e Falta de Regulação
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    É urgente aplicar mais Radicalismo.
    A velha política monetária, o sistema de metas de inflação
    e medidas macroprudenciais podem falhar.
    O aperto não nos leva longe.
    O caminho atual não é sustentável
    e, mantidos os parâmetros vigentes,
    a Crise Mundial deve voltar.
    .
    É necessário mais experimentação. Proposta: um helicóptero de dinheiro, com governos dando dinheiro para contribuintes.

    As idéias acima não partem de nenhum Pensador de Esquerda.
    .
    São de Martin Wolf, Editor e Principal Colunista de Economia do Jornal Britânico “Financial Times”.
    .
    Seu cáustico diagnóstico está em “The Shifts and the Shocks, What We’ve Learned and Have Still to Learn From de Financial Crisis” (as mudanças e os choques, o que aprendemos e o que ainda precisamos aprender com a crise financeira).
    .
    Formado num ambiente de Guerra Fria e numa família anticomunista,
    Wolf conta que foi um entusiasta das visões liberais de Margaret Thatcher e de Ronald Reagan, que liberalizaram mercados.
    .
    Agora, ele considera que o processo dos anos 1980 e 1990 criou um Monstro:
    Um Setor Financeiro Capaz de Devorar as Economias de Dentro.
    .
    Numa Autocrítica, afirma que não previu a Crise Mundial na sua Magnitude.
    .
    “Minha perspectiva pessoal sobre a economia falhou”, declara,
    avisando que voltou a admirar a visão de John Maynard Keynes.
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    Para Wolf, a enrascada econômica revela
    que “os economistas heterodoxos
    estavam mais corretos do que os ortodoxos”.
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    “A confiança ingênua na estabilidade de um sistema financeiro desregulado desapareceu,
    talvez por uma geração, com exceção de nichos isolados no mundo acadêmico.
    A confiança entre as autoridades e o sistema financeiro desabou”, escreve.
    .
    Do ponto de vista macroeconômico, o jornalista critica a austeridade fiscal
    e opina que países erraram ao abandonar prematuramente estímulos fiscais.
    .
    O ponto central na análise de Wolf são as finanças desregulamentadas.
    .
    Segundo ele, na configuração atual, os bancos enriquecem
    fazendo apostas de alto risco, evitando buscar garantias necessárias,
    prometendo grandes retornos a investidores e pagando bônus exagerados a executivos.
    .
    “Esse é um modelo maravilhoso para banqueiros.
    Mas e para o resto do mundo?”, pergunta.
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    “A liberalização das finanças parece levar a crises quase automaticamente.
    Certamente isso sugere enfaticamente a necessidade de um novo tipo de Sistema”, diz.
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    Segundo ele, os países ricos não vivenciaram crises fortes
    entre os anos 1950 e 1970 por uma razão:
    “É simples: as finanças estavam enjauladas”.
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    (http://plataformapoliticasocial.com.br/jornalista-pede-radicalismo-no-combate-a-crise-mundial)
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Mário

Neste seminário também participou o auditor-fiscal Marcelo Lettieri com uma palestra sobre tributação.

“São Paulo, capital mundial dos helicópteros, tem mais de 400 aeronaves particulares – mais do que Nova York e Tóquio. E nenhuma paga imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA)”

http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2015/06/para-auditor-impostos-sobre-fortunas-e-herancas-podem-arrecadar-muito-1621.html

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