Pedro dos Anjos: Entre os aiatogás e togabãs brasileiros não há salvação

SOBRE AIATOGÁS E TOGABÃS

por Pedro dos Anjos, especial para o Viomundo

Por aqui hegemônicos, aiatogás e togabãs brasileiros compartilham com aiatolás iranianos e talibãs afegãos fanatismo religioso e desejo de privilégios materiais e poder ilimitados.

Afinal, o que é um aiatogá e um togabã ? O quê o aproxima dos imãs do Irã e do Afeganistão, e o quê os diferencia?

Explorando um verniz religioso – aqui cristão fundamentalista, lá islâmico –, aiatogás e togabãs buscam uma ascendência quase absoluta nos respectivos aparelhos de Estado, não poupando agressividade e arbitrariedades contra seus adversários e inimigos.

A exemplo de seus antípodas orientais, os aiatogás e togabãs costumam apresentar-se como semi-divindades acima do bem e do mal, não vacilando em acusar seus desafetos como a representação do inferno em si.

E assim, por se verem como seres celestiais – aqui como lá –, querem abiscoitar para si vantagens e exclusivismos, mesmo ao arrepio da ética e da moral, e não raro da própria lei.

Uma diferença importante é que o poder lá no oriente foi alcançado pelos imãs por meios insurrecionais – e, portanto, com grande risco para os insurretos – ao passo que aqui aiatogás e togabãs não fizeram força alguma para empoderar-se, a não ser infiltrarem-se paulatinamente no Estado, em geral via concurso e pistolão e marmelada, para subir na carreira e ganhar posições de mando.

Outro aspecto que aproxima os nossos aiatogás e togabãs dos aiotolás e talibãs orientais é o lado corrompido que marca as suas práticas de vida, matreiramente maquiado por uma retórica inflamada contra a corrupção dos costumes.

Aqui como lá, parecem ter orgástico prazer de sentar em seus rabos presos – o auxílio-moradia é apenas uma das excrescências de suas excelências – e apontar seus dedos acusatórios para inimigos ou adversários, estejam eles envolvidos ou não em corrupção.

Mas, entre uns e outros há uma diferença – ainda que parcial – e ela diz respeito à misoginia: aquela dos imãs orientais extrapola a dos aiatogás e togabãs cristãos.

No Irã, as mulheres devem andar de hijab nas ruas – no Afeganistão era de burka – e não podem pastorear as almas. Aqui, elas podem ser até aiatogás ou togabãs, não havendo contudo estímulo ou clima algum para que julguem em favor das questões de gênero.

De modo semelhante, aiatogás e togabãs brasileiros e os imãs do oriente compartilham o mesmo proselitismo monoteísta que evoca um Deus maior que a história, o qual – acreditam – os absolverá de qualquer condenação por parte desta última.

De outro modo, aiatogás e togabãs cristãos e pregadores do Islã nutrem uns pelos outros um desejo macabro de extermínio mútuo, que se fosse consumado os liquidaria de vez, juntamente com suas semelhanças e diferenças.

Se não estivéssemos no meio deles e não sobrasse para a gente, até que não seria mal que o fizessem! (E ainda poderiam levar junto aquela parcela de judeus alinhados com o militarismo fundamentalista de Israel dos nossos dias) .

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