Pedro dos Anjos: A “guerra” às drogas sofre desonestidade de propósitos e quem paga é a população

Tempo de leitura: 2 min
Rio de Janeiro - Militares fazem operação na favela da Rocinha após guerra entre quadrilhas rivais de traficantes pelo controle da área (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Militares fazem operação na favela da Rocinha após guerra entre quadrilhas rivais de traficantes pelo controle da área. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil, via Fotos Públicas

SE NÃO AGORA, QUANDO?

por Pedro dos Anjos, especial para o Viomundo

Hora de reflexão para ação.

Hora de chacoalhar a classe média e interpelá-la. Haja vista que ela dá apoio automático e irrefletido à barbárie de Estado como antídoto para o veneno da
criminalidade.

Hora de denunciar que a dita “Guerra às Drogas” é um fracasso inegável!

Esta violenta estratégia, na verdade, tem um vício de origem: desde sempre, sofre de desonestidade de propósitos.

Hora de dizer que nesta “guerra”, há vários objetivos, menos o combate efetivo ao tráfico de drogas.

Fins políticos (interferir na política no país e nos estados, tal como a revanchista proposta de “intervenção militar”) e comerciais (venda ilegal de armas), para não dizer realocação das próprias drogas, são os principais objetivos deste autonomeado combate a elas.

Em consequência, a violência se perpetua em um movimento sem fim, transbordando para toda a sociedade e segue vitimando, de um lado, moradores das comunidades e, de outro, usuários, traficantes pés descalços e policiais.

Hora de solidarizar-se com os mais vulneráveis nesta guerra insana – os trabalhadores e trabalhadoras e suas famílias inocentes, que têm o direito humano inalienável de ter paz e justiça para si e para todos!

Hora de dizer que o povo da Rocinha e das outras comunidades não pode ser refém da “Guerra às Drogas”, nem tampouco de guerras a seu favor!

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Comentários

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Patrice L

Com muita propriedade, alguém lembrou que, enquanto está circunscrita e limitada aos “matáveis” na própria comunidade conflagrada, o PIG, a burguesia e a classe média não estão nem aí.
O incômodo vem do conflito vazar para os bairros mais ricos e favorecidos, aonde inclusive residem os grandes barões e grandes usuários.
Não é um comentário moral sobre drogas, cuja liberação defendo. Mas, como no certeiro artigo, sobre a enorme hipocrisia que cerca o assunto.
No mais, concordo que as maiores vítimas – vítimas de sempre, aliás – são os trabalhadores e moradores das comunidades.
Também, em certeira charge, Aroeira mostra que a presença de um tanque do exército na Rocinha, olhada de cima da favela, aos moradores mais traz perguntas que respostas se estão numa ditadura ou numa democracia.
Há, entre partes da elite, quem já tenha concluído que não basta UPP nas favelas, desassociada de políticas sociais e culturais. Falta concordar em meter a mão no bolso e pagar os impostos que, a todo título, sonegam ao Estado ao mesmo tempo em que o criticam por omissões ou maus serviços.
A corrupção, por certo, drena enormes recursos públicos. Mas não deve ser a senha para justificar a grande sonegação que, inclusive, passa por corromper funcionários públicos como está a se provar na Zelotes (transformada, agora, em Zelites para colocar sombras nos verdadeiros sonegadores das elites e, inversa e falsamente, holofotes no ex presidente Lula e seu entorno).
Nessa crise toda, evidenciam-se os sinais de que, mais do que nunca, a saída é coletiva. Não há felicidade individual sem felicidade pública. Mas olhem bem vocês, quando derem vez ao morro toda a cidade vai cantar.
Ou como dizia o deus da poesia Neruda: então, Rio de Janeiro, quando alguma vez para todos os teus filhos, não só para alguns, dês o teu sorriso, espuma de náiade morena, então eu serei o teu poeta, chegarei com a minha lira para cantar no teu aroma e dormirei na tua fita de platina, na tua areia incomparável, na frescura azul do leque que abrirás no meu sonho como as asas de uma gigantesca borboleta marinha.

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