Gabriel García Márquez falece aos 87 anos; ouça um lindo discurso!

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Foto: Télam

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Morre o escritor colombiano García Márquez, vencedor do Nobel de Literatura de 1982

Considerado criador do realismo mágico na literatura latino-americana, García Márquez foi um dos mais importantes escritores da região

do Opera Mundi

Faleceu nesta quinta-feira (17/04) o escritor colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982, aos 87 anos.

Considerado o criador do realismo mágico na literatura latino-americana, García Márquez, apelidado pelos amigos de Gabo, foi um dos mais importantes escritores da América Latina. Nascido em 6 de março de 1927 na cidade de Aracataca, na Colômbia, morava no México havia mais de três décadas.

Autor de Cem Anos de Solidão, O Amor nos Tempos do Cólera, Crônica de uma morte anunciada e tantos outros livros que se tornaram best-sellers ao redor do mundo, Gabo começou a escrever como jornalista, no jornal El Universal, em Cartagena.

Foi correspondente internacional duas vezes: a primeira em 1958, na Europa, e a segunda em 1961, em Nova York, onde foi perseguido pela CIA por suas críticas a exilados cubanos e suas ligações com Fidel Castro. Com o irmão, Jaime Abello, fundou em 1994 a Fundação Neo Jornalismo Iberoamericano.

Seu primeiro livro, La Horajasca, foi publicado em 1955 e apresenta pela primeira vez o povoado fictício de Macondo, onde mais tarde seria ambientada a história de Cem Anos de Solidão. Publicado em 1967, o livro é considerado o mais importante da carreira de García Márquez e também a segunda obra mais relevante de toda a literatura hispânica, ficando atrás apenas de Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes. Cem Anos de Solidão já vendeu cerca de 30 milhões de exemplares em 35 idiomas.

Em 1982, García Márquez foi escolhido o vencedor do Nobel de Literatura “pelos seus romances e contos, em que o fantástico e o real se combinam num mundo densamente composto pela imaginação, refletindo a vida e os conflitos de um continente”, segundo o comitê. Foi o segundo latino-americano a receber o prêmio, tendo sido o chileno Pablo Neruda o primeiro.

Depois do Nobel, García Márquez publicou livros como O Amor nos Tempos do Cólera, Notícia de um sequestro e sua autobiografia, Viver para Contar, de 2002. Seu último livro, Memórias de minhas putas tristes, foi escrito e lançado em 2004. Em abril de 2009, o escritor anunciou que iria se aposentar e não publicaria mais nenhum livro. A notícia foi confirmada em 2012, quando seu irmão anunciou que Gabo sofria de demência, havia perdido a memória e não voltaria a escrever.


Vida pessoal

Os pais de García Márquez chamavam-se Gabriel Eligio García e Luisa Santiaga Márquez e tiveram, além dele, dez filhos. Quando seus pais se mudaram para Barranquilla, em 1929, o escritor permaneceu em Aracataca e passou a morar com os avós, Doña Tranquilina Iguarán e o coronel Nicolás Ricardo Márquez Mejía, que teriam inspirado personagens de Cem Anos de Solidão.

Em 1958, após retornar da Europa, casou-se com Mercedes Bacha, um amor de infância, com quem teve dois filhos: Gonzalo e o cineasta Rodrigo.

García Márquez teve câncer duas vezes: em 2002, anunciou que a doença tinha atingido seu sistema linfático e, em 2014, a família informou que pulmão, gânglios e fígado estavam comprometidos. Por causa de sua idade avançada, o escritor não passou por novo tratamento, recebendo apenas cuidados paliativos.

Em seus últimos anos, as aparições públicas de Gabriel García Márquez diminuíram bastante. A última foi no seu aniversário, quando saiu de casa para receber os parabéns de jornalistas e alguns leitores.

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Comentários

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Luiz

“pelos seus romances e contos, em que o fantástico e o real se combinam num mundo densamente composto pela imaginação, refletindo a vida e os conflitos de um continente”

Ele é o J.R.R. Tolkien da América Latina merece um lugar no panteão dos escritores no Paraíso.

sonia yessin

Excelente a iniciativa de re-publicar o discurso, sim, belíssimo, de 1982. Hoje, lendo a Folha, havia tido o dissabor de verificar que aquele órgão da imprensa tradicional da vida de Gabo selecionara, em maiúsculas, como relevante, uma mísera fofoca ligada a um outro escritor – este de menor importância (Llosa). Pobreza! E (mais grave) habitual! Com júbilo, verifico, portanto, que nossa imprensa alternativa (e aí incluo o Blog do Giba – que republicou a tradução do mesmo discurso de que se fala para a língua portuguesa – Ver no referido Blog matéria de 31 de julho de 2008 intitulada – A SOLIDÃO DOS OUTROS VI) dá destaque a este importantíssimo discurso de Gabo por ocasião do recebimento do Prêmio Nobel, este sim relevante. Obrigada, Sonia Yessin
Sonia Yessin

Bacellar

Grande Gabo!

Carlos J. R. Araújo

Ainda jovem, aos 23 anos, li “Cem Anos de Solidão” e, com o passar do tempo, li toda a obra dele publicada no Brasil. Guardo-a com amor no coração. Vez em quando abro ao acaso uma obra dele, leio algumas páginas ao acaso e continuo me deliciando com a sua ironia, com a sua crítica à sociedade colombiana e com o seu grande humanismo. O seu livro de memórias, sobre a sua juventude de jornalista iniciante é uma delícia intelectual. E só lamento que os jovens de hoje sequer falam e não lêem o velho Gabo. Ah, se sempre admirei a sua amizade por Fidel e o seu amor à Cuba pós-revolução. Um homem completo. E o nosso luto é incompatível com a sua grandeza, porque ele não morreu nas nossas mentes e corações.

Gerson Carneiro

Não tô vendo nenhum jornal ou revista dizendo que Gabriel García Márquez era amigo do Fidel, como disseram quando assassinaram o Gaddafi.

    Mário SF Alves

    É… você ainda não viu, mas a mídia esgoto, sob a “verve” do “minh’alma pela extrema direita”, besouro sopa de letrinhas, e a exemplo do que fez com Mandela e Niemeyer, também já o esquartejou ideologicamente.

    Com o Niemeyer a realidade veio à público assim:

    Como será com o Gabriel?

antonio

A DEUS GARCÍA MÁRQUEZ

O genial escritor latino-americano e jornalista colombiano García Márquez, autor do célebre livro “Cien Años de Soledad”, dizia divinamente: “Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu”. Corretíssimo. Matematicamente falando, não existe em nosso sistema solar e, possivelmente em nenhum outro planeta extrassolar mais próximo, igual “pálido ponto azul” (Carl Seagan), perdido e orbitando uma estrela de média grandeza como o Sol, na imensidão do Cosmos, que possa abrigar vida racional, intelegível e exuberante à similar vida no planeta Terra. Nesse sentido, o Paradoxo de Fermi (lendário físico quântico italiano) continua intrépido, forte e soberano. Este Paradoxo é um desafio hercúleo a ser vencido e, felizmente, independe da vontade humana. Ainda que, pessoalmente, vislumbre a possibilidade da existência dos “wormhole” e de viagens inter-universos, o paradoxo do físico italiano, talvez seja intransponível e, até mesmo, degenerado. Entretanto, a espécie humana está literalmente de “escanteio”, isolada em um canto da Via Láctea, sem possibilidades alguma de “contato” com qualquer espécie intelegível que seja de vida extra-Terra. O pensamento do físico Feynman é reconfortante: “Os poetas reclamam que a ciência retira a beleza das estrelas. Mas eu posso vê-las de noite no deserto, e senti-las.” O seu livro “Cem anos de solidão” é agora apenas um breviário García Márquez. Sua ausência um estorvo. A deus.

ANTONIO SÉRGIO NEVES DE AZEVEDO – Estudante – Curitiba – Paraná.

Marat

Grande perda.
Seus textos são eternos para mim!

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