Miguel Urbano Rodrigues: O terrorismo de estado americano

Tempo de leitura: 6 min

por Miguel Urbano Rodrigues, do Porto, Portugal

A humanidade enfrenta a mais grave crise de civilização da sua história. Ela difere de outras, anteriores, por ser global, afectando a totalidade do planeta. É uma crise política, social, militar, financeira, económica energética, ambiental, cultural.

O homem realizou nos últimos dois séculos conquistas prodigiosas. Se fossem colocadas a serviço da humanidade, permitiriam erradicar da Terra a fome, o analfabetismo, as guerras, abrindo portas a uma era de paz e prosperidade.

Mas não é o que acontece. Uma minoria insignificante controla e consome os recursos naturais existentes e a esmagadora maioria vive na pobreza ou na miséria.

O fim da bipolaridade, após a desagregação da URSS, permitiu aos Estados Unidos adquirir uma superioridade militar, política e económica enorme que passou a usar como instrumento de um projecto de dominação universal. As principais potências da União Europeia, nomeadamente o Reino Unido, a Alemanha e a França tornaram-se cúmplices dessa perigosa política.

O sistema de poder que tem o seu pólo em Washington, incapaz de encontrar solução para a crise do seu modelo, inseparável da desigualdade social, da sobreexploraçao do trabalho e do esgotamento gradual dos mecanismos de acumulação, concebeu e aplica uma estratégia imperial de agressão a povos do chamado Terceiro Mundo.

Em guerras ditas de baixa intensidade, promovidas pelos EUA e seus aliados, morreram nos últimos sessenta anos mais de trinta milhões de pessoas. Algumas particularmente brutais, definidas como «preventivas» visaram o saque dos recursos naturais dos povos agredidos.

Reagan criou a expressão «o império do mal» para designar a URSS no final da guerra-fria. George Bush pai vulgarizou o conceito de «estados canalhas» para satanizar países cujos governos não se submetiam às exigências imperiais. Entre eles incluiu o Irão, a Coreia Popular, a Líbia e Cuba.

Em setembro de 2001, após ao atentados que destruíram o World Trade Center e demoliram uma ala do Pentágono, George W. Bush (o filho) utilizou o choque emocional provocado por esse trágico acontecimento para desenvolver uma estratégia que fez da «luta contra o terrorismo» a primeira prioridade da política estadounidense.

Uma gigantesca campanha mediática foi desencadeada, com o apoio do Congresso, para criar condições favoráveis à implantação da política defendida pela extrema-direita. Segundo Bush e os neocon, «a segurança dos EUA» exigia medidas excepcionais na política internacional e na interna.

Os grandes jornais, as cadeias de televisão, as rádios,  explorando a indignação popular e o medo, apoiaram iniciativas como o Patriot Act que suspendeu direitos e garantias constitucionais, legalizando a prática de crimes e arbitrariedades. A irracionalidade contaminou o mundo intelectual e até em universidades tradicionais professores progressistas foram despedidos e houve proibição de livros de autores celebres.

A campanha adquiriu rapidamente um carácter de caça às bruxas, com perseguições maciças a muçulmanos. Uma vaga de anti-islamismo varreu os EUA, com a cumplicidade dos grandes media. O Congresso legalizou a tortura.

No terreno internacional, o povo do Afeganistão foi a primeira vítima da «cruzada contra o terrorismo». Os EUA, a pretexto de que o governo do mullah Omar não lhe entregava Bin Laden- declarado inimigo numero um de Washington – invadiu, bombardeou e ocupou aquele pais.

Seguiu-se o Iraque após uma campanha de desinformação de âmbito mundial. O Governo de Bagdad foi acusado de acumular armas de extermínio massivo e de ameaçar portanto a segurança dos EUA e da Humanidade. A acusação era falsa, como se provou mais tarde, e os EUA não conseguiram obter o apoio do Conselho de Segurança. Mas, ignorando a posição da ONU, invadiram, vandalizaram e ocuparam o país. Inicialmente contaram somente com o apoio do Reino Unido.

Crimes monstruosos foram cometidos no Afeganistão e no Iraque pelas forças de ocupação. A tortura de prisioneiros no presidio de Abu Ghrabi assumiu proporções de escândalo mundial. Ficou provado que o alto comando do exército e o próprio secretário da Defesa, Donald Rumsfeld autorizaram esses actos de barbárie. Mas a Justiça norte-americana limitou-se a punir com penas leves meia dúzia de torcionários.

Simultaneamente, milhares de civis, acusados de «terroristas» — muitos nunca tinham sequer pegado numa arma — foram levados para a base de Guantanamo, em Cuba, e para cárceres da CIA instalados em países da Europa do Leste.

As Nações Unidas não somente ignoraram essas atrocidades como acabaram dando o seu aval à instalação de governos títeres em Kabul e Bagdad e ao envio para ali de tropas de muitos países. No caso do Afeganistão, a NATO, violando o seu próprio estatuto, participa activamente, com 40 000 soldados, da agressão às populações. Dezenas de milhares de mercenários estão envolvidas nessas guerras.

Em ambos os casos, Washington sustenta que essas guerras preventivas representam uma contribuição dos EUA para a defesa da liberdade, da democracia, dos direitos humanos e da paz e foram inspiradas por princípios e valores éticos universais. O presidente Barack Obama, ao receber o Premio Nobel da Paz em Oslo, defendeu ambas, num discurso farisaico, como serviço prestado à humanidade. Isso no momento em que decidira enviar mais 30 000 soldados para a fogueira afegã.

Os factos são esses. Apresentando-se como líder da luta mundial contra o terrorismo, o sistema de Poder dos EUA faz hoje do terrorismo de Estado um pilar da sua estratégia de dominação.

A criação de um exército permanente em África – o Africom – os bombardeamentos da Somália e do Iémen, a participação na agressão ao povo da Líbia inserem-se nessa politica criminosa de desrespeito pela Carta da ONU.

Mas a ambição de poder absoluto de Washington é insaciável.

O Irão, por não capitular perante as exigências do sistema de Poder hegemonizado pelos EUA, é há anos alvo permanente da hostilidade dos EUA. Washington tem saudades do governo vassalo do Xá Pahlevi e cobiça as enormes reservas de gás e petróleo iranianas.

A campanha de calúnias, apoiada pelos media, repete incansavelmente que o Irão enriquece urânio para produzir armas atómicas, acusação que é gratuita. A Agencia Internacional de Segurança Atómica não conseguiu encontrar qualquer indício de que o país esteja a utilizar as suas instalações nucleares com fins militares. O presidente Ahmanidejah, alias, de acordo com o Brasil e a Turquia, numa demonstração de boa fé, propôs-se a enriquecer o urânio no exterior. Mas essa proposta logo foi recusada por Washington e pelos aliados europeus.

Sobre as armas nucleares de Israel, obviamente, nem uma palavra. Para os EUA, o Estado sionista e neo fascista, responsável por monstruosos crimes contra os povos do Líbano e da Palestina, é uma democracia exemplar e o seu melhor aliado no Médio Oriente.

O agravamento das sanções que visam estrangular economicamente o Irão é acompanhado de declarações provocatórias do Presidente Obama e da secretária de Estado Clinton, segundo as quais «todas as opções continuam em aberto», incluindo a militar. Periodicamente jornais influentes divulgam planos de hipotéticos bombardeamentos do Irão, ou pelos EUA ou por Israel, sem excluir o recurso a armas nucleares tácticas. O objectivo é manter a tensão na guerra não declarada contra um país soberano.

Lamentavelmente, uma parcela importante do povo dos EUA assimila as calúnias anti  iranianas como verdades. A maioria dos estadounidenses desconhece a gravidade e complexidade da crise interna. A recente elevação do teto da divida publica de mais de 14 biliões de dólares para 16 biliões — total superior ao PIB do país– é, porém, reveladora da fragilidade do gigante que impõe ao mundo uma politica de terrorismo de estado.

Entretanto, o discurso oficial, invocando os «pais da Pátria», insiste em apresentar os EUA como o grande defensor da democracia e das liberdades, vocacionado para salvar a humanidade.

Sem o controle pelo grande capital da esmagadora maioria dos meios de comunicação social e dos áudio visuais pelo sistema de poder imperial, a manipulação da informação e a falsificação da História não seriam possíveis. Um instrumento importante nessa politica é a exportação da contra-cultura dos EUA, país — registre-se — onde coexiste com a cultura autêntica.

A televisão, o cinema, a imprensa escrita e, hoje, sobretudo a Internet cumprem um papel fundamental como difusores dessa contra-cultura que nos países industrializados do Ocidente alterou profundamente nos últimos anos a vida quotidiana dos povos e a sua atitude perante a existência.

A construção do homem formatado principia na infância e exige uma ruptura com a utilização tradicional dos tempos livres. O convívio familiar e com os amigos é substituído por ocupações lúdicas frente à TV e ao computador, com prioridade para jogos violentos e filmes que difundem a contra-cultura com prioridade para os que fazem a apologia das Forças Armadas dos EUA.

A contra-cultura actua intensamente no terreno da musica, da canção, das artes plásticas, da sexualidade. A contra música que empolga hoje multidões juvenis é a de estranhas personagens que gritam e gesticulam, exibindo roupas exóticas, berrantes em gigantescos palcos luminosos, numa atmosfera ensurdecedora, em rebeldia abstracta contra o vácuo.

O jornalismo degradou-se. Transmite a imagem de uma falsa objectividade para ocultar que os media ao serviço da engrenagem do poder insistem, com poucas excepções, em justificar as guerras americanas como «cruzada anti-terrorista» em defesa da humanidade porque os EUA, nação predestinada, batalhariam por um mundo de justiça e paz.

É de justiça assinalar que um número crescente de cidadãos americanos denunciam essa estratégia de Poder, exigem o fim das guerras na Ásia e lutam em condições muito difíceis contra a estratégia criminosa do sistema de poder.

Nestes dias em que se multiplicam as ameaças ao Irão, é minha convicção de que a solidariedade actuante com o seu povo se tornou um dever humanista para os intelectuais progressistas.

Visitei o Irão há cinco anos. Percorri o pais de Chiraz ao Mar Cáspio. Escrevi sobre o que vi e senti. Tive a oportunidade de verificar que é falsa e caluniosa a imagem que os governos ocidentais difundem do país e da sua gente. Independentemente da minha discordância de aspectos da política interna iraniana nomeadamente os referentes à situação da mulher — encontrei um povo educado, hospitaleiro, generoso, amante da paz, orgulhoso de uma cultura e uma civilização milenares que contribuíram decisivamente para o progresso da humanidade.

Para mim o Irão encarna muito mais valores eternos da condição humana do que a sociedade norte americana, cada vez mais robotizada.

Porto, Portugal, 10 de Agosto de 2011

Miguel Urbano Rodriguez é escritor e jornalista português. Foi docente de História Contemporânea, deputado à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e membro do Parlamento Português.

Leia também:

Robert Fisk: Obama e o jogo de espelhos no Oriente Médio

No outono, países decadentes recorrem à guerra


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Comentários

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José Luiz Krusique

Ih, 'Seu' Miguel – o senhor ainda não digeriu a derrocada a urss, e ainda está com o mesmo lero dos seus propagandistas…
Quando o Sr. vai descobrir que o Muro caiu, e que esse negócio de por os EUA como culpados de tudo no mundo já não adianta nada:- o comunismo morreu. Conforme-se

JOAQUIM TERRA

PREZADO MIGUEL AQUI É JOAQUIM TERRA DE PORTO ALEGRE, ANTES DE TUDO UM GRANDE ABRAÇO, DESCULPE INVADIE ESTE ESPAÇO MAS PRECISAVA FALAR CONTIGO,É QUE MEU FILHO HENRIQUE CHEGOU HOJE AI EM PORTUGAL, ESTÁ COM UM GRUPO DER STUDANTES DA UFRGS NA CIDADE DO PORTO , VAI PASSAR 1 SEMESTRE AI. PROCURA FAZER CONTATO COMIGO [email protected], OU PEL FACEBOOK

@pluralf

Não há nenhum dado que eu desconhecesse, e no entanto se trata de uma EXCELENTE SINOPSE, De arquivar para consultar sempre.

Só lamento que o autor tenha usado a expressão contracultura ou contra-cultura num sentido oposto do consagrado nos anos 70: lá, contracultura eram movimentos de oposição ou resistência à cultura dominante – justamente essa cultura bélica que o autor denuncia. Seu uso para esta cultura que, mesmo sendo inferior, rebaixadora dos valores humanos, é dominante, só faz por confundir. Pena, pois de resto o artigo é excelente!

Emir Sader: A “guerra ao terror”, 10 anos depois | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Miguel Urbano Rodrigues: O terrorismo de estado americano Ameaça a humanidade e impede a paz […]

francisco.latorre

resumiu bem a ópera.

contra-cultura. contra a cultura. boçalizante.

propaganda. tudo é propaganda.

manipulação das mentes. biopolítica.

se isso não é conspiração..

..

Pedro

Continuação: O período das Grandes Descobertas e das Grandes Navegações apareceu assim para a aristocracia feudal e para o clero da igreja católica. Essas manifestações do mundo moderno, as Navegações, tinham uma relação profunda com a crise feudal. O que quero dizer é que a crise, para ser crise de fato, precisa de conter algo que expresse o processo de transformação que nela está presente. É isto que já está acontecendo debaixo dos nossos olhos. Por que está em crise a mídia que corresponde aos interesses capitalistas dominantes? Porque a liberdade de expressão não é mais o seu objetivo. Este está migrando rapidamente para a Internet. Que permite ver a sua crise como algo muito positivo.

Pedro

A respeito da crise capitalista atual, que é muito profunda, o que tenho lido me parece bastante curioso. Digo curioso para não dizer outras coisas. Curioso porque se vê a crise como algo catastrófico. Acho que em todos os momentos históricos, quando uma forma de civilização começou a cambalear e ceder lugar a outra, a classe dominante expressou o que estava lhe ocorrendo como "o fim do mundo". Vai ser assim sobretudo para os capitalistas, enfim, para os ricos. Continua

Pedro

Terrorismo capitalista de Estado: Vejam esses filmes:
http://www.youtube.com/watch?v=rdIeqGKfUD8

operantelivre

Texto emocionante de tamanha clareza. Algumas passagens vêm reforçar o que lemos em outros posts.
É um documento para a história, escrito por um historiador. Pena que o nosso Tea Party discorda de tudo e está ancorado nas media.

Se há algo que sempre me inquieta é como transformar a informação num meio eficiente de resistência. Precisamos expandir o uso da WEB e criar uma forte media comprometida com o bem comum. O que me faz ver isto como um caminho inevitável para a sobrevivência está em algumas passagens que transcrevo, abaixo.
"""""
Em guerras ditas de baixa intensidade, promovidas pelos EUA e seus aliados, morreram nos últimos sessenta anos mais de trinta milhões de pessoas. Algumas particularmente brutais, definidas como «preventivas» visaram o saque dos recursos naturais dos povos agredidos.

Os grandes jornais, as cadeias de televisão, as rádios, explorando a indignação popular e o medo, apoiaram iniciativas como o Patriot Act que suspendeu direitos e garantias constitucionais, legalizando a prática de crimes e arbitrariedades. A irracionalidade contaminou o mundo intelectual e até em universidades tradicionais professores progressistas foram despedidos e houve proibição de livros de autores celebres.

Apresentando-se como líder da luta mundial contra o terrorismo, o sistema de Poder dos EUA faz hoje do terrorismo de Estado um pilar da sua estratégia de dominação.

Sobre as armas nucleares de Israel, obviamente, nem uma palavra. Para os EUA, o Estado sionista e neo fascista, responsável por monstruosos crimes contra os povos do Líbano e da Palestina, é uma democracia exemplar e o seu melhor aliado no Médio Oriente.

A construção do homem formatado principia na infância e exige uma ruptura com a utilização tradicional dos tempos livres. O convívio familiar e com os amigos é substituído por ocupações lúdicas frente à TV e ao computador, com prioridade para jogos violentos e filmes que difundem a contra-cultura com prioridade para os que fazem a apologia das Forças Armadas dos EUA.""""""""

FrancoAtirador

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Destino Manifesto Anglo-Saxão

Questões de provas de vestibular de História*:

Questão 1
Precisamos manter para sempre o princípio de que só o povo deste continente [Sic] tem o direito de decidir o próprio destino. Se, porventura, uma parte desse povo, constituindo um estado independente, pretendesse unir-se à nossa Confederação, esta seria uma questão que só a ele e a nós caberia determinar, sem qualquer interferência estrangeira.
(Primeira mensagem anual do presidente Polk ao Congresso dos Estados Unidos. In: SYRETT, H.C., org. Documentos Históricos dos Estados Unidos, Cultrix, s/d)
O discurso acima, de 2 de dezembro de 1845, reafirmava a crença do presidente Polk na expansão do território americano.
O conjunto de idéias que melhor explicita essa crença é:
c) o Destino Manifesto

Questão 2
Leia os trechos de notícias de jornais norte-americanos publicados nos EUA no século XIX:
(1) (…) um espírito de interferência hostil [de outras nações] para conosco, com o objetivo confesso de deformar nossa política e prejudicar nosso poder, limitando nossa grandeza e impedindo a realização de nosso Destino Manifesto, que é estendermo-nos sobre o continente que a Providência fixou para o livre desenvolvimento de nossos milhões de habitantes, que ano após ano se multiplicam. (Democratic Review)
(2) A universal nação ianque pode regenerar e libertar o povo do México em poucos anos; e cremos que é parte de nosso destino civilizar esse belo país e capacitar seus habitantes para apreciar algumas das numerosas vantagens e bênçãos de que dispõem. (New York Herald)
(Citados por AQUINO, R.S.L. et al. "História das sociedades americanas". Rio de Janeiro: Livraria Eu e Você, 1981. p.140 e 141.)
Quanto à história do expansionismo norte-americano no século XIX, pode-se afirmar que:
e) a imprensa dos Estados Unidos acreditava [sic] que eles tinham uma predestinação: a missão de civilizar povos inferiores do continente americano por causa de seu "Destino Manifesto", ou seja, o seu domínio representava a vontade de Deus.

Questão 3
TEXTO I: "Foi essa consciência de nossa superioridade inata que nos permitiu conquistar a Índia. Por mais educado e inteligente que seja um indiano, por mais valente que ele se manifeste e seja qual for a posição que possamos atribuir-lhe, penso que jamais ele será igual a um oficial britânico."
(Kitchener apud AQUINO, séc. XIX e XX, p. 23)
TEXTO II: "Se prevejo corretamente, essa poderosa raça avançará sobre o México, a América Central e a do Sul, as ilhas do Oceano, a África e mais adiante (…) Essa raça está predestinada a suplantar raças fracas, assimilar outras e transformar as restantes, até toda a Humanidade ser anglo-saxonizada."
(Josiah Strong apud AQUINO, ibid, p. 99)
Com base na análise dos textos anteriores e nos conhecimentos sobre a crise do capitalismo e a solução imperialista, pode-se dizer que:
(01) As referências raciais contidas nos dois textos identificam os seus autores como defensores de uma hierarquização racial e da dominação imperialista.
(02) A transformação do capitalismo liberal em monopolista, motivando uma crescente busca de mercados, resultou na interpretação da ocupação colonialista de áreas afro-asiáticas e centro-americanas como um direito dos países industrializados.
(08) O pensamento expresso por Lord Kitchener foi partilhado pela sociedade inglesa do século XIX, contribuindo para que os britânicos vissem, na sua expansão imperialista, uma missão civilizadora sobre as raças inferiores da Ásia e da África.
(16) A idéia de "anglo-saxonizar toda a Humanidade" é demonstrativa da postura etnocêntrica que tem caracterizado todas as formas de dominação imperialista.

*Foram publicadas somente as respostas corretas

http://professor.bio.br/historia/search.asp?searc

    FrancoAtirador

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    Destino Manifesto Anglo-Saxão

    Mais algumas questões extraídas de provas de vestibular de História*:

    Questão 4
    Os processos de ocupação do território americano do Norte simbolizam, para muitos historiadores, a presença do ideário europeu no Novo Mundo. Os pioneiros ingleses do Mayflower construíram uma sociedade baseada na justiça e no cumprimento dos valores religiosos e morais protestantes. Essa base fundadora teve papel essencial na formação dos Estados Unidos da América.
    Assinale a opção que contém a relação correta entre a fundação e a formação dos Estados Unidos.
    b) A Revolução Americana de 1776 foi o episódio que representou, de forma mais cabal, a presença da tradição dos primeiros colonos, através do sentido de "liberdade" e da idéia de "destino manifesto".

    Questão 5
    A população que, em 1790, era de quase 4 milhões de habitantes passou para cerca de 31 milhões em 1860. Dez anos depois, alcançava os 40 milhões. Boa parte desse contingente era formado por estrangeiros: entre 1830 e 1860 entraram no país quase 5 milhões de imigrantes europeus.
    (José Robson de A. Arruda e Nelson Piletti)
    A História dos Estados Unidos da América, no que diz respeito à fase do expansionismo interno e à ocupação e ao povoamento do atual território norte-americano, teve como justificativa a Doutrina do Destino Manifesto,
    sobre a qual é verdadeiro afirmar que:
    1. explicitava uma visão racista que agia como alimento moral para o desenvolvimento da nação.
    3. baseava-se em um sentimento de superioridade do imigrante europeu branco, diante dos índios e dos mexicanos.
    4. contém elementos inspirados no Darwinismo Social, no qual as relações sociais destacam a sobrevivência dos mais capazes.
    5. os norte americanos tinham sido predestinados por Deus à conquista dos territórios situados entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

    Questão 6
    O mapa abaixo indica intervenções empreendidas pelos EUA na América Latina.
    LEGENDAS:
    1-Ilhas Virgens;
    2-Porto Rico;
    3-Rep. Dominicana;
    4-Haiti;
    5-Panamá;
    6-Cuba;
    7-Nicarágua;
    8-México.
    (AQUINO, R. S. L. de; LEMOS, N. J. F. de & LOPES, 0. G. R C. "História das Sociedades Americanas" Rio de Janeiro: Eu e Você, 1997.)
    Até o final da década de 20 do século XX, estas ações dos EUA podem ser consideradas como resultado dos seguintes fatores:
    c) crença na missão civilizatória norte-americana – ampliação da presença econômica na América Latina

    Questão 7
    "… era como se os Estados Unidos tivessem como objetivo uma missão civilizatória junto aos povos da América Latina."
    (Hervert Croly, "The Promisse of American Life")
    A consolidação do capitalismo nos Estados Unidos da América, ao longo do século XIX, identificou-se em seu processo de expansão territorial, que se relaciona corretamente com o(a):
    c) vitória no conflito contra o México, que resultou na anexação dos territórios do Texas, Novo México e Califórnia.

    Questão 8
    Na primeira metade do século XX, a política externa estadunidense experimentou diversos reordenamentos que caracterizaram e definiram as suas ações em face das transformações que ocorreram no período, visando consolidar os seus interesses em escala mundial.
    Sobre este período histórico, é CORRETO afirmar:
    d) A ideologia do "Destino Manifesto" foi utilizada para justificar a crença de que os EUA deveriam difundir os valores de sua civilização pelo mundo, mesmo que para isso fosse necessário invadir outros Estados e derrubar governos para atender aos seus interesses.

    Questão 9
    Considerando as políticas imperialistas norte-americanas, numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª.
    1ª Coluna
    1. Big-Stick
    2. Aliança para o Progresso
    2ª Coluna
    (2) constitui-se num programa de auxílio econômico para a América Latina.
    (1) foram intervenções militares para defender os interesses norte-americanos na América Central.
    (1) apoiou-se na ideologia do Destino manifesto e na Doutrina Monroe.
    (2) foi uma proposta do governo Kennedy para evitar a expansão do comunismo na América.
    (2) estimulou as reformas de alcance social.
    A seqüência correta é: c) 2 – 1 – 1 – 2 – 2

    *Foram publicadas somente as respostas corretas.

    http://professor.bio.br/historia/search.asp?searc

Regina Braga

E chegamos ao 4 reich…Com o ator Principal Barak Obama,eleito em nome da paz,só aprofundou a diferenças e continuou as invasões.Um Estado Terrorista transvestidos de democratas…Tea party,feito e criado pela mídia.

Heloisa Villela: O mocinho vem montado em um cavalo branco | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Washington pratica terrorismo de estado   […]

Fabio_Passos

Obama foi eleito e prometeu conversar e negociar com o Irã… mas os ianques continuam insuflando ódio e intolerância não só contra o Irã mas contra todos os povos muçulmanos.

Nelson

Faltou o Miguel Urbano expressar um outro viés da crise, de grande peso. A crise é também moral.
Qual a razão principal da invasão e ocupação do Iraque pelos EUA? A pilhagem, o saque, o roubo, de 115 bilhões de barris de petróleo de custo bastante baixo de produção. Para isso, os governantes estadunidenses, trabalhando a serviço das mega corporações, não tiveram pudores em ordenar o massacre de centenas de milhares de iraquianos sob a desculpa de que intentam levar a democracia ao povo árabe.
O governo do país tido como o paradigma da democracia, o país mais moderno e civilizado do planeta, que deveria ser o primeiro a respeitar as normas legais, age assim, acima das leis de convivência universal, só porque tem mais poder. Então, é de se supor que, qualquer um que adquira algumas armas, passe a acreditar que pode com elas impor sua vontade, se sinta liberado para cometer barbáries idênticas.
Então, é ou não uma crise moral?

Julio Silveira

Cada vez que assisto nas "nossas" TVs, que parecem mais deles (Yankes), tal o volume de informações que nos impõem sobre aquele país. Cada vez que tenho de ler uma programação, em legenda (sem escolha), em TV brasileira paga, que tenho obrigatoriamente que ouvir idioma inglês (alienígena) sem opção pelo meu idioma. Ou mesmo outro idioma, é que percebo onde está a invasão em nosso país, que está sendo feita pelas beiradas. Mais uns 100 anos e nós, com todo nosso potencial energético e econômico, poderemos ter que nos defender de uma assimilação total, que pode ser a força, se é que aí já não encaremos como natural a assimilação. Para mim, dado o teor de miscigenação de nossa gente, fica evidente que para a maioria dos nossos cidadãos, seriam dispensados o mesmo tratamento com que foi dado, recentemente, ao senhor negro que, em pleno século XXI, foi perseguido por uma turma de adolescentes brancos e executado, pela cor, no Mississipi. Provavelmente terão apoio do Tea Party lá. Mas como brasileiro e profundo apreciador das virtudes de nossa gente, e das nossas misturas, sou obrigado a reconhecer, com tristeza, que já temos entre nós gente que comunga dessas aberrantes idéias. E até, provavelmente, olhariam com muita naturalidade e, por que não, satisfação, essa que vejo como uma absurda possibilidade.

ADILSON SANTOS

Depois de muitos anos , finalmente encontrei um comentário feito por alguem que realmente conhece minimamente a história mundial e notadamente dos Estados nos últimos 120 anos .

Muito Bom Ary , Meus Parabens .

Rodolfo Machado

A decadência dos EUA inevitavelmente ira torná-los mais violentos e agressivos ainda.
As campanhas dissimuladas contra potencias medias como Irão, Síria e Líbia darão lugar ao confronto com os grandes inimigos estratégicos dos EUA , China e Rússia.
Li um debate entre Olavo de Carvalho e um filosofo Russo chamado Alexandr Dugin, que é assessor de Putin e Medvedev para assuntos geopolíticos.
http://pbpolitica.blogspot.com/

As ideias de Alexandr Dugin são confusas, me parecem um hibrido de nacionalismo, socialismo, religião, enfim , leiam para se inteirar.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aleksandr_Dugin

Segundo a Wikpedia, ele já expressou admiração por Heinrich Himmler e Julius Evola, o movimento criado por ele chama-se eurasianismo.
Com tanta gente comparando os tempos em que estamos vivendo( declínio econômico dos EUA, guerra cambial etc) com a época pré segunda guerra mundial, convêm prestar atenção, porque os russos não são bobos e nem bonzinhos.
As ideias de Dugim ganham repercussão na China, Índia, Irã e Turquia, dentro do contexto de alianças que Dugin defende.
A Russia já tem seu caça stealth, o Pak Fa, este ano termina seu próprio sistema de navegação por satélite, o Glonass, equivalente ao GPS, cada vez mais se aproxima de condições técnicas e militares de enfrentar os EUA numa guerra, este movimento eurasianista pode evoluir para algo de bom, um contraponto a globalização e seus ideólogos, como Francis Fukuyama, ou pode descambar para um fascismo nacionalista.

pperez

A verdade factual agride, assusta, mas nada consegue camufla-la, ao menos por muito tempo.
Aí está a toda poderosa America. Depois de 67 anos de luxo do champanhe e caviar, hoje cambaleante e literalmente de pires na mão.
Mas seu orgulho ainda é tão grande que não consegue ou não tem minimas condições de pedir ajuda.
Deve ser porque para uma nação que a seculos vem expoliando ou destruindo os povos mais humildes para manter intacto seu padrão de vida, o fundo do poço ainda não será o castigo mais adequado.

Ary

Excelente artigo! Faltou apenas, dizer com todas as letras, que os EUA, ao longo da hsitória, patrocinaram inúmeras fraudes para justificar suas ações militares. A mais espetacular foi, sem dúvida, o auto atentado praticado por eles, em aquadrilhamento com Israel: Derrubaram as Torres, atacaram o Pentágono e derrubaram um avião de passageiros (vazio, mas derrubaram!). Ou alguém tem alguma dúvida? No passado, os EUA já haviam afundado um navio de bandeira amercana (Meine), culpando os espanhóis e abrindo uma guerra de usurpação de colônias (tomaram quatro colônias de uma só tacada).

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