Jeferson Martinho: Três razões para temer redução da maioridade penal

Tempo de leitura: 5 min

Pessoas_Menores

Razões para você ter medo da redução da maioridade penal

por Jeferson Martinho, em seu blog

Um dos aspectos mais preocupantes no debate sobre a redução da maioridade penal é o fato de que as pessoas estão se posicionando de um lado ou de outro a partir de argumentos prontos, pasteurizados por uma imprensa sensacionalista que busca audiência transformando a tragédia diária num espetáculo de horror. Mas você realmente parou para pensar sobre o tema, de forma calculada?

É curioso como a grande mídia neste caso tem um papel importante, embora não assumido, na condução das opiniões a favor da redução da maioridade penal. O sensacionalismo depende de emoção e, de fato, sob essa condição, é compreensível que qualquer notícia de crime cometido por menor cause comoção e sentimento de revolta no “cidadão de bem”.

Mas extraindo-se o apelo emotivo dessa bandeira, há de fato razões objetivas para defender a redução da maioridade penal? Ao pensar analítico, é quase certo que não. Mas não pelas mesmas razões que deixam raivosos aqueles que logo lançam mão do argumento infantil tradicional “está com dó, leva pra casa”, ou “direitos humanos para humanos direitos” e que tais. As razões são bem mais viscerais.

A 1ª razão: medo de ser enganado quanto à eficácia e a relevância

Ao acompanhar mais atentamente o noticiário, cada vez que dados de criminalidade são divulgados, deparamo-nos com uma realidade estatística conflitante. Ainda que haja alguma polêmica sobre os percentuais, é fato que algo entre 1% e 12,5% dos crimes (totais) são cometidos por menores de 18 anos. Uma parcela ainda menor refere-se aos crimes realmente graves. Além disso, segundo o IBGE, algo em torno de 8,6% da população tem entre 15 e 19 anos. E a redução da maioridade penal atingiria apenas uma parcela, os de 16 a 18 anos. Quer seja no universo dos crimes, quer seja no âmbito da representatividade populacional, a questão atinge uma massa estatisticamente pouco relevante. E não é só. Numa tentativa de embaralhar essa compreensão, é comum ver a citação de dados sobre a maioridade penal em outros países. As citações em geral não abordam o fato do Brasil estar alinhado com aproximadamente 70% das nações do mundo nessa questão. Isso porque adoram adotar exemplos de suposta responsabilização penal de menores 18 anos, sem mencionar o fato de que ela é similar ao que já acontece no Brasil: trata-se de responsabilização juvenil, com critérios diferentes dos adultos. Do mesmo jeito que temos no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Claro, sempre haverá o exemplo dos Estados Unidos. Afinal, a turma do “tá com dó, leva pra casa”, adora o Tio Sam. O que não sabem é que mesmo lá a discussão caminha para o lado oposto ao daqui: vários estados estão criando legislações para dificultar a responsabilização de menores da mesma forma que os adultos.

E mesmo que numericamente seja comprovada uma medida inócua no combate à violência, o assunto é apresentado como a solução para os problemas de segurança no país. Por quê? Quem ganha com isso?

Simples: é uma questão de “sensação de segurança”. A opinião pública, mesmo sem de fato refletir sobre esses dados, comprou a ideia de que essa é a solução. E “soluções” implantadas dão votos.

Ainda que não resolvam nada. Ou pior ainda, mesmo que ajudem a agravar a situação. Mas sobre isso vou falar mais adiante.

2ª razão: medo de ser financeiramente lesado

Um menor infrator preso no sistema carcerário convencional vai custar mais caro no bolso do cidadão do que,

a) no sistema educacional, aprendendo e b) numa instituição de ressocialização como estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente.

A primeira comparação é simples. Basta uma rápida pesquisa no Google para receber uma enxurrada de estudos e estatísticas de caráter científico, artigos e levantamentos, demonstrando que alunos da escola pública custam algo entre um quinto e um décimo do custo de um preso. Mesmo que façam todas as refeições na escola, além de estudar. Mas ela sozinha não diz muita coisa, é fato. Para ter valor é preciso garantir que as crianças fiquem de fato na escola pública, e longe da vida criminosa.

A segunda requererá um pouco mais da lógica matemática e analítica do leitor. Isso porque é bem difícil encontrar uma única iniciativa pública que de concretize realmente os requisitos de ressocialização estabelecidos no ECA. A única certeza é que os R$ 7,1 mil (dados de 2013) por mês gasto, por exemplo, pelo Estado de São Paulo são um valor muito alto para os resultados apresentados.

Mas vamos fazer uma analogia com o sistema carcerário convencional, para o qual estudos são mais abundantes. Ós últimos dados divulgados mostram que um preso federal custa R$ 3,4 mil por mês. Aos estados, em média, os presos custam cerca de R$ 1,8 mil. Em um ano, os custos atingem R$ 40,8 mil e R$ 21,6 mil. Mas o índice de reincidência é de absurdos 70%. Numa prisão modelo alternativa, humanizada — embora não para menores — como as Apac (Associação de Proteção e Amparo aos Condenados de Itaúna – MG), o custo pode ser bem menor, da ordem de R$ 1 mil. E a reincidência cai para apenas 15%. Isso em se tratando de adultos já formados. Imagine o potencial disso em adolescentes confusos e prontos para serem “tutoriados”, ensinados.

3ª razão: medo de tornar seu futuro ainda mais violento

O ECA se preocupou em criar redes de amparo e diferenciar menores infratores de adultos para efeito de reclusão. Sim, reclusão de infratores. Ela está prevista no estatuto, não é preciso criar novas leis. Menores de 18 anos podem sim sofrer penas e pagar por seus erros. Aliás, pagam. mas a separação entre jovens e adultos levava em conta uma preocupação com o futuro. Não, não apenas o conhecido (e igualmente importante) discurso sobre o futuro desses jovens. Mas também o futuro do resto da sociedade.

Explico: há mais chances de concluir que um adulto, que ingressou no mundo do crime mais tarde, fez essa escolha de forma mais ou menos consciente, depois de ter sido exposto a outras experiências de vida em sociedade, do que concluir a mesma coisa de uma criança e um adolescente. É entre 12 e 16 anos que a maioria dessas crianças começa a ficar exposta às ruas. No início, praticando pequenos delitos, ligados ao consumo de drogas, ou usados como “aviõezinhos” do tráfico.

O período coincide com o abandono da escola. Não o abandono que produz estatísticas de evasão escolar. O abandono invisível, oculto pela progressão continuada. Essa criança mal chegou à idade de iniciar experiências como aprendiz, estagiário, trabalhador de fato aos 16 anos. E começa conhecendo apenas o mundo da violência. Não precisa ser especialista — acredite, basta ser pai e mãe — para saber que nesta fase da vida são tendem a ser revoltados, facilmente moldáveis, tanto quanto manipuláveis. E se forem encarcerados de forma duradoura numa penitenciária, estará iniciado o caminho sem volta, o da verdadeira universidade do crime.

Imagine que nosso sistema prisional tem um índice de “reincidência” de 70%. Com pessoas que muitas vezes já aprenderam a fazer outras coisas. E como será com jovens, na fase mais produtiva de suas vidas, quando saem das cadeias aos 30 ou 35 anos, sem nunca terem aprendido mais nada. Nem mesmo o ensino médio tiveram? Já pensou como será?

Na melhor das hipóteses, já há experiências consolidadas mostrando que a violência não será reduzida. Mas aqui é Brasil, país com milhares de outros problemas culturais e estruturais. Quer apostar que a violência e a crueldade dos crimes aumentarão?

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Comentários

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Edgar Rocha

Sábado passado, uma garotada sentada em minha porta fazendo escarcéu (o mais velho deveria ter uns 15 anos) e fumando narguilé – a moda agora – se viu apertada com um bandido que acusou um deles de ter lhe roubado um celular. Passado o bate-boca, saí de minha casa (às 2:00 horas manhã) pra conversar com os meninos. Estavam altos de vodka, comprada numa biqueira perto, ultra-protegida por autoridades locais há quinze anos. Joguei uma real pra eles: disse que naquela rua as pessoas queriam dormir, que a gritaria deles incomodava a todos e que, se ficassem ali de bobeira, mais dia, menos dia, seriam levados a um “aparelho” qualquer (oficial ou não) e ficariam com o nome sujo, mas que teriam toda a liberdade pra voltarem e fazerem pior, desde que virassem empregadinhos deste tipo de gente. Passariam o resto da vida servindo a quem lhes surram. Enquanto conversava, “eles” chegaram. Encostaram todos na parede, revistaram e perguntaram se fui que os chamei. Disse que não e que foram todos muito educados comigo, apesar de fazerem um enorme barulho, mas que se alguém chamou é porque houve conversa de morte, aos berros na rua. Os meninos entenderam. Um deles já havia sido “registrado”. Fui convidado a sair do local, mas fiquei de longe esperando algo acontecer. Os dois carros foram embora. Os garotos se aproximaram de mim e me contaram que um dos “homens” disse que só não ia enquadrar todo mundo e meter a mão na cara porque eu estava olhando. Falei sério com eles, perguntando: “E aí, lembram da nossa conversa?” Pode crer, tio, nós tá sabendo. Desculpa aí, a culpa é de nóis.”
Pedi pra que ficassem espertos, e reiterei que os mesmos que os incentivavam a ficar na rua “apavorando” queriam mais é que eles fossem fichados pra ter que trabalhar pra eles. A molecada entendeu. Enquanto tudo acontecia, chefinhos e chefões do tráfico ficaram de lado, observando tudo pelas esquinas, prontos pra darem o bote e me culparem pelo aperto que a molecada passou. Viam seus “amigos” abordando a molecada sem que nenhum deles se habilitasse a lhes fazer algum questionamento, apesar de serem figurinhas carimbadas no bairro.
Depois os meninos do narguilé maneiraram bastante, deram uma sumida por uns dias e não ficam de gritaria e arruaça, dando bobeira. Passaram a usar de dia o breguete deles, dando-nos a certeza de que não devem nada nem estão usando nada ilícito.
Sempre fui contra a redução da maioridade penal. O que não me conformo é com este discurso que reduz a sinceridade dos que hoje apelam para uma posição favorável a este crime, tratando o cidadão comum como se fosse apenas um ser influenciado pela grande mídia. Não é só isto. A sensação de que algo deve ser feito é real e justificável a qualquer morador da periferia de qualquer cidade. As pessoas estão com medo e têm razões para isto. O que a mídia faz é desviar a atenção dos que sentem medo para o lado mais fraco desta realidade, que é o jovem. É mais fácil culpá-lo e mais simples também. Afinal, se ele não é o responsável efetivo pela maioria dos crimes, o é pela sensação de violência, de descaso institucional e desamparo do civil que (ainda) não se habilitou a pegar numa arma, submetendo-se aos assédios de Sheherazades e Datenas da vida. A garotada é o principal instrumento de intimidação, coação e guerra psicológica implementada na periferia contra aqueles que observam tudo acontecendo à luz do dia, mas que, por ter algo mais a perder que a liberdade (família, casa e tudo mais) engolem, como eu, certos absurdos. E não estou falando das atitudes dos jovens, como bailes funk na rua, perturbação de sossego, ameaças, depredações… Isto tudo é fichinha. Falo dos achaques a estes jovens em praça pública por autoridades locais, em esquemas de proteção e administração do Crime (com “C” maiúsculo, mesmo), com propinodutos, ameaças, humilhações, assassinatos e com a cooptação desta garotada que recebe toda a corda pra colocarem no próprio pescoço. Ao sabor dos agentes locais, a molecada é levada, assediada, humilhada, têm sua ficha suja e paga para permanecer solta, tendo que, a partir disto, deixar de serem meros bobocas fazendo barulho e “botando terror”, pra serem oficialmente agentes do crime.
Por outro lado, análises como esta do post, tentam, na melhor das hipóteses, dissuadir o cidadão a não apoiar o engodo da maioridade penal como solução. Mas, se esquecem de dizer que este engodo é motivado justamente por quem mais se beneficia desta realidade a qual eu descrevo. Se esquecem de apontar as razões para esta fúria desenfreada que vemos no dia-a-dia de nossa juventude. Se esquecem de delinear o sistema que fomenta e se beneficia desta nova postura do jovem. Se esquecem de apontar aliciadores, e de afirmar categoricamente que há, sim, um sistema de cooptação, utilização e descarte de jovens em nosso país, aos moldes mais eugenistas possíveis.
Por que diabos nem esquerda, nem direita centram fogo nesta questão? Por que não a aprofundam, não dão crédito aos que apontam este caminho? É o único caminho, acho eu, pra se entender a reação popular de reverberar o que a imprensa afirma e deseja. Nosso país não é fascista, nosso povo não é fascista… não há a menor possibilidade de o discurso que afirma ou generaliza o fascismo ao nível das massas seja verossímil ou sincero. Diria que é tão sincero quanto os que reproduzem os argumentos em favor da maioridade penal. O que o cidadão precisa pra mudar de opinião é de um pouco de solidariedade. Porque, ter solidariedade com o jovem, cooptado, manipulado, descartado, todo intelectual tem. Mas, se esquecem que toda esta violência tem um sentido, um dono e um objetivo: calar a voz dos que enxergam. A esquerda fala tanto que lutou contra ditadura, fala tanto que entende o conceito de manipulação de massas, que entende a foça da propaganda, e ninguém percebe que o trabalhador marmiteiro, o peão que trabalha e quer dormir e chegar vivo em casa, adoa a solução que lhes oferecem porque não existe outra. Aqueles que têm instrumento pra denunciar, pra desmascarar este esquema, fazem de conta que não sabem de nada, que é só uma questão de ponto de vista. Tentam convencer o cidadão que o medo que sente é ilusão. E não fazem com a opinião pública, outra coisa senão o que a globo tem feito: manipular, iludir, desviar a atenção.
Esta garotada pode ser usada, mas é agente de sofrimento e terror na periferia. É inegável. E a solução pra botar um fim nisto é apontar os que detêm o controle desta situação: o poder público, os agentes de segurança corruptos, o crime organizado. E isto tem de ser feito doa a quem doer. Tá cheio de político de esquerda tratando traficante na periferia como liderança (os novos coronéis do tráfico).
Por último, peço que analisem também, as brechas no sistema educacional, bem como o discurso ideológico transmitido em salas de aula. A escola também tem cooperado com isto tudo.

roberto

Cá pra nós, independente do sensacionalismo, das reportagens, das opiniões, dos exageros etc…, Quem comete crime,qualquer que seja,com qualquer idade, TEM QUE PAGAR. Senão,vira gandaia, e o país vai ser de terceiro mundo pelo resto da vida. Ponto

Liberal

Engraçado, a opinião aqui parecia ser outra qdo os filhinhos de papai queimaram um mendigo em Brasília…

    olivires

    Os playboys que queimaram vivo o índio Galdino eram maiores de idade.

    Na defesa, alegaram que não sabiam que era índio, pensaram que era apenas um mendigo.

    http://www1.folha.uol.com.br/fol/geral/ge21041.htm

    Mais tarde houve caso semelhante, de playboys que espancaram uma doméstica no ponto de ônibus.

    Como desculpa, alegaram pensar que se tratava de uma prostituta.

    A redução da maioridade penal não tem a menor intenção de atingir tais indivíduos.

    Liberal

    Mas nem para ler a matéria né? Tem menor de 16 anos envolvido. Na verdade isso não muda nada, o ponto é outro.

FrancoAtirador

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Populismo Penal
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Por Wadih Damous
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Existe uma Indústria que se nutre das Tragédias Humanas
para aumentar a Audiência e a venda de Jornais e Revistas.
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Esses interesses, como se numa linha de produção estivessem,
são captados de maneira vil por políticos que se aproveitam
do estado de comoção causado pela massiva reprodução midiática
para se apresentar ao eleitorado como verdugos legislativos.
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É aí que nasce o Populismo Penal.
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E preciso enfrentar a questão da violência com respostas políticas mais humanas e efetivas.
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Quando o governador Leonel Brizola encampou a proposta
de Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer e construiu os CIEPs,
revolucionando a Educação no Bras¡l, foi duramente criticado
pelos mesmos que agora se arvoram no viés punitivo.
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Essas crianças que hoje são levadas à prática de atos infracionais,
porque carregam a desesperança de uma vida indigna de ser vivida,
poderiam, em vez de prisão, ter aulas em período integral num CIEP,
não fosse a Falta de Compromisso das Elites com o seu Povo.
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Entre a Educação e a cadeia, está na hora de investirmos na primeira.
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Íntegra em: (http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/Populismo-Penal/5/33650)
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FrancoAtirador

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Mapa do Encarceramento no Brasil aponta:
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58,4% da População Carcerária é Negra
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Foi lançado nesta quarta-feira (3/6), em Brasília, o “Mapa do Encarceramento – Os Jovens do Brasil”, uma publicação que faz parte do Plano Juventude Viva e traz um diagnóstico sobre o perfil da população carcerária no país.
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O Estudo, de autoria da pesquisadora Jacqueline Sinhoretto, foi divulgado em parceria
pela Secretaria Nacional de Juventude, da Secretaria-Geral da Presidência da República,
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR)
e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil.
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(http://juventude.gov.br/articles/participatorio/0010/1092/Mapa_do_Encarceramento_-_Os_jovens_do_brasil.pdf)
(http://www.seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2015/06/mapa-do-encarceramento-aponta-maioria-da-populacao-carceraria-e-negra)
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03/06/2015 14:16
Agência Brasil
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Sistema Prisional do País Não Suporta Redução da Maioridade Penal
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“O Brasil encarcera muito, encarcera mal e não ressocializa os presos”
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Dados do Mapa do Encarceramento mostram que, ao longo do período de análise,
o Número Absoluto de Presos saltou de 296.919 para 515.482.
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A maior parte dessas prisões (70%) foram motivadas
por crimes patrimoniais ou envolvendo drogas,
enquanto Crimes Contra a Vida motivaram apenas 12% das Prisões.
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Ao analisar o perfil dos presos, a pesquisa deixa “evidente” a existência
de uma “seletividade penal” sobre um segmento específico:
o Jovem Negro com idade entre 18 e 24 anos.
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Em 2012, negros foram presos uma vez e meia a mais do que brancos.
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Reportagem: Pedro Peduzzi | Edição: Denise Griesinger
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O sistema prisional brasileiro não tem estrutura para dar conta do aumento projetado
para a população carcerária, caso a redução da maioridade penal seja aprovada
pelo Congresso Nacional e sancionada pela Presidência da República.
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A opinião é de autoridades e pesquisadores que participaram hoje (3)
do lançamento do Mapa do Encarceramento: os Jovens do Brasil.
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Divulgado hoje pelas secretarias Nacional de Juventude (SNJ)
e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir)
e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud),
o documento mostra que a população carcerária no Brasil cresceu 74% entre 2005 e 2012.
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De acordo com a autora da pesquisa, Jacqueline Sinhoretto, a superpopulação carcerária é uma realidade em todo país.
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“Todos estados brasileiros já estão com superpopulação carcerária.
A média do Brasil é 1,7 preso para cada vaga,
a um custo variando entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por preso.
Em Alagoas, a média é 3,7 presos por vaga.
No entanto, há unidades com índice superior a cinco presos por vaga”,
informou a pesquisadora.
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Para o secretário Nacional de Juventude, Gabriel Medina, além da superpopulação,
o sistema prisional tem outros desafios.
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“O Brasil encarcera muito, encarcera mal e não ressocializa os presos.
Prova disso é que, apesar de a juventude já vir sendo encarcerada,
a situação do país não tem melhorado.
Além de não ressocializar os presos, [as instituições] vêm colocando os jovens
sob domínio de organizações criminosas”, disse ele.
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Os dados do Mapa do Encarceramento mostram que, ao longo do período de análise,
o número absoluto de presos saltou de 296.919 para 515.482.
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A maior parte dessas prisões (70%) foi motivada por crimes patrimoniais ou envolvendo drogas,
enquanto crimes contra a vida motivaram apenas 12% das prisões.
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Para Jacqueline, o aumento do número de vagas no período e a construção de novos presídios
não amenizaram os problemas de superpopulação.
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“Este é um problema de direitos humanos pelo qual as autoridades brasileiras,
por diversas vezes, têm sido interpeladas por órgãos internacionais”.
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Ao analisar o perfil dos presos, a pesquisa deixa “evidente” a existência
de uma “seletividade penal” sobre um segmento específico:
o jovem negro com idade entre 18 e 24 anos.
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Em 2012, negros foram presos uma vez e meia a mais do que brancos.
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A autora da pesquisa explica que, apesar de o número de homens presos
ainda ser maior que o de mulheres, o estudo indicou crescimento maior
da população feminina nos presídios.
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“Enquanto o aumento da população carcerária masculina foi 70%,
o da população feminina foi mais que o dobro: 146%.
Isso está fazendo nossa população carcerária ser cada vez mais feminina”,
disse a pesquisadora.
Atualmente, há 31.824 mulheres presas no país (6,17% da população carcerária)
e 483.658 homens (93,83%).
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Outra crítica da pesquisadora ao sistema brasileiro é o excessivo número de prisões provisórias.
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“Para cada dois presos não julgados, temos apenas um julgado. Isso mostra que não encontramos na Justiça condições para fazer o julgamento dessas pessoas.
Se considerarmos que a maior parte das pessoas apenadas teve condenação entre quatro e oito anos, concluímos que, se houvesse preocupação da Justiça em cumprir a lei, 20% dos presos poderiam cumprir a pena em regimes alternativos”,
disse ela, ao ressaltar que tal medida aliviaria em parte a superpopulação carcerária brasileira.
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Coordenador das Nações Unidas no Brasil, Jorge Chediek
afirmou que as políticas punitivas não têm apresentado resultados satisfatórios.
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“A maioria dos países fracassou ao priorizar políticas punitivas porque as causas dos crimes não foram reduzidas.
Não é solução colocar mais gente na cadeia.
Por isso, temos recomendado que o país não mude a situação da maioridade penal”,
disse Chediek.
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(http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-06/brasil-nao-tem-estrutura-prisional-para-suportar-reducao-da-maioridade-penal)
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FrancoAtirador

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Apoio à Inclusão da Tipificação do Crime de Corrupção

entre Corporações Privadas no Código Penal Brasileiro.
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(http://www.conjur.com.br/2015-jun-05/brasil-fifa-nao-considerado-crime-corrupcao)
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Caracol

Eu sou definitivamente a favor de que os menores infratores e criminosos sejam presos.
Logo depois que os adultos infratores e criminosos o sejam.
Aliás, não vejo à minha volta menores criminosos… mas o que tem de adulto patife, cafajeste, ladrão de merenda escolar e de remédio, assassino, criminoso hediondo, etc,etc,,, nossa! Tem demais. Prendam eles todos e aí vou começar a pensar nos menores criminosos.

lulipe

Dilma deveria criar o bolsa -“di menor”, aqueles que defendem esses bandidos fariam um cadastro e “adotariam” um desses “coitadinhos”, levando-os para suas casas para conviverem com suas famílias…Alguém se habilita???

    olivires

    O sistema penal brasileiro se coaduna com a prática no resto do mundo.

    A responsabilidade penal de adultos ocorre a partir de 18 anos, e a responsabilidade penal juvenil a partir dos 12 anos.

    http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=323

    É uma das faixas mais restritivas em comparação a outros países de primeiro mundo, como a Alemanha (14/18/21).

    Dizer que menor não é punido por ato infracional é um desserviço ao debate sério.

    Há medidas socioeducativas, mais eficientes no combate à reincidência do que despejar menores no ambiente degradado das cadeias nacionais.

    Os casos chocantes, explorados à exaustão por obesos apresentadores de programas policiais, são a exceção.

FrancoAtirador

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Outras Tantas: (https://18razoes.wordpress.com/quem-somos)
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FrancoAtirador

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Mais Razões Técnicas:
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(http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/6-razoes-tecnicas-para-dizer-nao-a-reducao-da-maioridade-penal/5/33659)
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Violência Doméstica no braZil
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70% dos Casos de Agressão contra Crianças e Adolescentes, em 2013,
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aconteceu nas Residências, sejam das Vítimas, sejam dos Agressores.
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Pais e Mães responderam por 53% do total das denúncias (SDHPR).
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(http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes)
(http://www.obscriancaeadolescente.gov.br)
(http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/03/11/violencia-domestica-70-das-criancas-vitimas-sofrem-as-agressoes-em-casa.htm)
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Aí, vem a pergunta fatídica que não quer calar:
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Quantos desses Menores Violentados por Adultos
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constam das Estatísticas de Criminalidade no País?
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Menores cometem 0,9% de todos os Crimes no Brasil
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Percentual é ainda mais baixo quando considerados
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Homicídios e Tentativas de Homicídio: 0,5% do total.
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(http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/06/menores-cometem-0-9-dos-crimes-no-brasil)
.
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    FrancoAtirador

    .
    .
    As Palavras de Ordem:
    .
    Redistribuição de Renda
    .
    e Assistência Social.
    .
    (http://www.sbp.com.br/src/uploads/2014/10/maustratos_sbp.pdf)
    .
    .

    FrancoAtirador

    .
    .
    Para Conhecer Melhor a Distribuição de Renda e Riqueza no País
    .
    Nos últimos anos, o Brasil foi uma das Poucas Grandes Economias do Mundo
    em que a Desigualdade da Distribuição de Renda do Trabalho caiu.
    .
    Já está na hora de ampliarmos nossos estudos sobre o tema
    para a Renda do Capital e a Riqueza e sem comprometer o sigilo fiscal.
    .
    Por Nelson Barbosa (*), no BrasilDebate
    […]
    Os dados de renda da PNAD se concentram basicamente na renda do trabalho, com pouca ou nenhuma informação sobre a renda do capital ou a riqueza das famílias brasileiras.
    .
    Em paralelo à PNAD, o IBGE também realiza a Pesquisa Nacional de Orçamentos Familiares (POF), na qual se coletam dados sobre as fontes e usos de recursos por parte das famílias brasileiras.
    .
    Os dados de fontes de renda da POF são classificados por faixa de renda, em termos do salário mínimo, e constituem a melhor aproximação hoje disponível sobre a composição da renda das famílias brasileiras.
    .
    A tabela 1 (brasildebate.com.br/wp-content/uploads/2014/08/tabela-1-artigo-abre-Nelson.jpg) apresenta um resumo dos dados da última POF, o que, por sua vez, confirma algumas percepções gerais da população, bem como revela alguns padrões bem específicos ao Brasil.
    .
    Por exemplo:
    .
    • O rendimento de empregados representa um percentual maior da renda
    das famílias de renda média e de renda alta do que das famílias de renda baixa.
    .
    • No mesmo sentido, o rendimento de empregador chega a 13% do rendimento total das famílias mais ricas, e praticamente zero das famílias mais pobres.
    .
    • Em contraste, o rendimento do trabalho por conta própria é uma fonte de rendimento
    relativamente mais importante para as famílias mais pobres.
    .
    • A parcela do INSS na renda das famílias é maior para os mais pobres
    do que para os mais ricos.
    .
    • No sentido contrário, a previdência pública é uma importante fonte de renda
    para os mais ricos, atingindo 10% do rendimento total de tal grupo.
    .
    • E os programas sociais federais representam 6% da renda dos mais pobres
    e zero da renda dos mais ricos.
    .
    Os dados da POF representam o que mais se aproxima da estratificação da distribuição da renda do trabalho, capital e transferências… mas ainda com muito pouco detalhamento sobre a renda do capital e nenhuma informação da distribuição de riqueza no Brasil.
    .
    Para conhecer melhor a estrutura da distribuição de renda e riqueza do Brasil,
    é necessário complementar a análise dos dados da PNAD e da POF
    com um estudo da distribuição de renda e patrimônio com base em dados fiscais,
    isto é, com base nos dados do IRPF.
    .
    Até o momento, tal iniciativa não foi realizada devido a Dois Obstáculos:
    um Financeiro e outro Orçamentário.
    .
    O Obstáculo Financeiro vem do contingenciamento recorrente dos recursos operacionais da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), que acaba por inviabilizar o desenvolvimento de estudos e implementação de novos processos.
    .
    Felizmente, este obstáculo pode ser superado com uma realocação de recursos que privilegie o planejamento de longo prazo, ao invés de resultados de curto prazo.
    .
    O obstáculo legal vem da interpretação de que qualquer divulgação mais desagregada dos dados do IRPF implicaria quebra de sigilo fiscal.
    .
    O fato de vários países avançados já divulgarem dados de distribuição de renda e riqueza com base em dados fiscais, por si só, já indica que tal tipo de estudo não é incompatível com o sigilo fiscal.
    […]
    É perfeitamente possível que a SRFB elabore um relatório anual de distribuição de renda e riqueza, no qual todos os dados da declaração anual de IRPF sejam apresentados por milésimos da população de contribuintes.
    .
    Mais especificamente, no ano de 2014 houve aproximadamente 26 milhões de declarações de IRPF. Cada 0,1% do total de declarações corresponde, portanto, a 26 mil contribuintes. Um relatório que apresentasse os dados do IRPF por milésimo da população de contribuintes conteria 26 mil pessoas em cada “célula”, o que, por si só, preserva o sigilo fiscal de cada indivíduo.
    .
    Com base na visão acima, o Deputado Claudio Puty (PT/PA) apresentou uma proposta de lei para criação do Relatório sobre a Distribuição Pessoal da Renda e da Riqueza da População Brasileira com periodicidade anual. Veja aqui a íntegra da proposta e acompanhe sua tramitação na página da Câmara dos Deputados.
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    Caso aprovado, o PL de iniciativa do Deputado Puty aumentará, em muito, o conhecimento da sociedade brasileira sobre si mesma, o que, por sua vez, auxiliará o Poder Executivo e o Congresso na construção e acompanhamento da política econômica, sobretudo da tributação pessoal e das transferências de renda às famílias.
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    Independentemente de orientação ideológica ou filiação partidária, todos no Brasil têm a ganhar com o aumento da transparência e do conhecimento sobre a distribuição de renda e riqueza em nosso País.
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    Nos últimos anos, o Brasil foi uma das poucas grandes economias do mundo em que a desigualdade da distribuição de renda do trabalho caiu.
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    Já está na hora de ampliarmos nossos estudos sobre o tema para a renda do capital e a riqueza, e isso em nada compromete o sigilo fiscal dos contribuintes.
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    Íntegra em: (http://brasildebate.com.br/para-conhecer-me-lhor-a-distribuicao-de-renda-e-riqueza-no-pais)
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    FrancoAtirador

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    (http://prvl.org.br)
    (http://prvl.org.br/links/links)
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Champinha

Curti o artigo.

    FrancoAtirador

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    Um Muar Fascista anda zurrando Mentiras no Detrito Fétido da Marginal
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    a respeito das Estatísticas de Criminalidade divulgadas no Portal Brasil,
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    simplesmente porque é um Mau-Caráter Desinformado que desinforma.
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    De qualquer forma, permite esclarecer que os dados são verdadeiros

    e constam do Anuário 2014 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
    .
    (http://www.forumseguranca.org.br ) que publicou os dados compilados
    .
    da SENASP/MJ, da SPDCA/SEDH-PR, do IBGE e fundamentalmente do SINESP
    .
    que concentra informações fornecidas pelo Departamento de Polícia Federal

    e pelas Secretarias dos Governos Estaduais Brasileiros, inclusive do PSDB,
    .
    que são os Responsáveis Diretos pela Segurança da População no Brasil.
    .
    (www.abimde.org.br)
    .
    Para fazer download do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2014:
    .
    (www.abimde.org.br/index.php/downloads/files/18)
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    Entendeu, agora, Narlochéte?
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