Izaías Almada: Quanto tempo levaremos para atravessar uma rua como as galinhas?

Tempo de leitura: 2 min

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A galinha e os brasileiros

Izaías Almada, em Nota de Rodapé

Numa instigante conversa/entrevista publicada no Brasil pela Editora Record (Não Contem com o Fim do Livro), o pensador e escritor italiano Umberto Eco e o pensador e grande roteirista de cinema francês Jean-Claude Carrière discorrem com maestria sobre alguns temas de extrema importância na atualidade, tais como, o saber, a cultura, a memória, o aprendizado e, sobretudo, sobre o significado da internet para o mundo contemporâneo, cujo surgimento interfere em todas as nossas atitudes, comportamentos e reflexões nesse início de século XXI.

Creio que não é exagero dizer que toda novidade excita a atemoriza.

A propósito de nos acostumarmos com uma novidade, qualquer seja ela, e na defesa da tese de que o livro tal como ainda existe, em papel, não sucumbirá diante da impressionante invasão do mundo cibernético nas nossas vidas, o professor Umberto Eco – com inegável bom humor – lembra que as galinhas levaram quase um século para aprenderem a não atravessar a rua.

Olhando para o atual panorama político brasileiro fica-me a dúvida sobre se um dia aprenderemos a viver em democracia. E de quanto tempo precisaremos para isso?

Porque a democracia é também um aprendizado, um aprendizado que requer paciência – é claro – desde que seus intervenientes estejam dispostos a conviver com ideias contrárias e/ou divergentes, que não agridam a constituição por qualquer “dá cá aquela palha”, que respeitem os valores da cidadania, que entendam o significado da justiça como elemento de equilíbrio e não como uma forma de envergonhar a política. E que não atirem a primeira pedra, sobretudo, aqueles que têm o telhado de vidro.

Não é por acaso que estamos diante de uma aberração política: um país governado por sicários levados ao poder por um golpe jurídico parlamentar dos mais idiotas, mas nem por isso menos efetivo.

O Brasil se tornou republicano em 1889 e desde então vivemos num entra e sai de governos democráticos e de governos autoritários.

Como sociedade não nos conseguimos equilibrar, sempre submissos a interesses de classe. Fanatismos ideológicos ou religiosos são invocados sempre que a Casa Grande se sente ameaçada pela senzala.

Falta-nos orgulho nacional, sobra-nos o entreguismo, a subserviência cultural, o desinteresse pela própria política, enfim, somos uma espécie de fundo de quintal dos que querem e sabem o que fazer para nos manter em tal situação.

1889. De lá para cá são 127 anos. Mais de um século, portanto. E ainda não aprendemos a atravessar a rua como as galinhas o fizeram em menos de um século.

Que eu saiba, e até prova em contrário, o cérebro das galinhas é bem menor que o da maioria dos brasileiros.

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FrancoAtirador

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Sobre Aposentadorias de Alguns Políticos

https://twitter.com/trezemariah/status/782430215796617216
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FrancoAtirador

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Olha só a Falange de Anjos Brancos
Enviados da Irlanda à Terra Santa
para a Nova Jerusalém da América:
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GUERRA DE SECESSÃO NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

1863

Muitas das deserções eram de “profissionais” nessa modalidade,
homens que se alistavam para receber o bônus em dinheiro,
e em seguida desertavam, na primeira oportunidade,
para fazer o mesmo em outros lugares.

Se não fosse descoberta, poderia tornar-se
uma atividade criminosa muito lucrativa.

Os irlandeses foram os principais participantes
dos famosos “Distúrbios de Nova Iorque” de 1863
(como dramatizado no filme Gangs of New York).

Os Irlandeses Calvinistas demonstravam grande apoio
aos Estados Sulistas antes do início da Guerra de Secessão,
e há muito tempo havia uma inimizade
com a população negra em várias cidades nortistas.

Com a visão de que era uma guerra da classe alta abolicionista
liderada em grande parte por ex-nativistas
para libertar uma grande população negra,
que poderia mudar-se para o norte
e competir por empregos e moradia,
as classes mais pobres não aceitaram bem a proposta,
especialmente a partir do qual um homem mais rico
poderia comprar uma isenção.

Como resultado da Lei de Inscrição, os distúrbios
começaram em várias cidades nortistas,
sendo mais forte em Nova Iorque.

Um tumulto relatado como consistindo
principalmente de imigrantes irlandeses revoltados
ocorreu no verão de 1863,
resultando na pior onda de violência
ocorrida em julho durante a batalha de Gettysburg.

A multidão ateou fogo em tudo,
desde igrejas afro-americanas,
um orfanato para “crianças de cor”,
até casas de alguns proeminentes
abolicionistas protestantes.

Uma multidão teria sido repelida
dos escritórios do irredutível
New York Tribune, pró-União,
por trabalhadores empunhando armas.

As principais vítimas do tumulto
foram afro-americanos e ativistas
do movimento anti-escravidão.

https://en.wikipedia.org/wiki/Union_Army#Desertions_and_draft_riots
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    FrancoAtirador

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    Durante quase todo o século 17 e início do século 18,
    os “escoceses-irlandeses” sofreram com as ações repressivas
    de diversos monarcas ingleses, nos aspectos político, econômico e religioso.

    Além disso, experimentaram calamidades naturais como secas rigorosas
    e a fome e pobreza resultantes. Com isso, muitos deles resolveram migrar
    para a América do Norte, principalmente a partir de 1717.

    Segundo uma estimativa conservadora, até 1776 pelo menos 250.000
    cruzaram o Atlântico para o Novo Mundo (algumas estatísticas falam em 500.000).

    Em 1706, sob a liderança de Francis Makemie, um pastor emigrado da Irlanda,
    havia sido organizado o primeiro concílio presbiteriano dos Estados Unidos,
    o Presbitério de Filadélfia.

    Os escoceses-irlandeses radicados em Nova Jersey, Pensilvânia, Virgínia
    e nas Carolinas do Norte e do Sul foram os principais responsáveis
    pela formação da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA).

    Eles também foram o principal grupo que lutou pela independência da nova nação.

    http://www.mackenzie.br/7018.html
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    FrancoAtirador

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    Os Puros que Colonizaram os Estados Unidos da América do Norte.

    Dois Grupos Religiosos Irlandeses
    imigraram para os Estados Unidos:
    Protestantes e Católicos.

    Os Evangélicos chegaram sobretudo no Período Colonial,
    enquanto que os Católicos imigraram em massa no Século XIX.

    Pesquisas da década de 1990 mostram
    que, dos americanos que identificaram sua origem
    como “irlandesa”, 51% disseram que eram protestantes e 36% católicos.

    No Sul, os Protestantes são 73% dos Irlandeses,
    enquanto os Católicos representam 19%.

    No Norte, 45% das pessoas de origem irlandesa são católicas,
    enquanto que 39% são protestantes.

    Os Irlandeses foram os Líderes nas Tradições
    Presbiteriana e Metodista de igual maneira.

    Entre 1607 e 1820, a maioria dos emigrantes da Irlanda na América
    eram protestantes e estes se identificavam simplesmente como “irlandeses”.

    Porém, a distinção religiosa se ​​tornou importante depois de 1820,
    quando um grande número de católicos irlandeses
    começou a emigrar para os Estados Unidos.

    Os descendentes dos colonos protestantes oriundos do Ulster
    que chegaram na época colonial, então, começaram a se autodenominar
    “escoceses-irlandeses”, para salientar suas origens históricas
    e se distanciarem dos irlandeses católicos que estavam chegando em massa.

    Em 1830, a demografia da diáspora irlandesa tinha mudado rapidamente,
    com mais de 60% de todos os imigrantes irlandeses nos Estados Unidos
    sendo católicos de áreas rurais da Irlanda.

    Os irlandeses e seus descendentes estão espalhados
    por todo o território norte-americano
    e têm participação ativa na sociedade local.

    Até 2015, 26 (Vinte e Seis) Presidentes
    dos Estados Unidos da América (EUA)
    tinham Alguma Ascendência Irlandesa.

    O Haloween possui Origens que remontam
    ao Festival Céltico Samhain, cujos Elementos
    foram Introduzidos nos Estados Unidos
    pelos Colonos Irlandeses, e é um dos Feriados
    mais comemorados nos EUA (no dia 31/10).

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_irlandesa_nos_Estados_Unidos#Religi.C3.A3o

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_irlandesa_nos_Estados_Unidos#Refer.C3.AAncias
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Abreu

Não acredito que aprendamos a viver em democracia. O Golpe de 2016 nasceu entre 19h e 19h30min do dia em que se apuraram os resultados do segundo turno das eleições de 2014. Naqueles críticos 30 minutos, a festa se mudou de Belo Horizonte para o Palácio do Planalto, A propósito, no citado livro “Não contem com o fim do livro”, há uma passagem notável: “U.E. – …Da mesma forma, conhecemos vários fragmentos pré-socráticos através dos escritos de Aécio, que era um rematado imbecil.”

Luiz Carlos P. Oliveira

Alguns brasileiros só tem coxa, nem cérebro tem. É possível pensar pela coxa?

Edgar Rocha

Nosso cérebro é complexo. Tem regiões que devem ser estimuladas para que o todo possa funcionar corretamente. Conheço gente que não sabe respeitar nem faixa de pedestre. Mas, tem consciência corporal suficiente pra se entortar todo e fazer parar o trânsito, atravessando onde bem entender. A região do respeito não se liga à compaixão. Vez por outra, nenhuma nem outra estão acionadas, transformando malandros em abstrações vermelhas no asfalto. Mas, há também a região do cérebro responsável pela propina. Esta se liga ao instinto de fuga e de agressividade. São áreas profundas do cérebro, primitivas e atávicas, que se ligam ao sistema límbico e nervoso autônomo.
A região da democracia é bem mais complexa. Se liga à fala, ao lobo frontal, à região do raciocínio lógico no hemisfério esquerdo. Tudo isto deveria controlar o restante. O problema é que o exercício diário da cultura hierárquica e autoritária nos força a desenvolver percepções ligadas ao sentido da visão unicamente. Nos levamos pelos sinais de quem pode e de quem obedece. É pra isto que somos educados. O máximo que conseguimos como meio de defesa é a dissimulação. Fingimos e desejamos mimetizar os que realmente oferecem perigo, ao invés de aprendermos a viver em sociedade. É um país de cobras corais: falsas e verdadeiras. Precisamos aprender a parar de rastejar, sair do chão (não só pra pular feito uma minhoca). Daí então, poderemos ser comparados ao menos às galinhas. Quem sabe um dia aprendamos a voar de verdade.

Morvan

Boa tarde.

As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”.

Após uma cerimônia na Universidade de Turim, 2015
Quando me deparei a primeira vez, com tal afirmação, considerei-a ácida, virulenta, deslocada, um pouco, até. Hoje, não mais; quanto a atravessar a rua, à moda das galináceas, viveremos eternamente (gostaria de estar enganado!) o feitiço do tempo do golpismo. Faltam-nos umas penas, mas para proteger das intempéries. O golpismo aqui é atávico. E a forma como as pessoas são “educadas” (ou domesticadas) decididamente depõe contra. Mormente com a “Escola Sem Partidos (de esquerda)”. Bem-vinda, Idade Média.

Saudações “#ForaTemerGolpsista; a política sem discussão: eterna fábrica de coxários“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.

    FrancoAtirador

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    Prezado Camarada Morvan.

    O Problema não reside em quem fala ou escreve,
    mas em quem lê ou escuta e segue repetindo.

    Na verdade, as Redes Sociais estão limitando
    a Capacidade das Pessoas de Pensar e Criticar.

    A Falta de Tempo, pelo Excesso de Trabalho,
    também é uma das Causas dessa Limitação.

    Marx, nos “Manuscritos Econômico-Filosóficos”,
    e Lafargue, no “Direito À Preguiça”, já afirmavam.

    Um Abraço Camarada e Libertário.
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