Flávio Witllin: A emoção de ver e ouvir no palco três sobreviventes de Hiroshima

Tempo de leitura: 2 min

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE TSURU*

por Flávio Witllin, especial para o Viomundo

Nesse sábado, experimentei uma emocionada epifania – palavra feia mas repleta de significado – ao ver e ouvir no palco do Teatro João Caetano de SP três sobreviventes da explosão atômica de Hiroshima.

Isto mesmo!

Tomando-se uma ordem de grandeza acerca de crimes de lesa-humanidade os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki são equivalentes à barbárie dos campos de concentração e dos Einsatzgruppen (esquadrões de fuzilamento) nazis.

A guerra entre Aliados e Eixo, definitivamente, não cabe no reducionismo da luta entre o Bem e o Mal.

Por iniciativa do ator e diretor Rogério Nagai, sansei de 38 anos, o sr. Takashi Morita, 93 anos, a sra. Junko Watanabe, 74 anos (tinha 2 anos então) e o sr. Kunihiko Bonkohara, 77 anos (estava com 5 anos à época) encenaram uma peça sobre si mesmos: Os Três Sobreviventes de Hiroshima .

Entrecortados pela narrativa implacavelmente crítica do jovem autor, com imagens extraídas de documentários ao fundo e sonoplastia adaptada à forma teatralizada de Rogério, seus depoimentos verdadeiros – não precisaria dizer – foram pungentes.

(O horror que aconteceu naquelas duas castigadas cidades japonesas não cabe na linguagem humana).

Takashi Morita, ex-membro da bárbara polícia do exército de Hirohito – o imperador impune do militarismo japonês que se uniu a Hitler e Mussolini –,
virou de lado e tornou-se um amoroso militante da causa da paz entre os povos.

Como os outros dois, que tornaram o Brasil a sua pátria, Morita viajou dezenas de países para denunciar a suprema malignidade que representa a guerra – e dentro dela a utilização de artefatos nucleares.

Em tempos de aventureiros belicosos como Trump e Kim Jong-un, despertar e mobilizar os bilhões de corações e mentes da Terra contra a escalada retórica de ameaças mútuas e ensaios militaristas de explosão destes artefatos já passa da hora.

Hoje em dia – segundo pesquisa do Rogério – há cerca de 16 mil ogivas nucleares muito mais potentes do que as bombas de Hiroshima (120 mil mortos imediatos na explosão) e Nagasaki (70 mil assassinados), e bastaria a explosão de 250 delas para destruir o planeta.

PS: Recomendo a leitura de A última mensagem de Hiroshima, de Takashi Morita. Seu apelido é Gato de 7 Vidas, pois conseguiu chegar a esta idade com resiliência inacreditável.

Além dos horrores da bomba atômica, conseguiu escapar ileso do bombardeio de Tóquio, ocorrido semanas antes, de furacões devastadores em Hiroshima, de uma leucemia em 1950 e de um assalto à mão armada na sua mercearia em São Paulo.

PS do Viomundo: Como muitos já identificaram o tsuru é o origami.

O tsuru que Flávio Wittlin ganhou da sra. Junko Watanabe sobre o livro do sr. Takashi Morita

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RONALD

A ROSA DE HIROXIMA
Vinicius de Moraes

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

RONALD

Aqueles dois ataques infames dos EUA sobre uma população civil foi o maior genocídio cometido até hoje, não esquecendo os demais.

O Japão já tinha se rendido e se oferecido na bandeja, mas as serpentes de Washington queriam testar “seus queridinhos” – Petardos atômicos – em uma população e ver o resultado.

Essa história da carochinha de evitar um confronto maior é a grande piada de mau gosto da história oficial.

Essa nação, que destrói impiedosamente outra, agora se arvora em querer “proteger” o mundo da Coreia do Norte, argh !!!!

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