Edmundo Fernandes Dias, um acadêmico que jamais fugiu à luta

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Nota da ADunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp), encaminhada via e-mail pelo professor Caio Toledo

Faleceu na manhã do dia 3 de maio de 2013 o nosso colega e amigo professor Edmundo Fernandes Dias.

Cientista social formado pela Universidade Federal Fluminense nos anos de 1960 e professor aposentado do IFCH/UNICAMP, Edmundo teve uma trajetória de vida marcada principalmente pela indissociabilidade entre o trabalho intelectual rigoroso, realizado a partir da perspectiva crítica das ciências humanas, e a atuação política sempre comprometida com a transformação radical da realidade.

Além da dedicação às atividades acadêmicas, prática inerente ao ofício de professor universitário, atuou intensamente no movimento sindical. Participou, ainda nos anos de 1970, das primeiras mobilizações no âmbito desta Universidade que culminaram na criação da Associação de Docentes da UNICAMP – ADunicamp.

Sempre presente ativamente nos movimentos de resistência ao regime ditatorial militar desde 1964, teve participação importante na greve geral do funcionalismo público paulista em 1979 – a primeira greve dessa categoria realizada sob a ditadura – e da mobilização de docentes, funcionários e estudantes contra a intervenção malufista na Universidade Estadual de Campinas em 1981. Nesse mesmo ano, foi um dos organizadores do I Congresso Nacional dos Docentes Universitários, realizado em Campinas, que resultou na criação da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior – Andes, transformada em sindicato a partir de 1988.

Enquanto permaneceu como docente da UNICAMP, não poupou esforços para conciliar as obrigações acadêmicas com a militância política e sindical, participando por várias vezes das diretorias dessas entidades. Posteriormente, na condição de aposentado, deu continuidade a essas atividades sempre combinadas com o trabalho intelectual.

Edmundo deixa extensa produção bibliográfica sob a forma de artigos e livros de sociologia e ciência política situados no campo do marxismo como O outro Gramsci (Xamã, 1996) e Gramsci em Turin (Xamã, 2001), obras que trazem contribuições fundamentais para a compreensão do pensamento desse intelectual revolucionário italiano. Mais recentemente, escreveu Política Brasileira: embate de projetos hegemônicos e Revolução Passiva e Modo de Vida: ensaios sobre as classes subalternas, o capitalismo e a hegemonia, ambos publicados pela Editora José Luis e Rosa Sundermann.

Nessas obras, Edmundo retoma e atualiza aspectos essenciais da teoria marxista da revolução e empreende análises críticas sobre as reconfigurações da hegemonia capitalista nos planos nacional e mundial.

Perdemos, além de um amigo, um companheiro de lutas, um intelectual que nunca abdicou dos nexos entre teoria e prática. Perdemos, enfim, um militante radical consciente de que ser radical é apreender a realidade pela raiz, e que a raiz é, em última análise, o próprio homem.

 


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