Ariel Goldstein: Eleições na Argentina refletem avanço da direita

Tempo de leitura: 3 min

cristina

A eleição argentina reflete os avanços da direita na América Latina

por Ariel Goldstein

As direitas avançam na América Latina. A cojuntura de expansão econômica e apogeu das exportações que consolidou o período dos governos progressistas na região a começos do século XXI têm mudado, e isso já foi comprovável nas eleições do Brasil em 2014, Venezuela em 2013 e agora neste primeiro turno na Argentina.

A questão já é repetida na historia latino-americana, e também aconteceu durante a etapa dos governos populistas clássicos do Juan Perón e do Getúlio Vargas. Quando o período da expansão e distribuição econômica acabou-se, esses processos ficaram debilitados, sendo substituídos por opções da direita.

Além disso, para uma melhor compreensão das eleições presidenciais na Argentina, são necessárias outras reflexões. O resultado da eleição neste primeiro enfrentamento, que deu mais possibilidades ao Maurício Macri, o candidato da coalizão conservadora (PRO-UCR), que ao Daniel Scioli, do peronista Frente para a Vitória (FPV), é uma derrota para todo o kirchnerismo.

As condições para o triunfo em primeiro turno das eleições presidenciais de 2011, onde o kirchnerismo tinha triunfado pelo 54% dos votos, tem se diluído. O kirchnerismo tinha a certeza de que a eleição de um candidato com uma questionável gestão na Provincia de Buenos Aires como o Daniel Scioli daria as condições para ganhar com comodidade, como as pesquisas de opinião vaticinavam.

Contrariamente a isso, pesaram as acusações de corrupção ao governo da Cristina, o caso do fiscal Nisman morto, e a eleição para o governo da Provincia de Buenos Aires de um candidato peronista que tem sido a espada discursiva do kirchnerismo, desgastado por acusações e uma má comunicação com o eleitorado.

Outra questão relevante que tem contribuído para o desenlace foram as contradições na gestão da campanha entre o kirchnerismo mais ligado ao legado da Cristina e as visões mais peronistas tradicionais vinculadas ao Scioli.

A candidata do Pro para o governo de Buenos Aires, Maria Eugenia Vidal, construiu uma polarização com o peronismo tradicional que governa a província desde 1983, desde a questão de gênero, com a narração de uma mulher que confronta os aparatos tradicionais e os homens do poder peronista.

Isso no nível do marketing político foi muito efetivo, e assim é preciso reconhecer a capacidade do guru equatoriano do Pro Jaime Duran Barba, que construiu essa visão de que o Pro representava a “nova política”, estabelecendo uma diferenciação com Massa e o peronismo tradicional, ao mesmo tempo em que Macri prometia a conservação das políticas sociais do kirchnerismo, como tem feito também as oposições aos governos progressistas no Brasil e Venezuela com Aécio e Capriles.

Fica difícil assim o cenário do segundo turno para o kirchnerismo, com uma tendência que favorece ao Macri. O candidato do Cambiemos (PRO-UCR) vai ter uma cobertura favorável da mídia e tem possibilidades de adesão do terceiro candidato na eleição, Sergio Massa.

O kirchnerismo tem que falar diretamente e fazendo propostas para as classes médias que votaram contra o governo nacional e seu legado em grandes proporções. Scioli vai ter que fazer um discurso mais aberto para buscar os votantes independentes, já que esta nova eleição vai ser uma disputa com o candidato do Pro pelo centro político.

A adoção de um discurso mais aberto pode dar mais competitividade para este segundo turno ao candidato do Frente para a Vitória.

@goldsariel — Sociólogo, UBA

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Comentários

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lulipe

A esquerda quebrou o país lá como cá e serão derrotados cá como lá!!!

Jadson Oliveira

VARGAS LLOSA, UMA PENA POLÍTICA FRUSTRADA – POR ALFREDO SERRANO MANCILLA (artigo publicado no blog Evidentemente, de Jadson Oliveira)

Vargas Llosa continua sem compreender absolutamente nada do que acontece na mudança de época latino-americana. (…) Agora aposta em Macri para ver se consegue de uma vez por todas ganhar uma eleição nos países que buscaram outro caminho, diferente do neoliberalismo.

Por Alfredo Serrano Mancilla (*) – do jornal argentino Página/12, edição impressa de hoje, dia 3
Apesar de todos os prêmios literários, Vargas Llosa continua engasgado por sua derrota nas eleições presidenciais do Peru em 1990. Jamais superou o trauma. Nenhum dos seus merecidos reconhecimentos como escritor compensou seu sonho de todo menino filho da oligarquia latino-americana da época: ser presidente. Desde então, persistiu com suas diatribes em defesa de qualquer proposta da direita nascente na América Latina. Seu tom se enfureceu muito mais durante o século 21, depois da chegada dos governos de orientação contrária a seus desígnios.
Em todos esses casos (Venezuela, Brasil, Argentina, Bolívia, Equador), a democracia deixava de ser um sistema justo para eleger seus mandatários. O povo deixava de ter razão. E Vargas Llosa substituía sua pena ilustrada e criativa por uma linguagem de “brocha gruesa” (grosseira), de lugares comuns como qualquer político antiquado da direita do século 20.
O romancista e ensaísta voltou a aparecer em cena com as eleições argentinas. Em seu editorial de El País, “Uma esperança argentina”, faz campanha de forma “hooligan” a favor de Macri. Presenteia-o com todo tipo de piropos como guia da liberdade e da democracia, apesar de que sua fortuna – a da família Macri – se construiu na época da ditadura. Pelo contrário, arremete sem piedade contra o peronismo e o kirchnerismo. Os insulta com a linguagem mais chula. Se atreve inclusive a equiparar o que acontece na Argentina com o nazismo e o fascismo: “O fenômeno do peronismo é, pelo menos para mim, mais misterioso ainda do que o do povo alemão abraçando o nazismo e o italiano o fascismo”. Sua língua viperina não tem limites. Contra Chávez disse absolutamente de tudo. O mesmo contra Evo Morales ou Correa. Contra Néstor e Cristina também os insultou com todo tipo de impropérios. Tudo porque – tal como ele mesmo afirma – a Argentina não volta “ao primeiro mundo”, ao seu primeiro mundo, a esse mundo privilegiado para uns poucos onde está proibida a entrada das maiorias. Vargas Llosa, como bom marquês (marquesado hereditário espanhol que foi criado para ele e entregue pelo rei Juan Carlos), sempre defende a sua própria casta.
Sua visão está impregnada de rancor e mentiras.
Continua em espanhol, com traduções pontuais:
Habla de empobrecimiento cuando Argentina es el país, según la Cepal, que más ha erradicado pobreza y reducido desigualdad gracias a las políticas públicas del kirchnerismo. Crítica el antiamericanismo del gobierno después de que éste se haya negado a acatar lo que un juez de Nueva York sentencia a favor de los fondos buitre (dos fundos abutres). Para Vargas Llosa el americanismo ha de significar todo proyecto político impuesto desde Estados Unidos en vez de cualquier construcción de una América latina más emancipada. Seguramente, jamás pudo digerir aquel No al ALCA (Area de Libre Comercio de las Américas) que tuvo lugar precisamente en Mar del Plata hace una década. El gobierno K jugó un rol clave en esa batalla y eso escuece todavía mucho a (teve um papel chave nessa batalha e isso ainda desagrada muito) aquellos que defienden que América latina ha de volver subordinadamente al redil atlántico trazado por Estados Unidos y Europa.
Vargas Llosa sigue sin comprender absolutamente nada de lo que sucede al interior del cambio (da mudança) de época latinoamericano. Sigue apoyando a perdedores en América latina: Henrique Capriles en Venezuela, Aécio Neves en Brasil, Lacalle Pou en Uruguay, Rubén Costas en Bolivia, Mauricio Rodas en Ecuador. En esta ocasión (Agora) apuesta por Macri a ver si logra de una vez por todas ganar una elección en países que buscaron otro camino, diferente al neoliberalismo. El 22 de noviembre veremos si atina. Por ahora (Por enquanto), sus aciertos son prácticamente nulos. Su olfato político deja mucho que desear (deixa muito a desejar).
(*) Diretor Celag, doutor em Economia, @alfreserramanci
Tradução (parcial): Jadson Oliveira

Urbano

O que me impressiona mais nos sem noção que apoiam os bandidos fascistas da oposição ao Brasil, vem a ser a sua mais brutal acefalia, principalmente em suas argumentações.

FrancoAtirador

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Parece que está dando certo o Projeto UltraLiberal Fascista Anglo-Germânico-Saxão
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de Extermínio do Trabalhismo na América Latina, via Corporações de Comunicações.
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http://www.anglo-germanico.com.br/image719.gif
http://www.anglo-germanico.com.br/image660.gif
http://www.sipiapa.org/en
http://www.iapa.com/index.cfm/travel/community.home?C=1
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(http://www.sipiapa.org/search?cx=partner-pub-8504376012616755%3A5465414220&cof=FORID%3A10&ie=UTF-8&q=Argentina&sa=Buscar&siteurl=www.sipiapa.org%2Fen%2F&ref=www.sipiapa.org%2Fpt-br%2F&ss=2218j571214j10)
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Apocalipse Now
Fifth-Generation Warfare:
Sem Energia, Grãos e Água,
A Volta dos Mortos-Vivos.
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(https://news.vice.com/article/fifth-generation-warfare-taste-the-color-revolution-rainbow)
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Lukas

Mais um país onde a esquerda faz a lambaça e o povo chama a direita para limpar.

A esquerda só sabe governar bem em periodos de prosperidade.

Acabou o dinheiro, acabou a gastança, acabou o governo.

Argentina, Venezuela e Brasil caindo na real.

    FrancoAtirador

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    Aí só faltará a Ku Klux Klan ‘Limpar’ a Sujeira Negra dos Iúnáitstêits,
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    varrendo de lá o Mouro Comunista Islâmico Barak Hussein Obama,
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    para atingir a Perfeição Branca e realizar o Sonho da América Ariana.
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olinto

E o papel do PIG de lá (como cá) tentando alavancar setores eleitoralmente derrotados? Dá impressão que, por exemplo, a sociedade de espetáculo, a luta pela hegemonia da narrativa dos fatos e o think thank Atlas Network não existem! Se dificuldades econômicas por si só levassem a derrocadas de governos…

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