Audiência pública avalia aumento da violência do campo no governo Temer; veja como foi

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Da Redação

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados realiza nesta tarde audiência pública para tratar da violência no campo e a escalada de repressão contra os movimentos sociais e trabalhadores rurais. Começa 14h, no Plenário 9 do Anexo II da Câmara.

Começa daqui a pouco, às 14h.

A CDHM transmitirá ao vivo, em sua página no Facebook. O Viomundo reproduzirá

A audiência avaliará os resultados do Relatório de Conflitos no Campo Brasil 2016 (na íntegra abaixo) e o aumento dos casos de trabalhadores rurais mortos em 2017.

Entre os temas abordados no relatório, a polêmica em torno da divulgação da Lista Suja do Trabalho Escravo. A pedido do governo do usurpador Michel Temer, a Justiça suspendeu a publicização da lista.

Na apresentação, o Relatório diz: 

(…)  preocupação maior é como proteger os responsáveis pela exploração do trabalho em condições análogas ao trabalho escravo, não as pessoas que sofrem a exploração.

As nefastas consequências da adoção deste programa de governo para o campo saltam aos olhos, pois se traduziram em 2016 em números crescentes de violência e de conflitos:

* 61 assassinatos, mais de 5 por mês (entre as vítimas, 16 jovens de 15 a 29 anos, 01 adolescente e 06 mulheres). No quadro dos últimos 25 anos, número superior a esse só em 2003, com o registro de 73 assassinatos;

* 1.079 ocorrências de conflitos por terra, (ações em que há algum tipo de violência – expulsão, despejo, assassinatos, tentativas de assassinato, ameaças de morte, prisões etc). É o número mais elevado nos 32 anos de registros da CPT;

* 1.295 no total do conjunto dos conflitos por terra – soma de ocorrências, ocupações/retomadas, acampamentos – média de 3,8 conflitos por dia. Número mais elevado desde 2006;

* 172 conflitos pela água, número mais elevado desde quando a CPT iniciou o registro em separado destes conflitos em 2002;

* 1.536 conflitos no campo – soma de conflitos por terra, pela água e trabalhistas – média de 4,2 conflitos por dia. Número mais elevado desde 2008;

Essa violência avança, como em anos anteriores, para as novas áreas de expansão do capital, notadamente a Amazônia e o Cerrado.

Na Amazônia, se concentraram 57% das ocorrências de conflito, e 54% das famílias envolvidas em conflitos por terra. Como a região abriga só 12% da população brasileira pode-se ter uma noção da intensidade dos conflitos que lá ocorrem.

O Cerrado, nos lembra Carlos Walter Porto-Gonçalves, “principal área de expansão/invasão do agronegócio” … “detém 14,9% da população rural do país, mas registrou 24,1% do total das localidades envolvidas em conflitos, o que lhes dá um índice de 1,67 ou seja, o número de conflitos é relativamente maior (67%) do que sua população”.

Leonardo Boff constata que “somos herdeiros de quatro sombras que pesam sobre nós e que originaram e originam a violência”. São: o nosso passado colonial violento, o genocídio indígena, a escravidão, “a mais nefasta de todas”, e a Lei de Terras que excluiu os pobres e afrodescendentes do acesso à terra, e os entregou “ao arbítrio do grande latifúndio, submetidos a trabalhos sem garantias sociais”. 2016 transcorreu debaixo destas sombras e elas penetram implacavelmente 2017. 

Conflitos No Campo Brasil 2016 by Conceição Lemes on Scrib


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