Wanderley Guilherme dos Santos: Fora com os usurpadores!

Tempo de leitura: 2 min

temer e serra

A mensagem popular é clara: Fora com os usurpadores! 

por Wanderley Guilherme dos Santos, no Segunda Opinião 

O governo interino de Michel Temer age com a truculência de força de ocupação em território estrangeiro: desconsidera a história local, subverte os laços de solidariedade e cancela as políticas aprovadas coletivamente. Mesmo um governo de oposição eleito segundo as regras do jogo evita bagunçar a vida da comunidade, e não só porque os padrões de relacionamento entre o poder público e os grupos da sociedade estão incorporados ao cálculo de futuro das pessoas.

A prudência recomenda reconhecer que são vocacionadas para o fracasso as tentativas de apagar completamente os vestígios dos antecessores. O custo seria elevadíssimo, a fraude descomunal e o desmascaramento certo. Explicam-se, portanto, as idas e vindas das autoridades interinas, a atabalhoada adoção de políticas antes anunciadas pelo governo destituído e a pirraça de renomear o que já existe.

Baratas tontas enfurecidas e míopes. Acresce o comprovado envolvimento em traficâncias da maioria dos mandachuvas interinos, com previsão de que não causará surpresa se o próprio presidente precário vier a ser exposto como estrela da turma. Tudo depende da capacidade dos líderes da Lava-Jato e outros figurões de continuar filtrando o resultado de delações, batidas espetaculares e conduções coercitivas.

Até agora os golpistas têm conseguido levar a vida na flauta, sorridentes, deputados, senadores e ministros, embora o júbilo proporcionado pelo sucesso do assalto esteja sendo substituído, em todos, por caras de paisagem.

O impacto farsesco contamina o Supremo Tribunal Federal, obrigado a empenhar monumental esforço para emprestar ração modestíssima de autenticidade a deliberações de teor antecipado em editoriais intimidantes.

Não há como disfarçar a repetida coincidência entre o desempenho do judiciário e o interesse de apressados golpistas. Nem escapa ao conhecimento da opinião pública a voracidade rentista da corporação, embaralhando tratativas constitucionais com irrefreável apetite salarial e por benesses colaterais. Destituído de solenidade crível, a teatralidade das sessões e a linguagem pedantemente rococó, quando não francamente charlatanesca (em despacho, o juiz Sergio Moro registra sua “cognição sumária”, pois aos iniciados não sucedem pedestres “primeiras impressões”), são como cartas de amor, embaraçosamente ridículas. Sem a inocência do lirismo de Fernando Pessoa, contudo.

Nada se sustenta. Podem os interinos tentar seduzir a audiência com promessas de executar um salto mortal triplo, sem rede, mastigar sem hesitação lápides fúnebres e beber seis taças de mercúrio cromo. Tirante a irrelevância das fanfarronadas, nem essas são honradas por usurpadores.

Cabe aos eleitores afanados de seus direitos recusar-lhes obediência, interpelar a infalibilidade do Supremo Tribunal Federal por infidelidade constitucional e manter o democrático escracho, forma de coação moral dentro da legalidade, até que os usurpadores renunciem ou saiam eleitoralmente derrotados em 2016 e 2018.

Pactos laterais constituiriam assassinato pelas costas ao enorme contingente de brasileiros que, desde logo, sublevou-se contra o golpe parlamentar.


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Serjão

Sobre a facção dos bandidos travestidos de pastores:
¨…Em 64 os EUA enviaram muitos missionários para cá, e alguns, inclusive, eram agentes da CIA…¨
https://www.youtube.com/watch?v=629EjZL3bd4

FrancoAtirador

.
.
Entrevista: Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães
.
Diplomata Brasileiro, Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais,
pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), em 1963,
– inciando nesse mesmo ano a Carreira Diplomática no Itamaraty –
e Mestre em Economia pela Boston University (1969).
.
Concedida ao Jornalista Martin Granovsky, do Jornal Página/12.
.
Página/12: O Governo Temer é Legitimo?
.
Samuel Pinheiro Guimarães:

O Governo, Interino, de Michel Temer é o Resultado
de uma Conspiração de que participaram,
de forma coordenada:

os políticos envolvidos em denúncias de corrupção;

os políticos e partidos de oposição, como o PSDB,
inconformados com a inesperada derrota, por estreita margem,
nas eleições de 2014;

os políticos e partidos conservadores, do ponto de vista social,
como os evangélicos;

os meios de comunicação, em especial o sistema Globo,
com dezenas de estações de televisão, de rádios, jornais e revistas;

o Poder Judiciário, desde o Juiz Sergio Moro, messiânico e disposto
a praticar em sua luta contra a corrupção atos ilegais de toda ordem,
aos Ministros do Supremo que, podendo e devendo,
não o disciplinaram;

os interesses estrangeiros que viram, nas dificuldades econômicas,
oportunidade de reverter políticas de defesa dos capitais nacionais
para promover a redução do Estado e a abertura aos bens
e capitais estrangeiros, como o caso da Petrobras,
das riquíssimas jazidas de petróleo do pré-sal,
do Banco do Brasil e do BNDES;

o mercado financeiro, isto é, os grandes investidores
e milionários que são os 71.440 brasileiros
cuja renda mensal média é de 600 mil dólares;

os rentistas, temerosos de uma politica de redução das taxas de juros;

as associações de empresários como a FIESP, a FEBRABAN, a CNI, a CNA;

os defensores de políticas de austeridade que visam a redução
dos programas sociais, revisão dos direitos dos trabalhadores,
equilíbrio fiscal pela redução do Estado, dos programas sociais,
dos investimentos do Estado, da fiscalização dos abusos de empresas;

e, finalmente, os deputados, senadores, economistas e jornalistas,
intérpretes, porta-vozes e beneficiários destes interesses.

A presidente Dilma Rousseff foi afastada
por uma Câmara de Deputados sob a presidência e o comando
do notório Deputado Eduardo Cunha, corrupto e afastado,
logo em seguida, pelo Supremo Tribunal Federal,
que poderia tê-lo afastado antes,
e depois por uma Comissão de Senadores
e agora, afastada, aguarda resultados da Comissão do Senado
e da votação pelo Plenário do Senado que julgará seu impeachment.

Neste processo, centenas de deputados e senadores,
acusados ou processados por corrupção,
votaram pelo processo de impeachment,
sem que houvesse nenhuma prova de ato ilícito praticado
pela Presidente Dilma.

367 Deputados e agora, eventualmente, 54 Senadores,
representantes dos mais conservadores setores sociais,
dos indivíduos mais ricos em uma das sociedades mais desiguais do mundo,
dos interesses estrangeiros mais vorazes,
poderão anular o resultado de eleições em que 54 milhões
de brasileiros escolheram a Presidenta Dilma Rousseff
e a continuidade de um projeto de desenvolvimento social,
econômico e politico do Brasil que se iniciou em 2003,
e derrotaram um projeto neoliberal, submisso e reacionário.

A composição do Ministério indicado por Michel Temer,
suas ligações ostensivas, e manifestadas publicamente
pelos próprios Ministros, com os interesses econômicos
e conservadores e as acusações de corrupção
que sobre eles pesam indicam perfeitamente o caráter
da conspiração que derrubou Dilma Rousseff,
cujo objetivo final é a recuperação total do poder
nas eleições de 2018.
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Íntegra em:
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/-Houve-uma-conspiracao-no-Brasil-/4/36202
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Leia também: “La Republica del Viagra”
http://www.pagina12.com.ar/diario/dialogos/21-300539-2016-05-30.html
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