Stédile: Economia que sustentou Lula e Dilma bateu no teto

Tempo de leitura: 11 min

Stédile: “o neodesenvolvimentismo chegou ao seu limite”

Segundo a liderança mais expressiva do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, programa do governo de conciliação de classes “bateu no teto”.

Por Léa Maria Aarão Reis, do Rio de Janeiro, na Carta Maior

“A reforma agrária fixa o homem no campo e desfaveliza o país.” É a ideia central, hoje, do discurso que, com perseverança, põe em prática há 35 anos, o fundador e uma das lideranças mais expressivas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o economista gaúcho João Pedro Stédile, de 61 anos.

Carismático, um dos pensadores de raiz marxista e dos ativistas de esquerda mais importantes do país, Stédile não hesita em dizer: “Perdeu-se a oportunidade histórica de fazer a chamada reforma agrária clássica no Brasil.”

Para ele, o importante agora é a luta resultante da aliança entre os trabalhadores do campo e os da cidade – os que farão a reforma agrária popular.

E acrescenta: “A cidade grande é o inferno em vida para o camponês, pois sobra para ele a favela e a superexploração.”

Gaúcho nascido na cidade de Lagoa Vermelha, região de agropecuária do nordeste do Rio Grande do Sul, nesta entrevista exclusiva a Carta Maior João Pedro relembra três datas seminais do MST, 17 de abril: o Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária, o Dia Mundial da  Luta Campesina e os 18 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, quando 1500 trabalhadores rurais foram brutalmente agredidos pela Polícia Militar do estado e 19 trabalhadores foram por ela assassinados.

Privatizações de terras, de acesso aos minérios – do subsolo do país –, de águas, fontes naturais, lençóis freáticos, e até do ar da Amazônia estão na pauta da nossa conversa assim como o tema do agronegócio: “A mídia é a arma para protegê-lo e aos seus lucros,” lembra o líder do MST.

Carta Maior: Quais as mudanças nas ações do MST a partir deste ano?

Stédile: A reflexão coletiva no MST e na Via Campesina Brasil é a de que, no passado, estava posto um programa de reforma agrária que visava resolver o problema de terra de trabalho, e ao mesmo tempo desenvolver as forças produtivas, o mercado interno para a indústria nacional e assim participava do processo de desenvolvimento nacional.

Esse tipo de reforma agrária ficou conhecido como reforma agrária clássica. Ele se realizava quando havia condições de uma aliança tácita entre os camponeses que precisavam de terra e a burguesia industrial, que precisava de mercado interno.

No Brasil, chegamos mais próximo dessa possibilidade na crise da década de 60 quando o governo Goulart apresentou um projeto de reforma agrária clássica, que era também revolucionário para a época.

Ele apresentou o projeto dia 13 de março e caiu dia 1 de abril. Mais tarde, esse programa poderia ainda ter sido implementado na redemocratização do país, no governo Tancredo, quando José Gomes da Silva, nosso maior especialista em reforma agrária clássica foi presidente do Incra.

Ele preparou um plano que previa assentar 1,4 milhões de famílias em quatro anos. Apresentou ao Sarney dia 4 de outubro e caiu dia 13 de outubro de 85. Quando Lula chegou ao governo também imaginávamos que esse programa poderia ser retomado. Mas aí o contexto econômico e político já era outro. E a reforma agrária clássica ficou nas calendas.


CM: A reforma agrária clássica, então, não tem mais sentido aqui no Brasil? E o que é projetado no lugar dela para que se cumpra, enfim, a justiça social e econômica no campo?

Como eu disse: a reforma agrária clássica visava resolver a questão do trabalho no campo e o desenvolvimento industrial com mercado interno. Nos tempos atuais, o que hegemoniza o capitalismo é o capital financeiro e as empresas transnacionais que controlam o mercado mundial de alimentos.

Para essa classe dominante não interessa mais reforma agrária, de nenhum tipo, pois eles não precisam de mercado interno, nem de camponeses, nem de indústria nacional. E por isso estão implementando um novo modelo de controle da produção agrícola pelo capital, que é o agronegócio.

O agronegócio representa os interesses apenas dos grandes proprietários de terra, do capital financeiro e das empresas transnacionais. Um modelo baseado na monocultura, em que cada fazenda se especializa num só produto como soja, cana, pastagens ou eucalipto. (No Brasil de agora, 80% de todas as terras se dedicam apenas a esses cinco cultivos.)

Em lugar de usar mão-de-obra eles fazem uso intensivo de máquinas agrícolas e de venenos, ambos controlados pelas empresas transnacionais. Destroem o meio ambiente, pois o único objetivo é o lucro máximo. E estão completamente dependentes do capital financeiro, que adianta o crédito para que comprem os insumos das empresas transnacionais — e assim se fecha o ciclo.

Meia dúzia de empresas fica com o lucro, e o povo fica desempregado e com passivo ambiental, que já está afetando o clima até nas cidades. Por isso, não interessa mais reforma agrária clássica para a classe dominante atual. E ela está inviabilizada para os camponeses.

Então, nós temos levantado a tese da necessidade de lutar por um novo tipo de reforma agrária que chamamos de reforma agrária popular.


CM: O que você chama de “reforma agrária popular”?



Diante dessa nova realidade agrária, com o domínio do capital internacional e financeiro, fizemos um intenso debate dentro do MST que envolveu toda nossa militância, nossa base, intelectuais e professores, amigos, durante dois anos. E terminamos com a realização do evento do VI Congresso Nacional há menos de dois meses, em fevereiro deste ano onde aprovamos essa formulação da necessidade de uma reforma agrária popular.

Reforma agrária popular porque agora ela precisa atender não só as necessidades dos camponeses sem terra, que precisam trabalhar. Mas as necessidades de todo o povo. E o povo precisa de alimentos, alimentos sadios, sem venenos, precisa de emprego, precisa de desenvolvimento da agroindústria, precisa de educação e cultura.

Então, o nosso programa de reforma agrária de novo tipo, parte da necessidade de democratização da propriedade da terra, fixando limites, e propõe a reorganização da produção agrícola, priorizando a produção de alimentos sem venenos.

Para isso precisamos adotar e universalizar uma nova matriz tecnológica que é a agroecologia. E foi isso que pedimos ao Silvio Tendler para mostrar em seu novo documentário, O veneno está na mesa 2.
 
Como é possível e necessária a matriz da agroecologia para produz alimentos sadios que beneficiam toda a população e evitam as enfermidades, sobretudo o câncer, provocado pelos alimentos contaminados por agrotóxicos.

O Instituto Nacional do Câncer advertiu que, neste ano de 2014 teremos 526 mil novos casos de câncer entre os brasileiros. A maior parte deles de mama e de próstata. Precisamos uma reforma agrária que valorize a vida no interior, gerando emprego para jovens. E para isso propomos a implantação de milhares de pequenas agroindústrias na forma de cooperativas que vão dar emprego a milhões de jovens que precisam estudar.

Propomos a democratização da educação para que todos tenham os  mesmos direitos e oportunidades sem sair do meio rural.


CM: Você tem denunciado que nesse modelo do agronegócio privatiza-se até o ar. Como é isso?

De fato, entre as características desse novo modelo do capital, é que este, agora mais poderoso, pois é dominado pelo capital financeiro e pelas empresas transnacionais, quando chega à agricultura, eprocura se apropriar de todos os recursos naturais para tirar lucro máximo.

Em períodos de crise capitalista no hemisfério norte, como o que estamos vivendo, essa necessidade deles aumenta, pois a apropriação privada dos recursos naturais, seja terra, minérios, água, energia elétrica, é fonte inesgotável de uma renda extraordinária, mais além da exploração do trabalho. Pois os recursos estão na natureza, e eles, ao se apropriarem desses recursos, colocam no mercado a preços bem acima do seu valor, medido pelo custo de produção.

Para isso, desde a implantação da hegemonia do neoliberalismo, foram impondo condicionamentos jurídicos, em todos os países do mundo, sob orientação dos Estados Unidos e dos organismos internacionais a seu serviço, como FMI, OMC, Banco Mundial, para garantir a propriedade privada de bens da natureza. Então, pela lei de patentes (aprovada em 1995), eles agora podem ser donos das sementes. Para isso fazem mudanças genéticas e dizem que é um novo ser vivo, transgênico, produzido em laboratório.

Privatizaram as águas. Seja nos lençóis freáticos, seja nas fontes naturais. Privatizaram o acesso aos minérios.

CM: As riquezas do subsolo do país, propriedade da população e que deveriam estar a serviço do povo não escaparam desse processo de espoliação.

O Brasil concedeu, nos últimos anos, sob a gestão da velha Arena, que até hoje não largou a teta do Ministério de Minas e Energia, mais de oito mil licenças de mineração no nosso subsolo para empresas privadas que deveriam estar a serviço de todo povo. E agora, como você disse, estão tentando privatizar o oxigênio produzido pelas florestas nativas.

Medem pelo GPS a quantidade de oxigênio produzido pelas florestas, emitem um documento que estabelece certo valor e isso se converte em dólares como crédito de carbono que é vendido na Europa para as empresas poluidoras se justificar e assim continuarem poluindo. Aqui, no Brasil, até a empresa Natura está praticando isso.

CM: Como agem as transnacionais dessa área no Brasil, hoje?

Para se ter uma ideia, por outro lado, em termos de valores,  da crise mundial de 2008 para cá entraram no Brasil mais de 200 bilhões de dólares que foram aplicados em recursos naturais. Somente no setor sucroalcoleiro, que era propriedade da tradicional burguesia nacional, agora apenas três empresas transnacionais (Cargill, ADM e Bungue) controlam mais de 50% de todo setor.

CM: Muito importante você enfatizar estes temas: mudança de parâmetros da agricultura no país e uma agricultura voltada para a produção de alimentos. Quais os novos parâmetros?



Nossa análise coletiva considera que a organização da produção de alimentos e dos produtos agrícolas tem que estar submetida a outros parâmetros. Os capitalistas, com seu modelo do agronegócio, fundam sua ação baseados apenas no paradigma da produção de mercadorias para o mercado mundial, na busca incessante do lucro máximo, do aumento da produtividade do trabalho e da produtividade física de cada palmo de terra.

Nós queremos reorganizá-la baseada em outros parâmetros. Baseados na história da civilização que sempre viu os alimentos como um bem – e não como mercadoria. Visão de que todos os seres humanos têm direito a se alimentar.

Na produção agrícola em equilibro com a natureza, e não contra ela. E, sobretudo, organizando a produção para dê trabalho para as pessoas, para que  elas tenham renda e possam viver em boas condições e felizes, no interior, sem cair na ilusão de que somente serão felizes se vierem para a cidade grande. Cidade grande é o inferno em vida para o camponês. Pois sobra para ele apenas a favela e a superexploração.


CM: Mas e a bancada ruralista, com trânsito livre nos palácios de Brasília… e o agronegócio – não aceitam esses parâmetros…



Claro, eles são os porta-vozes da classe dominante. Os capitalistas, para manterem seus altos lucros no campo espoliam a natureza e expulsam o povo do interior e se protegem num estado burguês, que é o estado brasileiro. Protegem-se fazendo leis apenas para seus interesses, como fizeram nas mudanças do código florestal etc.

Protegem-se com o seu poder judiciário que é o poder ainda monárquico, que inviabiliza as desapropriações para reforma agrária, que impede a legalização das terras indígenas e de quilombolas, que impede inclusive as desapropriações das fazendas com trabalho escravo, como determina a Constituição — mas que eles não cumprem.

E tudo isso é respaldado pela mídia televisiva, sobretudo a Globo, a Bandeirantes, SBT, que manipulam todos os dias o nosso povo para lhes dizer que o agronegócio é a única solução. Que o agronegócio é que sustenta o Brasil, quando é justamente o contrário. A mídia é a arma ideológica para proteger o agronegócio e seus lucros.


CM: Como se dará a mudança do foco das ações, deslocado para o urbano? Como é esta aliança do MST com as cidades?

O nosso programa de reforma agrária popular implica agora em envolver todo o povo, pois ela não interessa apenas aos sem-terra. E, portanto, temos que explicar ao povo, à classe trabalhadora que a reforma agrária é necessária para ele se alimentar melhor, de forma sadia, sem venenos.

Que o programa de agroindústrias vai dar emprego, que universalizar a educação no interior vai gerar milhões de empregos para educadores etc.
 
Esta aliança vai se fazendo através da construção de uma consciência coletiva de todas as classes trabalhadoras.

Por um plano de lutas conjunto que envolva a todos na luta por mudanças sociais. E, sobretudo, num programa político de mudanças para o país que unifica todos os setores da classe trabalhadora da cidade e do campo.

Tudo isso leva tempo, exige energias, mas é o caminho para construirmos verdadeiras mudanças na cidade e na agricultura. Para isso teremos que travar muitas batalhas, passar por muitos “pedágios” que a classe dominante vai nos impor.

CM: E as cidades? A cidade virou um grande negócio que alija os mais pobres cada vez mais para os seus confins. Mas como mudar isto? 
 

Os territórios urbanos, as cidades e suas periferias também estão sendo vitimas desse modelo do grande capital que igualmente quer a renda extraordinária nas cidades, conquistada através da especulação sobre os preços dos prédios, dos terrenos, dos espaços urbanos.

A diferença entre o valor real de uma casa, de uma praça, de um prédio, e o preço de mercado, que eles impõem, é que representa a renda da qual eles se apropriam e que toda sociedade acaba pagando.

Pior, os trabalhadores acabam sendo expulsos para as periferias de uma maneira permanente, e ali os transportes públicos não chegam. Ou foram privatizados. Ou são caríssimos.

Por isso, a bandeira de luta de tarifa zero para os transportes públicos em todas as grandes cidades é mais do que justo e é necessária.
 
A par de tudo isso, como tem defendido nossa querida professora Ermínia Maricato, somente uma grande reforma urbana que devolva ao povo o direito de usar a sua cidade. As cidades foram usurpadas do povo, e agora pertencem apenas aos especuladores, aos bancos e à indústria automobilística.

CM: O mais recente governo do PT foi decepcionante?

Os governos Lula e Dilma não foram governos do PT, nem da classe trabalhadora. Foram governos de composição de classe, que gerou um programa de governo do neodesenvolvimentismo, que se propunha a fazer a economia crescer, distribuir renda e retomar o papel do estado suplantando o mercado (dos tempos do neoliberalismo).

Nesse sentido eles cumpriram o programa, e nesse programa todas as classes ganharam um pouco, sendo que, como diz o próprio Lula, os banqueiros foram os que mais ganharam.
 
Mas esse programa e essa composição de classes, na opinião dos movimentos sociais, bateram no teto.

E agora já não conseguem mais resolver os problemas fundamentais do povo que ainda padece com falta de moradia digna, emprego qualificado, acesso à universidade, e transporte público civilizado.

As manifestações do ano passado foram o sinal de que o modelo do neodesenvolvimentismo chegou ao seu limite.
 
E como disse antes, espero que os setores organizados da classe trabalhadora construam um programa unitário de mudanças, e retomem a iniciativa das mobilizações de massa.

Isso permitiria termos, no futuro, governos também populares, que possam fazer as mudanças estruturais de que precisamos. Por ora, os movimentos sociais de todo país construíram uma unidade em torno da necessidade de uma reforma política que devolva ao povo a soberania para escolher seus representantes.

Já que, no regime atual, as empresas sequestraram as eleições. Veja: segundo o TSE, em torno de 2262 empresas gastaram mais de 4,6 bilhões de reais, nas últimas duas eleições sendo que 80% desses recursos foram de apenas 117 empresas. Ou seja, o novo colégio eleitoral que decide quem deve ser eleito, são essas 117 empresas que usam o dinheiro para elegê-los.

Isso precisa mudar, para salvar uma democracia frágil e capenga. Então, a necessidade urgente de uma reforma política. Para tanto, será necessário convocar uma assembléia constituinte soberana (na forma de ser eleita) exclusiva para essas mudanças.

CM: Mas a força do MST está intacta — ou não? Vinte mil trabalhadores foram protestar defronte do Planalto, dois meses atrás. Acabaram sendo recebidos pela Presidenta Dilma.

O MST é uma pequena parcela do conjunto das forças populares do povo brasileiro. Nós temos procurado nos manter unidos, resistindo à avalanche do capital e mantendo nossos projetos de mudança.

Outros setores da classe, influenciados pela pequena burguesia ou pela mídia, foram derrotados em seus projetos. Levamos nossos 15 mil militantes ao VI Congresso, como um espaço de unidade e de celebração de nossa mística da mudança. Por isso, fomos recebidos pela Presidenta, e apresentamos nossas idéias, sem ilusões.

As mudanças não vêm de palácios; vêm das ruas e de um povo consciente e organizado; sempre foi assim na historia da humanidade. E nós vamos seguir esse caminho.


CM: Esta semana, dia 17 de abril, mais uma vez é lembrada a data dos 18 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 1500 trabalhadores sem terra foram brutalmente agredidos pela Polícia Militar do Pará e 18 deles cruelmente assassinados por agentes daquela PM. Como está a situação do processo de punição dos policiais que participaram da ação criminosa? Como o MST está agindo sobre o assunto?

Nunca mais poderemos esquecer aquele  17 de abril de 1996, sendo presidente Fernando Henrique, quando a Polácia Militar do Pará, financiada pela empresa Vale, assassinou cruelmente 19 companheiros nossos. Posteriormente, outros dois vieram a falecer e há ainda até hoje 69 feridos, com sequelas graves.
 
O processo judicial se arrasta até os nossos dias. Apenas os dois comandantes foram condenados a mais de 200 anos de prisão.

Porém apelaram, e estão em prisão domiciliar num quartel da PM de Belém, em apartamentos com todas as regalias de oficiais. Tradicionalmente, todos os anos repetimos, no mesmo local, um grande acampamento com a nossa juventude do MST da regional amazônica, para que os nossos jovens não se esqueçam, e ajudem a lutar por justiça e por reforma agrária.

Em todo Brasil vamos fazer manifestações, cultos ecumênicos, e protestar perante o poder judiciário, que protege descaradamente apenas os interesses dos ricos e fazendeiros do país.

Entre as suas reformas estruturais, o Brasil precisa de uma reforma do judiciário que democratize e coloque esse poder sob controle da sociedade. Haja visto como se comporta o imperador Joaquim Barbosa, com suas estripulias, megalomanias e diárias em tempos de férias. Ainda bem que ele comprou um apartamento em Miami, e imagino que seu sonho é ir morar lá…

Em todo mundo, nos mais de cem países em que a Via Campesina está organizada haverá manifestações, pois esse dia 17 de abril foi declarado Dia Mundial da luta camponesa. E até aqui no Brasil, envergonhado, no último ano de seu governo, FHC assinou um decreto, declarando o dia 17 de abril, Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Então, nesse dia, é até legal você lutar pela reforma agrária.

Leia também:

Conceição Lemes, 33 anos de estrada: Uma resposta em público a O Globo


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Elson

Há pessoas que leem uma materia jornalistica e não assimila o que leem, quando o Stedile diz que o modelo adotado por Lula atingiu o teto, quiz dizer que com as mudanças ocorrida em todo o mundo devido a crise economica de 2008, aquele modelo já não tem mais como crescer, a reforma agraria popular é a mais adequada para a população do campo e da cidade. Os alimentos que chegam a mesa dos brasileiros estão carregados de “VENENO”, assisti a materia jornalistica pela tv, e fiquei estarrecido como estamos sendo envenenados diariamente,está tudo contaminado, para “DESCONTAMINAR” o alface para fazer uma salada, é preciso lavar o alface em agua corrente e depois por o alface uma mistura de agua sanitaria + agua filtrada por 30 minutos, e depois novamente lava-lo novamente com agua filtrada, pergunto que faz isso? segundo a reportagem, o pimentão é o alimento mais contaminado, portanto o que o Stedile defende é a produção de alimentos sem esses venenos, quem quizer continuar se “ENVENENANDO” pode fazê-lo, eu prefiro alimentos sem esses venenos, as questões abordadas são inumeras e pertinentes a existencia do homem, e a vida, e a qualidade de vida que ele pretende ter, só para informar aos brasileiros, o Brasil é um dos países maior produtor de alimentos, pergunto quantas redes de supermercados é brasileira?, infelizmente não temos nenhuma, todas eles são estrangeiras, assim como, somos um dos maiores consumidores de automoveis, e quantas montadoras genuinamente brasileira temos?, tambem nenhuma, qual o tamanho da economia Coreana?, e já possui montadora aqui no Brasil, a unica empresa que é orgulho para o mundo (PETROBRAS) os golpistas querem destruir para entregar aos bandidos do capital financeiro.

FrancoAtirador

.
.
O capital está vencendo. Como a esquerda pode barrá-lo?

Por Tarso Genro, na Carta Maior

As conquistas democráticas e sociais das nações estão bem mais ameaçadas depois da crise que se iniciou com o “sub-prime” [em 2008, nos U.S.A.], pois os governos são vítimas de uma pressão brutal para reduzir, ainda mais, a sua autonomia política e assim integrar-se, pacificamente, nas contaminações globais da crise.
Apresentar soluções internas, portanto, é também apresentar alianças de sustentação destas políticas no cenário internacional, para que as propostas não sejam voluntaristas ou demagógicas.

Caso as formações políticas e os governos não consigam apresentar alternativas aceitas pelo senso comum, dificilmente terão apoio popular para governar.
O seu fracasso – e o povo sabe disso – terá reflexo imediato como aniquilamento das conquistas de inclusão social, econômica e produtiva, que ocorreram no Brasil nos últimos dez anos.

Este é, na verdade – nos dias que correm – o dilema, tanto demo-tucano e marino-campista, como do extremismo corporativista e movimentista:
ambos deveriam responder qual é, nos quadros da democracia política, o efeito imediato na vida das famílias – especialmente das chamadas “novas classes médias” e dos trabalhadores – dos seus projetos concretos de Governo, demonstrando como é possível aplicá-los pela via democrática.

Os ataques à Petrobras, que vem sendo modulados, tanto pela direita neoliberal como pelas oposições anti-PT e anti-Lula – de corte direitista e esquerdista – talvez sejam a síntese mais representativa desta dificuldade.
O ataque, turbinado pela grande mídia, dá espaço para estes grupos políticos não dizerem, de forma clara (se fossem eleitos), o que fariam com a economia e com as funções públicas do Estado, no próximo período.
Unidos, esquerdismo e neoliberalismo, desta vez no ataque ao Estado – não somente ao Governo – ficam absolvidos de fazerem propostas para dizerem como o país deverá operar, gerando emprego e renda, ao mesmo tempo que se defende da tutela do capital financeiro e das pressões da dívida pública.

A desmoralização de um ativo público da dimensão da Petrobras, os ataques ao seu “aparelhismo” político, a crítica aos gastos públicos excessivos (programas sociais, na verdade), os ataques às políticas do BNDES – de forma combinada com um permanente processo de identificação da corrupção com o Estado e com os Partidos em geral – fecham um quadro completo do cerco ao país:
liquidem com a Petrobras e teremos o Estado brasileiro pela metade;
acabem com os gastos sociais e teremos uma crise social mais profunda do que a das jornadas de junho;
restrinjam o BNDES e o crescimento – que já é pífio – se reduzirá ainda mais; desmoralizem os partidos e a política e a técnica neoliberal substituirá o contencioso democrático.

Como os militares estão aferrados às suas funções profissionais e constitucionais e não estão para aventuras, o golpismo pós-moderno vem se constituindo através da direita midiática.
Esta, se bem sucedida no convencimento a que está devotada, encarregaria um novo Governo social-liberal da desmontagem do atual Estado Social “moderado”, obtido no Brasil num cenário mundial adverso.

Lido este cenário de refluxo da esquerda e de retomada dos valores do neoliberalismo selvagem, que devasta as conquistas da social-democracia européia, pode-se concluir que o debate verdadeiro no processo eleitoral em curso – momento mais importante da nossa democracia republicana concreta – é o seguinte:
ou o projeto lulo-petista se renova, baseado no muito que já fez e conquista novos patamares de confiança popular;
ou o refluxo direitista liberal, que assola a Europa, chegará em nosso país pela via eleitoral, legitimado por eleições democráticas.

A semeadura da insegurança, que precede as inflexões para direita estão em curso em todos os níveis e para responder a esta sensação manipulada – que vai da economia à segurança pública – é preciso dizer de maneira bem clara quais os próximos passos contra as desigualdades e contra perversão da política e das funções públicas do Estado.

Chegamos a um momento de defesa política de um modelo novo combinado com a velha luta ideológica.

Recentemente o MST, no seu Congresso Nacional, deu uma demonstração de acuidade política e clareza programática.
Fez a vinculação da questão agrária do país a um novo conceito de reforma:
vinculou as demandas particulares dos deserdados da terra à produção de alimentos sadios para os cidadãos de todas as classes, numa verdadeira rebelião agroecológica, que faz a disputa no terreno da produção e da política.
Particularmente ele se reporta àqueles que mais sofrem os efeitos “fast-foods”, turbinados por agrotóxicos e por malabarismos genéticos, cujos efeitos sobre a espécie humana ainda não são avaliáveis na sua plenitude.

Trata-se, na verdade, da superação de uma demanda particular de classe – uma reforma agrária baseada na mera redistribuição da propriedade – para um plano universal de interesse da totalidade do povo, sem a perda das suas raízes classistas.

Belo exemplo que vem do povo para ser absorvido e renovar a cultura política da esquerda.

O capital financeiro, no mundo, está vencendo, mas pode ser barrado pela imaginação criadora de uma esquerda que seja consciente da grandeza das suas tarefas nos momentos de refluxo.

O MST deu um belo exemplo.

A esquerda o seguirá?

Íntegra em:
(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-capital-esta-vencendo-Como-a-esquerda-pode-barra-lo-/4/30765)
.
.

    FrancoAtirador

    .
    .
    É necessário mudar o modelo!

    Por Jaciara Itaim*, na Carta Maior

    Apesar de toda a esperança que foi depositada na possibilidade de mudança a partir de 2003, o fato é que a essência da política econômica não foi alterada em relação ao período anterior.

    Tanto que o termo “desenvolvimento” só voltou a ocupar o espaço na agenda governamental depois da crise financeira de 2008.

    Os reflexos internos da crise internacional reforçaram a necessidade colocada pela realidade concreta de que o Estado retomasse seu papel de protagonista na busca de soluções estratégicas para o País.

    A urgência em minimizar as perdas do capital fez com que até mesmo os protagonistas do discurso ideológico liberal aceitassem ceder espaço para o pragmatismo “intervencionista”. Oh, quanta heresia!

    No entanto, descobriu-se uma enorme distância entre intenção e gesto.

    É verdade que a retórica desenvolvimentista recuperou seu fôlego e voltou a frequentar a cena. Mas os resultados das políticas públicas foram muito pouco expressivos, em termos efetivos.

    A metralhadora giratória de concessões de facilidades tributárias para todos os lados foi marcada pelo casuísmo e pela ausência de um projeto claro a respeito de suas verdadeiras intenções.

    A política de criação e fortalecimento das chamadas “multinacionais brasileiras” com recursos do BNDES acabou se concretizando no retumbante fracasso dos equívocos concedidos às empresas “X” de Eike Batista.

    A própria tentativa de construir um amplo sistema de apoio à fonte energética do etanol tampouco se revelou eficiente, inclusive pelo fato de que pouco depois de seu lançamento vêm à tona as descobertas das reservas petrolíferas do Pré-Sal.

    O momento atual é mais do que propício para uma mudança de modelo.

    São inúmeros os argumentos demonstrando a impossibilidade de se alcançar uma sociedade mais justa e mais igual apenas aguardando as vontades do setor privado e das forças do capital.

    Para superar essa dependência é fundamental articular os instrumentos da macroeconomia tradicional com as necessidades do desenvolvimento.

    Isso implica não mais aceitar as determinações frias que se revelam como resultados inquestionáveis de modelos econométricos.

    *Economista e militante por um mundo mais justo
    em termos sociais e econômicos.

    Íntegra em:

    (http://www.cartamaior.com.br/colunistas/530)
    .
    .

    Mauro Assis

    Ataques à Petrobras pela mídia??? Homem, essa! O que há a anos é o ataque ao caixa da empresa pelos que a aparelharam.

Isabela

Essa figura é emblemática: como é lúcido! Um cara de fibra, fala tantas verdades e me orgulha tanto. É um conforto que sejamos contemporâneos, em tempos de tanta gente fraca….

Guanabara

Mais uma vez entro na questão do “como?” Como viabilizar as ideias de Stédile e cia? Digo isso pelo seguinte: no próprio texto ele mostra que os meios tentados pelo movimento não foram eficazes, enquanto que os meios utilizados pelos seus adversários não só são citados no texto, como mostraram-se altamente eficazes, uma vez que mantiveram o status quo.

Essa questão da favelização, por exemplo, eu não vejo mais a reforma agrária como solução e, aparentemente sem querer, ele toca no ponto crucial da educação. Não existe país desenvolvido e com renda bem distribuída com povo analfabeto. A classe D, hoje em dia, ligada em televisão, incluída marginalmente na sociedade de consumo, tem esse desejo de maior inclusão nessa mesma sociedade devido à forte propaganda consumista midiática. E, sinceramente, duvido que esse povo que abandonou o interior rural pobre, migrou para as cidades para morar em favelas que, mesmo extremamente precárias, ainda possuem algum tipo de serviço público de saúde, por exemplo, que em suas regiões de origem não possuem, aceitem ou decidam regressar a suas terras de origem. Hoje, eles já procriaram, seus filhos e netos já nasceram nas metrópoles e têm desejos de consumir. Não acredito que essa geração tenha esse desejo de trabalhar a terra. O MST não teve êxito em seus objetivos e falta luta pra mudar os meios de se conseguir esses objetivos. Enquanto isso, o agronegócio prevalece (como ele mesmo fala), com o lucro justificando os (quaisquer) meios, e a classe D fica hipnotizada na Globo, sem que os governos de quaisquer esferas esforcem-se para mudar isso.

Ary Gurgel

O Stédile deveria ser candidato a Presidente pelo menos uma vez.
Além de elevar o debate com seu discurso direto (o que é Randolfe?), iria encher o saco dos inimigos da verdade.
Claro que invibilizariam de todas as formas seu acesso aos debates. Ele poderia responder ao boicote sendo entrevistado no mesmo horário na internet.
Sua candidatura animaria a eleição – que, como é sabido,terá a maior taxa de abstenção da história.

J Souza

Outras perguntas.
Essa “construção de uma consciência coletiva” não passaria pelos professores?
Os professores concordam com as diretrizes do MST?
Ou os professores preferem as diretrizes da Fundação Roberto Marinho? Ou as da editora Moderna?
O MEC está de qual lado?

Sagarana

Alguém pode me indicar algum assentamento que está dando certo?

    Roberto Locatelli

    De que planeta você veio?

    Isabela

    O de Lucena, na Paraíba: fica na serra. O governo federal realiza um projeto por lá, em que compra a produção pra distribuir à população (parceria com a prefeitura e uma entidade chamada Mãos que se ajudam). São mais de 400 famílias beneficiadas. Eles têm também uma feira livre, de sucesso.

FrancoAtirador

.
.
JÁ PASSOU DA HORA DE @S BRASILEIR@S SE APROPRIAREM DA RIQUEZA DO BRASIL
.
.
Os United States of America têm o maior PIB do mundo: cerca de US$ 16 trilhões.

Entretanto, registra a maior disparidade de renda de todos os países do Ocidente.

Hoje em dia, os Executivos das principais Corporações Econômicas dos U.S.A.
ganham 331 vezes mais do que um trabalhador médio norte-americano.

Segundo a base de dados de 2014 da Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO, na sua sigla em inglês), os executivos de 350 empresas do país ganharam em média 11,7 milhões de dólares no ano passado, em comparação com um trabalhador médio, que recebeu 35.293 dólares.

(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Executivos-dos-EUA-ganham-331-vezes-mais-do-que-um-trabalhador-medio/7/30751)
.
.
O PIB ainda faz sentido?

O êxito econômico de um determinado país medido pelo Produto Interno Bruto (PIB)
é suficiente para avaliar a situação de sua economia e de seu povo?

(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Deu-na-BBC-o-PIB-ainda-faz-sentido-/7/30760)

O melhor teste para descobrir se uma sociedade é justa

(http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-melhor-teste-para-descobrir-se-uma-sociedade-e-justa)
.
.
COEFICIENTE DE GINI

AMÉRICA LATINA

.
.
29/11/2013 – 10h15

IBGE: 10% mais ricos têm 42% dos rendimentos do país

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Apesar da melhoria no índice de Gini, que mede a desigualdade na distribuição de renda dentro do país,
os 40% mais pobres da população brasileira eram responsáveis por 13,3% da renda total do país,
enquanto os 10% mais ricos tinham 41,9% em 2012.

Os dados foram divulgados hoje (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na pesquisa Síntese de Indicadores Sociais – Uma análise das condições de vida dos brasileiros.

O Índice de Gini caiu de 0,556 em 2004 para 0,507 em 2012 – quanto mais próximo de 0, melhor a distribuição da renda.

Se em 2002 os 10% com os maiores rendimentos ganhavam 16,8 vezes mais do que os 40% com as menores rendas, a proporção caiu para 12,6 em 2012.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2013, que analisou os dados de 2012, no ano passado 6,4% das famílias recebiam até um quarto de salário mínimo por pessoa
e 14,6% estavam na faixa entre um quarto e meio salário mínimo per capita.

Entre 2002 e 2012, a participação de outras fontes de renda, que não o trabalho, para o grupo de até um quarto de salário mínimo passou de 14,3% para 36,3%.

Já para as famílias com rendimento per capita entre um quarto e meio salário mínimo, a participação das outras fontes passou de 6,5% para 12,9%.
Nessa categoria de rendimentos entram os programas de transferência de renda do governo.

A questão racial também é destacada na desigualdade de rendimentos.

Em 2002, nos 10% mais pobres da população, 71,5% eram pretos e pardos e 27,9% eram brancos, enquanto o 1% mais rico era composto de 87,7% de brancos e 10,7% de pardos.

Em 2012, a proporção passou para 75,6% de negros e 23,5% de brancos entre os 10% com menores rendimentos e para 81,6% de brancos e 16,2% de pretos e pardo no 1% da população com as maiores rendas.

Edição: José Romildo

(http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2013-11-29/ibge-10-mais-ricos-tem-42-dos-rendimentos-do-pais)
.
.

Narr

Reforma agrária e respeito ao meio-ambiente é o programa da Marina Silva e não da Dilma.
O problema é que o agronegócio virou sustentador do PIB do Brasil. Quebrá-lo custaria muito caro.

    Ulisses

    A marina está agregada ao Banco Itaú e a Natura. Como preservar a natureza sendo dependente destes empresário? O marido da marina está envolvido com comercio ilegal de madeira. Depois que a marina saiu do ministério, as taxas de desmatamento caíram na Amazônia. Como confira nesta pessoa? Para mim, a marina se perdeu lá nos seringais do Acre, se é que um dia a marina não fosse um blefe?

    Mauro Assis

    Narr,

    Quebrar o agronegócio é quebrar o Brasil, bicho!
    Do Plano Real prá cá a produção agrícola tem sido a âncora da nossa estabilidade econômica, batendo recorde atrás de recorde de produtividade.

    Me diga: que outra riqueza temos para impulsionar o nosso crescimento? O petróleo do pré-sal? Podia até ser, se a incompetência e a bandidagem da Petrossauro deixassem…

    Nelson

    E não quebrá-lo custaria 500 vezes (sendo módico) o “muito caro” que tu imaginas, Narr.

    Nelson

    Para corrigir a conjugação do verbo.

    E não quebrá-lo custará 500 vezes (sendo módico) mais o “muito caro” que tu imaginas, Narr.

Mauro Assis

Medir teor de carbono com GPS… putz! É cada uma!

    Nelson

    O Stédile vem falar sobre questões de fundamental importância para nós brasileiros e também para o restante do planeta e o Sr Assis se atém a detalhezinhos.

    Se não tens opinião sobre essas questões, fundamentais, repito, poderias limitar-se a tentar ler e a tentar compreender o que o Stédile quis dizer. Já estaria de bom tamanho.

raimundo santana novaes

Não vejo nas palavras de Stedile uma crítica mórbida aos governos de Lula e Dilma,mas sobre uma conjuntura que permitiu apenas os resultados que conmhecemos e, que que na avaliação dele,não pode ser expandida por conta do capital financeiro que engessa o governo e o impede de realizar uma política mais eficiente com relação aos anseios dos movimentos sociais. O leque de alianças que o PT teve que aceitar para chegar ao governo alimenta o conservadorismo dentro do governo e é um fator limitador da política que ele chama de neodesenvolvimentista. Em nenhum momento ele clama por um governo neoliberal,Justiça seja feita!!!!

Mário SF Alves

Stédile,

A luta do MST já ultrapassa fronteiras. É luta potencialmente vocacionada a ser luta de âmbito mundial.

Imagine poder desenvolver uma nova matriz tecnológica, e, a exemplo do PROÁLCOOL, inteiramente nacional e totalmente livre das megacorporações sequestradoras de Estados e pirateadoras de genes. Imagine, com isso, poder livrar os agricultores da desgraça que é [e tende a se agravar] a sujeição econômica às indústrias agroquímicas. Imagine poder livrar a Humanidade dos venenos e dos transgênicos. Imagine livrar os norteamericanos e nós mesmos da sentença de morte imposta pela indústria da obesidade crônica. Imagine poder livrar os norteamericanos daquela fome compulsiva.

Imagine poder fazer tudo isso e ainda contribuir para a superação do cruel, vergonhoso, humilhante e injustificável subdesenvolvimentismo capitalista (trans)NaZional.

Imagine poder fazer tudo isso e, de quebra, poder salvar as abelhas.

    Nelson

    “Imagine poder desenvolver uma nova matriz tecnológica,(…), inteiramente nacional e totalmente livre das megacorporações (…)”.

    Amigo Alves. Imaginar isso é perigoso, extremamente perigoso.

    O que você está a imaginar, simplesmente, pulveriza um campo farto em lucros para essas megacorporações. Elas deixarão de arrebanhar os imensos ganhos que têm em nosso país.

    E aí, amigo Alves, a coisa não ficará só no Brasil. Os argentinos, que vivem num país também enorme, certamente, irão querer algo semelhante. E os mexicanos, e os colombianos, e os peruanos, etc…

    E então, num “efeito dominó”, as megacorporações passarão a perder, um a um, os espaços nos quais retiram seus gordíssimos lucros. E elas, para evitar isso, certamente, buscarão a proteção no maior aparato militar que a humanidade já viu.

    É, sem dúvida, magnífico imaginarmos isso. Mas, para concretizarmos, será necessário muito debate entre os trabalhadores rurais e urbanos, como enfatiza o Stédile. E muita luta, por supuesto.

Ulisses

Como economia bateu no teto? Estamos no início de um novo país. Milhões ainda vivem com condições mínimas de sobrevivência. Bolsa família é um programa emergencial para acabar com a fome e miséria absoluta. Mas muita coisa ainda está para resolver. Temos os níveis mais baixos de habitantes com curso superior / população entre as nações industriais. Milhões ainda faltam ascender a verdadeira classe média. Milhões ainda não tem casa. Os salários para chegar ao mínimo real teriam de triplicar. A verdadeira reforma agrária só existirá quando tivermos um país justo. Se voltarmos à política neoliberal do nosso novo FHC Aécio ou ao novo Collor Traíra Eduardo Campos, o risco de tudo se perder e voltamos as trevas é grande. Acham que estes governos preservarão o programa Bolsa Família? Os programas de incentivo ao curso superior. Os concursos públicos? As universidades federais e escolas técnicas? Os programas de investimento PAC que nos deram os estaleiros, a transposição do S. Francisco, as novas refinarias da Petrobras, 1,5 milhões de moradias, as novas usinas hidroelétricas e permitiram financiamentos pelo banco do Brasil, Caixa e BNDS para pobres e classe baixas? Estes novos FHC estão atolados até a alma com o que mais de nocivo e impopular existe neste país. Empresários, banqueiros e juízes que querem apenas o lucro e juros altos, pouco se importando para o país e seu povo. É com idiotas como este Stedile que a direita conta para voltar ao poder, coisa que perderam por apenas 12 anos e que foi suficiente para revolucionar o Brasil. Eles estiveram por 502 anos governando o Brasil e qual foi o resultado disto? Até 2002 o Brasil era motivo de piada no mundo. Hoje, eles enxergam um país soberano, sério e respeitado no Mundo. Vocês querem que voltemos a vender o resto do nosso país aos neoliberais? Quer que voltemos a ser o país da chacota do mundo? Quer que voltemos ao FMI de joelhos?

    Mário SF Alves

    É isso, Ulisses. É isso que tento insistentemente alertar quando menciono a inadiável luta pela superação definitiva do capitalismo subdesenvolvimentista que foi imposto ao Brasil. A luta de Jango, há 50 anos atrás, pode ter sido exatamente essa.

    Por isso considero imprescindível que se envide todos os esforços possíveis na luta pela consolidação da democracia em nosso País. Na concretização da transição democrática, enfim.

    Parabéns!

    _______________________________
    “Como economia bateu no teto? Estamos no início de um novo país. Milhões ainda vivem com condições mínimas de sobrevivência. Bolsa família é um programa emergencial para acabar com a fome e miséria absoluta. Mas muita coisa ainda está para resolver. Temos os níveis mais baixos de habitantes com curso superior / população entre as nações industriais. Milhões ainda faltam ascender a verdadeira classe média. Milhões ainda não tem casa. Os salários para chegar ao mínimo real teriam de triplicar. A verdadeira reforma agrária só existirá quando tivermos um país justo. Se voltarmos à política neoliberal do nosso novo FHC Aécio ou ao novo Collor Traíra Eduardo Campos, o risco de tudo se perder e voltamos as trevas é grande.”

Mário SF Alves

Stédile já está ultrapassado… exceto pelo fato de sua bandeira e sua luta continuarem cada vez mais atuais.

Como pode um País se desenvolver envolvido na teia do capitalismo subdesenvolvimentista?

Como pode o Brasil se desenvolver envolvido nas teias do antieconômico, antissocial e/ou antiecológico latifúndio herdado das bizarras Capitanias Hereditárias?

Rodrigo Leme

Não é toda hora que concordo com o que ele fala, mas ele está muito lúcido nesta entrevista. Boas colocações.

    Mário SF Alves

    Não acredito.

    Enfim, você, Rodrigo Leme, dando razão à luta pela consolidação da democracia?

    Inacreditável.

Dida

Parabéns Stedile grande idealista e lutador para transformar a realidade injusta dos menos favorecidos! um exemplo a seguir

Walter

Entrevista esclarecedora e lúcida.

Deixe seu comentário

Leia também