Renato Janine: “Preguiçoso”, PSDB quer chegar ao poder via impeachment

Tempo de leitura: 3 min

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Da Redação

O professor de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo, Renato Janine, deu uma entrevista ao jornal A Tarde, da Bahia, na qual tocou em alguns pontos fundamentais do “programa” — ou falta de — da oposição brasileira.

Em outras palavras, mira numa certa malemolência que faz a oposição abdicar de apresentar um projeto de país distinto daquele perseguido pela coalizão governista.

O PSDB ressuscita o discurso da UDN, que tanto pode levá-lo ao poder quanto desembocar na ditadura, se o povo que for às ruas não estiver disposto a ouvir FHC e os tucanos de alta plumagem.

Abaixo, um resumo do que entendemos serem os pontos altos da entrevista:

Como a presidente Dilma Rousseff pode sair da crise política?

Estamos numa situação política muito complicada, pois é muito difícil saber o que efetivamente está acontecendo nos bastidores. No Brasil o discurso padrão sobre a política é o do ataque ao adversário como corrupto. O golpe de 64 foi fruto de vinte anos desse tipo de discurso, que é muito parecido ao de hoje contra o PT. Por outro lado, o PT também usou esse discurso na oposição. E uma das críticas que faço ao PT é que ele, uma vez no governo, ter deixado de lado o discurso ético. Ele entregou o discurso ético de bandeja para o PSDB. O slogan de Geraldo Alckmin em 2006, “por um Brasil descente, Alckmin para presidente” jamais poderia ser usado contra o PT antes disso. Então, houve uma inversão de posições pelo qual o PT, que é um partido ético por excelência (tão ético que as pessoas achavam que ele não tinha condições de governar, pois era um bando de lunáticos), se tornou um partido, na opinião de muitos, que se aproximou da corrupção e da desonestidade.

Que ela [Dilma] estaria envolvida com a corrupção…

Nada. Você só tem um monte de rumores que você não sabe o que são. Estamos na dependência do que o Procurador-Geral da República vai dizer. Espera-se que ele seja correto, que não faça manipulação de nada. Então, é um situação complicada até porque a oposição está escolhendo um caminho fácil, preguiçoso, que é fazer uma acusação policial. O difícil é a oposição fazer um projeto político, porque a oposição perdeu quatro eleições sucessivas (para presidente) por falta de um projeto político bom, não foi capaz de conquistar a maior parte da população brasileira, mesmo com um gigantesco apoio da mídia, uma campanha enorme de desconstrução do governo petista. Não ganhou as eleições, mas está se comportando como se tivesse vencido, como se não precisasse fazer uma auto-revisão. A preguiça significa “não vamos tentar mudar nada, vamos deixar tudo como esta que o poder vai cair na nossa mão”.

Quer o vácuo de poder para entrar…

Hoje o Aécio Neves ganharia. Agora, se o Aécio tivesse vencido a eleição e houvesse novo pleito agora talvez Dilma ganhasse. Ou seja, quem tem o poder tem um desgaste no início do ano. O curioso é que o PSDB está na campanha para tirar a Dilma já. Ora, ela tem um mandato de quatro anos. É ela ou (Michel) Temer. Ou pior, o (deputado) Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos Deputados, o terceiro na linha de sucessão). Há uma ordem constitucional, então não adianta gritar muito. Indo muito longe na denúncia policial, a oposição ao mesmo tempo se dispensa de fazer autocrítica, de fazer um projeto para o Brasil e coloca um risco muito grande, de lançar o Brasil numa aventura. Qual é a aventura? A meta é colocar Temer como uma espécie de Itamar (Franco) contra o PT? Mas o Itamar foi contra o Fernando Collor que não existia, era uma bolha de ar que tinha acusações sérias de crimes. Será que o PSDB só chega ao poder pelo impeachment?

PSDB e outros partidos estão convocando manifestações de rua pró-impeachment. O senhor acha que eles tem capacidade de mobilização?

Pode até ser. Mas o que o PSDB quer é assumir o poder antes da data constitucional. E a única forma que eles tem para isso é conturbando a vida social e isso é muito complicado até porque eu acredito que o empresariado não queira isso. O empresariado não gosta de Dilma. Há um ano aceitaria Lula de bom grado, hoje o empresariado não quer mais saber do PT. Contudo, não apoiaria a instabilidade.

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Comentários

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Alexandre Deusdett

Já o “projeto político” do PT é a bolsa família!

roberto

Concordo que o PSDB volte ao governo, mesmo com o tal IMPICHO, desde que eles devolvam ao povo brasileiro, o “trilhão de reais”, que foi a perda do país com a doação da Vale, na época, apelidada de privatização, durante o non-governo tucano dos anos 90.
Como são 45 escândalos varridos para baixo do tapete no período FHC, os outros 44 nós investigamos depois, por hora o povo aceita deles um cheque de 330 bilhões de dólares, para começar a reconstruir o que eles destruíram.

FrancoAtirador

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A GUERRA NÃO DECLARADA
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Nesse Jogo de Poder Internacional Acirrado,
o PSDB é apenas uma Peça do Tabuleiro
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Por Ion de Andrade, no Jornal GGN
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A conjuntura é extremamente imprevisível e a agenda da instabilização do país parece ser parte da que atinge outros países não alinhados à hegemonia norte-americana e provavelmente não se circunscreve mais, apenas, aos limites da política nacional.
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O fato inicial dessa nova era de guerra não declarada é, a meu ver, a criação do Banco dos BRICs e a reunião no Brasil dos chefes de Estado da América Latina para aquilo que a história mostrará como o velório das instituições de Bretton Woods e a emergência de um mundo multipolar.
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O PSDB é apenas uma peça do tabuleiro de xadrez brasileiro, em meio a diversos outros tabuleiros como o da Argentina, o da Venezuela, o de Cuba, ou o da Rússia/Ucrânia.
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Todos remetem à tentativa nessa crise de hegemonia de Restauração do poder norte-americano.
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Instabilizam e geram situações de golpe em diversos países.
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Vivemos, pois, um jogo de poder internacional acirrado ao nível de uma guerra.
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Essa verdadeira guerra pode assumir feições de guerra mesmo, como na Ucrânia, de retrocesso político como no Egito, de terra arrasada como na Líbia, ou de instabilidade política como no Brasil.
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Há muito em jogo e não podemos ser ingênuos.
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Sem o PSDB promovendo o impeachment essas forças tentarão encontrar outros protagonistas para instabilizar o poder no Brasil.
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A força da democracia demonstrou aos nossos inimigos que não há espaços para um golpe institucional entre nós.
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Mas, naturalmente, não tendo conseguido fazer saltar o ferrolho institucional, a guerra poderia assumir outras feições.
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A ameaça a segurança de Janot, a morte de Nisman na Argentina e o assassinato do principal opositor a Putin na Rússia são fatos desconexos ou refletem um mesmo modus operandi de uma força que age internacionalmente?
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O que parece estar em andamento é uma nova guerra fria contra o mundo multipolar.
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Aos especialistas em conflitos a reflexão sobre que aspectos da defesa nacional devem ser fortalecidos para estarmos à altura de defendermos a Soberania Nacional e a nossa própria existência como nação no mundo que se seguirá à fase atual, que se parece mais com os anos que antecederam a primeira guerra mundial, quando impérios centenários ruíram, do que aos anos 60 que pariram ditaduras em toda parte, como parte de um acerto geopolítico mundial.
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Se analisarmos a sucessão de fatos dos últimos meses veremos que o que houve foi uma tentativa bem construída de criar um colapso institucional no Brasil onde o impeachment apareceria como a melhor alternativa.
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Tivemos direito a tudo: a propostas do mundo jurídico de aniquilamento da capacidade da engenharia pesada nacional, a uma greve de caminhoneiros no velho estilo Chile dos anos 70, ao rebaixamento da nota da Petrobrás (a única grande petrolífera que ainda deu lucro em 2014) e a um noticiário negativo sem tréguas.
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Alguém detém essa agenda, a constrói e não conseguiu elevar a temperatura da política nacional aos níveis de ebulição necessários a fazer eclodir o golpe paraguaio?
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Penso que sim. É complexo demais para ser espontâneo.
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Embora o insucesso do impeachment deva ser frustrante para o jogador de xadrez de rosto velado com quem a nação brasileira joga o seu futuro, ele deve dizer-se que o jogo não acabou.
E nós temos que saber disto.
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Na Ucrânia os fatos que precipitaram a queda do governo foram os massacres da praça Maydan.
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Ali, atiradores nunca identificados, mataram policiais e manifestantes anti-russos com balas que a perícia depois provou serem as mesmas.
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Admite-se que os atentados se deveram a ação de neonazistas, mas em nome de quem?
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De quem era a agenda golpista na Ucrânia?
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O jornal El País nos brindou, (advertência de boa fé? análise imprecisa? informação de boa fonte?), com a hipótese da guerra civil.
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Não é o nosso perfil. Matriz portuguesa, somos um país de sincretismos e recomposições.
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Mas o tabuleiro não é nosso. Há um terceiro de rosto coberto.
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Diz o ditado que prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém…
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Nas manifestações vindouras de 13 e 15 de março, os brasileiros que compartilham, apesar das divergências políticas profundas, uma só e mesma nacionalidade, podem estar sob o risco da ação do jogador de xadrez com quem jogamos o nosso futuro e a nossa sobrevivência e que mostrou o rosto na Ucrânia.
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Não conhecemos essa quadra da história em que fomos projetados por sermos hoje um país que conta na formação do poder internacional, um papel novo para nós, mas é melhor não sermos ingênuos.
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A presença das forças de segurança para proteger os manifestantes deve, conforme vejo, ser maciça e ostensiva tanto no dia 13 quando defenderemos o governo Dilma e a Petrobrás, quanto no dia 15, quando uma oposição sem o PSDB defenderá o Impeachment e o Fora Dilma.
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Não sejamos bobos, talvez o Brasil deva estar armado até os dentes para assegurar que essas manifestações ocorram no clima de tranquilidade que é o da nossa melhor tradição.
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Não sabemos até onde a coisa vai, mas, se considerarmos que o Procurador Geral da República foi desaconselhado a tomar voos comerciais…
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(http://jornalggn.com.br/fora-pauta/da-necessaria-protecao-aos-manifestantes-de-13-e-15-de-marco#at_pco=cfd-1.0&at_ab=-&at_pos=3&at_tot=5&at_si=54f8f98591fdbc86)
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FrancoAtirador

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China: Tudo pronto dar xeque-mate ao dólar e definir uma nova moeda mundial
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(http://actualidad.rt.com/economia/168148-china-dolar-eeuu-moneda-mundial)
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FrancoAtirador

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Em ação articulada pelo Premiê Ed Cunha, a Câmara dos Deputados
aprovou, por 280 votos a 102, requerimento de convocação de Cid Gomes,
que afirmou na semana passada:
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“Tem lá 400 deputados, 300 deputados
[para os quais], quanto pior, melhor pra eles.
Eles querem é que o governo esteja frágil,
porque é a forma de eles achacarem mais,
tomarem mais, tirarem mais dele.”
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Foi realmente correta a convocação,
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Cid Gomes errou no número: São 280.
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    FrancoAtirador

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    Falando neles…
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    Câmara avança com proposta que diminui indicações de Dilma ao STF
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    A PEC (Proposta de Emenda à Constituição), que ainda depende de uma segunda votação no plenário da Câmara, aumenta de 70 para 75 anos a idade em que ministros de tribunais superiores são obrigados a se aposentar –a proposta ficou conhecida como PEC da Bengala.
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    No modelo atual, cinco ministros serão obrigados a sair do Supremo durante o mandato da presidente. Caso a nova regra passe a valer, Dilma só poderá fazer novas indicações caso algum ministro deixe o cargo antes do limite.
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    Fonte: Frias da Folha, às gargalhadas.
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