Por que Rússia, China, Irã e Síria estão na mira como alvo?

Tempo de leitura: 13 min

A Geopolítica da Terceira Guerra Mundial

SCGNews, tradução de Anna Malm*, sugerido por Izaías Almada

A verdadeira razão da Rússia e da Síria estarem sendo atacadas exatamente agora.

Contrariamente àquilo em que as pessoas acreditam, a conduta dos países na arena internacional quase nunca é motivada por considerações morais, mas, por uma mistura de dinheiro e geopolítica. Sendo assim,  logo que os porta-vozes das elites começarem a demonizar algum país, a primeira pergunta que deveria vir à mente seria:

— Por que estão fazendo isto exatamente agora?

— Qual é a finalidade real disto tudo?

Já, há algum tempo, a Rússia, a China, o Irã e a Síria têm estado na mira como alvo. Logo que se entenda o porquê, os acontecimentos a se desenrolarem no mundo começarão imediatamente a fazer mais sentido.

O dólar é uma moeda única. Na verdade, a sua concepção, nos tempos atuais, assim como a sua relação com a geopolítica, não se assemelha a nenhuma outra moeda na história. Tem-se que não seria o fato de o dólar ter sido, desde 1944,  a moeda de reserva internacional, que o põe nesta situação única. Muitas moedas, através da história e dos séculos, tiveram esse papel.

O que é único com o dólar é que ele, desde 1970, tem sido, com muito poucas exceções, a única moeda usada para a compra e a venda do petróleo no mercado internacional.

Antes de 1971, o dólar estadunidense estava correlacionado ao ouro, pelo menos oficialmente e, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, em 1966 os bancos centrais internacionais tinham, conjuntamente, 14 bilhões de dólares estadunidenses. Entretanto, àquela altura, os Estados Unidos só tinham 3,2 bilhões, disponíveis em ouro, para cobrir os 14 bilhões de notas de dólares em circulação . . .

Trocado em miúdos, isto quer dizer que a Reserva Federal dos Estados Unidos estava imprimindo mais dinheiro do que podia garantir, em ouro.

O resultado disto foi uma inflação desenfreada, assim como uma fuga do dólar.

Em 1971, no que depois veio a ser denominado de o “Choque Nixon”, o presidente Nixon declarou o dólar completamente desligado do ouro.

Depois disso, o dólar tornou-se uma moeda completamente baseada no débito, ou seja, na dívida.

Com moedas baseadas no débito, o dinheiro é literalmente levado à existência, através de empréstimos.

Aproximadamente 70% do dinheiro em circulação são criados por bancos comuns. Tem-se, então aqui, que esses bancos são autorizados a emprestarem mais do que eles, realmente, têm em dinheiro depositado: em outras palavras, emprestam o que não têm.

Dessa maneira, segue que o resto é criado pela Reserva Federal. Criando dinheiro, deveria significar que essa estaria também emprestando o que não tem. Entretanto, tem-se, aqui, que a Reserva Federal empresta dinheiro principalmente ao governo.

Isso seria, simplesmente, como dar cheques sem fundo, só que, aqui, para os bancos, isso tornava-se legal. Essa prática veio a ser chamada de reserva bancária fraccional, a ser regulada pela Reserva Federal, que é uma instituição que, como por nada, é controlada — assim como o é uma propriedade — por um conglomerado de bancos particulares. A Reserva Federal não é uma agência ou ramo do governo. Se ela fosse um ramo do governo, este poderia regulá-la e controlá-la.

Agora, para fazer as coisas ainda mais interessantes, esses empréstimos da reserva fraccional exigem juros, mas, como visto acima, o dinheiro para pagar esses juros não existe no sistema, uma vez que se empresta mais do que existe em depósitos. O resultado disso é que, sempre, há mais dívidas do que dinheiro em circulação. Isso faz com que, para se manter à tona, a economia tem que estar em perpétuo crescimento, o que é insustentável.

Como terá o dólar conseguido se manter numa posição principal na arena internacional por mais de quarenta anos, se ele é, na verdade, pouco mais do que um elaborado esquema Ponzi?  [“Um esquema Ponzi é uma sofisticada operação fraudulenta de investimento, do tipo esquema em pirâmide, que envolve o pagamento de rendimentos anormalmente altos (“lucros”) aos investidores, à custa do dinheiro pago pelos investidores que chegarem posteriormente, em vez da receita gerada por qualquer negócio real. O nome do esquema refere-se ao criminoso financeiro ítalo-americano, Charles Ponzi (ou Carlo Ponzi).” – Wikipédia]

É aqui que o dólar relaciona-se à geopolítica. Em 1973, nas águas da artificial crise OPEP do petróleo [onde o preço do petróleo subiu às alturas], a administração Nixon iniciou negociações secretas com o governo da Arábia Saudita para estabelecer o que se tornou conhecido como o sistema de reciclagem do petrodólar. Em um documento, revelado pelo Serviço de Pesquisas do Congresso, mostrava-se que essas negociações tinham também um outro lado, uma vez que oficiais ianques estavam lá discutindo, abertamente, a possibilidade de tomar os campos sauditas de petróleo militarmente.

Nos Estados Unidos, o choque devido ao alto preço do petróleo produziu inflação, novas preocupações a respeito de investimentos estrangeiros (vindos dos países produtores do petróleo) e uma aberta especulação, não só a respeito da possibilidade, como também de, até que ponto poderia ser aconselhável tentar uma tomada militar dos campos de petróleo da Arábia Saudita, assim como de outros países.

Nesse contexto, tinha-se dado um embargo e, nas águas desse embargo, tanto a Arábia Saudita, como oficiais dos Estados Unidos trabalharam para ancorar melhor as suas relações bilaterais — que, então, se baseavam num antagonismo ao comunismo — numa renovada cooperação militar, assim como em iniciativas econômicas que promoviam a reciclagem dos petrodólares sauditas, reciclagem essa, que se daria via investimentos sauditas na infraestrutura, na expansão industrial e nos papéis de investimentos dos Estados Unidos.

Esse sistema foi, em 1975, expandido para incluir toda a OPEP.

Apesar de representar uma margem de segurança contra efeitos de recessão surgidos pelo aumento do preço do petróleo, esse arranjo teve um efeito marginal, menos aberto e mais escondido. Esse arranjo removia também as restrições inerentes às políticas monetárias dos Estados Unidos.

Mesmo que a Reserva Federal não fosse totalmente livre para aumentar a oferta do dinheiro, completamente à sua vontade, agora se tinha que a procura, como que ilimitada pelo petróleo, iria impedir uma fuga do dólar, conquanto distribuindo as consequências inflacionárias por todo o planeta [e não só pelos Estados Unidos, de quando “criando” mais e mais dinheiro, ou seja, imprimindo ou digitando mais e mais cédulas e ou dígitos num computador].

O dólar transformou-se numa moeda apoiada pelo petróleo, em vez de apoiada pelo ouro.

Você, alguma vez, já se perguntou como pôde a economia estadunidense conseguir se manter à tona, por décadas, mesmo com débitos, ou seja dívidas, de multi-bilhões e trilhões de dólares?

Você, alguma vez, já se perguntou como a economia dos Estados Unidos, na qual 70% são baseados em bens de consumo, consegue manter uma tal quantidade desproporcional da riqueza mundial?

Hoje em dia, combustíveis fósseis são o alicerce do mundo. Eles se tornaram uma parte integrante de todos os aspectos da civilização: agricultura, transporte, plásticos, aquecimento, defesa e medicina, e a sua procura só faz aumentar.

Enquanto o mundo precisar de petróleo e, enquanto o petróleo só for vendido em dólares, o mundo vai querer ter dólares, e é essa procura que dá ao dólar o seu valor.

Para os Estados Unidos, isso é um grande negócio. Os dólares saem, ou como papel ou como informação digital, e produtos e serviços reais vêm para dentro do país. Entretanto, para o resto do mundo, essa é uma forma vil de exploração em grande escala.

Tendo o comércio internacional principalmente em dólares, isto também dá a Washington uma arma financeira muito poderosa, através da possibilidade do peso das sanções. Isso se deve ao fato de que as transações, em grande escala, são forçadas a passarem através dos Estados Unidos, por causa do dólar.

Esse sistema do petrodólar não tinha sido desafiado antes de setembro de 2000, quando Saddam Hussein anunciou sua decisão de vender o petróleo iraquiano de maneira outra que através de dólares, voltando-se, então, ao euro. Este foi um ataque direto ao dólar, assim como o evento geopolítico mais importante do ano. Entretanto, só um artigo apareceu na mídia ocidental mencionando isso.

No mesmo mês em que Saddam anunciou que ele estava deixando o dólar, uma organização denominada “Projeto para um Novo Século Americano”, do qual Dick Cheney era um membro, apresentou um documento, com o título de “Reconstruindo as Estratégias de Defesa, Forças e Recursos para um Novo Século”.

Esse documento requeria um enorme aumento das despesas militares, assim como uma política externa muito mais agressiva, com o objetivo de expandir a dominância estadunidense pelo mundo inteiro. Entretanto, no documento, lamentava-se que muitos anos seriam necessários para que esses objetivos fossem alcançados “na ausência de algum acontecimento catastrófico e catalisador — como, por exemplo, um novo “Pearl Harbor” [Evento esse que, como se sabe, levou os Estados Unidos a entrarem na segunda guerra mundial.]

Um evento desse tipo, eles o conseguiram (ou forjaram?!) um ano mais tarde.

Aproveitando a reação emocional do 11 de setembro, a administração Bush pôde, então, invadir o Afeganistão e o Iraque, assim como decretar o chamado Ato Patriótico. Tudo isso, depois de 11/9, pôde ser feito sem maiores resistências.

Não havia nenhuma arma de destruição maciça no Iraque, e acreditar nisso não era uma consequência de informação deficiente. Essa foi uma mentira friamente premeditada, e a decisão de invadir o Iraque foi tomada muito conscientemente, quanto ao desastre a ser esperado.

Eles sabiam, exatamente, o que iria acontecer, mas, em 2003, eles fizeram isso de qualquer maneira. Desde quando os campos de petróleo do Iraque caíram nas mãos dos Estados Unidos, a venda do petróleo voltou imediatamente a ser feita somente em dólares. Missão terminada e pronta. Ponto final (?)

Logo após à invasão do Iraque [na segunda guerra do tipo],  a administração Bush tentou estender a guerra ao Irã. [Primeira guerra 1990-91; Segunda guerra 2003].

Desconfiavam que o governo do Irã estaria tentando construir uma arma nuclear. Depois do fiasco no Iraque, a credibilidade de Washington estava num nível muito baixo, o que fez com que não conseguissem levantar apoio internacional, ou mesmo nacional, para uma intervenção no Irã.

Esses esforços ainda vieram a sofrer sabotagem, por parte de elementos da CIA e da Mossad, que se apresentaram dizendo que o Irã não tinha nem mesmo tomado qualquer decisão no sentido de construir uma arma nuclear, muito menos, então, de começar a construí-la. Entretanto, a demonização do Irã continuou e vem, até hoje, através da administração de Obama.

Por quê?

Bem, será que isso se deveria ao fato de que, desde 2004, o Irã vem organizando uma bolsa de valores independente para o petróleo? Eles estavam construindo o seu próprio mercado para o petróleo, e esse nada tinha a ver com o dólar. O primeiro fornecimento de petróleo desse mercado foi vendido em julho de 2011.

Não tendo sido capazes de conseguir a guerra que queriam, os Estados Unidos, então, usaram a ONU para impor sanções contra o Irã. O objetivo dessas sanções era o de derrubar o governo do Irã. Apesar dessas sanções terem causado problemas para a economia iraniana, elas não conseguiram destabilizar o país. Isso se deveu, em grande parte, ao fato de a Rússia ter ajudado o Irã a ultrapassar as restrições bancárias dos Estados Unidos.

A intervenção da OTAN na Líbia foi seguida da guerra, por procuração, contra a Síria. Os depósitos de armamentos do governo da Líbia foram saqueados e as armas foram despachadas através da Turquia para os grupos rebeldes na Síria, trabalhando para derrubar Assad. Já estava claro, à essa altura, que muitos desses rebeldes estavam ligados a organizações terroristas.

Entretanto, o aparato da segurança nacional dos Estados Unidos via isso como um mal necessário. A ideia era de que o influxo de jihadistas extremistas iria trazer disciplina, fervor religioso e experiência em batalhas, vindas do Iraque. Tudo isso foi financiado pelos simpatizantes sunitas do Golfo e, mais importante, com resultados mortais. Enfim, isso queria também dizer que o Exército Livre da Síria, [FSA na sigla inglesa], estava precisando da Al Qaeda.

Em fevereiro de 2009, Moamar Kadafi foi nomeado presidente da União Africana. Ele, imediatamente, propôs a formação de um estado unificado, com uma moeda única. Foi a natureza dessa moeda que fez com que ele fosse assassinado.

Em março de 2009,  a União Africana apresentou um documento intitulado “A caminho de uma moeda africana única”. Nas páginas 106 e 107 desse documento, se discutiam principalmente os benefícios e a estrutura técnica de um Banco Central africano sob um padrão correlacionado ao ouro. Na página 94 desse documento, declarava-se, explicitamente, que a chave do sucesso da União Monetária Africana seria a ligação dessa moeda comum africana à mais monetária de todas as commodities — o ouro. (Note-se que a numeração das páginas pode ser outra nas diferentes versões desse documento.)

Em 2011,  a CIA entrou na Líbia e começou a apoiar grupos militantes em sua campanha para derrubar Kadafi. Os Estados Unidos e a OTAN, por sua vez, começaram, depois, a esticar a aplicação da autorização da ONU quanto a uma zona aérea interditada. Isso foi feito, para dar vantagens aos grupos militantes através dos ataques aéreos dos ianques e da OTAN. A presença de extremistas da Al Qaeda entre os grupos militantes foi varrida para baixo do tapete.

A Líbia, assim como o Irã e o Iraque, tinha cometido o crime imperdoável de desafiar o dólar.

Vamos, agora, falar português claro aqui: Foram os Estados Unidos que colocaram o Estado Islâmico (IS/ISIS/ISIL) no poder.

Em 2013, os mesmos elementos, do hoje denominado Estado Islâmico, que então se apresentavam como Al Qaeda, relacionados rebeldes da Síria, lançaram dois ataques com o gás sarin, na Síria. Isso foi feito para acusar Assad de tê-lo feito e para conseguir, então, apoio internacional para uma intervenção militar.

Entretanto, o contrário foi demostrado pela ONU e pelos investigadores da Rússia, e essa tentativa de conseguir os desejados ataques aéreos contra a Síria caiu por terra, por assim dizer. A Rússia conseguiu uma solução diplomática dos acontecimentos.

A campanha ianque para derrubar o governo na Síria, assim como também tinha sido feita na Líbia, foi apresentada em termos de “direitos humanos”. É óbvio que este não tinha sido o motivo real.

Em 2009, Catar tinha apresentado uma proposta para um gasoduto através da Síria e da Turquia para a Europa. Assad rejeitou essa proposta. Depois disso, ele fez um pacto com o Iraque e o Irã, para construir um gasoduto, não indo para a Europa, mas para o oriente, tirando, dessa maneira e completamente, tanto a Arábia Saudita como a Turquia do negócio.

Não é, então, surpreendente que tenham sido, exatamente, o Catar, a Arábia Saudita e a Turquia os mais agressivos atores regionais atiçando para a derrubada do governo da Síria. Entretanto, por que iria essa disputa de gasodutos pôr os Estados Unidos tão ativos contra a Síria? Vão, aqui, três motivos:

1) O arranjo, desejado pela Síria, iria fortalecer, e muito, a posição do Irã, porque esse permitiria ao Irã exportar para os mercados europeus sem ter que passar através de nenhum dos países aliados de Washington. Isso iria, depois, enfraquecer muito o poder de Washington sobre o Irã.

2) A Síria é o aliado mais próximo do Irã, e um colapso seu iria, com certeza, ajudar a enfraquecer o Irã.

3) A Síria e o Irã têm um acordo mútuo de defesa, o que poderia fazer com que uma intervenção na Síria abrisse as portas para um conflito com o Irã. Em fevereiro desse ano, essa geopolítica complicou-se, ainda mais, por causa da Ucrânia. Aqui, o alvo real era a Rússia, que realmente é o segundo maior exportador de petróleo do mundo. A Rússia é, não só um espinho na coroa de Washington, visto de uma perspectiva diplomática, como também se tem, aqui, que a Rússia abriu, em 2008, uma bolsa de valores energéticos com as vendas sendo denominadas em rublos e em ouro. Esse projeto esteve sendo preparado desde 2006 . A Rússia e a China também estiveram se entendendo para fazer, se não todos, mas muitos dos seus próprios negócios bilaterais, sem o uso do dólar.

Depois, tem-se que a Rússia esteve organizando a União Econômica da Eurásia, a qual inclui planos para adotar uma moeda comum, prevista para um mercado energético independente.

Desde o começo da crise atual, a Ucrânia foi apresentada com duas opções: ou associar-se à União Européia ou entrar na União da Eurásia. A União Européia insistia que tinha que ser ou uma ou a outra. A Ucrânia não poderia entrar nas duas. A Rússia, por seu lado, dizia que afiliar-se às duas não seria nenhum problema. [Provavelmente por causa das condições muito melhores oferecidas], o Presidente Yanukovich decidiu-se pela Rússia.

Em resposta a isso, o aparato de segurança nacional dos Estados Unidos fez uma das suas especialidades. Eles deram um golpe para derrubar o governo de Yanukovich e instalaram um governo com marionetes [só que, dessa vez, com neonazistas na direção]. Para ver a inequívoca evidência do envolvimento de Washington nesse golpe de estado, veja o vídeo “The Ukraine crisis – what you’re not being told”. [O /endereço/url do vídeo segue abaixo em referências e notas.]

Apesar de tudo parecer estar indo bem para os golpistas, os Estados Unidos logo perderam o controle da situação. A Crimeia fez um referendo, no qual o povo votou esmagadoramente para uma secessão da Ucrânia e uma reunificação com a Rússia. A transição foi pacífica e feita ordenadamente. Ninguém foi morto.Entretanto, o ocidente imediatamente apresentou todo o acontecido em termos de uma agressão russa. Essa mentira foi depois repetida “ad nauseum”, ou seja, até causar enjoo.

A Crimeia é importante do ponto de vista geoestratégico, por causa de sua localização no Mar Negro. Sua localização permite uma projeção de poder naval ao Mar Mediterrâneo. Tem-se, depois, que a Crimeia fez parte da Rússia a maior parte da sua história moderna. [Sem mencionar, aqui, entre outras coisas, que a grande maioria de sua população é de etnia russa.]

Já há anos que os Estados Unidos vêm fazendo pressão para incluir a Ucrânia na OTAN. Tal passo iria colocar as forças militares dos Estados Unidos nas portas da Rússia, o que poderia ter feito com que a Rússia perdesse a Crimeia. Essa foi a razão pela qual a Rússia aceitou imediatamente o resultado do referendo e consolidou a Crimeia como parte de seu território. [Do qual, diga-se de passagem, ela nunca deveria ter saído se todos os líderes soviéticos tivessem se mantido sóbrios e capazes de prognosticarem hipotéticos, mas possíveis, cenários futuros, mais acuradamente. Tem-se, aqui também, que durante o tempo soviético, não seria tão importante sob qual jurisdição essa ou aquela região viesse a ser inscrita.]

Depois do caso da Crimeia, teve-se que, no leste da Ucrânia, duas regiões, também de tradição russa, vieram a declarar independência de Kiev, depois de seus próprios referendos.

Kiev respondeu a isso com o que denominaram de uma operação antiterrorista. Na prática, essa foi uma maciça e indiscriminada campanha de bombardeamentos que matou milhares de civis [entre homens, mulheres, crianças, e idosos — com enormes mísseis de distância, de 3-4 metros de comprimento, senão mais, podendo, cada um, ter múltiplas funções com modernos sistemas de bombardeamentos múltiplos, o que incluiria também armas proibidas].

Aqui, tudo indica que, para os ocidentais, matar civis, premeditadamente dessa maneira, não configuraria, como em muitos outros casos semelhantes, atos de agressão.

Nesse contexto, deu-se  o mesmo quando o Fundo Monetário Internacional advertiu explicitamente o governo provisório ucraniano de que seu pedido de empréstimo de 17 bilhões de dólares poderia estar em perigo se eles não conseguissem acabar com a sublevação no leste do país.

Enquanto a guerra no leste da Ucrânia estava em total vigor, eleições presidenciais foram efetuadas, e Petro Poroshenko foi eleito presidente. Mostrou-se, através dos telegramas expostos pelo Wikileaks em 2008, que Poroshenko tinha trabalhado como uma toupeira [trabalho de agente] para o Departamento de Estado dos Estados Unidos, desde 2006. Os americanos se referiam a ele como “o nosso homem na Ucrânia” e muitos dos telegramas se referiam a informações que ele tinha fornecido. Um telegrama específico mostrava que os Estados Unidos, mesmo àquela altura, já sabiam que Poroshenko era corrupto.

Ter uma marionete a postos mostrou-se, entretanto, insuficiente para dar a posição de vantagem para Washington no decorrer da crise. O que costuma, então, fazer Washington nesse tipo de situações? Os Estados Unidos, representados em Washington, impõem sanções, demonizam, avançam batendo as espadas, ou fazem algum sério ataque utilizando falsas bandeiras.

Essa não é uma boa estratégia em se tratando da Rússia. Na verdade, o tiro já saiu pela culatra. As sanções só fizeram estreitar os laços entre a Rússia e a China e aceleraram a agenda de desdolarização da Rússia. Apesar da retórica, essa estratégia não fez com que a Rússia ficasse isolada. Os Estados Unidos e a OTAN colocaram uma distância entre si e a Rússia, mas não conseguiram colocar tal distância entre a Rússia e o mundo — o que pode ser provado, por exemplo, com o caso do BRICS.

Hoje, esse eixo ou centro anti-dólar vai além da economia. Esses países, ou seja, China, Rússia, Brasil, Índia e África do Sul [para aqui só ressaltar o BRICS] sabem o que está em jogo. Portanto, nas águas do sucedido na Ucrânia, a China propôs um novo pacto de segurança, incluindo tanto a Rússia quanto o Irã.

Considerem-se as implicações da administração de Obama a bombardear a Síria, uma vez que a Síria tem um pacto de defesa com o Irã.

Aqui, já não se trata de uma segunda guerra fria, mas de uma terceira guerra mundial. As massas podem ainda não ter compreendido o que se passa, mas, seguramente, a história irá lembrar-se disso dessa maneira.

Alianças estão sendo solidificadas, e uma guerra está a caminho vinda de muitas frentes. Se as provocações e as guerras por procuração continuarem assim, será somente uma questão de tempo antes que os principais atores venham a se confrontar diretamente — o que é a receita para um desastre total.

Tudo isso lhe parece loucura? Tem razão. Os atuais dirigentes no cenário internacional não podem ser qualificados senão como loucos, enquanto o público vai, como sonâmbulo, direto para uma confrontação definitiva com a tragédia.

Se você quiser alterar o curso dos acontecimentos, o melhor será acordar esse público sonâmbulo. Tem-se depois, também aqui, que, mesmo as mais poderosas armas de guerra serão neutralizadas se você conseguir encontrar a mente do homem atrás do gatilho.

Mas, como acordar essas massas? Não espere por ninguém para lhe explicar isso. Seja criativo. Pense nos seus filhos e netos e atue no mundo, porque a vida deles está, em sistema de urgência, dependendo de você mesmo.

Referências e Notas:

The Geopolitics of WW III, em Strategic Culture Foundation, 26-09-2014, EDITOR’S CHOICE | 26.09.2014 |www.strategic-culture.org

Texto original de scgnews.com — storm clouds gathering (nuvens tempestuosas aproximando-se) — Copyright www.strategic-culture.org/ www.scgnews.com

*Anna Malm é  correspondente de Pátria Latina na Europa — http://artigospoliticos.wordpress.com www.facebook.com/anna.malm.1238

Leia também:

Matança dos 43 em Iguala: Pobre México, tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Heleno Freire

Se engana com o Estados Unidos, aqueles que não tem nenhum conhecimento de política internacional. Desde quando Daniel Ortega assumiu a presidência da Nicarágua que eles tentaram derrubá-lo, a CIA fez todo tipo de artimanha, chegaram a sabotar os portos com minas. O embaixador dos USA chegou a dar as costas para Ortega numa reunião da OEA, tudo isso por que não conseguiram tomar-lhe o poder. De cristãos e democratas eles não tem nada… pelo que eles aprontam no mundo, eles são é diabólicos!……

maria

Estou tentando ler, o tema me interesa, mas tem tantos erros que de significados de palavras (destruiçao maciça?) que perdi o tesao de continuar lendo.
Vamos estudar um pouquinho para comunicar?
O mundo agradece.

    Heleno Freire

    Desculpe Maria, mas já que vc está falando de erros, a palavra interessa se escreve com dois “s”.

    Obrigado.

Edgar Rocha

Não tenho dúvidas de que o único caminho para interromper a loucura que se avizinha seja despertar os sonâmbulos, como afirma o texto e, assim, tentar acalmar os nervos de quem puxa o gatilho. Mas, minha perplexidade diante deste fato é a mesma da autora. Como despertar e como impedir o aval da sociedade ao processo em andamento? Difícil saber.

A sociedade passa uma espécie de “efeito calendário maia”. Todo mundo fala, todo mundo avisa, mas ninguém acredita. A diferença óbvia entre a iminência de uma guerra e um cataclisma divino, no entanto, é que o segundo é divertido de se temer, graças a certeza de que tudo não passa de brincadeirinha. O interessante é que a relação entre previsão e realidade é diametralmente oposta entre os casos. No primeiro, sabe-se que pode ocorrer e, por isto mesmo, nega-se. No segundo pressupõe-se que nada vai ocorrer e, por isto mesmo, ficamos curiosos e interessados.

É mais fácil fazer alguém acreditar na volta de uma serpente de penas do que em sua condição miserável diante da realidade. Esta, mais cruel que qualquer conto religioso. É duro saber que somos parte de algo que não entendemos integralmente. E, ao entender, depois de ler um texto como o post acima, ainda teimamos em achar que só pode ser conspiracionismo. Isto porque, temos todos uma intuição de que estamos sendo usados, manipulados constantemente e, graças a isto, duvidamos da legitimidade de nosso lugar nesta história. Afinal de contas, somos os mocinhos? Estamos fazendo o que é mais correto? Somos todos idiotas manipuláveis, na proporção do que faz acreditar os fatos sistematizados?

Daí em diante caem por terra nossa auto-estima, nosso senso de liberdade, de autonomia, nossas eventuais sensações de onipotências, de autocontrole, de integridade… O ser humano é desfeito em sua essência, a cada vez que se depara com o logro da realidade. É assim com a guerra, com o golpe, com o câncer e com todos as fatalidades.

Talvez fosse prudente recorrer aos conhecimentos da medicina, da tanatologia. É o que há de mais palpável no entendimento dos processos mentais. Citei o câncer como uma das desgraças capazes de proporcionar o vislumbre de um microcosmo diante do terror que se aproxima. Como diria a Dra. Elizabeth Ross, a sociedade estaria em fase de negação. Alguns, eu diria, já assumem a postura defensiva dos que aceitam os fatos, porém se revoltam violentamente. É preciso caminhar um pouco mais, buscar o período de preparação. Arrepender-se, avaliar-se, sentir saudade, desfazer equívocos, enfrentar dores, reconciliar-se, resolver questões.
Assim como no câncer, o processo não se resume em aceitar o inevitável, mas em conservar a esperança de que, de uma maneira ou de outra, o momento é um convite à nossa remissão. Em alguns casos, a doença regride em função do resgate do paciente, de seu reencontro com a vida. Isto nos diz muito. Nem sempre o fim é a morte. Pode ser a cura. E uma nova vida.

assalariado.

É ruim fazer conjecturas. Não é o caso do post em questão. Mas, uma coisa é certa, o modo de produção capitalista, e sua estrutura legal, o Estado burgues, capitalista, mais conhecido como Estado Democratico de Direito, está chegando a sua encruzilhada histórica. Devido as suas necessidade de mais “mercados”.

Por isso, os paises imperialistas (leia-se G7), comandarão o fim de si mesmos, motivados pelas crises ciclicas do capital, cada vez mais constante, e no curto prazo. Como assim? Aqui prefiro citar uma frase de um companheiro de luta, que disse um dia: “Para o capitalismo morrer, como modo de organização social será necessário findar primeiro os seus mentores mor, os interlocutores mundial dessa ideologia. Significa dizer que, a burguesia capitalista morrerá pelo sua própria boca, movida pelo combustível ideologico, de mais lucros. Os imperialistas (G7), como já deu para perceber, chegaram ao topo do desenvolvimento do modo burgues de produção (isto é, excesso de mercadorias), Crise de oferta, não falta de.

E agora, vão desaguar isso aonde?

Muitos deles patinam, não saem do lugar comum da (taxa média de lucros cair), por causa de seu estágio anterior, que é a concentração e centralização dos capitais, realizda no estágio anterior. Sim, tudo a ver com a globalização ininterrupta e obrigatória do capital, para continuarem existindo como modo politico de sociedade. E, assim, sairiam e, estão saindo, para suas aventuras, pelo mundo. A fazer novas guerras e novas conquistas/ colonias.

Guerras e mais guerras, com isso, pretendendo ganhar mercados, em detrimentos de outros, para assim, garantir a (MAIS VALIA), que é o motor mestre, do modo de viver das elites do capital. (uma contradição, né?) Sendo assim, porque não sair a campo para conquistrar povos e nações que ainda não são nossas colonias? Oras bolas, geopolitica, nada mais é do que conquistar e submeter cada vez mais terras, povos e nações e suas riquezas naturais, as suas sanhas ideologicas de acumulação. Isto é, se para de andar, a geopolitica e a bicicleta capitalista morrem.

Socialismo ou Barbérie!

Wladimir

Excelente texto para análise e reflexão! Porém, uma advertência importante nos traz o texto para que o mundo consiga mudar o curso do sombrio e negro futuro que se avizinha: “…conseguir encontrar (e logicamente neutralizar) a mente do homem atrás do gatilho.”!!!!!!

eder barbosa

Como sempre digo, a América é nação mais terrorista do mundo! E quem não tem a sua bomba atômica, jamais será livre!

José Souza

Azenha, você é fera. Excelente o material que você nos trouxe. É uma aula de história, política e economia, juntas. Parabéns.

Francisco

Eu vou para Itaparica…

FrancoAtirador

.
.
22 Outubro, 19:29
Rádio Voz da Rússia

Rússia irá colocar no Conselho da Europa
Questão da Violação de Direitos Humanos na Ucrânia

Os deputados russos irão colocar a questão da Violação de Direitos Humanos na Ucrânia
perante os membros da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE)
quando retomarem o exercício de suas funções naquele Organismo Internacional.

“No ano que vem, em que vamos reiniciar o trabalho na APCE,
este será o primeiro assunto que vamos pôr na agenda”,
disse, em declarações prestadas ao canal de televisão russo Rossiya 24,
Igor Morozov, membro da Comissão Parlamentar para as Relações Internacionais.

Entretanto, o Tribunal Europeu para Direitos Humanos
não pode proceder ao exame de demandas apresentadas por cidadãos da Ucrânia,
visto que, no Tribunal de Estrasburgo, só se aceitam queixas
depois de esgotadas as possibilidades de defesa no país demandista.

(http://portuguese.ruvr.ru/2014_10_22/Russia-ir-colocar-na-APCE-questao-da-viola-o-de-direitos-humanos-na-Ucrania-5012)
.
.
26/11/2014 22:12
Rádio Voz da Rússia

Medvedev e Yatsenyuk debatem cooperação entre Rússia e Ucrânia

A Suprema Rada (parlamento) da Ucrânia,
eleita nas legislativas antecipadas,
começou hoje o seu trabalho, nomeando Arseni Yatsenyuk,
candidato apresentado pelo presidente ucraniano,
para o cargo de primeiro-ministro.

A decisão foi apoiada por 341 parlamentares, sendo o mínimo necessário de 226 votos.

O primeiro-ministro da Federação da Rússia, Dmitri Medvedev,

manteve uma conversa telefônica com o novo primeiro-ministro da Ucrânia.

Conforme relatado pelo serviço de imprensa do governo russo,

Medvedev e Yatsenyuk discutiram a cooperação

financeira e econômica entre os dois países.

(http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_11_27/Dmitri-Medvedev-e-Arseni-Yatsenyuk-debatem-coopera-o-entre-R-ssia-e-Ucr-nia-0651)
.
.

FrancoAtirador

.
.
2014/02/28
Embaixada da República Popular da China

China divulga Relatório sobre Direitos Humanos nos EUA

Beijing, 28 fev (Xinhua) — A China respondeu na sexta-feira às críticas e observações irresponsáveis dos Estados Unidos em relação à sua situação de direitos humanos, publicando seu próprio relatório sobre essa questão no país norte-americano.

O Histórico de Direitos Humanos dos EUA em 2013 foi divulgado pelo Departamento de Comunicação do Conselho do Estado, gabinete da China,
em resposta aos Relatórios de Países sobre Práticas de Direitos Humanos 2013,
publicados pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos na quinta-feira.

A China disse no relatório que ainda existiam sérios problemas de direitos humanos nos EUA em 2013, com a situação em muitas áreas até deteriorando.

Atuando como “o juiz mundial de direitos humanos”, o governo dos EUA
mais uma vez “fez ataques arbitrários e observações irresponsáveis”
sobre a situação de direitos humanos em quase 200 países e regiões
em seus relatórios recém-divulgados, diz o relatório.

“Porém, os EUA cuidadosamente esconderam e evitaram mencionar
seus próprios problemas de Direitos Humanos”, acrescenta.

O relatório cita o programa de escutas dos EUA, com nome de código PRISM,

que fez espionagem vasta e a longo prazo tanto no próprio país como no exterior,
como “uma violação grosseira ao direito internacional”

e diz que isso “seriamente infringe os Direitos Humanos”.

Os EUA também têm excessiva violência relacionada a armas de fogo,

de acordo com o relatório.

“Em 2013, 137 pessoas morreram em 30 massacres,
que causaram quatro ou mais mortes cada, nos EUA”,
acrescenta.

O relatório também cita números para mostrar que os EUA
lançaram com frequência ataques de avião teleguiado
contra países como Paquistão e Iêmen, causando muitas vítimas civis.

Os EUA lançaram 376 ataques desse tipo no Paquistão desde 2004,
causando mortes de até 926 civis, acrescentou.

“Os EUA ainda enfrentam grave situação de emprego,
pois a taxa de desemprego permanece alta”, diz o documento.

Até o momento, de acordo com o relatório, os EUA ainda não ratificaram nem participaram

de uma série de convenções importantes da ONU sobre Direitos Humanos,

como a Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais;

a de Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Mulheres;

a sobre Direitos das Crianças;

e a sobre Direitos das Pessoas Deficientes.

(http://br.china-embassy.org/por/szxw/t1133207.htm)
.
.
EUA e os direitos humanos na América Latina

O relatório de Direitos Humanos apresentado pelos EUA
aponta problemas nos países que não rezam pela cartilha de Washington

Por Juan Manuel Karg (*) – ALAI
Tradução de Daniella Cambaúva, na Carta Maior

No início de março, o Secretário de Estado John Kerry apresentou diante da opinião pública internacional o relatório anual de direitos humanos na América Latina, por meio do qual os Estados Unidos se outorgam a condição de “fiscal” das democracias em nosso continente, observando o desempenho das mesmas.

No polêmico texto, o Equador é integrado à lista de países que, a partir da avaliação do Departamento de Estado, desrespeitam os direitos humanos em nosso continente.

A entrada do país governado por Rafael Correa nesta lista seria a suposta diminuição das liberdades de expressão, de imprensa e de associação no país.

Quito respondeu o informativo, caracterizando o documento como “unilateral”
e questionando a legitimidade de Washington neste quesito.

No texto, afirma que os Estados Unidos têm “um pobre histórico
em relação ao cumprimento dos direitos humanos nos últimos anos”,
recordando a responsabilidade da administração Obama nas prisões ilegais
e torturas realizadas na prisão de Guantánamo;
sua persistência no bloqueio a Cuba, fato sistematicamente condenado
por uma abrumadora maioria na Organização das Nações Unidas (ONU);
e o uso – e abuso – de aviões não tripulados contra populações civis,
além da persistência da pena de morte em diversos estados norte-americano.

A resposta apresentada pelo chanceler equatoriano, Ricardo Patiño,

dá conta da não ratificação, por parte de Washington,

de cinco instrumentos internacionais vinculados ao tema:

a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica),

a Convenção Universal contra a Tortura,

a Convenção Universal sobre os Direitos da Criança,

a Convenção Internacional sobre os Direitos dos Trabalhadores Migrantes e seus Familiares,

e a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados.

[…]

A variável ideológica influencia os Estados Unidos
na hora de “fiscalizar” as democracias:

os países da “lista” em nosso continente pertencem majoritariamente à ALBA
(Aliança Bolivariana para as Américas) que exerceram um papel de destaque
em outras instâncias de integração autônomas com relação a Washington,
tais como a Unasul, Celac e Mercosul, junto dos governos pós-neoliberais do continente.

Para finalizar, ficam abertas algumas questões sugestivas,
levando em consideração o que foi exposto.

A “condenação” do Equador se deve à situação dos direitos humanos no país,
ou melhor, à posição de contestador que o governo Correa assumiu
nas cúpulas internacionais contra a ingerência norte-americana em nosso continente?
Quanto influenciaram as declarações públicas de Correa em torno do papel regressivo
que a “Aliança do Pacífico” ocupa em nosso continente
para que os EUA incluíssem o Equador nesta lista de violadores?

(*) Licenciado em Ciência Política pela UBA (Universidade de Buenos Aires).
Pesquisador do Centro Cultural da Cooperação – Buenos Aires

(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/EUA-e-os-direitos-humanos-na-America-Latina/6/30577)
.
.

Alexandre Maruca

Muito bom. Obrigado por trazer aqui Azenha

Cidadã brasilis

O difícil é trazer esse tipo de debate para pessoas comuns que estão hipnotizadas pelos “plim-plins”. Por essas e outras que Hugo Chaves tinha razão quando chamou os USA de Satã.

O Mar da Silva

Uau! Essa história das guerras no Oriente Médio para manter o dólar é mantida longe da mídia sob domínio dos EUA.
Certo é que quem desafiou o padrão dólar pagou caro: Saddam e Kaddafi.

Lukas

Já quando demonizam os EUA e Israel é porque eles são maus.

ZePovinho

Olha,Franco Atirador!!!!!!!!!!!!Sugiro com veemência.No dia 11 de setembro de 2001,várias leis físicas foram suspensas em Nova Iorque e querosene de avião teve o poder de derreter rochas!!!!!

http://ferrao.org/2010/12/dimitri-khalezov-11-de-setembro-a-terceira-verdade/

Esta tradução portuguesa foi feita a partir da versão inglesa, com a permissão do autor.

A versão inglesa do artigo foi publicada com a gentil autorização dos editores da revista NEXUS e do autor – Dimitri A. Khalezov.

Informação sobre direitos de propriedade intelectual:

A qualquer pessoa fica autorizada a re-publicação livre deste artigo em qualquer língua excepto alemão, desde que o conteúdo não seja alterado e que a fonte original da informação seja expressamente referida, incluindo os nomes do autor, Dimitri A. Khalezov, e da revista, NEXUS, além das hiperreferências no fim do artigo. A re-publicação em alemão fica sujeita às mesmas condições, mas somente a partir de Dezembro de 2010.

A terceira verdade sobre o 11 de Setembro

A história oficial sobre o 11 de Setembro é como um saco de mentiras e tal é reconhecido por toda a comunidade não permeável ao pensamento dominante. Porque aconteceu? Uma nova série de revelações de um antigo membro dos serviços de informação soviéticos choca até aqueles que supunham ver por trás da cortina…………

<img scr"<a href="” rel=”nofollow”> ”

<img scr"<a href="” rel=”nofollow”> ”

Mas talvez seja altura de invocar um testemunho formal em abono das afirmações feitas neste artigo. Há muitos, mas o Autor faz questão de seleccionar o mais convincente de todos os que conheceu.

Há um artigo notável, sob o título Rudy Tuesday e publicado pelo New York Magazine4 [nota de rodapé: http://nymag.com/news/features/28517/ [nymag:rudy, 25 de Fevereiro de 2007]]. É notável porque a expressão ground zero — no contexto do Ground Zero de Manhatan — é aí sistematicamente tratada no sentido literal, sem adornos de qualquer espécie, desguarnecida de aspas e de maiúsculas, como a poderíamos encontrar num manual de Defesa Civil. Mas também é notável pelas declarações inesperadas que lá podemos encontrar, feitas pelo ex-Mayor da cidade de Nova York, Rodolpho Giuliani. De tal importância se reveste esta obra-prima de retórica, como prova testemunhal dos factos, que vale a pena transcrever integralmente a passagem mais significativa tal e qual, sem alterações. O Autor limitar-se-á a assinalar a negrito os pontos cruciais. O Leitor não deixará de registar o modo como os desmoronamentos do WTC, na versão oficial daqueles dias atribuidos à querosene e desenvolvidos em cascata (pancake), de repente e sem motivo aparente, se converteram em desmoronamentos nucleares. A alguns comentários iniciais torpes sobre reactores nucleares, segue-se a informação crua de que o Mayor teve perfeita consciência do que se passava no ground zero, dos perigos a que ficaram expostos os trabalhadores que ele para lá enviou, para efectuar a limpeza dos escombros — sem a necessária protecção dos fatos “de astronauta”:

“Certo, falemos do 11 de Setembro. Na sala de jantar, após as saladas, o congressista eleito por Delaware, Mike Castle, dirigiu-se ao microfone. Falou sobre Rudy e os homens da limpeza. As imagens continuavam a passar nos ecrans. Castle relatou o passeio guiado que o Mayor de Nova York lhe ofereceu nos dias que se seguiram ao ataque terrorista, junto com outros congressistas. Os presentes começaram a prestar atenção. “Ele acompanhou a maior parte dos funerais; esteve lá de todas as formas possíveis”, sublinhou Castle. “Penso que nunca conseguiremos agradecer-lhe suficientemente por aquilo que fez”. Agora é Rudy quem sobe ao palco. Há expectativa no ar. Os petiscos sobre as mesas são esquecidos e um homem com aspecto de banqueiro, aproximando o indicador da boca, dá um sonoro “chui!”. Giuliani começa por desfazer-se em cumprimentos. Invoca enfaticamente a terra de imigrantes. Lembra que a China construiu mais de 30 reactores nucelares, enquanto nós construimos um. “Talvez devêssemos seguir o exemplo da China.” O quê? O ar incrédulo dos circunstantes era digno de se ver: “Será este o mesmo Rudy que vimos na televisão? Aquele que era tão presidenciável, quanto Bush era hesitante [nota de rodapé: MIA no original: missing in action.]?” Foi quando Rudy retomou o seu tema favorito. Ao lado de McCain e de Mitt Romney, os seus adversários predilectos na corrida presidencial, Rudy vai escavando uma intriga discreta contra o Presidente. Mas Rudy tergiversa sobre o tema de uma forma que Mccain e Romney, para não falar de Hillary e Barack Obama, nunca conseguirão fazê-lo. As palavras caem pesadamente: o Iraque conduz ao 11 de Setembro, que conduz à imagem sagrada dos trabalhadores da construção hasteando a bandeira no ground zero. “Eu sei sobre aquilo em que se encontravam”, afirmou Giuliani. “Encontravam-se em cima de um caldeirão. Encontravam-se em cima de uma fornalha que manteve a temperatura acima dos 2000 graus por mais de cem dias. E puseram as suas vidas em risco, ao erguerem a bandeira.” Silêncio na sala. Nem um toque de garfo nos pratos, nem um tilintar de pulseira. “Ergueram a bandeira para declararem: ‘Não conseguirão vencer-nos, porque nós somos americanos!’” O Mayor faz uma pausa, uma velha funga ao fundo da sala. Giuliani prossegue: “Não dizemos isto por arrogância ou militarismo, mas com espírito: ‘As nossas ideias são melhores que as vossas.’”

Leandro_O

Muito lúcido e muito bem sintetizado. Parabéns. E que seja muito divulgado.

Mário SF Alves

A Geopolítica da Terceira Guerra Mundial.

É disso que se trata. E é isso que tem de ser discutido.

Enquanto isso, a direita mais burra, covarde e submissa do mundo… só “dissimulando”, cada vez mais covarde e cada vez mais submissa ao Norte; aquele cujos ventos não movem moinhos na América latina.

Só ela “não entende” a geopolítica dessa guerra.

    Godinho

    Entende, sim, meu caro.
    Os EUA são a liderança, mas essa é, novamente, uma guerra da direita do mundo todo contra todo o resto do mundo. Olhe para a II GM. As alianças eram majoritariamente à direita entre nazifacistas. Governo menos direitistas, na França, no Reino Unido e nos EUA ou não eram aliados, ou faziam alianças frouxas, cheias de briguinhas internas baseadas em vaidades e estupidez.
    Os liberais americanos aprenderam a lição. E trataram de organizar o campo capitalista sob sua hegemonia. A ascensão da direita mais radical, nesse cenário, era só uma questão de o tempo esmaecer nas mentes e corações o ardor “democrático” instilado no povo, fonte de braços e sangue para as máquinas e os campos de batalha.

wendel

Realmente uma análise perfeita de como atual o Império e seus cumplices !!!!!
Mais uma vez volto a alertar de que tudo passa pela regulação da mídia, pois os incautos e inocentes úteis e analfabetos funcionais, são as primeiras vítimas a serem ludibriadas !!!!!!!!!!!!!!!!!

Bacellar

Vai vêno Joe…

A ideologia do “destino manifesto” aliada a cultura da heráldica (hobby de Mises) e da justiça “divina” da acumulação primária. Sociopatas criados para compreenderem-se como indivíduos superiores. Defensores de seus próprios bolsos.

Nós índios, sudacas, africanos, árabes, chinas, viemos ao mundo para servir-los. Nossas oligarquias inclusive.

E no final o maluco sou eu…

Guilherme

Existe um fato gritante que precisa ser explicado a bem da coerência da tese exposta nesse texto: O que motiva/motivou Ahmadinejad defender o programa nuclear se essa história de arma nuclear é mentira dos EUA para fazer guerra?

    Yoshi

    O Gaddafi cancelou seu programa nuclear (lá em 2001, acredito eu) para se aproximar mais dos EUA/Europa.

    Na época, a história era a mesma: a OTAN tratava a Líbia como escória por estar desenvolvendo um “programa nuclear ilegal”.

    A Líbia caiu no conto, desativou o programa nuclear, e aproveitou uma breve lua de mel com EUA/Europa.

    Resultado: quando o Gaddafi “saiu da linha” de novo, 10 anos depois, a Líbia não tinha como se defender.

    O Ahmadinejad sabe que desativar o programa nuclear é um erro no longo prazo, pois deixará o Irã vulnerável no futuro. A idéia que, se o Irã abandonar o programa nuclear, os EUA vão deixá-los em paz, é simplesmente um conto de fadas.

    Quem não tem capacidade nuclear e está na “linha de fogo”, mais cedo ou mais tarde ou se submete, ou é destruído. Os iranianos – que estão na linha de fogo – sabem disso.

    É importante também deixar claro que o Irã tem ABSOLUTAMENTE TODO O DIREITO de desenvolver um programa nuclear: é um país independente, pacífico e signatário do tratado de não-proliferação. Ou seja, eles podem fazer quantas usinas nucleares quiserem. Não estão violando absolutamente nenhuma lei internacional.

    Godinho

    Desenhando: desde a Revolução Islâmica o Irã é um país sitiado. No ano seguinte à revolução, o Iraque invadiu o Irã, tentando anexar os campos de petróleo na região de Bandar Khomeini (próximo à fronteira sul dos dois países). A invasão iraquiana foi largamente patrocinada pelos EUA, que pretendiam derrubar o governo revolucionário pela desestabilização causa pela guerra. O tiro saiu pela culatra, e no armistício, o Irã já vencia claramente a guerra e tendia a conquistar o Iraque.
    Com essa situação de sítio permanente, e a ameaça constante de invasão americana ou bombardeio israelense – país que possui ilegalmente mais de 200 bombas nucleares, mísseis de médio alcance (1200 km) e caças-bombardeiros capazes de transportar pelo menos três ogivas nucleares cada – o Irã tratou de desenvolver suas próprias armas, o que, obviamente, inclui bombas atômicas.
    MAS ASSIM COMO FAZ ISRAEL, o Irã jamais vai admitir esse objetivo. As armas iranianias não teriam, segundo todas as informações disponíveis, condições de serem lançadas além da distância entre esse país e Israel, e visam, sobretudo, a garantir que, em caso de ataque nuclear israelense, eles possam retaliar com algum sucesso. Servem também para assegurar aos EUA que se resolverem utilizar a 5ª Frota, estacionada no Golfo Pérsico, para atacá-los, esta será completamente destruída, deixando o Golfo totalmente à mercê dos iranianos.

Thiago

Que texto excelente. A perturbação da ordem mundial sempre é provocada pelos EUA e sua obsessão peça dominação mundial.

Deixe seu comentário

Leia também