Nogueira Batista: Apesar da crise, economia em recuperação

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Fundamentos da economia estão razoáveis e país está em recuperação, diz diretor do FMI

Vladimir Platonow, da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista, que representa o Brasil e mais dez países no órgão, disse hoje (26) que os fundamentos da economia brasileira estão razoáveis e que o ponto que merece mais atenção são as contas externas.

“Os [fundamentos] fiscais estão bastante razoáveis, a política monetária também, a regulação do sistema financeiro boa. No setor externo, a deterioração da conta corrente preocupa um pouco, mas as reservas são altas e a entrada de investimentos diretos é alta. Então, eu diria que está razoável. Acho que tem de ficar de olho [nas contas externas], porque não convém ter déficit em conta corrente muito alto. É um ponto preocupante, mas não é alarmante”, avaliou Batista, que frisou estar declarando opinião própria, e não do fundo.

Batista participou do seminário Governança Financeira Depois da Crise, promovido pelo Multidisciplinary Institute on Development and Strategie (Minds) e o Levy Economics Institute.

Sobre a reportagem da revista britânica The Economist intitulada Has Brazil blown up? (Será que o Brasil estragou tudo?, em tradução livre), que foi às bancas hoje, questionando se o país fracassou na política econômica atual, depois de ter ido bem nos anos anteriores, Batista acredita que o país está apresentando recuperação progressiva.

“O Brasil passou por uma fase de grande sucesso, era moda e referência. Havia um certo exagero naquela época, até 2011. Agora houve uma reavaliação mais negativa e está indo para o extremo oposto. Acho que o Brasil está crescendo menos do que o esperado, menos do que pode crescer. Na verdade, a desaceleração de 2011 foi desejada e planejada pelo governo brasileiro, porque havia a percepção, correta, de que em 2010 o país estava superaquecendo. Houve medidas deliberadas para desaquecer a economia, isso provocou uma queda na taxa de crescimento, o que não foi surpresa. O que foi uma surpresa negativa foi a dificuldade de se recuperar em 2012 e em 2013. Mas eu creio que agora estamos vivendo uma recuperação mais clara, ainda incipiente, mas os dados estão mostrando que a economia está se reativando”, disse.

O diretor do FMI citou como dado favorável a força do mercado de trabalho brasileiro, que vem apresentando números positivos, apesar da crise econômica mundial, o que pode sinalizar um início de recuperação. “O mercado de trabalho é uma surpresa positiva nesse período todo. Apesar da desaceleração forte da economia, o mercado de trabalho continua forte. A taxa de desemprego aberta está bastante baixa, os salários continuam crescendo. O desempenho não é tão favorável quanto se esperava, mas eu acho que vem uma recuperação”, acrescentou.

Edição: Carolina Pimentel

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A capa da Economist que detona o Brasil


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Comentários

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Julio Silveira

As pessoas que vivem o cotidiano do país tem que estar sempre atentas para as sofisticadas manipulações que existem, no âmbito nacional e até no nível mundial, para levar os interesses, principalmente de estado, na direção do interesses dos articuladores dessas manipulações. Não ficar nem muito eufórico nem tão deprimido e a receita da certeza e da tranquilidade. Temos visto vencer as versões de que tem mais presença e poder, principalmente nos meios de informação. Vivemos um tempo que grupos escrevem o futuro antes dele acontecer por que sabem que sua força dita em conjunto pode influenciá-lo. E que somente por prenunciá-lo já estarão induzindo o acontecimento da queda do castelo de cartas e consequentemente o próximo ato.
Infelizmente para a cidadania, as vezes mesmo gritando a certeza de não ser verdade, ainda estarão sujeitas a desqualificação ao contraditório do desmentido de forma desproporcional, pela sua própria fraqueza individual. Podendo até ser considerada falta de racionalidade. Assim fazem acontecer na historia os donos da verdade. Desmerecem fatos, realçam outros de seus interesses, ridicularizam, exaltam e se de alguma forma não conseguem o objetivo de impor suas versões sempre podem tergiversar afirmando ser tudo analises estatísticas, que não sendo uma ciência exata e passível de erros, mas até lá, ai já morreu o Neves e o cachimbo já caiu.

Mardones

O mercado de trabalho é e sempre será a saída para a maioria dos nossos problemas. Temos que defender a política de geração de emprego e valorização do salário mínimo, sem esquecer da educação em todos os níveis. São formas de distribuição de renda muito eficazes. É o legado do Lula/PT.

ricardo silveira

Hoje, de manhã, a dificuldade da Globo noticiar a redução da taxa de desemprego, já baixíssima em comparação com a Europa, foi notória. Que coisa triste essa Empresa, que se enriqueceu com a Ditadura para ser sua porta-voz, tentar desqualificar e enfraquecer, cotidianamente, os dados positivos da economia brasileira.

Gilles

O que a reportagem diz — e não é o que todos os meus números dizem em uníssono, é algo ambivalente — é que 2010 foi um ano de superaquecimento e 2011 um momento de correção e desinflação. Mas a marca teria sido errada violentamente, alcançando o ano de 2012 inteiro.

Eu não digo 2013. Não está fechado ainda, embora seja engraçado ver as pessoas comemorando números de crescimento contra 2012, que foi um ano horrível.

Mas não é um tanto violento — e seguindo a narrativa da reportagem, não fiz uma análise pra poder confirmar isso — que a correção do excesso de 2010 tenha se arrastado de 2011 para 2012? Isso é incomum, até para o Brasil.

O que eu quero dizer é que quem quer defender esse governo precisa começar a achar problemas nessa narrativa.

bento

Se juntarmos dez economistas…

teremos onze opiniões diferentes sobre o mesmo assunto…

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