Homenagem a Marighella: Segunda-feira, às 10h, em SP

Tempo de leitura: 8 min

Carlos Marighella: O operário da Revolução Brasileira

A vida do inimigo nº1 da ditadura não se resume aos três anos em que optou pela luta armada. Membro do Partido Comunista por mais de 30 anos, ele foi um militante disciplinado que deu a vida pelo povo do seu país

por Igor Felippe Santos, na revista História Viva (ed.102 – Abril 2012)

A transformação de personagens históricos em mitos costuma simplificar figuras complexas e superestimar a importância de momentos particulares, deixando em segundo plano as realizações de longo prazo. Foi o que aconteceu com Carlos Marighella.

O período da luta armada contra a ditadura militar, que construiu no imaginário popular a figura de um homem com um fuzil na mão participando de atos violentos, não passou de três anos. Marighella, que faria 100 anos em 5 de dezembro de 2011, teve uma militância política de mais de 30 anos nas fileiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e só atuou na clandestinidade em períodos de intensificação da repressão e perseguição aos comunistas, tanto sob ditaduras como durante regimes mais democráticos.

A imagem que caracteriza melhor a trajetória de Marighella é a de um disciplinado operário do partido, apaixonado por samba, poesia e futebol, que participou de todas as etapas da linha de montagem da luta política, desempenhando diversas funções específicas e repetitivas para a implementação da revolução socialista.

O mulato baiano, como era chamado por amigos fora do estado de origem, nasceu em Salvador. Os ideais socialistas e a vontade de transformar a sociedade herdou do pai, Augusto, um mecânico italiano, e da mãe, Maria Rita, uma negra filha de uma africana que chegou ao país em um navio negreiro.

Precoce, aprendeu a ler com 4 anos e tomou gosto pelos livros já na adolescência. Mas não ficava preso em casa. Gostava de jogar bola e sonhava em ter uma chuteira. Também participava de serenatas em Itapuã com os amigos. No carnaval, saía fantasiado de mulher e cigana na Baixa dos Sapateiros. Escrevia poemas e fazia provas em versos no ginásio.

A militância começou cedo, com pouco mais de 20 anos. Marighella entrou no PCB no começo da década de 1930, depois de ingressar no curso de engenharia civil da Escola Politécnica da Bahia, onde se envolveu com as agitações estudantis. Foi preso pela primeira vez em 1932 por participar de um protesto em Salvador contra o presidente Getúlio Vargas. O ato terminou com a prisão de mais de 500 estudantes por ordem do governador Juracy Magalhães, interventor de Vargas no estado.

Solto alguns meses depois, ele ganhou prestígio no partido e recebeu a tarefa de organizar o PCB na Bahia. No começo de 1936, três dirigentes da secretaria nacional do PCB visitaram Salvador para conhecer as atividades do partido no estado. Meses depois, Marighella tinha um novo desafio: contribuir para a organização dos comunistas no Rio de Janeiro, então capital do país.

Prisão e torturas

Com 25 anos, Marighella foi para o Rio de Janeiro ajudar na rearticulação do PCB depois do fracasso da chamada Intentona Comunista, levante militar organizado em 1935 pela Aliança Nacional Libertadora (ANL) de Luís Carlos Prestes para tomar o poder de Getúlio Vargas. O movimento foi derrotado, e vários dirigentes comunistas foram presos, entre eles o próprio Prestes, o grande líder do partido, e o secretário-geral, Antônio Maciel Bonfim, conhecido como Miranda. Foi em meio a esse clima adverso que Marighella chegou ao Rio de Janeiro e logo foi preso pela segunda vez, no dia 1o de maio de 1936. Ele ficou encarcerado por um ano e dois meses e foi submetido a 23 dias de tortura.

Os suplícios começavam com murros e chutes. Depois vinham as surras de cassetete e chicote da cabeça à sola dos pés. Em seguida, seus algozes queimavam várias partes de seu corpo com brasa de cigarro. Sob as unhas das mãos, enfiavam alfinetes. Chegaram até a amarrar os testículos com uma corda e puxar. Marighella saiu da prisão em 1937 e retomou as atividades no PCB, que foi posto na clandestinidade por Getúlio Vargas após a proclamação do Estado Novo, em novembro daquele ano. Sob a ditadura de Vargas, Marighella recebeu a tarefa de se mudar para São Paulo e aparar as arestas dos dirigentes do estado com o Comitê Central do partido.

Em pouco tempo ele se tornou a principal referência entre os comunistas paulistas, mas sua militância política foi novamente interrompida por uma prisão – a terceira –, em 1939. Durante os seis anos seguintes Marighella passou pelos presídios de Fernando de Noronha (PE) e da Ilha Grande (RJ), que durante o Estado Novo se transformaram em “depósitos” de presos políticos. Ao ser libertado escreveu um dos seus poemas que ficaram mais famosos, um soneto chamado “Liberdade”.

Parlamentar

Marighella saiu da prisão em abril de 1945 e voltou para a Bahia. Com o fim do Estado Novo, em outubro, foram convocadas eleições gerais e os presos políticos, anistiados. Novamente legalizado, o PCB lançou candidatos por todo o país, Marighella se elegeu deputado federal pela Bahia com uma grande votação. Aos 34 anos, ele voltou para o Rio de Janeiro para assumir sua cadeira no Parlamento ao lado de outros 14 deputados comunistas. No plenário da Constituinte, defendeu as lutas dos trabalhadores, o direito de greve, o direito do divórcio, a liberdade de expressão, a imprensa popular, a separação entre Estado e Igreja e a reforma agrária. Só ficava com 20% dos vencimentos de parlamentar, o que considerava o necessário para a sobrevivência. O resto passava para o partido.

Depois de anos preso, teve um romance com Elza Sento Sé, uma baiana que mudara para o Rio de Janeiro e trabalhava na empresa de energia Light. Desse namoro, nasceu Carlos Augusto Marighella, em 1948.

Mas a paixão da vida inteira dele foi Clara Charf, com quem dividiu até a morte as alegrias e agonias da construção de uma família e da instabilidade da atividade política comunista. Apesar da legalização formal do PCB, a repressão aos comunistas continuou sob o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), e o registro do partido foi novamente cassado em 1947. Em seguida foram anulados os mandatos dos parlamentares eleitos pela legenda.

Mais uma vez na ilegalidade, o mulato baiano teria de atuar com discrição para dirigir o partido em São Paulo, a nova tarefa que recebeu da organização. Desde 1943, quando ainda estava preso, passara a fazer parte do Comitê Central do PCB. Para formar novos militantes, estimular greves e fazer lutas, ele passou a investir no movimento sindical paulista. A mobilização parece ter dado resultados, pois em 1953 eclodiu em São Paulo uma série de greves, como a dos operários da indústria têxtil, dos gráficos, dos marceneiros e dos metalúrgicos, todas vitoriosas.

Pouco tempo depois, no entanto, o PCB entraria em uma nova crise. Em 1956, comunistas de todo o mundo se chocaram com a divulgação do relatório em que o novo dirigente da União Soviética, Nikita Kruschev, denunciou os crimes de Josef Stalin.

A primeira reunião do Comitê Central do PCB após a divulgação do documento foi marcada por duros ataques entre os dirigentes do partido. Abalado com as revelações, Marighella foi à tribuna e chorou. Por dias e dias, as lágrimas correram.

Apesar da decepção, ele continuou com suas atividades no partido e passou a fazer parte da principal instância de decisão da organização, o Secretariado do Comitê Central. Embora não tenham conquistado a legalização do partido sob o governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), os comunistas viveram um momento de maior tranquilidade, porque não eram reprimidos. Nesse período, Marighella pôde ficar mais tempo com a família.

A virada

O período de maior estabilidade terminou com a renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961, sete meses depois de assumir o poder. Diante do impasse, os militares começaram a agir para impedir a posse do vice, o trabalhista João Goulart, e a perseguir os comunistas. A polícia foi até o apartamento de Marighella no Rio, mas ele e a mulher conseguiram escapar.

Foram anos de intensa agitação política até 1964. O governo progressista de João Goulart ensaiou reformas estruturais no país. Ao mesmo tempo, o PCB crescia com a organização dos sindicatos e a realização de greves. O partido caminhava no fio da navalha, dividido entre apoiar o governo, sobre o qual exercia influência, ou intensificar a pressão para cobrar mudanças.

Marighella defendia a segunda opção. Essa intensa luta política, no entanto, terminou com o golpe militar de 1964. Mais uma vez os comunistas foram para a clandestinidade. No próprio dia em que o golpe foi consumado, 1o de abril de 1964, Marighella e a mulher escaparam por pouco da polícia. Em maio, o mulato baiano foi preso, mas resistiu o quanto pôde, baleado no peito, e enfrentou os policiais armados dentro de um cinema. Conseguiu um habeas corpus, mas logo depois foi decretado um novo pedido de prisão. Na clandestinidade, escreveu o texto “Por que resisti à prisão”, que analisa a conjuntura política e a realidade brasileira e propõe a luta armada como tática para o PCB.

A partir daí, começou a fazer a luta política dentro do partido para convencer dirigentes e militantes a optar pelas armas como uma forma de despertar a insurreição popular, enquanto a linha de Prestes era de resistência pacífica. Com o tempo, as tensões foram aumentando dentro da organização. Marighella pediu desligamento da Comissão Executiva, mas continuou como secretário-geral em São Paulo, esforçando-se para levar o partido para a luta armada. Em São Paulo, por exemplo, 90% dos militantes do partido ficaram com Marighella na conferência estadual de abril de 1967, mesmo com a presença de uma delegação liderada por Prestes.

Em armas

O Comitê Central reagiu e passou a intervir nos estados não alinhados à sua posição. Depois de participar de uma conferência em Cuba sem consentimento do comando do partido, em setembro de 1966 o mulato baiano foi expulso da organização na qual militou por mais de 30 anos.

Não havia mais amarras para por em prática a linha política que defendera para o partido, e ele então fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN). A organização política tinha um braço armado formado por células de militantes que fizeram assaltos a bancos, carros-fortes e até a um trem-pagador, para levantar recursos para a luta, além de sequestros de autoridades diplomáticas para trocá-las por presos políticos.

As primeiras ações foram lideradas por Marighella, que em dezembro de 1968 escreveu e divulgou o manifesto “Chamamento ao povo brasileiro”, documento no qual apresentava as propostas dos guerrilheiros para o Brasil. Enquanto isso, a repressão aumentava. O primeiro sinal da intensificação da violência dos militares foi o Ato Institucional no 5, que fechou o Congresso Nacional em dezembro de 1968.

Depois, houve um recrudescimento ainda maior, quando o embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick, foi sequestrado no Rio de Janeiro e trocado por presos políticos em setembro de 1969. A ditadura já tinha identificado as “digitais” de Marighella nas ações da luta armada, e os militares lançaram uma caçada obsessiva àquele que consideravam o inimigo no 1 do regime.

A perseguição acabou em 4 de novembro de 1969, quando o guerrilheiro marcou encontro com dois frades dominicanos que colaboravam com a ALN. Ele não sabia, porém, que ambos haviam sido presos e torturados e agiam sob as ordens da polícia. Ao chegar ao local marcado, na alameda Casa Branca, em São Paulo, o militante comunista foi assassinado com quatro tiros, em uma operação que envolveu 29 policiais em seis carros.

Marighella deixou órfãos uma mulher, um filho e uma série de herdeiros na luta contra a ditadura, com seu exemplo de convicção ideológica, persistência na luta e coragem para agir. Foi militante de base, dirigente partidário, preso político, deputado federal, agitador das massas, guerrilheiro, assaltante de bancos… Em mais de 30 anos de luta política, o líder que encarnava as aspirações de liberdade e justiça, de acordo com as palavras do crítico literário Antonio Candido, passou por todas essas funções e cumpriu todo tipo de tarefa, o que fez dele um verdadeiro operário da luta pelo socialismo que deu a vida pelo povo brasileiro.

O que Marighella queria com a luta armada

Em dezembro de 1968 o guerrilheiro divulgou o manifesto “Chamamento ao povo brasileiro”, no qual expunha as principais bandeiras defendidas por sua organização, a Ação Libertadora Nacional:

● Fim dos privilégios e da censura

● Eliminação da corrupção

● Liberdade de criação e liberdade religiosa

● Libertação dos presos políticos da ditadura

● Eliminação dos órgãos da repressão policial

● Expulsão dos americanos do país e confisco de suas propriedades

● Monopólio estatal das finanças, comércio exterior, riquezas minerais, comunicações e serviços fundamentais

● Fim do latifúndio e garantia de títulos de propriedade aos agricultores

● Confisco das fortunas ilícitas dos grandes capitalistas

● Garantia de emprego a todos os trabalhadores e às mulheres

● Redução dos aluguéis, proteção aos inquilinos e garantia da casa própria

● Reforma do sistema de educação e expansão da pesquisa científica

● Tirar o Brasil da condição de satélite da política externa americana

Leia também:

Emiliano José: O comunista baiano que sobreviveu à ditadura


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Comentários

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francisco pereira neto

Essa biografia do Marighella relatada pelo Igor convocando todos a participar de um ato em homenagem ao comandante que tombou em 1969, confesso que não tinha todos os detalhes.
Ele passou praticamente toda a sua vida lutando por um ideal que acreditava.
Se declarar comunista ou não, pouco importa, mas o seu manifesto no fim do texto não tem nada de comunista na minha visão, apenas enumera um roteiro de ações cívicas nacionalista do qual sempre compartilhei. Por exemplo: liberdade de expressão e contra a corrupção, não são propósitos defendidos pelos comunistas ( no caso da corrupção, fica implícito, mas que jamais conseguiram dominá-la, ou intencionalmente nunca quiseram, da mesma forma como ocorre no capitalismo; só a minoria tem o “privilégio”).
Por coincidência garimpo na página do uol um artigo da Folha on-line escrito por Antônio Prata: Guinada à Direita.
Para mim um ilustre desconhecido, que só me interessei saber quem é, depois que li o texto. Para a minha não surpresa, está lá no Wikipédia que se trata do filho de Mário Prata; o ex-esquerdista neo-convertido da direita, para a desgraça da formação do seu rebento. Não vou me alongar muito. Reproduzo o texto do jovem “intelectual” que causou espanto em tudo. Abominável. Mas para compará-lo, eu uso uma frase famosa do Brizola, na eleição de 1982 para o governo do Rio, quando a imprensa indagou se ele Brizola estava com medo do Medina (também candidato). Resposta dele: mas meu filho, francamente, esse sujeito é um “bundinha”. Medina desabou nas pesquisas.
Então vamos ao artigo do bundinha Antônio Prata. Não se assustem!

Antonio Prata
Guinada à direita

Você, cidadão de bem: junte-se a mim nesta nova Marcha da Família com Deus pela Liberdade

Há uma década, escrevi um texto em que me definia como “meio intelectual, meio de esquerda”. Não me arrependo. Era jovem e ignorante, vivia ainda enclausurado na primeira parte da célebre frase atribuída a Clemenceau, a Shaw e a Churchill, mas na verdade cunhada pelo próprio Senhor: “Um homem que não seja socialista aos 20 anos não tem coração; um homem que permaneça socialista aos 40 não tem cabeça”. Agora que me aproximo dos 40, os cabelos rareiam e arejam-se as ideias, percebo que é chegado o momento de trocar as sístoles pelas sinapses.

Como todos sabem, vivemos num totalitarismo de esquerda. A rubra súcia domina o governo, as universidades, a mídia, a cúpula da CBF e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, na Câmara. O pensamento que se queira libertário não pode ser outra coisa, portanto, senão reacionário. E quem há de negar que é preciso reagir? Quando terroristas, gays, índios, quilombolas, vândalos, maconheiros e aborteiros tentam levar a nação para o abismo, ou os cidadãos de bem se unem, como na saudosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que nos salvou do comunismo e nos garantiu 20 anos de paz, ou nos preparemos para a barbárie.

Se é que a barbárie já não começou… Veja as cotas, por exemplo. Após anos dessa boquinha descolada pelos negros nas universidades, o que aconteceu? O branco encontra-se escanteado. Para todo lado que se olhe, da direção das empresas aos volantes dos SUVs, das mesas do Fasano à primeira classe dos aviões, o que encontramos? Negros ricos e despreparados caçoando da meritocracia que reinava por estes costados desde a chegada de Cabral.

Antes que me acusem de racista, digo que meu problema não é com os negros, mas com os privilégios das “minorias”. Vejam os índios, por exemplo. Não fosse por eles, seríamos uma potência agrícola. O Centro-Oeste produziria soja suficiente para a China fazer tofus do tamanho da Groenlândia, encheríamos nossos cofres e financiaríamos inúmeros estádios padrão Fifa, mas, como você sabe, esses ágrafos, apoiados pelo poderosíssimo lobby dos antropólogos, transformaram toda nossa área cultivável numa enorme taba. Lá estão, agora, improdutivos e nus, catando piolho e tomando 51.

Contra o poder desmesurado dado a negros, índios, gays e mulheres (as feias, inclusive), sem falar nos ex-pobres, que agora possuem dinheiro para avacalhar, com sua ignorância, a cultura reconhecidamente letrada de nossas elites, nós, da direita, temos uma arma: o humor. A esquerda, contudo, sabe do poder libertário de uma piada de preto, de gorda, de baiano, por isso tenta nos calar com o cabresto do politicamente correto. Só não jogo a toalha e mudo de vez pro Texas por acreditar que neste espaço, pelo menos, eu ainda posso lutar contra esses absurdos.

Peço perdão aos antigos leitores, desde já, se minha nova persona não lhes agradar, mas no pé que as coisas estão é preciso não apenas ser reacionário, mas sê-lo de modo grosseiro, raivoso e estridente. Do contrário, seguiremos dominados pelo crioléu, pelas bichas, pelas feministas rançosas e por velhos intelectuais da USP, essa gentalha que, finalmente compreendi, é a culpada por sermos um dos países mais desiguais, mais injustos e violentos sobre a Terra. Me aguardem.

CARLOS

ACHEI BONITO E VERDADEIRO E ESTOU REPETINDO!
Mariguella, Carlos.

Sem tempo para sentir medo, foi destemido.

Carlos não morreu, mesmo tendo morrido.

Está presente. Em nosso passado, em nossa agonia, em nossos melhores sonhos de um novo dia.

Viva Carlos Mariguella!

assalariado.

Algumas observações de um operário em construção, no que diz respeito a este pequeno histórico do PCB, conhecido também como Partidão. A história de Prestes, Lamarca, Marighella, entre tantos outros lutadores de esquerda (respeito um por um, todos!), se confundem com a história desse partido (PCB).

Esse companheiro comunista (Mariguella), tinha a seu tempo, alguns passos e clareza histórica no decorrer da luta de classes no Brasil, de que,as diretrizes táticas de luta pela emancipação política dos assalariados em relação a burguesia capitalista no Brasil determinadas pela internacional comunista, já não cabia como solução para resolver a emancipação dos assalariados e, também, de organizar o partido apenas pela cúpula partidária, e, no seio da classe média que, em última analise se baseava na tomada do poder do Estado seria ‘comendo’ por dentro das instituições burguesas do Estado capitalista, burguês.

O que Carlos Mariguella enxergou que a cúpula elitizada e antidialética e stalinista não viu, foi o seguinte, quando o autor do post escreve:

“Em pouco tempo ele se tornou a principal referência entre os comunistas paulistas, mas sua militância política foi novamente interrompida por uma prisão – a terceira –, em 1939.”

“Marighella saiu da prisão em abril de 1945 e voltou para a Bahia…
“ … Só ficava com 20% dos vencimentos de parlamentar, o que considerava o necessário para a sobrevivência. O resto passava para o partido.”

Ora, ora, depois de 6 anos de prisão e muita reflexão revolucionária, obviamente que, Mariguella chegou a conclusão de que a revolução não se daria e não se faria por meia dúzia de ‘revolucionários’ aburguesados. Tudo isso se for pegar ao pé da letra a dialética marxista, está corritíssimo, visto que, a sociedade/ Estado Socialista proposto por Marx necessariamente teria (e tem), que passar pelas mão das massas assalariadas em conjunto com seus aliados políticos, e não só, por meia dúzia de iluminados ‘marxistas’. Tática essa adotada desde sempre quando da fundação do partidão em Brasil.

Mariguella na sua forma de analisar de, forma marxista, entendeu que a tática aburguesada da revolução pelas cúpulas era (e é), furada. Claro, por isso, passou a se aproximar (de vez), das massas assalariadas, via sindicatos e tals. Por isso, a eclosão das greves de 1953. Não é por mera coincidência que o Partido que (era) dos Trabalhadores se fortaleceu, como mesmo?

Sim, isto é passado, mesmo porque o stalinismo (socialismo num país só), matou a criança socialista em seu berço. Cadê a auto critica do partidão? Inclusive, isto serve para o PT aburguesado, que deixou os trabalhadores a ver navios, e faz tempo. Sim, do ponto de vista socialista ideológico, uma vez que, como a história comprova, sem povo não há revolução. Não é mesmo?

Saudações Comunistas, aos Companheiro tombados em luta.

Francisco

Me pergunto quando é que a esquerda vai capitanear uma vaquinha de dez reais cada, para construirmos um monumento aos caídos.

Se Dilma se reeleger, a esquerda estará no poder quase metade do tempo que a ditadura esteve, mas com mil vezes mais escolas com nomes de torturadores que de torturados…

    FRANCISCO HUGO

    Ô, meu Xará!
    A Esquerda mal está no Governo…

Adriano

Homenagear a ROTA na câmara dos vereadores, que sacrilégio! Agora, esse assassino, anti-patriota, tranquilo.
AMBOS são assassinos e AMBOS não devem ser exaltados. Bando de gente ignorante que não sabe nada de história.

FrancoAtirador

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.
Marighella era Pé no Chão,

Cérebro em Revolução

e Olhar no Infinito.

Fez da Humana Paixão

a Voz da Razão,

e do Silêncio um Grito!

(http://blip.tv/videotecabnm/marighella-retrato-falado-do-guerrilheiro-2827821)

http://culturalatiamerica.blogspot.com.br/2011/12/programacao-da-semana_14.html

assalariado.

Publicado em 10/08/2012

Depois de 10 anos sem musicas novas, Racionais Mc’s volta a ativa com seu novo single “Mil faces de um homem leal” que fala sobre a luta contra a repressão do regime militar, com seu principal personagem: (CARLOS MARIGHELLA).

Este vídeo (legendado), é de autoria de Racionais Mc’s, gravadora Cosanostra, e foi exibido pela MTV Brasil.

Endereço: http://www.youtube.com/watch?v=nI78zgAk1ZY

Saudações Revolucionárias.

Jorge Moraes

Mariguella, Carlos.

Sem tempo para sentir medo, foi destemido.

Carlos não morreu, mesmo tendo morrido.

Está presente. Em nosso passado, em nossa agonia, em nossos melhores sonhos de um novo dia.

Viva Carlos Mariguella!

lukas

Vivo estivesse, estaria no PMDB.

Fabio Passos

Marighella é um dos maiores heróis do povo brasileiro.
Dedicou a vida lutando contra a opressão da burguesia parasita.
Foi perseguido e covardemente assassinado pelos cães da “elite” branca e rica. Muito justa a homenagem. A casa grande e o PiG tentam esconder a história deste guerreiro… porque se borram de medo que o bom exemplo de Marighella seja seguido.

Marat

Marighella, um de nossos maiores heróis, merece todo nosso respeito e admiração!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Gilles

http://www.marxists.org/portugues/marighella/1968/12/chamamento.htm

[Sempre usei esse Marxists.org pra ler Marx. Calculo que seja fiel. Mas vamos lá. Trecho:]

Na área rural ou urbana, dentro dos caminhos a serem escolhidos pelos revolucionários, existem três grandes opções: atuar na frente guerrilheira, na frente de massas ou na rede de sustentação.

Em qualquer uma destas frentes, é necessário que o trabalho seja clandestino, é preciso organizar grupos secretos, manter a vigilância contra infiltração policial, castigar com a morte os delatores, espiões e batedores, não deixando filtrar nenhuma informação ao inimigo.

Seja qual for a situação, é necessário ter armas e munições, aumentar a potência de fogo dos revolucionários e utilizá-la cm acerto, decisão e rapidez, inclusive em pequenas ações como a distribuição de panfletos e pichações de muros.

Entre algumas das medidas populares previstas para serem executadas de forma inapelável, com a vitória da revolução, executaremos as seguintes:

aboliremos os privilégios e a censura;

estabeleceremos a liberdade de criação e a liberdade religiosa;

libertaremos todos os presos políticos e os condenados pela atual ditadura;

eliminaremos a polícia, o SNI (Serviço Nacional de Informação), o Cenimar (Centro de Informações da Marinha) e os demais órgãos da repressão policial;

depois de julgamento público sumário, executaremos os agentes da CIA encontrados no país, e os agentes policiais responsáveis por torturas, espancamentos , tiros e fuzilamentos de presos;

É. Essa é uma história. (Não é nem a parte mais forte, ao meu ver; as declarações fortes, do tipo “não cremos na solução pacífica”, estão espalhadas pelo texto).

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