Manifesto em Defesa da Civilização: Quanto tempo mais a humanidade suportará tamanha regressão?

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de Carta Maior

São Paulo – Diante do quadro de regressão social que atinge os países ditos desenvolvidos, com supressão progressiva de direitos, um grupo de economistas formados pela Unicamp decidiu elaborar um “Manifesto em Defesa da Civilização”. Assinaturas começaram a ser colhidas tambémpelo site Petição Pública e a iniciativa se espalhou. O documento pergunta:

Estamos nós, hoje, vivendo uma crise que nega os princípios fundamentais que regem a vida civilizada e democrática? E se isso for verdade: quanto tempo  mais a humanidade suportará tamanha regressão?

Segue a íntegra do manifesto:

MANIFESTO EM DEFESA DA CIVILIZAÇÃO

Vivemos hoje um período de profunda regressão social nos países ditos desenvolvidos. A crise atual apenas explicita a regressão e a torna mais dramática. Os exemplos multiplicam-se. Em Madri uma jovem de 33 anos, outrora funcionária dos Correios, vasculha o lixo colocado do lado de fora de um supermercado. Também em Girona, na Espanha, diante do mesmo problema a Prefeitura mandou colocar cadeados nas latas de lixo. O objetivo alegado é preservar a saúde das pessoas.

Em Atenas, na movimentada Praça Syntagma situada em frente ao Parlamento, Dimitris Christoulas, químico aposentado de 77 anos, atira contra a própria cabeça numa manhã de quarta-feira. Na nota de suicídio ele afirma ser essa a única solução digna possível frente a um Governo que aniquilou todas as chances de uma sobrevivência civilizada. Depois de anos de precários trabalhos temporários o italiano Angelo di Carlo, de 54 anos, ateou fogo a si próprio dentro de um carro estacionado em frente à sede de um órgão público de Bologna.

Em toda zona do euro cresce a prática medieval de anonimamente abandonar bebês dentro de caixas nas portas de hospitais e igrejas. A Inglaterra do Lord Beveridge, um dos inspiradores do Welfare State, vem cortando recorrentemente alguns serviços especializados para idosos e doentes terminais. Cortes substantivos no valor das aposentadorias e pensões constituem uma realidade cada vez mais presente para muitos integrantes da chamada comunidade europeia. Por toda a Europa, museus, teatros, bibliotecas e universidades públicas sofrem cortes sistemáticos em seus orçamentos. Em muitas empresas e órgãos públicos é cada vez mais comum a prática de trabalhar sem receber. Ainda oficialmente empregado é possível, ao menos, manter a esperança de um dia ter seus vencimentos efetivamente pagos. Em pior situação está o desempregado. Grande parte deles são jovens altamente qualificados.

A massa crescente de excluídos não é um fenômeno apenas europeu. O mesmo acontece nos EUA. Ali, mais do que em outros países, a taxa de desemprego tomada isoladamente não sintetiza mais a real situação do mercado de trabalho. A grande maioria daqueles que hoje estão empregados ocupam postos de trabalhos precários e em tempo parcial concentrados no setor de serviços. Grande parte dos postos mais qualificados e de melhor remumeração da indústria de transformação foram destruídos pela concorrência chinesa.

Nesse cenário, a classe média vai sendo espremida, a mobilidade social é para baixo e o mercado de trabalho vai ficando cada vez mais polarizado no país das oportunidades. No extremo superior, pouquíssimos executivos bem remunerados que têm sua renda diretamente atrelada ao mercado financeiro. No extremo inferior, uma massa de serviçais pessoais mal pagos sem nenhuma segurança, que vivem uma realidade não muito diferente dos mais de 100 milhões que recebem algum tipo de assistência direta do Estado. O Welfare State, ao invés de se espalhar pelo planeta, encampando as tradicionais hordas de excluídos, encolhe, aumentando a quantidade de deserdados.

Muitos dirão que essa situação será revertida com a suposta volta do crescimento econômico e a retomada do investimento na indústria de transformação nestes países. Não é verdade. É preciso aceitar rapidamente o seguinte fato: no capitalismo, o inevitável avanço do progresso tecnológico torna o trabalho redundante. O exponencial aumento da produtividade e da produção industrial é acompanhado pela constante redução da necessidade de trabalhadores diretos. Uma vez excluídos, reincorporam-se – aqueles que o conseguem – como serviçais baratos dentro de um circuito de renda comandado pelos detentores da maior parcela da riqueza disponível. Por isso mesmo, a crescente desigualdade de renda é funcional para explicar a dinâmica desse mercado de trabalho polarizado.

Diante desse quadro, uma pergunta torna-se inevitável: estamos nós, hoje, vivendo uma crise que nega os princípios fundamentais que regem a vida civilizada e democrática? E se isso for verdade: quanto tempo mais a humanidade suportará tamanha regressão?

A angústia torna-se ainda maior quando constatamos que as possibilidades de conforto material para a grande maioria da população deste planeta são reais. É preciso agradecer ao capitalismo, e ao seu desatinado desenvolvimento, pela exuberância de riqueza gerada. Ele proporcionou ao homem o domínio da natureza e uma espantosa capacidade de produzir em larga escala os bens essenciais para as satisfações das necessidades humanas imediatas. Diante dessa riqueza, é difícil encontrar razões para explicar a escassez de comida, de transporte, de saúde, de moradia, de segurança contra a velhice, etc. Numa expressão, escassez de bem estar!

Um bem estar que marcou os conhecidos “anos dourados” do capitalismo. A dolorosa experiência de duas grandes guerras e da depressão pós 1929, nos ensinou que deveríamos limitar e controlar as livres forças do mercado. Os grilhões colocados pela sociedade na economia explicam quase 30 anos de pleno emprego, aumento de salários e lucros e, principalmente, a consolidação e a expansão do chamado Estado de Bem Estar Social. Os direitos garantidos pelo Estado não deveriam ser apenas individuais, mas também coletivos. Vale dizer: sociais. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que o direito à saúde, à previdência, à habitação, à assistência, à educação e ao trabalho eram universalizados, milhares de empregos públicos de médicos, enfermeiras, professores e tantos outros eram criados.

O Welfare State não pode ser interpretado como uma mera reforma do capitalismo, mas sim como uma grande transformação econômica, social e política. Ele é, nesse sentido, revolucionário. Não foi um presente de governos ou empresas, mas a consequência de potentes lutas sociais que conseguiram negociar a repartição da riqueza. Isso fica sintetizado na emergência de um Estado que institucionalizou a ética da solidariedade. O indivíduo cedeu lugar ao cidadão portador de direitos. No entanto, as gerações que cresceram sob o manto generoso da proteção social e do pleno emprego acabaram por naturalizar tais conquistas. As novas e prósperas classes médias esqueceram que seus pais e avós lutaram e morreram por isso. Um esquecimento que custa e custará muito caro às gerações atuais e futuras. Caminhamos para um Estado de Mal Estar Social!

Essa regressão social começou quando começamos a libertar a economia dos limites impostos pela sociedade, já no início dos anos 70. Sob o ideário liberal dos mercados, em nome da eficiência e da competição, a ética da solidariedade foi substituída pela ética da concorrência ou do desempenho. É o seu desempenho individual no mercado que define sua posição na sociedade: vencedor ou perdedor. Ainda que a grande maioria das pessoas seja perdedora e não concorra em condições de igualdade, não existem outras classificações possíveis. Não por acaso o principal slogan do movimento Occupy Wall Street é “somos os 99%”. Não por acaso, grande parte da população espanhola está indignada.

Mesmo em um país como o Brasil, a despeito dos importantes avanços econômicos e sociais recentes, a outrora chamada “dívida social” ainda é enorme e se expressa na precariedade que assola todos os níveis da vida nacional. Não se pode ignorar que esses caminhos tomados nos países centrais terão impactos sob essa jovem democracia que busca, ainda, universalizar os direitos de cidadania estabelecidos nos meados do século passado nas nações desenvolvidas.

Como então acreditar que precisamos escolher entre o caos e austeridade fiscal dos Estados, se essa austeridade é o próprio caos? Como aceitar que grande parte da carga tributária seja diretamente direcionada para as mãos do 1% detentor de carteiras de títulos financeiros? Por que a posse de tais papéis que representam direitos à apropriação da renda e da riqueza gerada pela totalidade da sociedade ganham preeminência diante das necessidades da vida dos cidadãos? Por que os homens do século XXI submetem aos ditames do ganho financeiro estéril o direito ao conforto, à educação e à cultura?

As respostas para tais questões não serão encontradas nos meios de comunicação de massa. Os espaços de informação e de formação da consciência política e coletiva foram ocupados por aparatos comprometidos com a força dos mais fortes e controlado pela hegemonia das banalidades. É mais importante perguntar o que o sujeito comeu no café da manhã do que promover reflexões sobre os rumos da humanidade.

A civilização precisa ser defendida! As promessas da modernidade ainda não foram entregues. A autonomia do indivíduo significa a liberdade de se auto-realizar. Algo impensável para o homem que precisa preocupar-se cotidianamente com sua sobrevivência física e material. Isso implica numa selvageria que deveria ficar restrita, por exemplo, a uma alcateia de lobos ferozes. Ao longo dos últimos de 200 anos de história do capitalismo, o homem controlou a natureza e criou um nível de riqueza capaz de garantir a sobrevivência e o bem estar de toda a população do planeta. Isso não pode ficar restrito para uma ínfima parte. Mesmo porque, o bem estar de um só é possível quando os demais à sua volta encontram-se na mesma situação. Caso contrário, a reação é inevitável, violenta e incontrolável. A liberdade só é possível com igualdade e respeito ao outro. É preciso colocar novamente em movimento as engrenagens da civilização.

Assinaturas

DAVI DONIZETI DA SILVA CARVALHO

EDUARDO FAGNANI

CAMILA LINHARES TEIXEIRA

CLAUDIO LEOPOLDO SALM

MILTON LAHUERTA

EDSON CORREA NUNES

MIRIAM DOMINGUES

WILMA PERES COSTA

NEIRI BRUNO CHIACHIO

NATÁLIA MINHOTO GENOVEZ

PEDRO GILBERTO ALVES DE LIMA

SAMIRA KAUCHAKJE

FABIO DOMINGUES WALTENBERG

ALICIA UGÁ

JULIANO SANDER MUSSE

AMÉLIA COHN

LIGIA BAHIA

MAGDA BARROS BIAVASCHI

FABRÍCIO AUGUSTO DE OLIVEIRA

ANTONIO CARLOS ROCHA

RODRIGO PEREYRA DE SOUSA COELHO

GABRIEL QUELHAS DE ALMEIDA

MARIENE GONÇALVES TUNG

AMILTON MORETTO

ANA AURELIANO SALM

MARCIO SOTELO FELIPPE

FREDERICO MAZZUCCHELLI

CELIO HIRATUKA

EDUARDO BARROS MARIUTTI

ANGELA MOULIN SIMÓES PENALVA SANTOS

ANGELA MARIA CARVALHO BORGES

JOÃO MIRANDA SILVA FAGNANI

RODOLFO AURELIANO SALM

EVA LUCIA SALM

ÉDER LUIZ MARTINS

FERNANDA MAZZONI DE OLIVEIRA

MICHELLE MAUREN DOVIGO CARVALHO

FELIPE LARA CIOFFI

ALOISIO SERGIO ROCHA BARROSO

RONEY MENDES VIEIRA

NAIRO JOSÉ BORGES LOPES

MARIA FERNANDA CARDOSO DE MELO

WILSON CANO

NEREIDE SAVIANI –

FREDERICO LOPES NETO

MARIA DE FÁTIMA BARBOSA ABDALLA

BRANCA JUREMA PONCE

LUIZ GONZAGA DE MELLO BELLUZZO

ALAN GUSMÃO SILVA

JOSE ANTONIO MORONI

VANESSA CRISTINA DOS SANTOS

JOSÉ CLAUDINEI LOMBARDI

EDSON DONIZETTI XAVIÉR DE MIRANDA

MARIA EDUARDA PAULA BRITO DE PINA

MARIA DE FATIMA FELIX ROSAR

CÁSSIA HACK

DERMEVAL SAVIANI

ROBSON SANTOS DIAS

RODRIGO TAVORA GADELHA

JORGE LUIZ ALVES NATAL

LUCIANO VIANNA MUNIZ

ALUIZIO FRANCO MOREIRA

MARISE VIANNA MUNIZ

JURACI COLPANI

ALESSANDRO CESAR ORTUSO

GENILDO SIQUEIRA

CARLOS EDUARDO DE FARIAS

CARLOS ALONSO BARBOSA DE OLIVEIRA

JOSE DAMIRO DE MORAES

FERNANDO MOREIRA MORATO

CELSO JOÃO FERRETTI

SILVIA ESCOREL DE MORAES

DANIEL ARIAS VAZQUEZ

EVERTON DAB DA SILVA

JOÃO GABRIEL BARRETO SILVA ROCHA

CELSO EUGÊNIO BRETA FONTES

SARAH ESCOREL

VINICIUS GASPAR GARCIA

DENIS MARACCI GIMENEZ

DENISE DO CARMO SILVA PEREIRA

JEFFERSON CARRIELLO DO CARMO –

VAGNER SILVA DE OLIVEIRA

GABRIEL PRIOLLI

JÉSSICA MARCON DALCOL

MARINA VENÂNCIO GRANDOLPHO

PEDRO HENRIQUE DE MELLO LULA MOTA

DANIEL SANTIAGO MOREIRA

VANESSA MORAES LUGLI

SANDRA MARIA DA SILVA LIMA

CARLOS RAFAEL LONGO DE SOUZA

MARIA SILVIA POSSAS

LUCIANA RAMIREZ DA CRUZ

CAROLINA PIGNATARI MENEGHEL

PEDRO DOS SANTOS PORTUGAL JÚNIOR

JOSÉ AUGUSTO GASPAR RUAS

WELLINGTON CASTRO DOS SANTOS

ALESSANDRO FERES DURANTE

DANIEL HERRERA PINTO

PEDRO HENRIQUE VERGES

DAVI JOSÉ NARDY ANTUNES

CARLA CRISTIANE LOPES CORTE

CARLOS ALBERTO DRUMMOND MOREIRA

DANIEL DE MATTOS HÖFLING

MARCELO WEISHUPT. PRONI

ENIO PASSIANI

JOSÉ DARI KREIN

ANSELMO LUIS DOS SANTOS

FABIO EDUARDO IADEROZZA

HIGOR FABRÍCIO DE OLIVEIRA

DANER HORNICH

HELDER DE MELO MORAES

JOSE EDUARDO DE SALLES ROSELINO JUNIOR

JULIANA PINTO DE MOURA CAJUEIRO

FERNANDO CATALANI

FERNANDA PIM NASCIMENTO SERRALHA

LEANDRO PEREIRA MORAIS

MARCELO PRADO FERRARI MANZANO

OLIVIA MARIA BULLIO MATTOS

RENATO BROLEZZI

LUCAS JANNONI SOARES

MÁRCIO SAMPAIO DE CASTRO

MARIA PINON PEREIRA DIAS

LUIZ MORAES DE NIEMEYER NETO

RODRIGO COELHO SABBATINI

LÍCIO DA COSTA RAIMUNDO

FERES LOURENÇO KHOURY

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Comentários

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Marina articula criação de partido e pode disputar o governo do DF « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Manifesto em Defesa da Civilização: Quanto tempo mais a humanidade suportará tamanha regressão? […]

A carta dos economistas em defesa da civilização « Marcos Aurélio

[…] Reproduzido do blog do Azenha (aqui) […]

Jorsom

“Por toda a Europa, museus, teatros, bibliotecas e universidades públicas sofrem cortes sistemáticos em seus orçamentos. Em muitas empresas e órgãos públicos é cada vez mais comum a prática de trabalhar sem receber. Ainda oficialmente empregado é possível, ao menos, manter a esperança de um dia ter seus vencimentos efetivamente pagos. Em pior situação está o desempregado. Grande parte deles são jovens altamente qualificados.”

O paradoxo no Brasil é que estamos carentes de jovens qualificados.Os nossos estão presos ou nas ruas drogados matando os que conseguiram algum Welfare State. Isto sim ,é um bom motivo para manifestos.O texto em si é válido apenas como trabalho acadêmico.

Curumin

Aqui no Brasil e em todos paises do hemisfério sul, vivemos uma crise há muito anos… Crise??? só quando afeta os países ricos.

augusto2

eu até agradeço aos economistas.
Pela razao que, diversamente do assalariado acho bom que o façam agora.
O argumento dele procede inteiramente mas na dinâmica das opçoes que se tem NAO se aplica. Porque não é esta agora a opçao das duas partes antagonicas a que ele alude.
Tenho certeza que uma parte deles pensa o mesmo.

Osorio

Espanhóis o povo Asteca e Inca mandam saudações.

Jorge

Mas o “bem estar social” deles (países “desenvolvidos”) não só foi possível devido a exploração das colonias e dos países “subdesenvolvidos”? (inclusive o Brasil)
Como é que, por exemplo, os espanhóis conseguiram o “bem estar social” até então, durante estes anos?

E nós, no Brasil, com nossos imensos problemas sociais, um dia, teremos o “bem estar social” que um dia eles tiveram ou ainda têm?

Não está havendo um equilíbrio maior da forma “difícil” de se viver como os que vivem fora do eixo (EUA – Europa – Japão)? Ou será que somente os Sulamericanos – Africanos – Sulasiáticos podem/devem viver com dificuldades?

Francisco

Não é por nada não, mas Marx ainda é o phoda…

strupicio

parece que a civilização so corre risco quando brancos de olhos claros tem de comer merda…enquanto isso é ‘privilegio” só dos morenos, no problem…

Roberto Locatelli

Essa é a contradição do capitalismo: criar progresso e impedir a maior parte da humanidade de ter acesso a esse progresso.

assalariado.

Manifesto em defesa da civilização(?!) E perguntam: “Estamos nós, hoje, vivendo uma crise que nega os princípios fundamentais que regem a vida civilizada e democrática? E se isso for verdade: quanto tempo mais a humanidade suportará tamanha regressão?”

Agora pergunto eu: De que civilização voces estão falando? Desçam do muro da história, por favor?

Oras, sem colocarmos o dedo na ferida estaremos todos sendo hipócritas. Sabendo nós que, a “civilização” esta divida em duas classes sociais de interesses economicos opostos, CAPITAL X TRABALHO. Ou seja, se uma ganha a outra perde e vice -versa. Tudo parte daqui, da exploração dos donos dos meios de produção sobre os assalariados e assim pela sociedade afora. Sendo que, os primeiros para fazerem prevalecer seus ideais de acumulação de capitais e lucros se organizaram e se organizam por dentro do Estado. Também conhecido como, Estado de Direito. Direitos de quem?

Primeiro devo alertar os internautas que a crise não é nossa como sugere este texto. Esta crise é, e está, sendo provocada pelos donos do capital e seu modo de produção capitalista que é, a forma como está organizada a produção e distribuição das riquezas produzidas pelos assalariados e agregados em geral, segundo os criterios e principios da ideologia da burguesia capitalista, organizada como classe dominante. Alias, que de nada tem de civilizado, muito pelo contrário, o Estado do bem estar social (que vivem os colonizadores), é que gerou o Estado do mal estar social (nas colonias), já que este texto se refere mais diretamente aos exploradores coloniais e suas mazelas passadas, presentes e futuras sobre os povos colonizados.

E o texto ainda faz várias interrogações:

“Como então acreditar que precisamos escolher entre o caos e austeridade fiscal dos Estados, se essa austeridade é o próprio caos? Como aceitar que grande parte da carga tributária seja diretamente direcionada para as mãos do 1% detentor de carteiras de títulos financeiros? Por que a posse de tais papéis que representam direitos à apropriação da renda e da riqueza gerada pela totalidade da sociedade ganham preeminência diante das necessidades da vida dos cidadãos? Por que os homens do século XXI submetem aos ditames do ganho financeiro estéril o direito ao conforto, à educação e à cultura?”

Então pergunto: Quem é o regressor nesta história toda? Tenho certeza de que a resposta para cada uma destas perguntas acima vão cair no mesmo lugar. Sim, quem é o fantasma da ópera?

Saudações Verdadeiramente Democraticas.

cassio

Srs. “Manifesto em defesa da Civilização” diz aos espanhóis que o povo Maia deseja-lhes boa sorte!

Marcos Sousa

Desde há um bom tempo atrás, venho sustentando que o modo de produção capitalista tem o formato “piramidal”, no sentido de ter em si embutido a tendência de que, se não houver freio ou intervenção das estatal, um único país, organização ou pessoa pode controlar e dominar, econômica e politicamente, o mundo, ocupando o vértice superior da pirâmide. Este é o fim natural do capitalismo tão almejado pelo liberalismo e patrocinado pelo país hegemônico da vez e seus tentáculos nos países intermediários, espécies de vassalagem, que a ele devem se manter submissos. Tal hierarquia se repete internamente em cada nação, em que as massas são controladas por um grupo de privilegiados detentor dos meios de produção, incluindo um importantíssimo, o de comunicação de massa. Exemplo mais eloquente aqui no Brasil é o nosso maior meio de comunicação televisiva, uma concessão pública que transmite uma chamada novela das sete, recém-terminada, e outra das nove, em conclusão, verdadeiros instrumentos a teleguiar corações e mentes de quase toda sociedade, intercalando entre elas outro, um telejornal. Por tais instrumentos, afirmam e reafirmam a todo o tempo os valores de um capitalismo sem limites. Se alguém cogita em criticá-los ou ver cumprido o art. 220, § 5º, da Constituição (proibição de monopólios e oligopólios), vozes poderosas se levantam defendendo a “liberdade de expressão”.
Por outro lado, não acho que o modo de produção planificado, comunista, a que chamo de modelo em “linha reta”, seja adequado. Não por já ter sido testado em várias partes do mundo, sem êxito, mas porque o homem, apesar de buscar a vida em sociedade, é um animal e, por isso mesmo, não subsiste sem alguma forma de competição, até como capacidade biológica de lutar pela sua existência ou sobrevivência. Qualquer tentativa de mantê-lo inerte, sem aspiração, será em vão. A China, sob este sistema, chegou ao ponto de não ser capaz de alcançar recursos tecnológicos para suprir as necessidades de alimentação da sua própria população.
Desta forma, há de se buscar um novo paradigma de produção econômico, seja ele completamente diferente dos que já foram testados, ou intermediário entre os dois sistemas citados, extraindo-se o melhor de cada um. Mas, isso só virá quando as necessidades do povo, o verdadeiro titular do poder, for capaz de suplantar todas as forças de dominação.
O manifesto assinado pelos economistas da Universidade de Campinas, Unicamp, pode ser um movimento neste sentido.

    assalariado.

    Marcos Sousa, seu comentário é muito bom, até chegar neste parte onde tu diz: “Por outro lado, não acho que o modo de produção planificado, comunista, a que chamo de modelo em “linha reta”, seja adequado. Não por já ter sido testado em várias partes do mundo, sem êxito, …”

    Ora meu caro, aonde voce viu na história, de ter havido comunismo e sua economia planejada? O que é o modelo planificado que você chama de linha reta?

    Ou será que você esta confundindo (capitalismo de Estado), inventado pela social democracia stalinista (Josef Stalin), no século 20?

    Sobre a competição entre os humanos, com certeza, há uma diferença enorme entre os que pensam num modelo capitalista de sobrevivencia, e os que pensam no modelo socialista marxista de sobrevivencia. Falo isto justamente porque Karl Marx separou o socialismo/ comunismo, em duas partes.

    A 1ª ele chamou de (Estado Socialista) onde na sua 1ª fase a remuneração que prevalece nesta sociedade, é a seguinte regra: -(DE CADA UM SEGUNDO SUA CAPACIDADE, E A CADA UM SEGUNDO SEU TRABALHO)-

    E que esta sociedade, em sua 2ª fase (pós socialista), irá prevalecer a seguinte regra: -(DE CADA UM SEGUNDO SUA CAPACIDADE, E A CADA UM SEGUNDO SUA NECESSIDADE)-

    Ou seja, no pós (Estado) Socialista, virá a (Sociedade) comunista, não confundir as duas situações. Portanto, por conta de seu comentario de que o modo de produção socialista é travada e estagnada cai por terra. Sim, o ser humano continuará com aspirações e, com certeza, não será em vão.

    Com todo respeito.

    Abraços Fraternos.

    Mário SF Alves

    Prezado Assalariado,

    Essa máxima sempre me comoveu: “de cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo a sua necessidade”. É de uma generosidade e de uma clareza tão impactantes que nem as ideologias religiosas seriam capazes de dar conta.
    Mas, convenhamos, não responde à colocação feita pelo seu interlocutor, pois não? Ele fala abertamente da competição como necessidade intrínseca ao gênero humano. E aí? Como é que se resolve isso?

    assalariado.

    Mário SF, obrigado pelo bom combate.

    Com respeito ao que o Marcos Sousa questiona, e voce reforça, da indole competitiva do ser humano, minha culta ignorância fala que: Isso de competição tem tudo a ver com os valores e com a sociedade baseada na luta de classes que, nasceu junto com a questão da propriedade privada dos meios de produção. Por esta via ideologica, os donos do capital lançam que, nesta mundo para eu dar certo terei que ser competitivo. Portanto terei que derrotar, jogar na lona, meus semelhantes. Dou um exemplo claríssimo para voce da não competição. Então pergunto: Os indigenas vivem em competição? Lá tem propriedade privada das terras?

    Saudações Verdadeiramente Democraticas.

GUILHERME

Apenas um adendo,
caros o Estado do Bem estar social, só foi construido pois a pilhagem e a dominação dos séculos anteriores permitiu aos europeus o domínio da técnica. No caso estadunidense, isso só foi possível através de ditaduras, guerras e genocídios (culturais e étnicos). Nunca existirá um capitalismo que não acabe no monopolio. Então temos de discuti-lo. De resto salve aos economistas do IE da UNICAMP, que devem estar pesquisando o ECO-socialismo, como fonte do estado do bem estar social do séc XXI. Socialismo democrático, é isso que precisamos, colocar o curso do mundo sobre o vies da HUMANOCRACIA.

    Charles Alvim

    Parabéns pela iniciativa. Precisamos mesmo implementar nova ordem economica no mundo.

    Linguísta

    “Nova ordem”??? Hmmmm…

    Neuordnung – http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Ordem_%28nazismo%29

    Chomsky agradece!

jose marcos

Perfeito,irretocavel. Estamos vivendo uma nova idade das trevas, so que agora a natureza esta sendo destruida pelo consumo desenfreado de uma parcela cada vez menor da população e o que ainda restou da classe media continua se informando pelas vejas e globo news do mundo.

strupicio

Outro dia li em alguns jornais online sobre um grande filosofo mexicano que estava fazendo concorridas palestras nas maiores universidades do Brasil. O nome do grande intelectual não me dizia nada mas em seguida vinha o grande esclarecimento, quando falavam de sua atividade midiática…era nada mais nada menos que o Seu Barriga do Chaves, não do Chávez…um programa de televisão mexicano supostamente humorístico que faz com que o Sergio Malandro se equipare a Chaplin…foi meio surpreendente e inusitado mas agora lendo essa produção da nossa academia dá pra entender melhor os riscos da civilização…o negocio ta feio mesmo.

Jorge

Excelente texto. Parabéns aos que o elaboraram. Pena que parece ter despertado tão pouco interesse. Uma vez mais, parabéns.

FrancoAtirador

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Com o Capitalismo, nunca acabará a pobreza no Planeta.

No mundo capitalista, a miséria apenas se desloca de um país para outro.

Há décadas, com todo o desenvolvimento científico e tecnológico mundial,

a pobreza continua a atingir um terço da população da Terra.

E a riqueza é cada vez mais concentrada nas megacorporações apátridas

e nos conglomerados financeiros rapinadores das economias dos Estados.

Espera-se sinceramente que, “se não houver solução, haja mesmo revolução”.

Os governos europeus revogaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos
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    Mário SF Alves

    Enquanto isso, Alan Turing, inglês, tido como o pai da ciência da computação, exceção feita ao Steve Jobs, que o homenageou com aquela maçã mordida, é notadamente esquecido. Enquanto isso Darcy Ribeiro, aquele que enfaticamente nos perguntava por que o Brasil ainda não deu certo? O mesmo Darcy Ribeiro que, ao chegar no exílio, no Uruguai, em abril de 1964, queria responder a essa pergunta na forma de um livro‐painel sobre a formação do povo brasileiro e sobre as configurações que ele foi tomando ao longo dos séculos. E que viu logo, porém, que essa era uma tarefa impossível, pois só havia o testemunho dos conquistadores. E sobretudo porque nos faltava uma teoria crítica que tornasse explicável o mundo ibérico de que saímos, mesclados com índios e negros.
    O mesmo Darcy Ribeiro sobre quem Anísio Teixeira observou “considero Darcy a inteligência do Terceiro Mundo mais autônoma de que tenho conhecimento. Nunca lhe senti nada da clássica subordinação mental do subdesenvolvido […].” O mesmo Darcy Ribeiro antroplólogo, ensaísta, romancista e político, que nasceu em Montes Claros, MG, em 1922 e que é autor de, entre outros, O processo civilizatório (1968). O mesmo Darcy brasileiro que acreditava no Brasil como um dos países mais promissores do mundo, e que, inexplicadamente, continua muitíssimo pouco lido até hoje. Enquanto isso… o obscurantismo e os domínios funcionais dos fatos campeiam à solta por aí.

FrancoAtirador

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SOCIALISMO ou BARBÁRIE

SE NÃO HÁ SOLUÇÃO, HAVERÁ REVOLUÇÃO!

Estudantes, professores, pais e mães ocuparam quinta-feira (18) as ruas de várias cidades espanholas em protesto contra as medidas de austeridade impostas no setor da educação. Em Madrid, cerca de 100 mil pessoas reivindicaram uma “Educação pública de tod@s e para tod@s”.

(http://esquerda.net/artigo/protesto-de-estudantes-em-espanha-%E2%80%9Cse-n%C3%A3o-h%C3%A1-solu%C3%A7%C3%A3o-haver%C3%A1-revolu%C3%A7%C3%A3o%E2%80%9D/25101)
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“A 14 de novembro realizar-se-á a primeira Greve Geral ibérica da história”

O Comité da UGT e o Conselho da CC OO aprovaram formalmente a convocatória de uma Greve Geral para 14 de novembro.

Durante a tarde, e segundo noticia o El Pais, os representantes das duas estruturas sindicais levaram a sua decisão à Cimeira Social, movimento reivindicativo que reúne cerca de 150 organizações.

Além de Espanha e Portugal, também Chipre, Grécia e Malta deverão aderir ao protesto.

(http://esquerda.net/artigo/%E2%80%9C-14-de-novembro-realizar-se-%C3%A1-primeira-greve-geral-ib%C3%A9rica-da-hist%C3%B3ria%E2%80%9D/25111)
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GREVE DE JORNALISTAS CONTRA DEMISSÕES EM PORTUGAL

Protesto de jornalistas: “o que está em causa é a defesa da democracia”

Mais de duas centenas de jornalistas concentraram-se em frente à redação do Público, em Lisboa, em protesto contra os despedimentos e os cortes orçamentais no setor.

A deputada do Bloco Catarina Martins, que participou neste protesto, sublinhou que “esta grande convergência da comunicação social na defesa da democracia é essencial”.

“O que dá voz a todo o país, o que nos permite dizer aquilo que é necessário dizer em cada momento e ter informação do que se está a passar no país, é a comunicação social”, frisou a dirigente bloquista, adiantando que “estamos a viver momentos muito perigosos, muito sombrios” e que “esta mobilização, esta grande convergência da comunicação social na defesa da democracia é essencial”.

“Não é só a defesa dos seus postos de trabalho” que está em causa, “é a defesa da democracia”, defendeu. “Os problemas não estão só no Público, na RTP e na Lusa. Sabemos que todos os órgãos de comunicação social estão a sofrer uma fragilização da sua capacidade. Sem imprensa, sem comunicação social, é um país que fica calado, sem democracia”, rematou a deputada do Bloco de Esquerda.

A concentração, que decorreu em frente da redação do Público, na Rua Viriato, n.º 13, em Lisboa, e que teve início às 11h, reuniu trabalhadores do jornal Público, que agendaram uma paralisação para o dia de hoje como forma de luta contra a intenção da Sonaecom de proceder ao despedimento de 48 trabalhadores;
da agência Lusa, que cumprem hoje o segundo dia de greve contra os cortes orçamentais no contrato de programa de 2013;
e da Comissão de Trabalhadores da RTP, que manifestaram a sua solidariedade para com os trabalhadores do Público e da Lusa e anunciaram a sua presença nas iniciativas de protesto.

Nesta concentração participaram ainda vários jornalistas veteranos, como é o caso de Diana Andringa e Adelino Gomes.

A partir das 13h, a concentração deslocou-se para a sede da agência Lusa, onde continuará a decorrer o protesto.
Para sábado, os órgãos representativos dos trabalhadores da agência Lusa marcaram uma ação de sensibilização junto ao café A Brasileira, à saída do metro da Baixa-Chiado, às 12h, e para domingo foram agendadas ações de sensibilização feitas por diversos piquetes de greve junto dos restantes órgãos de comunicação social, clientes dos serviços da Agência Lusa.

Já na segunda feira, realizar-se-á uma conferência de imprensa, às 11h, nas instalações do Sindicato dos Jornalistas, em Lisboa, com os representantes dos órgãos representativos dos trabalhadores.

Várias personalidades e coletivos já vieram manifestar a sua solidariedade para com os trabalhadores da agência Lusa, entre os quais a Federação Nacional da Educação (FNE), que saúda a sua “coragem e determinação”, e a Associação Portuguesa de Realizadores (APR), que se afirma indignada “contra mais um golpe no Serviço Público”, considerando que “o Governo de Passos Coelho faz um cerco mortal à informação independente”.

A greve no jornal Público conta com uma adesão de 90% no Porto e de 86% na redação de Lisboa.

(http://esquerda.net/artigo/protesto-de-jornalistas-o-que-est%C3%A1-em-causa-%C3%A9-defesa-da-democracia/25106)
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Greve do “Público” e da Lusa: a união faz a força

ESQUERDA.NET | Reportagem |

O Esquerda.net esteve na concentração de jornalistas e outros trabalhadores diante do jornal “Público, com a presença dos grevistas dos dois órgãos de comunicação e o apoio da CT da RTP e muitos jornalistas.
Ouvimos Sofia Lorena, da Comissão de Trabalhadores do “Público”, e Sofia Branco, do Conselho de Redação da Agência Lusa.

(http://www.youtube.com/watch?&v=SfYpqpJkRVc)
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O ATAQUE AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
PÚBLICOS E ALTERNATIVOS INDEPENDENTES
ESTÁ OCORRENDO EM ESCALA GLOBAL

O que os governantes da direita portuguesa estão fazendo agora em Portugal é o mesmo que o governo do PSDB paulista fez e continua fazendo com a TV Cultura de São Paulo
e o que os tucanos, desde sempre, pretenderam e ainda pretendem fazer, no Brasil, com os meios públicos de comunicação social e com os canais brasileiros de mídia alternativa, hoje, principalmente na internet,
com o evidente objetivo de privilegiar algumas poucas e bem determinadas empresas jornalísticas privadas e manter cada vez mais concentrado o poder para manipular a notícia, pela falsificação da realidade dos fatos, restringindo o acesso à Verdade, monopolizando os meios de divulgação,
para finalmente cercear aos cidadãos o direito fundamental à informação, um dos princípios dos Direitos Humanos universais garantido em toda Democracia Constitucional.
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