Leonardo Fuhrmann: Cortes de gastos são pedras no caminho de Alckmin para 2018

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Cortes desproporcionais para ajudar a cobrir os R$0,20 da redução de tarifas de ônibus, metrô e trens

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Em SP, pedras no caminho de Alckmin para o Planalto em 2018

Com a necessidade de criar bandeiras, principalmente na área social, governador paulista está tendo de cortar gastos

por Leonardo Fuhrmann, no Brasil Econômico

São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), é visto como um dos principais nomes de seu partido para a Presidência em 2018, ao lado do senador mineiro Aécio Neves, derrotado por Dilma Rousseff (PT). Mas, no início de seu quarto mandato no comando do mais importante Estado (ele assumiu o cargo pela primeira vez em 2001, com a morte de Mário Covas), Alckmin terá de superar dificuldades administrativas para impor uma marca capaz de viabilizá-lo na disputa.

Uma preocupação, segundo aliados, é fortalecer a imagem social, para ter projetos para se contrapor aos petistas Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e Prouni, por exemplo.

O governador paulista havia conseguido recuperar sua imagem depois da baixa na época das manifestações de junho de 2013, a ponto de vencer a disputa do ano passado já no primeiro turno. Mais do que isso, viu a oposição na Assembleia Legislativa se desidratar em relação à legislatura passada. O PT, seu principal adversário, tinha 22 deputados e agora conta com 14. O PCdoB e o PSOL, com dois parlamentares cada um, completam a bancada oposicionista. No total, são 94 deputados.

Apesar da relativa tranquilidade que terá no Legislativo mais uma vez, o tucano voltou a enfrentar problemas de popularidade no início do ano. Uma pesquisa Datafolha do mês passado apontou uma queda da aprovação dele de dez pontos de outubro a fevereiro. O percentual de paulistas que consideram a sua gestão ruim ou péssima passou de 17% para 24% no período. A crise no abastecimento de água foi apontada na época como um dos principais fatores do aumento da rejeição.

Mesmo com as chuvas nos últimos meses, a situação das represas que fornecem água para a região metropolitana da capital ainda é preocupante, principalmente em razão da proximidade do início da época de mais seca do ano na região.

Desde novembro do ano passado, São Paulo enfrenta um corte de gastos, quando o governador assinou um decreto de ajuste orçamentário. Segundo estimativas da oposição, com base no Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária do Estado (Sigeo), o déficit chegaria a R$ 2,9 bilhões em 2014 caso o governo não deixasse de liquidar R$ 2,5 bilhões em empenhos cancelados ou que posteriormente serão incluídos em “restos a pagar”. Alckmin assinou um decreto em novembro para congelar gastos, inclusive em investimentos nas mais diversas áreas.

Neste ano, um novo corte vem em projeto do Executivo para economizar até R$ 2 bilhões. A proposta inclui o corte de 15% dos funcionários comissionados, 30% com horas extras e diárias, 10% com custeio, além do fechamento de órgãos de planejamento e orientação como o Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam) e a Fundação do Desenvolvimento Administrativo.
Na Educação, Alckmin enfrenta uma greve desde 13 de março.

A Apeoesp protesta contra o fechamento de salas de aula e a superlotação. Em algumas escolas, classes com capacidade para 40 alunos contam com 50 matriculados. A Secretaria alega que o número de matriculados não corresponde ao de frequência regular. Além de um aumento salarial, o fim da superlotação está na pauta de reivindicações. Os professores também pedem água para todas as escolas. O corte provocou o fechamento de unidades das oficinas culturais na capital e interior.

A gestão de contratos de Transportes é alvo da Justiça, que na semana passada aceitou uma nova denúncia do Ministério Público contra onze empresas acusadas de formar um cartel para obter contratos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos entre 2000 e 2007. Os promotores estimam um prejuízo ao Estado de R$ 835 milhões. Também na semana passada, o juiz federal Sérgio Moro deferiu o envio de provas obtidas na Operação Lava Jato para a Promotoria de São Paulo. Os documentos tratam de uma suposta participação do doleiro Alberto Yousseff na intermediação do pagamento de propinas em contratos das obras da construção do Monotrilho (Linha 15-Prata).

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Welbi Maia Brito

A queda na arrecadação deve-se à crise econômica criada pelo governo federal. Portanto, quem realmente deve se preocupar com isso são os partidos da base aliada da presidente Dilma. A crise econômica será sim uma grande pedra no caminho do candidato petista para 2018. Diante dela, o governador Geraldo Alckmin optou por cortar gastos correntes de seu governo e garantir investimentos em obras importantes e nas áreas sociais. Diferente do Governo Dilma, que preferiu cortar verbas de áreas como a educação e manter as regalias de seu governo e dos 39 ministérios.

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