Juliana Cardoso: “Gestão moderna” de Doria despreza direitos das mulheres paulistanas

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É pela vida das mulheres

por Juliana Cardoso*

O ano de 2017 não começou bem para as mulheres da cidade de São Paulo. Em um de seus primeiros atos de governo, o prefeito João Dória resolveu extinguir a Secretaria de Políticas para as Mulheres.

A pretexto de reduzir custos, essa atitude do prefeito simboliza o desprezo e a irrelevância com que trata a questão dos direitos humanos e, sobretudo, dos direitos das mulheres.

Mais do que eliminar a representatividade das mulheres, que são metade do contingente populacional do Brasil, a nova gestão nega a luta de anos e anos pelos seus legítimos direitos.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres, como o próprio nome define, nasceu para implementar e fazer valer politicas públicas em defesa dos direitos das mulheres. Ela é fruto de intensas mobilizações ao longo dos anos, representando uma conquista histórica.

Para o prefeito Doria a luta por justiça e igualdade para as mulheres paulistanas não faz parte de sua “moderna gestão”.

Em outra atitude de desrespeito e de retrocesso a nova administração em seus 100 dias de gestão não colocou ainda em funcionamento a Casa da Mulher Brasileira.

Trata-se de um equipamento construído em parceria do ex-prefeito Haddad com a presidenta Dilma e que deveria oferecer serviços especializados contra os diversos tipos de violência contra as mulheres como atendimento psicossocial;  Delegacia; Juizado; Ministério Público; Defensoria Pública; promoção de autonomia econômica; cuidado das crianças – brinquedoteca e alojamento de passagem, dentre outros serviços.

Em suas investidas contra os avanços, a nova administração municipal também sinaliza com o fechamento de vários Centros de Referência a Mulheres em Situação de Violência (CRMs) espalhados pela cidade.

E a Unidade Móvel (ônibus lilás), que em três anos atendeu  23 mil mulheres na periferia da cidade, foi encostado.

O ônibus prestava atendimento multidisciplinar a mulheres em risco de violência, oferecendo acolhimento e orientações. Promovia rodas de conversa, oficinas, teatro e projeção de filmes sobre violência contra mulher, participação política, geração de emprego e renda. Era um atendimento de extrema importância às mulheres, mas que infelizmente foi extinto.

Sem falar em ataques às famílias paulistanas com cortes arbitrários nos programas Leve Leite e Transporte Escolar Gratuito (TEG).

O ano de 2017 virou um enorme desafio para as mães, que estão até deixando seus empregos para levar os filhos para as escolas. Tantos cortes num momento em o povo brasileiro sofre com a crise econômica e enfrenta recordes do número de desempregados pode ser considerada “gestão moderna”?

Como se não bastassem as maldades do “gestor paulistano” o presidente  Michel Temer e seus aliados querem esticar o tempo de trabalho da mulher para conseguir sua aposentadoria.

Segundo o IPEA, em 49 anos de trabalho, as mulheres terão trabalhado 9,1 anos a mais que os homens. Mas com a reforma e o desmonte da previdência, o tempo mínimo de trabalho para aposentadoria para homens e mulheres seriam equiparados, aumentando ainda mais a opressão da mulher trabalhadora.

Juntos, Temer e Doria mostram que a luta das mulheres contra a violência física e psicológica, nem a injusta divisão do trabalho doméstico, nem a diferença salarial,  estão nas suas prioridades.

Vou além. Eles querem que paremos de fazer frente aos seus desmandos, mas somos fortes e continuaremos resistindo. A cada dia provaremos que estamos, somos e ocuparemos as ruas para lutar!

 Veradora Juliana Cardoso (PT) é membro da Comissão de Saúde da Câmara Municipal

 PS do Viomundo: A Câmara Municipal de São Paulo aprovou a CPI da Mulher. Doria terá de explicar todo esse desmonte de programas e serviços elencado pela vereadora Juliana Cardoso. Vamos conferir.

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