Julian Rodrigues: Agora é continuar a greve geral em Curitiba no dia 10 de maio

Tempo de leitura: 3 min
29/4/2017- Rio Grande do Sul, Brasil- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de ato em defesa do polo naval. Foto: Ricardo Stuckert

Lula no ato em defesa do polo naval do Rio Grande (RS), em 29 de abril de 2017. Foto: Ricardo Stuckert, via Fotos Públicas

Sucesso da greve geral é ponto de virada

Agora é continuar nas ruas: 10 de maio em Curitiba para derrotar o golpe dentro do golpe

Julian Rodrigues, especial para o Viomundo

O sucesso das mobilizações desse 28 de abril de 2017 é incontestável. A greve geral parou o Brasil e se multiplicou em centenas de ações e atos por todo o território nacional.

A greve geral da última sexta-feira de abril foi reconhecida como a maior das últimas décadas. Algumas causas óbvias para esse sucesso: o governo golpista de Temer tem apenas 4% de aprovação. O desemprego bate recorde de 14%. O país está mergulhado em recessão, sem perspectiva de crescimento. Boa parte do governo e do Congresso Nacional é investigada por corrupção.

Um ano depois do golpe judicial-midiático-parlamentar-empresarial parece que a ficha caiu. As massas trabalhadoras começam a se dar conta que a derrubada de Dilma foi uma manobra do andar de cima para tirar direitos dos pobres. É por isso que Lula lidera todas pesquisas, seja com 25% ou 45% dos votos.

A mídia golpista tentou primeiro ignorar. Depois, investiram na disputa da narrativa, vendendo a ideia de que a greve era “política”, para “defender Lula”, ou então “coisa de vagabundos”. O prefeito fake de São Paulo e pré-candidato à presidente tentou liderar o bloco anti-greve – e se enroscou em novas trapalhadas ao prometer “uber para todos” .

Redes e ruas. Paralisações e trancaços. A greve combinou a paralisação de categorias-chave como metroviários, rodoviários, professores, metalúrgicos com ações diretas nas principais avenidas e estradas do país. Atos e manifestações aconteceram de forma descentralizada durante todo o dia, não só nas capitais, mas em centenas de cidades em todo o país.

Por mais que tentem disfarçar, os golpistas e a Globo sentiram a força do movimento. O envolvimento de milhões de pessoas (mesmo quem não podia entrar em greve apoiou o movimento e fez de tudo para não trabalhar) marca um novo momento na conjuntura.

Não há base social para apoiar nem as reformas neoliberais nem a continuidade do governo Temer. As classes médias que se mexeram para derrubar Dilma estão frustradas com o PSDB, afundado em corrupção (a trinca de candidatos tradicionais tucanos derrete nas pesquisas) e também não apoiam o conjunto das radicais reformas neoliberais.

O que cresce entre as elites e classes médias conservadoras é o discurso fascista, a extrema-direita, a candidatura Bolsonaro.

Ou a candidatura dos sonhos das elites paulistas que é o almofadinha “gestor”, “não-político”: o prefeito de São Paulo, um dublê de Trump, fenômeno nas redes sociais, marqueteiro de si mesmo e ultra-liberal.

Sem medo de errar: a adesão à greve geral surpreendeu. Superou as expectativas e a influência orgânica da Frente Brasil Popular, da Frente Povo Sem Medo, da esquerda e do bloco democrático-popular. A direita sentiu a pancada.

Pela primeira vez, desde que o bloco constituído pela mídia, banqueiros, judiciário, Ministério Público, Polícia Federal impôs uma ruptura institucional rompendo o pacto da redemocratização e rasgando a Constituição de 1988, o campo popular saiu da defensiva e mobilizou milhões de pessoas. Foi um verdadeiro “turning point”.

O futuro imediato do país está em disputa.

A sobrevivência do governo Temer se vincula à sua capacidade de aprovar o pacote de desmonte da previdência e dos direitos trabalhistas. Resta saber se deputados e senadores, PMDB/PSDB vão apoiar essas propostas antipovo até o fim. Tudo indica que haverá mesmo eleições em 2018 – eles não tem força hoje para dar um golpe dentro do golpe.

Por outro lado, o braço golpista da Lava-Jato/Globo continua operando em alta para destruir Lula e impedir que possa ser candidato a presidente.

A candidatura Lula hoje é a principal alternativa contra o golpe , uma saída popular para reverter as medidas neoliberais e retomar uma agenda de crescimento econômico e fortalecimento das políticas sociais.

Assim, é com mais fôlego e esperança o campo popular vai continuar nas ruas.

Além das manifestações do Dia do Trabalhador, o grande desafio é mobilizar milhares no próximo dia 10 de maio. Derrotar Moro e a Lava-Jato (mecanismos do empresariado, da mídia e dos EUA contra os interesses nacionais) é parte importante da batalha para enterrar o golpe.

Pela democracia, por Lula e pelo Brasil: impedir o golpe dentro do golpe. Continuar a greve geral em Curitiba. Foi um dia histórico!

Leia também:

Neo Baudrillard: Sete verdades que você precisa saber sobre o João Trabalhador


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

DARCY BRASIL RODRIGUES DA SILVA

Todos os que entendem que Lula está sendo perseguido pela Lava Jato e que tiverem condições de ir a Curitiba no dia 10 deveriam fazê-lo.

Entretanto, convém aos que acreditam que a candidatura Lula pode ser uma alternativa eleitoral em 2018 não misturar essa crença com as mobilizações que levaram à realização da greve geral. Nela estavam presentes amplas forças, à esquerda e à direita do PT, que, no presente momento, não têm Lula como candidato para 2018.

Cuidado para que a visão exclusivista do PT não ponha a perder uma unidade duramente conquistada.

Aliás, é desanimador perceber que a concepção reformista e economicista do PT parece estar mais uma vez se revigorando, apesar da cacetada que levou com o golpe.

Marx, Lênin, Engels, entre outros, adormecem nas estantes de muitos petistas que dizem tê-los lido e parecem não ter entendido.

Outros,, como o próprio Lula, parecem jamais ter sequer folheado um dos clássico do marxismo. Entretanto, essas leituras deveriam estar inspirando as análises da esquerda nesse duro embate provocado pela luta de classes em nosso país.

Lula pode efetivamente ser uma opção para 2018 e todas as forças políticas democráticas e progressistas deveriam passar a considerar essa opção, se dispondo a debater com o PT os termos de um possível apoio.

Regina Maria de Souza

Sim: a Curitiba em 10 de maio. Mudei minha passagem.

Roberto

Sim, dia 10 de maio TODOS A CURITIBA!! Quanto à greve geral, acho que temos que marcar uma nova, daqui a um mês ou dois. E a terceira tem que ser POR TEMPO INDETERMINADO, até derrubar o golpe.

Deixe seu comentário

Leia também