Stedile: Antecipar eleição não resolve a crise política e legitimaria o golpe

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STEDILE

ANTECIPAÇÃO DA ELEIÇÃO? SOMOS CONTRA

Leia a íntegra da posição de João Pedro Stédile enviada à Folha, líder do MST, enviada à Folha

O MST e a ampla maioria dos movimentos da Frente Brasil Popular têm como linha política lutar contra o governo golpista de Temer e exigir a revogação do processo contra a presidenta Dilma, para que ela reassuma em 17 de agosto de 2016.

E já apresentamos à presidenta a necessidade de que anuncie ao povo brasileiro seu novo programa de governo, com uma nova política econômica que atenda às necessidades da população e tire o país da crise.

Montar um novo ministério em diálogo e representativo das forças da sociedade que a apoiaram. Ao mesmo tempo, que se comprometa a promover a reforma política, que somente poderá vir por meio de um plebiscito nacional que convoque eleições para uma assembleia constituinte exclusiva. Como, aliás, ela já se manifestou favoravelmente em recente entrevista à revista “Carta Capital”.

A crise na qual o país está envolvido somente será resolvida com uma ampla reforma política, que mude os critérios e garanta a verdadeira representação do povo.

Antecipar eleições presidenciais ou gerais não resolve os problemas da crise política e, ao contrário, poderia legitimar as mesmas forças conservadoras que deram o golpe, para implementar um programa neoliberal e conservador na sociedade.

Todos sabemos que a derrota dos golpistas no Senado, e a implementação da reforma política necessária somente virá com a pressão de mobilizações populares, que espero aumentem a cada dia.

Não há pois nenhuma fórmula mágica de antecipação de eleições que se viabilize no curto prazo e resolva os problemas da política. Se os senadores sérios fossem a maioria no Senado, já teriam aprovado a PEC de antecipação das eleições gerais (antes do processo de impecheament) e, melhor ainda, o projeto de lei que convoca um plebiscito sobre a reforma politica via assembleia constituinte, que estão lá dormindo nas gavetas do Senado.

Veja também:

Em entrevista a Nassif, Dilma fala em convocar plebiscito


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Comentários

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Eu

Vou tentar colocar um grãozinho de sal na discussão. João Pedro Stédile mostra convicção em sua argumentação, mas parece relevar ou ignorar alguns aspectos essenciais.
Em primeiro lugar, o fato de que o ambiente público e político azedou, após a criminosa campanha de difamação contra Dilma e PT, encenada pela mídia orientada. A criminalização da esquerda brasileira, tão desejada juridicamente pelos donos do poder, chegou primeiro no júri popular da população de classe média-baixa para cima, bovina e pronta a aderir ao discurso mais veiculado na televisão. Hoje, dizer-se de esquerda em qualquer lugar é esperar críticas tão ferozes quanto desqualificadas, já que o resultado desejado é o linchamento popular, não é o debate, inviabilizado pela surdez voluntária de uma das partes. Ignorar isto é soberba ou burrice.
Em segundo lugar, Stédile não coloca como item relevante uma campanha anti-PT levada a cabo homogeneamente pela direita, mas também por boa parte da esquerda, ressentida com o protagonismo do partido nas últimas décadas e, ao contrário da direita, nada microcéfala. Algumas das críticas mais mordazes que ouvi à Dilma não vieram de crentes empedernidos ou fazendeirões chucros, mas de gente articulada e apta a deixar de lado a racionalidade para tentar abrir flancos no projeto petista e tentar viabilizar suas visões dogmáticas ou personalistas, incapazes de refletir que isto poderia ser apropriado por uma direita pronta a usar qualquer munição para atingir seus fins. Tudo bem, Dilma não fez um governo maravilhoso, sou o primeiro a admitir, mas ver pessoas dizendo “tudo bem, melhor que a direita derrube o PT do Lula, depois a gente derruba a direita” doeu em meus ouvidos. No entanto, os PSTUs da vida estão nas ruas e no Congresso, juntos à herdeira Genro. Não precisa ter cursado West Point para saber o que fogo “amigo” faz de estragos.
Finalmente, diante deste quadro adverso e com um Congresso que parece um circo de horrores, como se daria a discussão e adoção de um retorno puro e simples? Stédile parece acreditar em uma velha falácia, a de que a “voz das ruas” faria, pela força de seu rugido, quaisquer contrafacções recuarem. Ledo engano. Movimentos sociais são mais facilmente criminalizáveis, hoje, após o fogo de barragem desfechado pelos meios de comunicação, que os acusam diuturnamente de agitadores e baderneiros. Isto já impregnou bem os corações e mentes da “nova” classe média. E São Paulo e o Paraná já mostraram que a repressão se sente mais à vontade do que nunca para tomar medidas de força. De onde Dilma tiraria apoio para coibir isto, se houvesse uma rápida escalada nacional de violência nas ruas e começasse o coro grego de “caos social” pela TV? De que lado ficaria a massa popular? Não somos a Islândia, que derrubou sua plutocracia pela força popular. A Venezuela também o fez, quando do golpe contra Chávez, e está terminando de pagar a conta amarga de tal atrevimento.
Daí, penso que a simples adoção do discurso “retorno à democracia e esperem as eleições”, embora certamente o mais correto e democrático, teria uma viabilidade bastante sujeita a questionamentos e dificuldades. Haverá que se pensar em uma negociação, com alguma perda de ambas as partes, para não arriscar a perda de algo mais precioso, a incipiente democracia brasileira? Convido-os à reflexão…

hb cwb

Novas eleições para quais cargos?
Presidente, governadores, senadores e deputados federais?
Não?
Outra forma de golpe ou mais uma fórmula tornar o golpe palatável!
Antecipação de eleições para quaisquer cargos ou plebiscitos são golpes contra a democracia e nas escolhas através dos votos.

mineiro

é so um imbecil acredita que com eleiçao agora seria um suicidio e colocaria o poder vez nas maos dos bandidos que hoje desgovernam o brasil. eleiçao agora so se for gerais , so para pres. é suicidio e correriamos o risco colocar no poder um bostanaro ou outro lixo qualquer. qualquer coisa é melhor do que esse vagabundos facista.

Serjão

Apoiado Stedile. Não se pode concordar em legitimar esse crime contra a democracia e o Brasil.
Dilma fica, Cunha sai. Por que, afinal, quem ou o que é Temer?

Morvan

Boa tarde.
Faço coro aos que não defendem as eleições antecipadas, mormente se se considera o quão o momento está contaminado; existe toda uma “entourage” pró-golpe e não ajuda quando o que se quer é rumo. Esta proposta, que parece mais uma tentativa de esquentar o golpe, dar-lhe verniz legal, padece de vício de origem. Ora, ontem o Par[a]lamento disse, nas entrelinhas do golpe judiciário-midiático, que meu voto não valeu. Ponto.
Agora, a população é convocada para votar de novo. Confuso, ineficaz e nem um pingo justificável, sob qualquer ótica, até para um país que precisa se recompor e se sabe que um processo de votação, programado ou extemporâneo, não é barato. Jogaram meu voto “no lixo” e agora me reconvocam para legitimar um golpe, nas urnas? Surreal, mesmo no Brasil. Dilma e o PT precisam entender que o que a derrubou não foi o processo eleitoral. Foi-o, em síntese, a formatação do Par[a]lamento mais reacionário da história, vulgo BBB, descaracterização das forças políticas e os sinais erráticos de quem, em vez do programa preconizado via urnas, adotou o modelo Levi[ano], o dos perdedores. Precisam [Dilma e o PT] repactuar com quem os elegeu.
Parabéns ao MTST. Sensatez que falta em outras plagas.
No meu artigo A Derrocada Do Parlamento, Forças Ocultas E As Eleições De Mentirinha, descrevo (pelo menos, tento) o quão necessário se torna a reorientação da esquerda, repilo a ideia de eleições antecipadas a antecipo a débacle da Pinguela dos Sem Futuro, programa dos golpistas (bom, não precisava ser gênio para ver que fariam coisas inenarráveis debaixo daquela ponte, haja vista Tarja Preta Çerra ser Ministro das Relações Exteriores (na verdade, das “Desavenças Vicinais”…).

Saudações “#FicaDilma, #ForaTemerETodaACurriolaGolpsista; resistir, lutar até o fim. O golpe vai ruir“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.

Dilmar Samtos de Miranda

A matéria que me referi do João Feres Jr. está no bolo jornalggn.com.br do Luís Nassif, o mesmo que fez a belíssima entrevista com a presidenta Dilma, na qual ela nocauteou o governo das lambanças do golpista traidor temer. No final, marcou um gol de placa ao analisar a política externa desastrosa comandada pelo incompetente e medíocre serra.

Dilmar Samtos de Miranda

Concordo plenamente com o Stedile. Afirmo isso desde o ano passado, quando a Luciana Genro, por puro oportunismo, sem aderir à campanha anti-golpe, pregava eleições gerais antecipadas, indo inclusive contra a orientação da direção do PSOL. Eleições agora é capitulação do golpe, é dar motivo pra esses crápulas golpistas. Queremos Dilma de volta, porque foi eleita para o mandato que termina 2018. Queremos a democracia de volta.
Logicamente ela terá imensas dificuldades para governar. Assim, terá de ser feito um novo pacto republicano-popular, formado com os interlocutores de todos os movimentos sociais que hoje dão sustentação à luta anti-golpe, bem como, evidentemente, com os partidos de esquerda: PT, PCdoB, PDT, PSOL, PCO, dissidências de outros partidos como PSB, PMDB (temos por exemplo o Requiâo) e alguns sinceramente arrependidos mas sem compensação de cargos ou qualquer outro tipo de benesse. Existe uma análise muito boa, se não me engano, de João Feres sobre esse tema, onde ele se coloca radicalmente contra a bandeira das elelições já.

Bacellar

Olha…Como diz a turma do telemarketing; “vou estar concordando”…

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