Jandira Feghali: Deputados e deputadas, a reforma política democrática é agora!

Tempo de leitura: 2 min

Jandira Feghali

É agora

Jandira Feghali, via assessoria de imprensa da deputada

O Brasil gasta, em média, mais de R$ 1 milhão para eleger um representante da Câmara Federal. Se for um senador, essa quantia chega a R$ 4,5 mi, e governador, o valor sobe para mais de R$ 23 mi. O total do custo das campanhas em 2014 passou de R$ 5 bilhões – maior que o PIB de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Porto Alegre e Curitiba somados.

Estima-se que 90% destas doações foram feitas pelo setor empresarial, de acordo com o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Um dado revelador é que essas contribuições vieram de um grupo pequeno, lideradas por três empresas cabeças (JBS, OAS e Ambev), que não representa nem 1% do total das empresas no país.

Este tipo de relação empresarial movimenta as campanhas no país há três décadas e vem firmando o peso do poder econômico nas decisões do poder público. Bancadas parlamentares chegam a ter suas campanhas inteiras financiadas pelo dinheiro de empresários. Os comportamentos aéticos de muitos têm relação direta com esses interesses.

A realidade é que campanhas no Brasil são caras. E para manter esses custos, as disputas tornaram-se hollywoodianas. As chances são mínimas para candidatos sem apoio de máquinas públicas, com menos recursos, ou que não sejam celebridades com intensa exposição midiática. Neste jogo, lideranças políticas com base social estão, cada vez mais, marginalizadas.

O resultado disso tudo é a baixa representatividade popular e as distorções que revelam um Congresso com 10% de mulheres, 4% de afrodescendentes e somente um parlamentar homossexual declarado. Essa Legislatura não reflete verdadeiramente o rosto de nossa sociedade.

Na eminência de apreciar a reforma política na Câmara dos Deputados, só há saída deste grave cenário com a aprovação de quatro pilares: defesa do sistema proporcional, eliminar o financiamento empresarial, garantia de mecanismos de participação popular e estabelecimento de limite para gastos nas campanhas.

É preciso também modificar a Lei Eleitoral para garantir ao menos a cota de 30% das vagas pra mulheres. Não há como construir uma sociedade justa se mais da metade da população na sua representação política nacional não é realmente refletida. Essa distorção precisa ser combatida por todos nós.

O único projeto de lei que concentra essas regras é o apoiado pela Coalizão pela Reforma Políticas Democrática e Eleições Limpas, grupo formado por mais de 100 entidades nacionais, a exemplo da OAB e CNBB.

Está em nossas mãos, deputados e deputadas, levar à frente a votação de uma reforma política democrática. Não se faz o futuro de uma nação sem a coragem de extirpar das eleições a mão do poder econômico e estabelecer regras claras para uma melhor representatividade. A contagem regressiva já acabou.

É agora.

Jandira Feghali é médica, deputada federal (RJ) e líder do PCdoB

 Leia também: 

Paulo Copacabana: 2015, o ano que realmentene não deveria ter acontecido 


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

William

“O total do custo das campanhas em 2014 passou de R$ 5 bilhões – maior que o PIB de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Porto Alegre e Curitiba somados.”
É incorreta esta informação dada por esta matéria. Seria aconselhável fazer uma pesquisa antes de veicular qualquer informação, pois informações incorretas abalam a credibilidade de seu autor.

Véio Zuza

Para a nobre deputada, “distritão” é reforma política democrática?
Demagogia pouca é bobagem…

Bonobo, Severino de Oliveira

Parabéns à banda sadia sobrevivente no Congresso Nacional pela liderança na RESISTENCIA, vitoriosa nesse episódio. Mais um episódio tenebroso da curta, mas já célebre e infame passagem do bandido Eduardo Cunha pela Presidência da Câmara (que seja breve!).

Mas é preciso entender que o Cunha é o efeito e não a causa da moléstia que envenena todo o sistema politico representativo e, por conseguinte, assola todo o país, condenado a viver em permanente instabilidade, abalado por frequentes denuncias de corrupção, bem ao gosto da hegemonia do pensamento udenista que tanto se beneficia das aberrações vigentes quanto é responsável pela criação dos vírus causadores dessa esculhambação institucional.

Senão, vejamos.

Todos os escândalos recentes e antigos, tão comemorados e explorados pela mídia udenista, tem origem na Lei Plutocrática das eleições e foram largamente utilizados com extraordinária habilidade seletiva para combater o inimigo politico do Partido da Imprensa.

No julgamento do Mensalão, chamado com grande felicidade de “Mentirão” pela colunista Hildegard Angel, lá estava o financiamento privado de campanhas pairando absoluto como pano de fundo de toda a fraudulenta peça de acusação, embora solenemente ignorado pelas cínicas autoridades judicantes. O partido inimigo foi linchado e condenado e o amigo da Casa Grande foi devidamente protegido e encaminhado para a prescrição.

No caso da Lava Jato, na oportunista ação da nova “República de Curitiba”, novamente o aparato udenista fez grande alarido para ganhar as eleições de 2014, e prossegue em 2015, no mesmo diapasão, explorando as distorções decorrentes das aberrações do financiamento privado das campanhas, também explorado com grande habilidade seletiva, linchando os inimigos e poupando a Casa Grande.

Nesses dois casos e em todos os outros similares, ao judiciário cabe sempre a função principal na desestabilização sistemática do jogo político, contando sempre com inestimável apoio da mídia udenista e farisaica, com papeis de destaque sempre reservado a duas heranças malditas do famigerado Príncipe da Privataria. São elas, a própria Lei Plutocrática, promulgada por ele em 1997 e sua outra herança maldita, o Ministro Gilmar Dantas, nomeado em 2002 para o STF.

Dentre outras tantas ações de interferência do judiciário sobre os outros poderes, esse famigerado Ministro, herança maldita, bloqueou todas as tímidas tentativas do Congresso voltadas ao objetivo de frear a proliferação crescente de legendas de aluguel, consistente em séria ameaça à governabilidade do país. Chegou a interromper a tramitação de matéria em plena apreciação no Senado Federal, nesse mister, com grande e enstusiástico apoio da mídia venal.

http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/04/stf-manda-congresso-suspender-projeto-que-prejudica-novos-partidos.html

O próprio Cunha e seu séquito de mercenários que tomaram de assalto o Congresso Nacional não poderiam existir sem a abjeta herança, a Lei Plutocrática e a garantia da impunidade para seus crimes ancorada na outra herança maldita, o Gilmar Mendes.

http://www.conjur.com.br/2014-ago-26/supremo-absolve-deputado-eduardo-cunha-uso-documento-falso

    Bonobo, Severino de Oliveira

    Faltou complementar a prestimosa atuação do agente (herança maldita) Gilmar Mendes que cassou a atribuição do STF na apreciação da matéria da ADIN da OAB, sentando-se sobre o processo, a pretexto de um pedido de vistas que já se arrasta por mais de um ano, enquanto dá tempo para o seu assecla, o Cunha, junto com seu séquito de mercenários instalados no Congresso Nacional, fazer um remendo que torne legal a imoralidade do financiamento privado das campanhas políticas. Essa é a cereja podre do bolo que a herança maldita oferece ao país. Das desgraças econômicas,perpetradas pelo abjeto Príncipe, o país pôde recuperar-se em apenas 10 anos de governo popular e democrático. Mas as suas heranças malditas estão ai a causar danos imensuráveis até hoje.

Alexandre Costa

Sou um admirador e seguidor de Jandira. Ela realmente faz a diferença ao pontuar os desmandos de Cunha e os vícios da mídia nativa. Porém, ao acompanhar a votação do distritão na noite desta terça fiquei surpreso e ao mesmo tempo perplexo ao ver que Jandira e o PC do B votaram a favor do distritão. Se fosse possível em alguma ocasião Azenha, gostaria que perguntasse a Jandira o por quê deste voto. Um abraço.

Cibele

O PC do B votou a favor do distritão, é isso que estão noticiando. Deve estar errada essa notícia, eles seriam favoráveis ao projeto do Cunha? Como assim?

    P. Poty

    Infelizmente votou a favor do Distritão do Cunhão, Cibele. Fiquei estarrecido com o posicionamento do partido.

    Véio Zuza

    Simples: o PCdoB não é, nem almeja ser um partido majoritário; acho que perdeu as esperanças… Assim, em cada Estado faz campanha para um ou dois deputados, os quais são sempre muito votados. Mas como o partido é muito pequeno e sofre de estigma (“comunistas”!) ainda assim corre o risco de não eleger ninguém na proporcional, pois não atinge o “quociente” mínimo necessário. (01/30, 01/20, etc). Com o distritão, centrando todo o esforço em um ou dois, fica mais fácil… A mesma tática e/era usada por “correntes” do PT ; fortalecer cada uma delas um candidato e sugar os votos dos “independentes” mais fraquinhos e da legenda do partido…
    Pragmatismo puro, não foi inventado pelo Lula nem pelo ZD.
    E uma certa dose de cinismo, porque não?

Deixe seu comentário

Leia também