Ivanisa Teitelroit Martins: “Debatemos com Fidel questão agrária, saúde da trabalhadora e educação pública. Foi fantástico!”

Tempo de leitura: 3 min

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Ivanisa, hoje e em 1980: “Não há fotos do nosso encontro com Fidel, em 1984. A questão de segurança era preponderante. Cuba estava sob ameaça de bombardeios americanos”

por Conceição Lemes

Ivanisa Teitelroit Martins é psicanalista, mestre em planejamento e políticas sociais pela London School of Economics (LSE), um dos mais prestigiosos centros de pesquisa acadêmica do mundo.

Foi gestora do Ministério do Planejamento e, atualmente, integra a Plataforma Política Social.

Neste domingo (27/11), Nisa, como é chamada pelos amigos, publicou em sua página o post abaixo:

 Fidel e os direitos das mulheres trabalhadoras da América Latina e do Caribe 

300 mulheres de organizações revolucionárias e de partidos comunistas da América Latina e do Caribe recebidas em Conferência pelo governo revolucionário cubano em 1984

Hasta siempre, Comandante!

Estivemos juntas em 1984 no Palácio da Revolução. Apertamos as mãos de Fidel que nos recebeu à porta do Palácio em pleno movimento pelas diretas-já, quando compus a delegação de trinta mulheres comunistas brasileiras na Conferência pelos direitos das mulheres trabalhadoras na América Latina e no Caribe.

Somente aqueles de total confiança do governo cubano se aproximavam do Comandante. Fidel convidou a delegação brasileira para uma conversa sobre o cenário político do Brasil que durou em torno de uma hora e meia.

À época o povo cubano sofria ameaças de bombardeios americanos. Quando anoitecia, em hora determinada, o povo cubano e seus convidados faziam treinamento para se protegerem em abrigos, levando mantimentos e permanecendo em silêncio com todas as luzes apagadas.

Fizemos debates durante uma semana. As resoluções deste Congresso influenciaram as políticas de resistência e justiça social em toda a região. No Brasil influenciaram a concepção dos princípios da Constituição de 1988.

Fidel não somente liderou uma revolução como sustentou e colocou em prática a defesa dos direitos das mulheres e de todos os trabalhadores e todas as políticas decorrentes desses direitos.

Como eu, Conceição Lemes, cobri o 1º Encontro das Mulheres Metalúrgicas de São Bernardo do Campo e Diadema, em 1978, o relato de Ivanisa me chamou a atenção. Quis saber se ela teria uma foto desse encontro com Fidel. Acabamos conversando mais.

Viomundo — Você teria foto desse encontro com Fidel?

Ivanisa Teitelroit Martins — Não há fotos. Nessa época, a questão de segurança era preponderante. Para poder estar ao lado de Fidel, debatendo sobre política, o governo cubano reunia todas as informações sobre a trajetória e a militância de cada uma de nós. Seria necessário fazer uma pesquisa dos registros dessa conferência e um documentário sobre esse evento histórico

Viomundo — Eu já dei uma pesquisada, não achei nada ainda.

Ivanisa Teitelroit Martins — Não podíamos tirar fotos, Cuba estava sob ameaça de bombardeios americanos.

Viomundo — Teria uma foto sua daquela época?

Ivanisa Teitelroit Martins — Éramos tão pobres que sequer tínhamos dinheiro para comprar uma máquina fotográfica. Você pode escolher uma foto depois da Anistia, em 1979.  Por exemplo, do período da militância de 1980, quando estava grávida de nossa filha.

Viomundo — Quantos anos tem a sua filha?

Ivanisa Teitelroit Martins — Minha filha morreu. Chamava-se Anita. À época, não tivemos como pagar uma cesariana.

Viomundo — Você esteve com Fidel, apertou a mão dele…Como foi esse encontro?

Ivanisa Teitelroit Martins — Fantástico! Eu e mais 29 mulheres brasileiras não só apertamos a mão de Fidel, mas debatemos com ele. Fidel nos pedia mais informações para se situar sobre o cenário político no Brasil.

Viomundo — Debateram o quê?

Ivanisa Teitelroit Martins — A  questão agrária, a saúde da trabalhadora e a educação pública.

Viomundo — Quem eram as brasileiras que participaram desse encontro?

Ivanisa Teitelroit Martins — Éramos mulheres de todo o país desde trabalhadoras rurais a operárias nos grandes centros urbanos. Seria importante nos reunirmos novamente.

Viomundo — Você foi escolhida por quê? 

Ivanisa Teitelroit Martins — Fui escolhida como delegada por minha trajetória como militante do movimento de mulheres. Fui eleita representante do movimento de mulheres da seção centro de São Paulo. Trabalhei com as operárias metalúrgicas, bancárias e gráficas dos sindicatos de São Paulo. 

Foram anos em “aparelhos”, fazendo jornais em mimeógrafo, subindo em banquinhos para fazer política  na periferia. Meu endereço não era do conhecimento nem da minha família nem mesmo dos companheiros da organização.

Fazíamos campanha pela anistia e finanças para companheiros que continuavam no exílio. Formávamos a retaguarda da organização que tinha vínculos internacionais. A história é longa. Foi uma trajetória de risco e de forte companheirismo. Muitos de nós já se foram. E eu sou agradecida por estar viva.


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Comentários

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FrancoAtirador

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https://pbs.twimg.com/media/CyUNLhTWgAAAzsm.jpg

“EUA apoiavam o Apartheid.
E o ‘ditador’ Fidel era Amigo
do ‘terrorista’ Nelson Mandela
e Contra o Sistema Racista”

https://twitter.com/tadeu_alves/status/803276402112036864
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FrancoAtirador

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http://abre.ai/cuba-fidel_remedio-vitiligo_rappin-hood
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“Minha Relação com Cuba foi a Busca na Cura do Vitiligo,
o Medicamento Melagenina, uma Descoberta Cubana.
Obrigado Fidel Castro”

Rappin’ Hood
@rappinhood
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#HastaSiempreComandante
https://pbs.twimg.com/media/CyK8T5sWEAAx0ib.jpg
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