Historiador se junta aos que se negam a dar entrevista à Globo: “O grupo conspira contra a democracia”

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Captura de Tela 2016-05-05 às 23.02.21Captura de Tela 2016-05-05 às 23.09.02Captura de Tela 2016-05-05 às 21.58.42O historiador Moacir Maia se juntou ao grupo; novos protestos contra a Globo marcaram o 5 de maio

BOICOTE

Acadêmicos negam entrevistas a ‘Folha’ e Globo por incitarem o ódio

por Sarah Fernandes, RBA, 23/03/2016 

São Paulo – Acadêmicos de universidades conceituadas de São Paulo e do Rio de Janeiro negaram-se publicamente a dar entrevistas para jornais, sites e programas de TV da mídia tradicional por considerarem que os veículos de comunicação têm fomentado a intolerância e uma posição considerada golpista na cobertura da crise política atual.

O professor de Relações Internacionais da PUC-SP Reginaldo Nasser foi o primeiro a tornar a decisão pública, em seu perfil no Facebook, no começo da tarde de ontem (22).

Convidado por whatsapp por um jornalista a comparecer aos estúdios da GloboNews para falar sobre os atentados no metrô da Bélgica, o professor respondeu: “Não dou entrevista para um canal que além de não fazer jornalismo incita a população ao ódio num grave momento como esse”.

“Já faz 15 dias que eu não assisto porque é muito ruim, com desqualificação das pessoas sem o menor direito de defesa. Não em debate, as posições são sempre unânimes, sejam de jornalistas ou de convidados”, disse Nasser em entrevista a Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual. “Não é uma questão de ideologia, mas de ética. Todo mundo tem o direito de defender o impeachment da Dilma Rousseff, mas não dessa forma. Devem tomar cuidado porque a história ensina que a violência volta contra quem incita esse tipo de prática.”

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Há mais de 10 anos Nasser participava de diversos debates na Rede Globo, em especial no Painel da GloboNews, na área de política internacional. “De uns dois ou três anos para cá isso vem mudando. Fui editado duas vezes no programa, disseram que era tempo, mas depois passei a ver que não se convidavam determinadas pessoas para ter certa unanimidade no debate. Isso vem a calhar com a postura de quem recebe áudios privados e joga para o público. É muita irresponsabilidade e não posso concordar com isso”, afirmou.

Questionado se sua decisão não contribuiria ainda mais para tornar hegemônico e conservador o debate na grande mídia, o professor avalia que o convite de intelectuais mais progressistas é um “álibi” para que o veículo de comunicação possa dizer que é plural.

“O canal fica fez horas mostrando algo distorcido, aí me chamam, eu falo por dez minutos e minha fala vai aparecer como justificativa que eles são plurais”, disse à RBA. “Vale discutir desde que a discussão seja equilibrada e equânime. Não adianta ficar sistematicamente jogando informações, aí um dia eu e outro colega vamos até lá e falamos de outro ponto de vista por dez minutos.”

Na noite de ontem, o professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) João Feres Junior também tornou pública sua decisão de não divulgar pesquisas do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), do qual é coordenador, ao portal G1, também ligado à Rede Globo.

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“Não colaboramos mais com nenhuma mídia do grupo Globo. Vcs querem dar um golpe na democracia brasileira e não contarão com a nossa colaboração”, respondeu por e-mail. A conversa foi divulgada pelo próprio professor, em seu perfil pessoal no Facebook.

Também ontem, o professor do curso de graduação em História na Universidade de São Paulo (USP) Rafael Marquese negou-se a dar uma entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, e divulgou sua decisão no Facebook. “Poderia falar com todo prazer, mas não para a Folha de SP: ver meu nome impresso nela, nesse golpismo desenfreado, no chance (sem chance, na tradução para o português).”

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Sinai Sganzerla, filha do cineasta Rogério Sganzerla, diretor de O Bandido da Luz Vermelha (1968), negou ceder direitos de uso de trechos de filmes do autor para a Fundação Roberto Marinho, ligada à Rede Globo.

Seriam usadas partes de Sem Essa Aranha e Copacabana Mon Amour em uma mostra no novo Museu da Imagem e do Som (MIS), que será inaugurado em Copacabana, na capital fluminense.

Em texto divulgado ontem pela revista Fórum, Sinai afirma que explicou que sua família não deseja “vincular a obra de Rogério Sganzerla a uma instituição que estimula a violência e o desrespeito à democracia”.

Procurada por telefone por funcionários da fundação, ela lembrou que o pai “teve de deixar o Brasil por ter realizado estes filmes sob a sombra de um golpe”.


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Comentários

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Otto

Nunca ouvi falar deste historiador, talvez mais um stalinista acadêmico…

Ibsen

Desculpe Márcio, mas ocupar esse espaço microscópio vai apenas validar a Globo como mídia plural e validar seu discurso subliminar e tacanha. São horas de bombardeio aos midiotas em todas as mídias da rede contra 10 min na Globonews. Ele precisa ser continuamente desmascarada e desmoralizada.

Julio Silveira

Todo cidadão de bem e democrata desse país, lógico que os independentes de relações de sobrevivência com ele, deveriam desprezar esse grupo. Eles que vem, a gerações, produzindo atrasos na evolução da democracia nacional e consequentemente da cidadania de grande parte de nossa população, por interesses de seus donos.

Sonia Dantas

Marcio, se vc ler com cuidado uma das opiniões, vai ver que não se trata de ocupar espaço com programação séria…. Trata-se de falar sobre determinado Assunto e fazer o contraponto com a opinião de doutores que realmente “manjam” do assuntos, só que o que se vê é que a fala dessas pessoas são totalnente editafas, distorcidas e utiluzadas apenas pra dizer “olha como somos plurais e abordam os aspectosos temos com os 2 lados da história”, só que um como meia hora e o outro com 2 minutinhosssss…..

FrancoAtirador

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A Opinião Volúvel e Desmemoriada
dos Intelequituaiz da Simpsonlândia
sobre o Parlamentar Eduardo Cunha.
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(http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/eduardo-cunha-por-reinaldo-azevedo)
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Urbano

A groubostonoma é o maior inimigo do povo brasileiro em todos os tempos.

FrancoAtirador

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Rede Globo tenta se livrar de Eduardo Cunha
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como tentou se descolar da Ditadura Militar,
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mas eles continuam no Álbum da FamíGlia.
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https://t.co/ib0KKh9xSD
(https://twitter.com/DCM_online/status/728574881626001410)
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http://www.diariodocentrodomundo.com.br/wp-content/uploads/2016/05/Captura-de-Tela-2016-05-06-%C3%A0s-09.57.32-768×359.png
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Sérgio

Acordando da globotomia.

FrancoAtirador

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Bem, agora só Faltam os Políticos de Esquerda
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para Completar a Adesão ao Boicote à Globo.
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Márcio Gaspar

Entendo que os intelectuais não queiram dar entrevista à Globo em protesto a pauta partidária que a emissora sempre praticou e pratica contra os partidos e movimentos progressistas. Porém, é necessário ocupar esses espaços de comunicação, mesmo que seja na Globo. Os espaços nesses meios, para quem pensa a sociedade fora do viés conservador e tacanha, fazendo a crítica ao status quo, estão ficando escassos. Esses meios já não dão muita oportunidade a vozes contrárias na mesma proporção que dão às opiniões convergentes. Se esses espaços que ainda são um meio que atinge muitas pessoas forem abandonados por quem tem um pensamento que foge ao senso comum, que são pessoas que tem modo particular de pensar, refletir e compreender a sociedade de modo a indicar os melhores rumos a tomar, então, por quem esses espaços serão ocupados? Certamente pelos Kataguris. Estamos vivendo em tempos de idiotia e mediocridade. Agora qualquer ser que se destaca nas redes sociais por micagens estereotipadas, tem espaços para discursar baboseiras sem que possam ser contestados ou colocados em descrédito, não vou dizer contra argumentação, pois esses seres não tem nem argumentação, pois não há lógica para ser desconstruída, só há bobagens em suas falas. Muito diferente dos tempos em que os intelectuais eram entrevistados e respondiam qualquer pergunta provocativa ou contra argumentativa com uma bagagem de conhecimento avassaladora. Se for abandonado o pouco espaço que ainda dão aos progressistas, esses serão ocupados pelos medíocres.

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