Guerra de classes: Empresários mobilizam patos deputados para aprovar a reforma da Previdência

Tempo de leitura: 3 min

Empresários vão a Brasília pressionar deputados a votar pela Previdência

Representantes da indústria de construção civil estão batendo à porta dos parlamentares indecisos para angariar votos pela reforma; diretores de sindicatos do setor químico e de máquinas desembarcam em Brasília para aumentar a pressão

Lu Aiko Otta, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Os empresários entraram para valer na campanha de convencimento dos deputados para aprovarem a reforma da Previdência.

Com poucos dias para angariar votos a favor da proposta, o empresariado decidiu ir além de e-mails, telefonemas e mensagens de celular, para, literalmente, bater a porta dos parlamentares.

Representantes da indústria de construção estão visitando a casa dos deputados para pedir voto.

Outros setores também começaram a se mobilizar. Representantes da indústria química e da indústria de máquinas e equipamentos tentam, em Brasília, fazer um corpo a corpo com os congressistas.

“Queremos falar com o maior número possível de parlamentares sobre a importância de se aprovar a reforma”, diz Fernando Figueiredo, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). “A ideia é afastar do deputado o temor de que o trabalhador será prejudicado.”

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) cobrou empenho das 85 entidades filiadas em todo o País.

Os membros de vários Sinduscons (sindicatos da construção civil) visitaram pessoalmente os deputados em suas casas para pedir apoio ao texto.

Segundo o presidente da Cbic, José Carlos Martins, entre sábado e segunda pela manhã, 15 deputados indecisos foram convencidos a votar pela Previdência.

A estratégia é focada principalmente nesse grupo, onde a resistência é menor.

Diretora do Sinduscon-PE, Maria Elizabeth Nascimento entrou em campo, angariando votos. Ela diz já ter conversado com 12 deputados pernambucanos para convencê-los a votar a favor da reforma.

“Vou até a casa de cada um no meu Estado ou em Brasília, no gabinete.

Sou do tempo em que a conversa tem que ser feita no olho a olho”, afirma. Nas conversas, ela tem repetido o mantra: “Se você não fizer hoje, vai ser cobrado amanhã”.

Maria Elizabeth acredita já ter revertido a indecisão de alguns. “Mas vou lutar até o fim.”

O Placar da Previdência, ferramenta do Grupo Estado, aponta que 108 de 512 deputados se declaram indecisos em relação ao texto da reforma. Apenas 64 deputados disseram que vão votar sim. Outros 227 se declaram contrários.

O governo corre contra o tempo para aprovar a reforma ainda este ano na Câmara. As discussões sobre o texto estão previstas para começar esta semana, na quinta-feira.

A votação ficaria para a semana do dia 18 de dezembro, caso o Planalto consiga os 308 votos necessários para aprovar o texto.

A mobilização dos empresários atende a um pedido do presidente Michel Temer, na semana passada.

Em encontro com empresários da indústria química, Temer fez um apelo para que o empresariado pressionasse os parlamentares para votar a favor da proposta.

“Não devemos menosprezar a capacidade deste governo de votar matérias no Congresso”, disse Martins. Ele contou ter visto um mapa de votações e se disse impressionado com a forma como o monitoramento é feito.

“É coisa de profissional”, disse. Os cruzamentos de posições por partido, por bancada, por grupo profissional e por região permitem saber onde estão os pontos de sensibilidade.

Segundo Martins, muitos dos indecisos compreendem a importância da reforma, mas temem “queimar o filme” com o eleitorado no ano que vem.

Ao mesmo tempo, não querem ficar mal com o governo, em caso de vitória. É nesse dilema que os empresários da construção foram instruídos a trabalhar.

“O ponto é deixar claro que a reforma não causa prejuízo para as pessoas de baixa renda, mas ataca os privilegiados que se aposentam com altos benefícios”, diz Fernando Figueiredo, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

Representantes da Associação da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) também se encontram com parlamentares.

O presidente da entidade, José Veloso, diz que há um esforço da associação em alertar os 270 integrantes da frente parlamentar que representa o segmento, a maioria deles da base do governo, da importância de aprovar a reforma./

COLABORARAM MURILO RODRIGUES ALVES E DOUGLAS GAVRAS


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Julio Silveira

Enquanto os patos eleitores das classes sociais mais baixas continuarem seguindo os coxinhas imbecis desnacionalizados, essa gente que junta as migalhas dessa elite cleptocratica sem querer deixar qualquer sobra para que haja uma sobrevivenvia minimamente digna para as classes mais abaixo, não haverá solução definitiva para que o Brasil repare sua imensa divida moral e social com a maioria de seu povo. A elite nacional, cleptocratica, não tem qualquer empatia com quem não estejam lhes lambendo as botas, e se alimenta daqueles que lhes lambém que terminam recebendo menor consideração do que essa elite dedica a seus pets.
Não é a toa que o Brasil, que veem como um grande paquiderme, na verdade não passa de um cão chiuaua na personalidade com crise de identidade que o faz viver correndo atrás do próprio rabo.

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