Fátima Oliveira: A resistência no combate às trevas deve ser feita nos Estados

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A resistência no combate às trevas deve ser feita nos Estados

Fátima Oliveira, em OTEMPO

Médica – [email protected] @oliveirafatima_

A cidadania das brasileiras ainda é frágil, sobretudo quanto ao direito de decidir sobre o próprio corpo. Basta olhar de relance o desmonte promovido pelo governo interino sobre os diretos da mulher, sem falar na ausência delas no primeiro escalão do governo; no rebaixamento do status de ministério da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres; e, conforme a Apeoesp, a “bancada evangélica quer incluir o criacionismo e excluir religiões de matriz africana do currículo escolar”. Pura treva!

É tão público, misógino e desavergonhado que endosso as palavras de Lola: “Todos nós reclamávamos muito da Dilma, que certamente não estava fazendo o governo de esquerda que esperávamos (lembrando que uma presidente não governa sozinha; precisa, inclusive, dialogar com o Congresso mais retrógrado do Brasil desde o início dos anos 60). E só ter uma mulher no poder não fez com que o Brasil avançasse o necessário no combate à violência contra as mulheres nem na maior representatividade feminina… Vendo este início de governo Temer, já dá para dizer: nós éramos felizes e não sabíamos” (“Quero ser mulher sem temer”, 6.6.2016).

Como disse Nana Soares, “o interino mostrou que sempre pode piorar”, indicando a ex-deputada Fátima Pelaes para chefiar a Secretaria de Políticas para as Mulheres, pois ela “se opõe radicalmente à descriminalização ou legalização do aborto”. Em qualquer cargo público, as posições de Fátima seriam problemáticas. Não porque ela não possa ter uma religião, mas porque declara abertamente exercer suas funções públicas em um Estado laico de acordo com seus preceitos religiosos. (“A possível nomeação de Fátima Pelaes é mais um baque para o movimento feminista”, 27.5.2016).

Em 1º de junho passado, ela divulgou nota na qual diz que “defende o apoio do Estado a mulheres que optarem por interromper a gravidez nos casos permitidos por lei” e que seu “posicionamento sobre a descriminalização do aborto não vai afetar o debate de qualquer questão à frente da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres”.

Nada é bem assim. Nossa história com o nascituro do ex-ministro Alexandre Padilha é exemplar e dolorosa (MP 557, em 2012); e sabemos que, sem cuidar do aborto inseguro, combater a morte materna é miragem. Aliás, o fundamentalismo santifica a morte materna e sataniza as mulheres!

Os corpos femininos constituem o alicerce da agenda fundamentalista. Resistir às trevas é preciso! Se no campo nacional só há retrocessos no horizonte e impossibilidade de avançar, temos de garantir às mulheres onde vivem, Estados e municípios, direitos conquistados e equipamentos públicos necessários para tanto no tocante aos direitos sexuais quanto aos direitos reprodutivos!

Ouso garatujar algumas trilhas que necessitam de aportes e adequações locais, das quais já dei ciência ao governador do Maranhão, onde vivo hoje, Flávio Dino.

No cenário nacional de trevas, há questões colocadas para o governo Flávio Dino no campo da saúde reprodutiva/direitos reprodutivos:

1. Tornar de excelência e divulgar bem os serviços de atenção à violência sexual;

2. Manter, melhorar e ampliar serviços de atenção ao aborto previsto em lei;

3. Implementar a atenção ao abortamento inseguro: não permitir morte materna por aborto;

4. É de pouca serventia uma Secretaria da Mulher que não se posiciona sobre o aborto como uma questão de saúde pública; e

5. A atenção ao aborto previsto em lei e a atenção ao abortamento inseguro integram o respeito à cidadania feminina na agenda dos direitos humanos.

A luta continua!

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FrancoAtirador

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Campanha em Defesa da Justiça do Trabalho
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Nesta terça-feira (7/6), os Desembargadores do Trabalho
Beatriz Renck e João Pedro Silvestrin, respectivamente
Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4º Região
(Rio Grande do Sul), estiveram reunidos com representantes de centrais sindicais
e de instituições e associações ligadas à Justiça do Trabalho.
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Na ocasião, os presentes manifestaram preocupação com os atuais ataques direcionados à Justiça do Trabalho e aos direitos dos trabalhadores.
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Mais especificamente, debateram formas de atuação conjunta para mitigar as dificuldades impostas pelo corte orçamentário sofrido pela instituição.
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Além disso, discutiram as implicações da eventual aprovação dos projetos de lei que tratam da flexibilização da legislação trabalhista.
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Participaram da reunião:
Rogério Uzun Fleischmann, procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 4ª Região (PRT4);
Rubens Fernando Clamer dos Santos Júnior, juiz presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 4ª Região (Amatra IV);
Renata Gabert de Souza, 1ª Tesoureira da Associação Gaúcha dos Advogados Trabalhistas (Agetra);
Guiomar Vidor, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/RS);
André Fonseca da Silva, da CTB-RS.
Claudir Nespolo, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS);
Lidia Woida e Marcelo Carlini, da CUT-RS;
Everton Rodrigo de Brito, vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT-RS);
Larri Lopes, diretor da Nova Central Sindical de Trabalhdores (NCST-RS);
Denilson de Aguiar Rodrigues, diretor financeiro da Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais (Fetar);
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(http://www.trt4.jus.br/portal/portal/trt4/comunicacao/noticia/info/NoticiaWindow?cod=1322075&action=2&destaque=false)
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JADERSON Oliveira

É SÓ observar, o estrago que a religião faz, Dilma foi cassada em nome de”deus”(minúsculo mesmo) só Deus sabe que deus é esse.
Nunca ouve um congresso tão bandido,tão canalha,hipócrita, cínico e tão evangélico como esse.
A religião relega a mulher ao papel secundário de “bela, recatada e dolar” ou seja: Mulher nasceu para lavar,passar e cozinhar e aí dela se passar disso.
Uma dona de casa em uma sociedade machista quando casa na igreja de papel passado é abençoada e obrigada a levar o “combo” tarefas domésticas,traições, porrada vez ou outra, (com sorte todo dia) abrir as pernas sempre que o “marido”(dono) assim quiser…
Para a sociedade brasileira machista SÓ tem dois tipos de mulheres: as belas,recatada e do lar, essas são pra casar, ai ven o segundo escalao, as PUTAS, as independentes que trabalham fora, vestem roupas de acordo com o clima tropical, e não aceitam papel secundario e nem ser subordinada a “machismo.”

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