Ex-agentes da Operação Condor são condenados na Argentina

Tempo de leitura: 2 min

Publicada em 01/04/2011 às 11h01m

O Globo

BUENOS AIRES – O tribunal federal da Argentina condenou na quinta-feira um ex-general do Exército à prisão perpétua e outros três ex-agentes do Estado a até 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade cometidos em um centro de tortura durante a ditadura militar da Argentina. O ex-general Eduardo Cabanillas foi condenado por prisão ilegal, tortura e homicídio de 65 pessoas presas no Automotores Orletti, uma loja de carros usada como centro de tortura da Operação Condor, uma ação implementada pelas ditaduras na América do Sul para eliminar dissidentes que procuravam refúgio em países vizinhos. Os crimes ocorreram em 1976.

Promotores afirmaram que cerca de 300 passaram pela Automotores Orletti, incluindo uruguaios, chilenos, bolivianos e cubanos, que na maioria foram mortos ou estão desaparecidos.

A corte ainda sentenciou o ex-agente de inteligência Raul Guglielminetti a 20 anos de prisão e o ex-espiões Honorio Martinez Ruiz e Eduardo Ruffo a 25 anos de detenção, cada. Um quinto suspeito no caso, o coronel Ruben Visuara, morreu em fevereiro passado.

—  Estamos vivendo um dia glorioso e histórico, que nós “mães” não acreditávamos que iríamos ver chegar. Isto é justiça — disse Tai Almeida, membro das “Mães da Praça de Maio”, um grupo argentino de direitos humanos.

Sobreviventes do centro de tortura relataram que prisioneiros amarrados e vendados recebiam choques elétricos, além de serem içados de cabeça para baixo e mergulhados na água, no que ficou conhecido como “o submarino”. O barulho dos motores dos carros na loja abafava os gritos das vítimas sob tortura.

Entre as vítimas do centro estão Marcelo Gelman, filho do poeta argentino Juan Gelman. Seu corpo foi encontrado em um cilindro de cimento num rio. Sua mulher, que estava grávida, também foi capturada e ainda está desaparecida. Ela deu a luz no cativeiro e Juan Gelman localizou sua neta em Macareba, no Uruguai, em 2000.

O julgamento reflete um esforço do governo da Argentina para resolver crimes cometidos durante a ditadura de 1976-1983. Cerca de 3 mil dissidentes políticos desapareceram durante o regime, de acordo com dados oficiais. Segundo grupos de direitos humanos, os números chegam a 30 mil.


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Comentários

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MauMauQuirino

QUE INVEJA DOS ARGENTINOS.

Justiça

O não julgamento e a não revelação da história deste período não moderniza o Brasil. Não adianta alardear que somos a 7a economia do mundo, qual é o lugar que o país ocupa como garantidor de direitos humanos de seu povo? Porque a tortura persiste, porque matanção de pobres, como método que denuncia que há sim violações de direitos Humanos, a abertura de arquivos da ditadura poderá causar decepções , desencantos mas será um novo caminho e uma história com justiça e reconhecimento de que a mentira não fortalece quem as acoberta.Na Argentina não destruiram o ensino nas escolas públicas.

Pitagoras

Pontom para nossos queridos irmãs argentinos que mais uma vez saem na frente na administração de justiça colocando esses monstros genocidas no lugar que merecem. Pena que lá não há pena de morte!

ZePovinho

Além de ver os bandidos de farda soltos,ainda temos de aturar aquele safado do cabo Anselmo ganhando dinheiro com informações daquela época e dando entrevistas a torto e a direito nas redes de tv do Brasil.Cabra safado!

FrancoAtirador

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Na Argentina,

as mães da Praça de Maio esperaram até serem avós

para verem a prisão dos generais ditadores argentinos.

No Brasil,

as mães das vítimas da ditadura militar já são tataravós

e nenhum torturador assassino está na cadeia.
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