Em entrevista, Ciro polariza com Doria, antecipando um possível cenário para 2018

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

O vice-presidente do PDT, ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes disse em entrevista à Folha que não será candidato ao Planalto em 2018 se o ex-presidente Lula for lançado. Ciro sugeriu que a candidatura de Lula manteria a “polarização” que é marca da política brasileira desde 2002.

O pedetista ensaiou ataques ao prefeito de São Paulo, João Doria, que ensaia sair candidato e recebeu uma “reprimenda” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem a vez no PSDB é do governador paulista Geraldo Alckmin.

Doria trabalha a extrema-direita nas redes sociais, numa tentativa clara de ficar com os votos do antipetismo e esvaziar a candidatura de Jair Bolsonaro.

Num recente evento em Monteiro, na Paraíba, o ex-presidente Lula lembrou o papel de Ciro na obra da transposição do São Francisco e elogiou fartamente o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que poderia ser o vice do pedetista.

Na atual conjuntura política, lembrou a repórter Anna Virginia Balloussier, da Folha, o fato de ser Ciro ser desbocado parece um ativo.

Excertos:

O sr. disse que o “dr. da Lava Jato [Sergio Moro] errou”.

O exibicionismo midiático, ir ao Facebook agradecer o apoio de todos, as gravatinhas borboletas em todo tipo de solenidade, a confraternização descuidada com possíveis réus, a fraude com a gravação da presidente [divulgação do grampo de ligação entre Dilma e Lula] –o que nos EUA é considerado traição e gera até pena de morte, só para ter a relativização dessa leviandade. Isso tudo semeia a semente de matar essa coisa importante que seria a Lava Jato, que ainda pode ser o momento de virada na impunidade. Mandar prender um blogueiro, tem uma coisa patológica nisso. Não falo com prazer, falo com dor. Operação Satiagraha? Anulada inteira. Daniel Dantas, culpado de tudo? Tá com atestado de inocente.

Em entrevista, o sr. criticou a condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, desafiou Moro a prendê-lo e disse que receberia “a turma dele na bala”. O que quis dizer?

Desta vez foi um blogueiro, mas amanhã pode ser um repórter da Folha. Não está certo. No momento que o país passa por um golpe de Estado, não podemos nos acovardar diante do autoritarismo.

O sr. disse que prefere mil vezes Bolsonaro ao prefeito de SP, João Doria. Por quê?

Antes eu perguntei se, entre os dois, vale morrer. Dito isso, prefiro um cara tosco e franco a um farsante. Conheço [Doria] de longuíssima data. O antipolítico, o empresário… Tem dois probleminhas básicos [nessa imagem]. Doria foi chefe da Embratur no governo Sarney. Saiu debaixo de muitas irregularidades no Tribunal de Contas da União e foi violentamente criticado por uma propaganda do turismo brasileiro com bundas de mulher na praia, estimulando claramente o turismo sexual. A segunda coisa: Doria reforçou muito a grande fortuna dele, do liberal, com dinheiro público dos governos do PSDB de Minas e SP, por exemplo.

Doria afirmou que o sr. é emocionalmente instável. Não é o primeiro. Você tem um problema de temperamento?

Não me parece. Quem deve dizer isso é o meu psiquiatra.

O sr. tem um psiquiatra?

Não [risos]. Mas repare uma coisa: tenho 37 anos de vida pública. Não tenho rádio, TV, empresa, nunca aceitei receber as pensões imorais que a Legislação me deu direito. Isso tudo me faz um cara meio estranho mesmo. E o que dizem de mim é que eu sou o cara que fala muito, que fala as coisas por destempero. Não é. Arroubos, se algum ser humano não tiver, me ensine.

Donald Trump, outro acusado de destempero, virou presidente dos EUA. O estilo “direto ao ponto” virou um ativo?

Em tempos bicudos, as pessoas procuram franqueza. Estão percebendo que um dos elementos fracos da política é o moralismo de goela pra depois roubar. Nunca tive tanta audiência nessa vida.

Já ser de esquerda hoje parece um passivo no mundo todo.

Não vejo esse pensamento de direita florescer, não. Por que o Trump é de direita? Populista, sim, ok. Mas a vitória dele foi importante. Ele representa a negação da perversão neoliberal. E, no Brasil, o problema não é de direita e esquerda. A política econômica do Lula é igual à do FHC.

Qual sua estratégia para 2018?

Tenho que manter minha intransigência sem parecer um cara incapaz de dialogar e tenho que olhar para o futuro, se Lula é candidato ou não.

Recuaria com Lula no páreo?

Não tenho a menor vontade de ser candidato se o Lula for. Menos em homenagem a ele e mais porque a tendência é ele polarizar o processo. E eu ficar falando de modelo econômico… Vou ter um papel nobre, vou lá para meus 12%, 15% no mínimo, mas daí dizer para o povo que acredito que vou ser presidente… Não consigo mentir desse jeito.

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Comentários

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lulipe

Mais um fanfarrão vai se perder pela boca novamente….

Claudio

Esse é o cara, momento do Ciro Gomes é agora. Pra frente!

FrancoAtirador

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Mídia Tucana Fasci-Paulista

Está Cacifando o John Dólar

Pra Suceder o GenerAlckmin.
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