Dr. Rosinha detona extinção da Unila: Disparate, ignorância, autoritarismo e ódio

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Rosinha: Não tem como amenizar diante de tamanho disparate do deputado federal Sérgio de Souza (PMDB-PR)

por Doutor Rosinha*, especial para o Viomundo

O deputado Sérgio Souza, do PMDB do Paraná, no seu imenso desprezo pelo mundo acadêmico e pela integração da América Latina apresentou uma emenda aditiva à Medida Provisória 785/2017, propondo a extinção da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

Nesta mesma emenda, propõe também que os campis de Palotina e Toledo, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), passem a pertencer, junto com a Unila, à Universidade Federal do Oeste do Paraná (UFOPR).

Na mesma canetada, o deputado mata uma Universidade e amputa outra. Faz tudo isso em nome do desrespeito, do autoritarismo, da ignorância e do ódio.

O sonho do “diligente” deputado deve ser o de entrar para a história como criador de uma universidade. Se isto ocorrer, entrará para a história como um destruidor de projetos, por sua imbecilidade e autoritarismo. Nem acredito que seja possível separar uma coisa da outra.

Quando deputado federal, tive a honra e o orgulho de defender a criação da Unila e, dentro do pouco que podia, fiz o máximo na sua formulação, constituição e construção. No parlamento, mais especificamente na Comissão de Constituição, Justiça e Redação, fui o relator do Projeto de Lei (PL) que originou a Unila.

A Unila foi proposta pelo presidente Lula em 2007. O PL tramitou por todas as comissões de mérito, a que correspondia a matéria, e em todas foi profundamente debatido. Após todos os debates realizados, foi aprovado.

Agora, numa única canetada, sem nenhum debate e com profundo viés autoritário e ignorante, o deputado Sérgio Souza, do PMDB-PR, propõe a extinção de uma universidade símbolo e singular para a América Latina.

Como símbolo e por ser única, foi proposta como sede a cidade de Foz do Iguaçu, onde, além do marco de três fronteiras, há o marco de uma empresa binacional, a Itapu, que até o momento cede seus prédios para o funcionamento da instituição de ensino superior.

Junto à Unila está também o Instituto Mercosul de Estudos Avançados (IMEA), que funciona desde 2009 e, portanto, antes da própria Unila.

O senhor Sérgio Souza, na sua insana sapiência, provavelmente nem sabe que existe o IMEA e tampouco sabe o que é Mercosul.

O PL de criação da Unila traz um esclarecedor arrazoado para a criação da Universidade Federal da Integração Latino Americana. Desta justificativa, saliento somente dois pontos:

1) As universidades têm papel preponderante no processo de integração regional e um dos objetivos de criação da Unila é a interação com universidades de outros países, repartindo “solidariamente e com respeito mútuo, o saber e a tecnologia”; e,

2) “A Unila pretende, no que diz respeito à inclusão social e redução das desigualdades, ampliar o acesso à educação e ao conhecimento; ao fortalecimento das bases culturais, científicas e tecnológicas de sustentação do desenvolvimento, ampliando a participação do País no mercado internacional, preservando os interesses nacionais; e à promoção dos valores e interesses nacionais, intensificando o compromisso do Brasil com uma cultura de paz, solidariedade e de direitos humanos no cenário internacional”.

A Unila, criada pela Lei nº 12.189/2010, começou a funcionar em 2010 e teve sua primeira turma com 200 alunos e, como símbolo da integração, composta por brasileiros, uruguaios, paraguaios e argentinos. Todos os alunos proveniente de países do Mercosul.

Os artigos um e dois da Lei demonstram a razão da existência de uma universidade com este caráter.

A Unila tem como objetivo (Art. 2º)

“ministrar ensino superior, desenvolver pesquisa nas diversas áreas de conhecimento e promover a extensão universitária, tendo como missão institucional específica formar recursos humanos aptos a contribuir com a integração latino-americana, com o desenvolvimento regional e com o intercâmbio cultural, científico e educacional da América Latina, especialmente no Mercado Comum do Sul – MERCOSUL”.

O parágrafo primeiro define como característica atuar

“nas regiões de fronteira, com vocação para o intercâmbio acadêmico e a cooperação solidária com países integrantes do Mercosul e com os demais países da América Latina”.

O parágrafo segundo estabelece que os

“cursos ministrados na Unila serão, preferencialmente, em áreas de interesse mútuo dos países da América Latina, sobretudo dos membros do Mercosul, com ênfase em temas envolvendo exploração de recursos naturais e biodiversidades transfronteiriças, estudos sociais e linguísticos regionais, relações internacionais e demais áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento e a integração regionais”.

Mas a extinção da Unila proposta pelo deputado Sérgio Souza, do PMDB do Paraná, faz parte do pacote de ataques que o governo golpista de Michel Temer pratica contra as escolas públicas.

Sérgio Souza justifica a extinção da Unila unicamente com argumentos econômicos e relacionados ao agronegócio, o que demonstra a sua total ignorância quanto ao papel da universidade na integração e no desenvolvimento da região.

Não bastasse matar a Unila, Souza quer amputar parte da Universidade Federal do Paraná, ao passar para a sua UFOPR os campi de Palotinas (há mais de 25 anos integrado a UFPR) e de Toledo.

Reitero: a emenda apresentada pelo deputado Sérgio Souza do PMDB é fruto do autoritarismo, desrespeito, ódio e ignorância. Não tem como suavizar a narrativa diante de tamanho disparate!

Dr. Rosinha é médico pediatra da rede pública municipal de Curitiba-PR, ex-deputado federal e ex-presidente do Parlamento do Mercosul, foi alto representante-geral do Mercosul e é presidente do Diretório Estadual do PT do Paraná

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Comentários

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Roberto

O golpe está sendo comandado de Washington. Nada mais natural do que atacar as propostas de integração lationoamericana.

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