Bohn Gass: Com Temer na mão, a insaciável bancada ruralista quer mais e mais e ele corre para atender

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11/07/2017- Brasília- DF, Brasil- O presidente Michel Temer e o ministro Blairo Maggi, participam do lançamento do Plano Safra 2017/2018 Foto: José Cruz/Agência Brasil

 
Foto: José Cruz/Agência Brasil, via Fotos Públicas

O Brasil no balcão

por Elvino Bohn Gass*, especial para o Viomundo

Michel Temer já não governa. Todo o tempo da equipe presidencial tem sido gasto com manobras para evitar que a Câmara dê prosseguimento à denúncia de corrupção passiva feita contra ele pela Procuradoria-geral da República.

Com o presidente acossado, ainda, por mais de duas dezenas de pedidos de impeachment, em lugar de governo, o Brasil tem hoje um balcão de negócios instalado no Planalto.

A mídia já denunciou um gasto de R$ 15 bilhões com liberação de emendas e apoio aos interesses de deputados que votarem votar a favor de um, cada vez mais, encurralado Temer. E tanto mais se aproxima a data para votação da denúncia (marcada para 2 de agosto), mais a barganha entre governo e deputados se intensifica.

Para garantir, por exemplo, o apoio dos seus mais de 200 votos, a insaciável bancada ruralista apresentou sua conta que Temer já se apressa em pagar.

Foi para atender ruralistas que o governo diminuiu áreas de preservação na Amazônia, oficializou a grilagem e, quase simultaneamente, aprovou parecer pela “tese do marco temporal”, definindo que somente terras ocupadas por indígenas até 1988, podem ser demarcadas.

Mas os ruralistas sabem que têm Temer na mão, por isso querem mais: exigem anistia de multas, descontos e prazos alongadíssimos para dívidas bilionárias de latifundiários; pretendem flexibilizar regras para licenciamento de atividades agrícola, de pecuária extensiva e de silvicultura; defendem a liberação de agrotóxicos hoje proibidos por serem considerados nocivos à saúde e, ainda, a liberação da de terras brasileiras para estrangeiros.

Sobre isso: a lei impede o controle de grandes áreas por grupos subordinados a uma potência estrangeira, por que isso poderia comprometer o projeto estratégico de desenvolvimento nacional. Dilma fechou essa porta, mas a chantagem ruralista fez Temer escancará-la.

Esse vale tudo, porém, pode custar muito caro à Nação. Para permanecer no poder, Temer faz da soberania, do território, dos povos tradicionais, das nossas riquezas naturais e da saúde, física e financeira do país, moedas de troca. Vem daí a certeza de que tê-lo na presidência é o pior negócio que o Brasil poderá fazer.

* Elvino Bohn Gass é deputado federal (PT-RS) e Secretário Agrário Nacional do PT.

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Renato

Diga aí, quando é que esse pedaço de terra virou país?

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