A hilária tentativa dos neoliberais de jogar a culpa da crise em Mantega

Tempo de leitura: 3 min

levy

A presença de Levy é omitida pelos que previam crescimento em 2015, 2016 e agora, em 2017

por Antero de Quental*

O IBGE confirmou, no início da semana, que a austeridade propagada pelo neoliberalismo em todo o mundo mergulhou o Brasil na maior recessão de sua história.

Combinada a outra política contracionista, a monetária, o “ajuste” fiscal de Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Henrique Meirelles levou o PIB da melancólica expansão de 0,5% em 2014 à aterradora retração de 7,2% na soma dos dois anos seguintes.

Mas, para os neoliberais, a tragédia tem outro nome e sobrenome: Guido Mantega. Sim, ele mesmo.

O ministro da Fazenda, agora no alvo da Lava Jato, que deixou o cargo mais de dois anos atrás, antes de o período recessivo começar.

Em sua coluna de quarta-feira, “PIB: a tragédia consumada”, o editor-executivo do Valor Econômico, Cristiano Romero, sustenta que a crise atual é a consumação do “fracasso retumbante” do que ele e outros neoliberais chamam de Nova Matriz Econômica, a “miríade de equívocos da política econômica do governo Dilma Rousseff (2011-2016)”.

Cristiano não explica, mas, quando escreve “o governo Dilma Rousseff (2011-2016)”, refere-se, na verdade, a um período mais restrito, de 2011 a 2014.

Afinal, o colunista celebrou a substituição de Mantega por Levy e passou todo o ano de 2015 defendendo os cortes de gastos impostos pelo “Chicago boy”.

A omissão é proposital.

Seria mais difícil explicar por que um conjunto de políticas econômicas adotadas mais de dois anos atrás continua a produzir efeitos negativos, inclusive contra as previsões dos neoliberais, que prometeram crescimento para 2015 — depois, para 2016, e, agora, para 2017. Ou por que, em vez de alguma retomada, tímida que fosse, a revisão de tais equívocos levou o PIB estagnado de 2014 a encolher ao tamanho de 2010.

Quando, em janeiro de 2015, Cristiano escreveu “‘Habemus’ ministro” e chamou o discurso de posse de Levy de “peça de valor histórico”, os analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central previam crescimento de 0,4% para aquele ano e de 1,8% para o próximo.

Seria o caso de perguntar ao colunista o que teria acontecido se, em vez de tão sábias palavras, Levy tivesse apresentado apenas uma avaliação equivocada dos problemas que teria de enfrentar.

“Levy mostrou a importância do equilíbrio fiscal para a estabilidade e a confiança dos empresários e do sistema financeiro na economia e, portanto, para ‘a geração de emprego, o bem-estar geral e a riqueza da nação'”, escreveu à época o editor-executivo do Valor.

Mas, se está tão claro que recessão ainda é resultado da Nova Matriz Econômica — a ponto de Romero não fazer qualquer menção às políticas que a substituíram ao explicar os números do IBGE –, por que ele não avisou, àquela altura, que a tragédia ainda estava por se consumar?

Que dali a dois anos, a taxa de desemprego dobraria, milhões de pessoas voltaram à pobreza e a riqueza da nação (sic) encolheria nada menos do que 7,2%?

“Por fim, em seu discurso, Levy fez um elogio irônico à chefe: ‘Talvez, nunca antes na nossa história, em períodos democráticos, houvéssemos tido a maturidade, como país, de fazer correções bem antes que uma crise econômica se instalasse. Estou aqui, nesta função, para evitar uma crise”, ainda registrou o exultante colunista, sem dizer que o leite já estava no chão.

PS do autor: Curiosamente, todos os economistas de esquerda, dos mais aos menos críticos à “Nova Matriz”, alertavam, ainda no fim de 2014, que o “cavalo de pau” dado por Dilma aprofundaria a recessão.

*É jornalista

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Comentários

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Antônio Luiz Nascimento Ferreira

Rodrigo constantino havia feito uma palestra em abril de 2010, intitulada “A crise sob a perspectiva austríaca: o Brasil e o mundo”. Análise econômica da situação econômica atual do Brasil e como a atual política do governo Lula (PT) a longo prazo será nefasta para o país.
Ele previu com detalhes e dados que as políticas que viriam a ganhar força total na Nova Matriz Econômica resultariam em um desastre para o Brasil, muito antes dos efeitos se tornarem visíveis.
O coitado do Joaquim Levy jamais conseguiu tirar seu plano econômico do papel. Dilma pendurou ele na parede um ano todo pra fazer de distração pras agências de classificação de risco enquanto prometia por reformas que nunca foram feitas. Ao final do ano de 2014, o governo cortou meros 32 bilhões de reais em gastos e ainda assim teve um déficit primário de 35 bilhões, o primeiro desde o começo da contagem da série histórica pelo Banco Central em 2001.
Existem amplos estudos sobre o fracasso da Nova Matriz Econômica e seus efeitos nefastos à economia, por liberais e até por desenvolvimentistas. Alguns desde antes de a recessão técnica começar. Dizer que ela só começou após um liberal sair do Ministério da Fazenda é fácil, difícil é ser sincero pra olhar porque ele foi chamado em primeiro lugar e apontar se ele conseguiu colocar em prática sequer um décimo do que pretendia no governo Dilma.

Morvan

Bom dia.

Não se pode esperar nada dessa turminha afora a mistificação. Imaginar que eles fariam um “mea culpa”, um erramos, a la folha, que o faz, mesmo forçosamente, seria pensamento desejoso.
Por outro lado, tudo isso mostra o quanto que o PT creu na luta institucional entre iguais (Sic!) e conversou com o Dr. Silas Cousse. O país todo. No Brasil, terra de golpistas, a verdade é formatada pela televisão oficial e crer em governabilidade é o mesmo que fazê-lo com a mula sem cabeça. Culpar o Mantega é profundamente cretino, mas a mídia do país o é. Não admira. É por isso, pela facilidade de formatar a verdade, que existem os Karnais e suas relações idem com quem destrói o país. Eles sabem que não vão ser questionados, a não ser por uma minoria. E assim caminha a desumanidade…

Saudações “#ForaTemerGolpsista; Eleger Lula, para trazer o país para onde devemos estar. Reformas Política e do Midiaciário são indispensáveis“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.

Nelson

Tivéssemos, realmente, liberdade de imprensa no nosso país e também no nosso planeta, a ideologia neoliberal já teria sido desmascarada por completo.

Tal ideologia só se sustenta, porque sequestraram, por completo, a democracia que tínhamos. Democracia que, é preciso dizer, já andava longe de ser plena – aqui e mesmo no restante do mundo – como deveria ser para ser considerada como tal.

Para sequestrar a democracia, os neoliberais dessangraram a política. A partir daí, tornaram-na insossa até jogá-la em um completo hermetismo, visando afastar a patuleia, em definitivo, da arena de debates e, portanto, das decisões.

robertoAP

A verdade é justamente o oposto. Os golpistas vinham há muito planejando e cospirando,mas o Mantega mantinha a economia firme e funcionando,com alto consumo,inflação controlada,investimentos e salários mais empregos assegurados.
Então o PMSB (fusão golpista), deu um jeitinho de chantagear a Dilma ,exigindo um ministro na economia dos partidos da base golpista, para detonar o governo e poder contar com os coxinhas paneleiros midiótas.
A Dilma foi ingênua ,sem um setor de inteligência e sem um ministro da Justiça forte, e ainda com a desgraça do Gulgel no PGR,que ela própria colocou, que tramava pelas costas daquela que o nomeou,juntamente com um juiz 100% tucano à frente de uma LavaJato ,distorcendo o paradigma da operação, originalmente feita para coibir corrupção, mas transformada em conspiração pelo juiz apátrida e corrupto, infelizmente não detectado pelo Ministério da Justiça.
Ai o Joaquim Levy desmontou a economia e o resto foi fácil. Era só comprar todos os parlamentares com alguns milhões por cabeça, já que o STF,PF,MP e Globo já tinham sido subornados,com montanhas de dinheiro roubado do povo.

Lukas

Sobre o PS do autor: quando o governo Lula ia a todo vapor economistas “neoliberais” alertaram que não ia dar certo se

continuassem com aquela política econômica.

Não deu.

    Antero de Quental

    Lukas, não deu certo porque a Dilma não manteve política econômica do governo Lula, primeiro cedendo à pressão dos industriais e, depois, à dos financistas. De fato, a política econômica do primeiro mandato fracassou, mas por motivos diferentes dos apontados pelos neoliberais — que, a partir de 2015, erraram muito mais.

Lukas

A culpa é de Levy só a partir de sua posse. A economia já afundava quando ele foi chamado. De quem é a culpa pela situação da economia quando Levy tomou posse?

Mineiro

Taí o ministro sem vergonha do poste Roussef, depois querem inocenta – la do golpe. O próprio ministo da Fazenda dela rindo na maior cara pau e debochando da nossa cara. Depois querem culpar só os golpistas pelo golpe, os golpistas é golpista por natureza nunca vai mudar. Quem deveria ter percebido a situação do golpe e lutado contra ele é o poste Roussef ,o Pt e o lulinha paz e amor que vivia abraçado com pmdb.

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