Sérgio Machado, a caminho da delação premiada: “Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan”

Tempo de leitura: 13 min

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Em conversa gravada, Renan defende mudar lei da delação premiada

RUBENS VALENTE, de Brasília, na Folha, em 25/05/2016

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que apoia uma mudança na lei que trata da delação premiada de forma a impedir que um preso se torne delator — procedimento central utilizado pela Operação Lava Jato.

Renan sugeriu que, após enfrentar esse assunto, também poderia “negociar” com membros do STF (Supremo Tribunal Federal) “a transição” de Dilma Rousseff, presidente hoje afastada.

Machado e Renan são alvos da Lava Jato. Desde março, temendo ser preso, Machado gravou pelo menos duas conversas entre ambos. A reportagem obteve os áudios. Machado negocia um acordo de delação premiada.

Ele também gravou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), empossado ministro do Planejamento no governo Michel Temer. A revelação das conversas pela Folha na segunda (23) levou à exoneração de Jucá.

Em um dos diálogos com Renan, Machado sugeriu “um pacto”, que seria “passar uma borracha no Brasil”.

Renan responde: “antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação”.

A mudança defendida pelo peemedebista, se efetivada, poderia beneficiar Machado. Ele procurou Jucá, Renan e o ex-presidente José Sarney (PMDB) porque temia ser preso e virar réu colaborador.

“Ele está querendo me seduzir, porra. […] Mandando recado”, disse Machado a Renan em referência ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Renan, na conversa, também ataca decisão do STF tomada ano passado, de manter uma pessoa presa após a sua segunda condenação.

O presidente do Senado também fala em negociar a transição com membros do STF, embora o áudio não permita estabelecer com precisão o que ele pretende.

Machado, para quem os ministros “têm que estar juntos”, quis saber por que Dilma não “negocia” com os membros do Supremo. Renan respondeu: “Porque todos estão putos com ela”.

Para Renan, os políticos todos “estão com medo” da Lava Jato. “Aécio [Neves, presidente do PSDB] está com medo. [me procurou] ‘Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'”, contou Renan, em referência à delação de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), que fazia citação ao tucano.

Renan disse que uma delação da empreiteira Odebrecht “vai mostrar as contas”, em provável referência à campanha eleitoral de Dilma. Machado respondeu que “não escapa ninguém de nenhum partido”. “Do Congresso, se sobrar cinco ou seis, é muito. Governador, nenhum.”

O peemedebista manifestou contrariedade ao saber, pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), esteve com Michel Temer em março.

Em dois pontos das conversas, Renan e Machado falam sobre contatos do senador e de Dilma com a mídia, citando o diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, e o vice-presidente Institucional e Editorial do Grupo Globo, João Roberto Marinho. Renan diz que Frias reconheceu “exageros” na cobertura da Lava Jato e diz que Marinho afirmou a Dilma que havia um “efeito manada” contra seu governo.

OUTRO LADO

Por meio de sua assessoria, o presidente do Senado informou que os “diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas. E não seria o caso porque nada vai interferir nas investigações.”

Segundo a assessoria, “todas as opiniões do senador foram publicamente noticiadas pelos veículos de comunicação, como as críticas ao ex-presidente da Câmara, a possibilidade de alterar a lei de delações para, por exemplo, agravar as penas de delações não confirmadas e as notícias sobre delações de empreiteiras foram fartamente veiculadas”.

“Em relação ao senador Aécio Neves, o senador Renan Calheiros se desculpa porque se expressou inadequadamente. Ele se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação – e não medo – com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral.”

A nota diz ainda que “o senador Renan Calheiros tem por hábito receber todos aqueles que o procuram. Nas conversas que mantém habitualmente defende com frequência pontos de vista e impressões sobre o quadro. Todas os pontos de vista, evidentemente, dentro da Lei e da Constituição”.

A assessoria do STF informou que o presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, “jamais manteve conversas sobre supostas ‘transição’ ou ‘mudanças na legislação penal’ com as pessoas citadas”, isto é, Renan Calheiros e Sérgio Machado.

Segundo a nota, o STF “mantém relacionamento institucional com os demais Poderes” e o ministro Lewandowski “participou de diversos encontros, constantes de agenda pública, com integrantes do Poder Executivo para tratar do Orçamento do Judiciário e do reajuste dos salários de servidores e magistrados”.

Também por meio de nota, a Executiva Nacional do PSDB informou que vai “acionar na Justiça” o ex-presidente da Transpetro. A sigla diz ser “inaceitável essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios de uma delação premiada”.

“Fica cada vez mais clara a tentativa deliberada e criminosa do senhor Sérgio Machado de envolver em suspeições o PSDB e o nome do senador Aécio Neves, em especial, sem apontar um único fato que as justifique. As gravações se limitam a reproduzir comentários feitos pelo próprio autor, com o objetivo específico de serem gravados e divulgados.”

“Sobre a referência ao diálogo entre os senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, o senador Aécio manifestou a ele o que já havia manifestado publicamente inúmeras vezes: a sua indignação com as falsas citações feitas ao seu nome.”

Sérgio Machado não é localizado desde a semana passada.

TRECHOS DOS DIÁLOGOS

Primeira conversa:

SÉRGIO MACHADO – Agora, Renan, a situação tá grave.

RENAN CALHEIROS – Grave e vai complicar. Porque Andrade fazer [delação], Odebrecht, OAS. [falando a outra pessoa, pede para ser feito um telefonema a um jornalista]

MACHADO – Todos vão fazer.

RENAN – Todos vão fazer.

MACHADO – E essa é a preocupação. Porque é o seguinte, ela [Dilma] não se sustenta mais. Ela tem três saídas. A mais simples seria ela pedir licença…

RENAN – Eu tive essa conversa com ela.

MACHADO – Ela continuar presidente, o Michel assumiria e garantiria ela e o Lula, fazia um grande acordo. Ela tem três saídas: licença, renúncia ou impeachment. E vai ser rápido. A mais segura para ela é pedir licença e continuar presidente. Se ela continuar presidente, o Michel não é um sacana…

RENAN – A melhor solução para ela é um acordo que a turma topa. Não com ela. A negociação é botar, é fazer o parlamentarismo e fazer o plebiscito, se o Supremo permitir, daqui a três anos. Aí prepara a eleição, mantém a eleição, presidente com nova…

[atende um telefonema com um jornalista]

RENAN – A perspectiva é daquele nosso amigo.

MACHADO – Meu amigo, então é isso, você tem trinta dias para resolver essa crise, não tem mais do que isso. A economia não se sustenta mais, está explodindo…

RENAN – Queres que eu faça uma avaliação verdadeira? Não acredito em 30 dias, não. Porque se a Odebrecht fala e essa mulher do João Santana fala, que é o que está posto…

[apresenta um secretário de governo de Alagoas]

MACHADO – O Janot é um filho da puta da maior, da maior…

RENAN – O Janot… [inaudível]

MACHADO – O Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês. Então o que que ele quer fazer? Ele não encontrou nada nem vai encontrar nada. Então ele quer me desvincular de vocês, mediante Ricardo e mediante e mediante do Paulo Roberto, dos 500 [mil reais], e me jogar para o Moro. E aí ele acha que o Moro, o Moro vai me mandar prender, aí quebra a resistência e aí fudeu. Então a gente de precisa [inaudível] presidente Sarney ter de encontro… Porque se me jogar lá embaixo, eu estou fodido. E aí fica uma coisa… E isso não é análise, ele está insinuando para pessoas que eu devo fazer [delação], aquela coisa toda… E isso não dá, isso quebra tudo isso que está sendo feito.

RENAN – [inaudível]

MACHADO – Renan, esse cara é mau, é mau, é mau. Agora, tem que administrar isso direito. Inclusive eu estou aqui desde ontem… Tem que ter uma ideia de como vai ser. Porque se esse vagabundo jogar lá embaixo, aí é uma merda. Queria ver se fazia uma conversa, vocês, que alternativa teria, porque aí eu me fodo.

RENAN – Sarney.

MACHADO – Sarney, fazer uma conversa particular. Com Romero, sei lá. E ver o que sai disso. Eu estou aqui para esperar vocês para poder ver, agora, é um vagabundo. Ele não tem nada contra você nem contra mim.

RENAN – Me disse [inaudível] ‘ó, se o Renan tiver feito alguma coisa, que não sei, mas esse cara, porra, é um gênio. Porque nós não achamos nada.’

MACHADO – E já procuraram tudo.

RENAN – Tudo.

MACHADO – E não tem. Se tivesse alguma coisa contra você, já tinha jogado… E se tivesse coisa contra mim [inaudível]. A pressão que ele quer usar, que está insinuando, é que…

RENAN – Usou todo mundo.

MACHADO -…está dando prazos etc é que vai me apartar de vocês. Mesma coisa, já deu sinal com a filha do Eduardo e a mulher… Aquele negócio da filha do Eduardo, a porra da menina não tem nada, Renan, inclusive falsificaram o documento dela. Ela só é usuária de um cartão de crédito. E esse é o caminho [inaudível] das delações. Então precisa ser feito algo no Brasil para poder mudar jogo porque ninguém vai aguentar. Delcídio vai dizer alguma coisa de você?

RENAN – Deus me livre, Delcídio é o mais perigoso do mundo. O acordo [inaudível] era para ele gravar a gente, eu acho, fazer aquele negócio que o J Hawilla fez.

MACHADO – Que filho da puta, rapaz.

RENAN – É um rebotalho de gente.

MACHADO – E vocês trabalhando para poder salvar ele.

RENAN – [Mudando de assunto] Bom, isso aí então tem que conversar com o Sarney, com o teu advogado, que é muito bom [inaudível] na delação.

MACHADO – Advogado não resolve isso.

RENAN – Traçar estratégia. [inaudível]

MACHADO – [inaudível] quanto a isso aí só tem estratégia política, o que se pode fazer.

RENAN – [inaudível] advogado, conversar, né, para agir judicialmente.

MACHADO – Como é que você sugeriria, daqui eu vou passar na casa do presidente Sarney.

RENAN – [inaudível]

MACHADO – Onde?

RENAN – Lá, ou na casa do Romero.

MACHADO – Na casa do Romero. Tá certo. Que horas mais ou menos?

RENAN – Não, a hora que você quiser eu vou estar por aqui, eu não vou sair não, eu vou só mais tarde vou encontrar o Michel.

MACHADO – Michel, como é que está, como é que está tua relação com o Michel?

RENAN – Michel, eu disse pra ele, tem que sumir, rapaz. Nós estamos apoiando ele, porque não é interessante brigar. Mas ele errou muito, negócio de Eduardo Cunha… O Jader me reclamou aqui, ele foi lá na casa dele e ele estava lá o Eduardo Cunha. Aí o Jader disse, ‘porra, também é demais, né’.

MACHADO – Renan, não sei se tu viu, um material que saiu na quinta ou sexta-feira, no UOL, um jornalista aqui, dizendo que quinta-feira tinha viajado às pressas…

RENAN – É, sacanagem.

MACHADO – Tu viu?

RENAN – Vi.

MACHADO – E que estava sendo montada operação no Nordeste com Polícia Federal, o caralho, na quinta-feira.

RENAN – Eu vi.

MACHADO – Então, meu amigo, a gente tem que pensar como é que encontra uma saída para isso aí, porque isso aí…

RENAN – Porque não…

MACHADO – Renan, só se fosse imbecil. Como é que tu vai sentar numa mesa para negociar e diz que está ameaçado de preso, pô? Só quem não te conhece. É um imbecil.

RENAN – Tem que ter um fato contra mim.

MACHADO – Mas mesmo que tivesse, você não ia dizer, porra, não ia se fragilizar, não é imbecil. Agora, a Globo passou de qualquer limite, Renan.

RENAN – Eu marquei para segunda-feira uma conversa inicial com [inaudível] para marcar… Ela me disse que a conversa dela com João Roberto [Marinho] foi desastrosa. Ele disse para ela… Ela reclamou. Ele disse para ela que não tinha como influir. Ela disse que tinha como influir, porque ele influiu em situações semelhantes, o que é verdade. E ele disse que está acontecendo um efeito manada no Brasil contra o governo.

MACHADO – Tá mesmo. Ela acabou. E o Lula, como foi a conversa com o Lula?

RENAN – O Lula está consciente, o Lula disse, acha que a qualquer momento pode ser preso. Acho até que ele sabia desse pedido de prisão lá…

MACHADO – E ele estava, está disposto a assumir o governo?

RENAN – Aí eu defendi, me perguntou, me chamou num canto. Eu acho que essa hipótese, eu disse a ele, tem que ser guardada, não pode falar nisso. Porque se houver um quadro, que é pior que há, de radicalização institucional, e ela resolva ficar, para guerra…

MACHADO – Ela não tem força, Renan.

RENAN – Mas aí, nesse caso, ela tem que se ancorar nele. Que é para ir para lá e montar um governo. Esse aí é o parlamentarismo sem o Lula, é o branco, entendeu?

MACHADO – Mas, Renan, com as informações que você tem, que a Odebrecht vai tacar tiro no peito dela, não tem mais jeito.

RENAN – Tem não, porque vai mostrar as contas. E a mulher é [inaudível].

MACHADO – Acabou, não tem mais jeito. Então a melhor solução para ela, não sei quem podia dizer, é renunciar ou pedir licença.

RENAN – Isso [inaudível]. Ela avaliou esse cenário todo. Não deixei ela falar sobre a renúncia. Primeiro cenário, a coisa da renúncia. Aí ela, aí quando ela foi falar, eu disse, ‘não fale não, pelo que conheço, a senhora prefere morrer’. Coisa que é para deixar a pessoa… Aí vai: impeachment. ‘Eu sinceramente acho que vai ser traumático. O PT vai ser desaparelhado do poder’.

MACHADO – E o PT, com esse negócio do Lula, a militância reacendeu.

RENAN – Reacendeu. Aí tudo mundo, legalista… Que aí não entra só o petista, entra o legalista. Ontem o Cassio falou.

MACHADO – É o seguinte, o PSDB, eu tenho a informação, se convenceu de que eles é o próximo da vez.

RENAN – [concordando] Não, o Aécio disse isso lá. Que eu sou a esperança única que eles têm de alguém para fazer o…

MACHADO – [Interrompendo] O Cunha, o Cunha. O Supremo. Fazer um pacto de Caxias, vamos passar uma borracha no Brasil e vamos daqui para a frente. Ninguém mexeu com isso. E esses caras do…

RENAN – Antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso.

MACHADO – Acaba com esse negócio da segunda instância, que está apavorando todo mundo.

RENAN – A lei diz que não pode prender depois da segunda instância, e ele aí dá uma decisão, interpreta isso e acaba isso.

MACHADO – Acaba isso.

RENAN – E, em segundo lugar, negocia a transição com eles [ministros do STF].

MACHADO – Com eles, eles têm que estar juntos. E eles não negociam com ela.

RENAN – Não negociam porque todos estão putos com ela. Ela me disse e é verdade mesmo, nessa crise toda –estavam dizendo que ela estava abatida, ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável, ela está gripada, muito gripada– aí ela disse: ‘Renan, eu recebi aqui o Lewandowski, querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável’.

MACHADO – Eu nunca vi um Supremo tão merda, e o novo Supremo, com essa mulher, vai ser pior ainda. […]

MACHADO – […] Como é que uma presidente não tem um plano B nem C? Ela baixou a guarda. [inaudível]

RENAN – Estamos perdendo a condição política. Todo mundo.

MACHADO – [inaudível] com Aécio. Você está com a bola na mão. O Michel é o elemento número um dessa solução, a meu ver. Com todos os defeitos que ele tem.

RENAN – Primeiro eu disse a ele, ‘Michel, você tem que ficar calado, não fala, não fala’.

MACHADO – [inaudível] Negócio do partido.

RENAN – Foi, foi [inaudível] brigar, né.

MACHADO – A bola está no seu colo. Não tem um cara na República mais importante que você hoje. Porque você tem trânsito com todo mundo. Essa tua conversa com o PSDB, tu ganhou uma força que tu não tinha. Então [inaudível] para salvar o Brasil. E esse negócio só salva se botar todo mundo. Porque deixar esse Moro do jeito que ele está, disposto como ele está, com 18% de popularidade de pesquisa, vai dar merda. Isso que você diz, se for ruptura, vai ter conflito social. Vai morrer gente.

RENAN – Vai, vai. E aí tem que botar o Lula. Porque é a intuição dele…

MACHADO – Aí o Lula tem que assumir a Casa Civil e ser o primeiro ministro, esse é o governo. Ela não tem mais condição, Renan, não tem condição de nada. Agora, quem vai botar esse guizo nela?

RENAN – Não, [com] ela eu converso, quem conversa com ela sou eu, rapaz.

MACHADO – Seguinte, vou fazer o seguinte, vou passar no presidente, peço para ele marcar um horário na casa do Romero.

RENAN – Ou na casa dele. Na casa dele chega muita gente também.

MACHADO – É, no Romero chega menos gente.

RENAN – Menos gente.

MACHADO – Então marco no Romero e encontra nós três. Pronto, acabou. [levanta-se e começam a se despedir] Amigo, não perca essa bola, está no seu colo. Só tem você hoje. [caminhando] Caiu no seu colo e você é um cara predestinado. Aqui não é dedução não, é informação. Ele está querendo me seduzir, porra.

RENAN – Eu sei, eu sei. Ele quem?

MACHADO – O bicho daqui, o Janot.

RENAN – Mandando recado?

MACHADO – Mandando recado.

RENAN – Isso é?

MACHADO – É… Porra. É coisa que tem que conversar com muita habilidade para não chegar lá.

RENAN – É. É.

MACHADO – Falando em prazo… [se despedem]

Segunda conversa:

MACHADO – […] A meu ver, a grande chance, Renan, que a gente tem, é correr com aquele semi-parlamentarismo…

RENAN – Eu também acho.

MACHADO -…paralelo, não importa com o impeach… Com o impeachment de um lado e o semi-parlamentarismo do outro.

RENAN – Até se não dá em nada, dá no impeachment.

MACHADO – Dá no impeachment.

RENAN – É plano A e plano B.

MACHADO – Por ser semi-parlamentarismo já gera para a sociedade essa expectativa [inaudível]. E no bojo do semi-parlamentarismo fazer uma ampla negociação para [inaudível].

RENAN – Mas o que precisa fazer, só precisa tres três coisas: reforma política, naqueles dois pontos, o fim da proibição…

MACHADO – [Interrompendo] São cinco pontos:

[…]

RENAN – O voto em lista é importante. [inaudível] Só pode fazer delação… Só pode solto, não pode preso. Isso é uma maneira e toda a sociedade compreende que isso é uma tortura.

MACHADO – Outra coisa, essa cagada que os procuradores fizeram, o jogo virou um pouco em termos de responsabilidade […]. Qual a importância do PSDB… O PSDB teve uma posição já mais racional. Agora, ela [Dilma] não tem mais solução, Renan, ela é uma doença terminal e não tem capacidade de renunciar a nada. [inaudível]

[…]

MACHADO – Me disseram que vai. Dentro da leniência botaram outras pessoas, executivos para falar. Agora, meu trato com essas empresas, Renan, é com os donos. Quer dizer, se botarem, vai dar uma merda geral, eu nunca falei com executivo.

RENAN – Não vão botar, não. [inaudível] E da leniência, detalhar mais. A leniência não está clara ainda, é uma das coisas que tem que entrar na…

MACHADO -…No pacote.

RENAN – No pacote.

MACHADO – E tem que encontrar, Renan, como foi feito na Anistia, com os militares, um processo que diz assim: ‘Vamos passar o Brasil a limpo, daqui para frente é assim, pra trás…’ [bate palmas] Porque senão esse pessoal vão ficar eternamente com uma espada na cabeça, não importa o governo, tudo é igual.

RENAN – [concordando] Não, todo mundo quer apertar. É para me deixar prisioneiro trabalhando. Eu estava reclamando aqui.

MACHADO – Todos os dias.

RENAN – Toda hora, eu não consigo mais cuidar de nada.

[…]

MACHADO – E tá todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros.

RENAN – E tudo com medo.

MACHADO – Renan, não sobra ninguém, Renan!

RENAN – Aécio está com medo. [me procurou] ‘Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.’

MACHADO – Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan.

[…]

MACHADO – Não dá pra ficar como está, precisa encontrar uma solução, porque se não vai todo mundo… Moeda de troca é preservar o governo [inaudível].

RENAN – [inaudível] sexta-feira. Conversa muito ruim, a conversa com a menina da Folha… Otavinho [a conversa] foi muito melhor. Otavinho reconheceu que tem exageros, eles próprios tem cometido exageros e o João [provável referência a João Roberto Marinho] com aquela conversa de sempre, que não manda. […] Ela [Dilma] disse a ele ‘João, vocês tratam diferentemente de casos iguais. Nós temos vários indicativos’. E ele dizendo ‘isso virou uma manada, uma manada, está todo mundo contra o governo.’

MACHADO – Efeito manada.

RENAN – Efeito manada. Quer dizer, uma maneira sutil de dizer “acabou”, né.

[…]


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Comentários

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alexandre de melo martins

francoatirador
quem é voce?
voce é muito diligente, inteligente, sagaz ,tem muita memoria.
voce é uma pessoa ou um grupo, organização?

FrancoAtirador

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Sarney – E o Renan cometeu uma ingenuidade.
No dia que ele chegou – quem deu isso pela primeira vez
foi a Délis Ortiz [Repórter da Globo em Brasília).

Eu cheguei lá era umas 4 horas, era um sábado,
ele disse: ‘já entreguei todos os documentos para a Delis Ortiz,
provando que eu… que foi dinheiro meu’.

Eu disse: ‘Renan, para jornalista você não dá documento nunca.
Você fazer um negócio desse. O que isso vai te trazer de dor de cabeça’.
Não deu outra.
.
(http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1775099-temer-negociou-certas-condicoes-com-oposicao-diz-sarney-em-gravacao.shtml)
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FrancoAtirador

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Segundo Reportagens da Globo

o Ex-Senador SERGIO MACHADO

– LÍDER DO PSDB no Senado Federal

durante o GOVERNO FHC (1995-2002) –

nasceu no ano 2003, na Transpetro.
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FrancoAtirador

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https://twitter.com/lulafalcao/status/735631261075640320
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FrancoAtirador

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MÍDIA NORTE-AMERICANA RELATA COUP D’ETAT IN BRAZIL
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Democracy Now

This Confirms It was a Coup

http://www.democracynow.org/2016/5/25/this_confirms_it_was_a_coup
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NEW YORK TIMES: Transcript Suggests a Plot Behind Effort to Oust Brazilian President

http://www.pragmatismopolitico.com.br/wp-content/uploads/2016/05/romero-juca-midia-internacional-nyt.jpg
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Em Resumo

CONFIRMADO: FOI GOLPE!
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Serjão

Moro e companhia…Moro e (é) CIA!

Serjão

Globo ou BRASIL.
BRASIL ou Globo.
É globo ou é BRASIL!
Ou um ou outro.
Sem globo não há Golpe!
Ou BRASIL ou globo!
….Essas gravações promovendo o Moro é de lascar, e de desconfiar!
É BRASIL ou é Globo? DECIDA-SE dá ou não..

francisco.latorre

..

“MACHADO – Eu nunca vi um Supremo tão merda..”

..

gilberto

Certamente que o STF entra para a história como um dos piores do mundo.

    alexandre de melo martins

    alguns
    alguns são mais que um ,podem ser dois mas podem ser onze.
    alguns são bandidos.

FrancoAtirador

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“Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan.
Não sobra ninguém, Renan”

Ex-Senador SERGIO MACHADO
[Líder do PSDB no Senado]
.
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NOVO GOVERNO DE VELHAS RAPOSAS VELHACAS
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15/02/2001 – 03h45
Folha de S.Paulo

Duelo ACM-Jader começa na piscina de FHC

ELIANE CANTANHÊDE e KENNEDY ALENCAR,
da Folha de S.Paulo, em Brasília
.
Dobradinha

Na manhã de 22 de novembro, enquanto o PFL trazia governadores
e preparava uma cerimônia com a cúpula para lançar Inocêncio,

Jader telefonou para o líder do PMDB na Câmara,
Geddel Vieira Lima (BA), que ainda estava em Salvador.

“Geddel, andei pensando.
Telefone para o Aécio Neves
(líder do PSDB na Câmara
e então candidato à presidência da Casa),
diga que você refletiu muito e que, sem consultar o PMDB,
resolveu propor uma aliança entre nós”,
afirmou Jader.

Haveria, porém, duas condições.

Jader contou ao líder do PMDB na Câmara, que achou ótima a idéia:

“Fale com o Aécio, o Teotonio Vilela (presidente do PSDB)
e o Sérgio Machado (líder do PSDB no Senado),
mas diga a eles que a idéia é sua e que eles têm que vir
pessoalmente na liderança para fechar a proposta”.

Assim foi combinado, assim foi feito.

Com um detalhe malvado, contado por todos às gargalhadas:
a visita foi pouco antes do lançamento da candidatura
de Inocêncio Oliveira na Câmara.

E ofuscou a festa pefelista no dia e nos jornais do dia seguinte.

Jader chegou a considerar, mesmo depois disso, um acordo com Sarney.
E não se cansa de responsabilizar ACM por inviabilizar esse acordo:
“É como o sujeito matar o marido e ainda por cima querer escolher com quem a viúva vai casar”.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u15486.shtml
.
.
OPERAÇÃO ABAFA CORRUPÇÃO NO GOVERNO FHC (PSDB)
.
1999: CPI do Sistema Financeiro
(http://www.senado.gov.br/noticias/opiniaopublica/inc/senamidia/historico/1999/4/zn040523.htm)
.
2001: CPI da Corrupção
(http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,machado-critica-apoio-de-tucanos-a-cpi,20010509p37494)
.
.

    FrancoAtirador

    .
    .
    8 de fevereiro de 1995
    Folha de S.Paulo

    Simon pede Reabertura de CPI de Empreiteiras

    O líder do PSDB, Sérgio Machado (CE),
    aprovou a investigação,
    desde que não comece imediatamente [!!!].

    A Receita Federal já concluiu que as empreiteiras baianas
    OAS e Norberto Odebrecht devem juntas à União
    cerca de 1,5 bilhão de Ufir (R$ 1,015 bilhão)
    por sonegação de impostos e vários tipos de fraudes
    contra o fisco, como o uso de notas frias.

    (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/2/08/brasil/32.html)
    .
    E assim se passaram 20 Anos…
    .
    .

    FrancoAtirador

    .
    .
    12.05.99 – 10h00
    Istoé

    Malan sabia

    Ministro da Fazenda [do Governo FHC (PSDB)]
    poderia ter evitado doação de R$ 1,4 bi
    aos Bancos Marka e FonteCindam

    ANDREI MEIRELES, MINO PEDROSA E SÔNIA FILGUEIRAS

    O Ministro da Fazenda poderia ter abortado a operação

    que causou um PREJUÍZO AOS COFRES PÚBLICOS

    de R$ 1,4 BILHÃO

    e poupou o Patrimônio Pessoal dos Banqueiros

    Roberto Salvatore Cacciola, do Marka,

    e Luís Antônio Gonçalves, do FonteCindam.

    (http://abre.ai/psdb-e-corrupcao-tudo-a-ver)
    .
    .

    FrancoAtirador

    .
    .
    28 de janeiro de 1999
    Folha de S.Paulo
    .
    Sem acordo, Reforma Política é Arquivada
    .
    FLÁVIA DE LEON
    da Sucursal de Brasília
    .
    Senado não chega a consenso
    sobre propostas discutidas desde 95
    e adia decisão para a próxima legislatura
    .
    Para o Relator da Reforma Política,
    o Líder Tucano Sérgio Machado (CE),
    não será difícil conseguir as assinaturas.

    “Nada mudará em relação ao cronograma.
    O prazo não será alterado.”
    .
    Machado apresentou 11 propostas de mudanças
    (8 propostas de emenda constitucional e 3 projetos de lei).

    Quatro foram consideradas Prioritárias
    pelo Governo [Fernando Henrique (PSDB)]:

    Financiamento Público das Campanhas,

    Fidelidade Partidária,

    Voto Distrital Misto e

    instituição de Limites para que os Partidos
    tenham acesso ao fundo partidário
    e aos programas eleitorais (cláusulas de barreira).
    .
    “Teria sido melhor votar e aprovar.
    Seria uma sinalização à sociedade.
    Com o arquivamento, em tese,
    a sinalização fica em aberto”,
    avaliou o Senador Romero Jucá (PFL-RR).
    .
    (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc28019913.htm)
    .
    E assim se passarão 20 Anos…
    .
    .

Morvan

Boa tarde.
Conforme postei, noutro blogue (GGN), todas as análises sobre o novo “SerraLeaks” o fazem sem analisar a sub-portadora, a mensagem colateral, ou seja, observe sempre a intenção do “divulgador” (Tarja Preta?) das franjas da mensagem. O diálogo entre os dois par[a]lamentares enviesa todo um sentido “valorativo” à, diria empodera, Operação Lava Jato, e, claro, ao seu ícone, o juiz de 1ª instância mais poderoso do universo (Sic!), seu beneficiário maior, o fascista Moro, o da Torre, segundo os patifes da interlocução. Há uma passagem onde se mostra o percentual de “recall” do político togado (18%, segundo os próprios) e várias outras que induzem ser a tal Operação algo terrível, temida por todos os políticos, (por ser “apartidária, republicana, universal”, enfim. Não digam!). Parece sutil, mas na verdade é uma grossa tentativa de soerguer a tal Operação, principalmente depois de o fascistinha de 1ª Instância a ter soterrado, como moeda de troca, antes da votação do golpe na Câmara Baixa, prometendo, nas entrelinhas, tranquilidade para quem votasse “Sim”, ou seja, decretando o fim da seletiva Mani Pulite trigueira, para felicidade de todos. Não nos surpreendamos com as novas “pesquisas”.

Saudações “#FicaDilma, #ForaTemerETodaACurriolaGolpsista; resistir, lutar até o fim“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.

    Sidnei Brito

    É aterrador, Morvan, que ninguém rememore a matéria do Estadão, acho que do Fausto Macedo, na qual Moro falava em encerrar a Lava Jato em dezembro. Demonstrava sintonia com o que, a julgar por essas escutas, vinha sendo acenado como cenário no pós-impeachment.
    Ninguém vai cobrar de Moro o estranho posicionamento daquele momento?
    Quanto às intenções político-partidárias do Magistrado, não podemos mesmo nos surpreender. A lambança do governo golpista-usurpador de Temer é tão estapafúrdia que até parece mesmo uma jogada conspiratória (mais uma?) para trazer ainda mais descrédito para a política, o que ajudaria muito a consagração de um outsider.
    NO mais, tenho estranhado algumas revistas – não sei editadas por quem – dedicadas a Moro, expostas com destaque em bancas. Follow the editor and follow the money and…

    Morvan

    Bom dia.

    Sidnei Brito (25/05/2016 – 15h38):

    É aterrador, Morvan, que ninguém rememore a matéria do Estadão, acho que do Fausto Macedo, na qual Moro falava em encerrar a Lava Jato em dezembro... Ninguém vai cobrar de Moro o estranho posicionamento daquele momento?...

    Sidney, o que ele fez, mais uma vez, junto com esta prensita de mierda, foi lesa pátria. Nenhuma surpresa. Foi uma espécie de senha para os reconhecidamente temerosos dos tentáculos do juizeco de 1ª instância mais poderoso do universo votarem o “Sim”, com ou sem saudação tfpista. Discuti isso no meu blogue, afirmando que, diversamente do que dizia o fascistinha com voz de Pato Donald, a Lasca PT não poderia simplesmente encerrar, pois o seu objetivo ainda não fora atingido, qual seja prender o Jararaca. Acesso aqui e acesso ao artigo no Estadão [de moribundez; (sim, Fausto Macedo)] aqui. Que falta nos faz uma Justiça, não é?

    Saudações “#FicaMinc, #ForaTemerETodaCurriolaGolpsista; resistir, lutar até o fim; Dilma volta“,
    Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.

Nelson

Azenha, Conceição, uma brincadeirinha.

Virou gibi de terror? Expor as fotos dos três tucanos – vendilhões da pátria – juntas, é de apavorar qualquer um. Cá entre nós. O José “Vampiro Brasileiro” Serra já é feio ao natural; fazendo careta, então, vira um cu com orelha.

le

…que o moro ferro foi o Dirceu eo LuLa! SEGUNDO…quem ve MORO E GILMAR SEMPRE JUNTOS ..coisa boa nao e! E pior sempre em eventos promividos pela veja e gente ligados a fispe!…Terceiro ,so aparece os podres de gente do PSDB depois de MORTO!….

le

Nao acredito em nada dessa “conversa”! Aecio e PSDB com medo do MORO? Parece filme de ficcao cientifica! Primeiro, AECIO E PSDB, ja foram CITADOS INUMERAS VEZES,EM VARIAS DELACOES! EM INUMERAS FAUCATRUAS EXEMPLOS: FURNAS ,TODA AQUELA COISA DE FISCAL EM MINAS , ROUBALHEIRA NO
METRO,MERENDA, RODOANEL, E E APESAR DISSO TUDO O UUNICO QUE O

LIGEOVANIO

Os guardiões da ética antipetista

Cilene Cavalcante

Só dá malandro. E de indignar qualquer brasileiro de bem. Lewandowski, vai para conversar com a Dilma sobre a situação do Brasil e só falou em aumento. Agora dá para entender porque a Rosa Weber e companhia estão todos putos com a Dilma, cambada de ………., tem jeito não, tá tudo dominado.

José Fernandes

Eles tem o Gilmar mente,eles tem o temer,que já fez acordo com lava jato…então tá tudo certo….a republiqueta do Gilmar…..STF puf!!!

Bel

O próprio dono da globo sugere que o noticiário do PIG gerou efeito manada. Viram coxinhas quem faz parte da boiada? Quem foi ás ruas para tirar a Dilma foi a manada conduzida pela Globo & Cia. Vão continuar dando audiência para essas televisões que adestram humanos como se fossem animais para lhes servirem? Precisamos lembrar disso todos os dias até acabar com essa ditadura da mídia. E esses golpistas ainda tem a cara de pau de falarem da Venezuela, Cuba! Temos que acabar com o monopólio da mídia. E urgente. Todos às ruas. O blogs progressistas poderiam divulgar mais as manifestações pela volta da democracia.

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